Por Tolyan
Ela não existe, Hohlyatko. Ela morreu*. Você a matou, Hohlyatko.
Você a esmagou com um trator na Maydan, bateu nela com paus e correntes, você atirou nela pedras e fogo, você a apunhalou com uma sovela, você atirou nela quando ela tentou pará-lo em sua loucura.
Você a torturou na Casa Ucraniana, você espancou os olhos dela e a deixou para morrer no palco da Maydan.
Você a apanhou e a queimou nos ônibus, quando tentava fugir de ti, atormentada pelo êxtase da destruição. E quando ela tentou escapar dos ônibus queimados, você a enviou para o campo e a espancou com pauladas.
Você a fuzilou do helicóptero quando ela tentou dissociar-se de paranoicos como ti. Você atirou nela e a esmagou, quando ela tentou parar com as mãos os seus BTRs.*
Você a queimou, matou e assassinou em Odessa e festejou sobre o seu corpo mutilado. E ela morreu. Não há mais Ucrânia, Hohlyatko.
E você não existe mais. Você é um moribundo azul-amarelo.
Você pergunta: “Mas, como eu? Eu estou aqui. Veja, tenho até o passaporte da Ucrânia”. A pessoa cujo nome está escrito em seu passaporte morreu quando você apareceu, Hohlyatko. Naquele momento, quando você disse suas primeiras palavras em “Ukraina ponad usye” (Ucrânia acima de tudo), “hto ne skatchet tot moskal” (quem não pular é um moscovista), “kommunyaku na gilyaku, moskaliv na noji” (comunistas na forca, moscovistas na faca), essa pessoa morreu.
E você é um morto-vivo, Hohlyatko, um carniçal, um natimorto.
E como qualquer morto-vivo, você vai matar mais e mais. Essa é a propriedade dos mortos-vivos, buscar matar todos os vivos, até ele transformar tudo relacionado em cinzas e excremento.
Por isso o dever de cada pessoa é tranquilizar o morto-vivo.
É assim.
*O hino atual da Ucrânia fascista se chama "A Ucrânia ainda não morreu".
**Veículo blindado de transporte de pessoal.