(Resposta a alguns comentários sobre a abertura recente de arquivos referentes ao episódio de Katyn, extraído a partir de uma discussão em fórum acerca do assunto. Contém as devidas referências bibliográficas e factuais acerca do assunto. Por razões de economia de tempo resolvi postá-lo de forma bruta aqui, sem formatá-lo para artigo, o que talvez eu venha a fazer em momento posterior)
Cristiano Alves
O correto seria "Катынские арештовение", já que trata especificamente de prisões e vigilância destes, embora lá haja uma proposta de imposição da pena capital. Até hoje eu me pergunto quem iniciou esta estória idiota de Katyn, suponhamos que tenham sido mortos pelos soviéticos. Ora, meu caro, desde o primeiro momento em que alguém veste uma farda ele está assumindo o risco de matar e de ser morto, a morte de um militar é diferente da morte de um civil, numa guerra. Você acha mesmo que os poloneses nunca mataram um só soviético?
Aqui tem-se um problema sério que é o analfabetismo funcional de nosso povo, some a isso o fato de que as livrarias vendem livros seletos e de quase exclusivamente apenas uma corrente historiográfica, e, para rechear, quem aprende história por livros neste país? As pessoas aprendem sim, história por filmes! Filmes americanos, em geral, e agora até filmes poloneses!!! Interessante que a URSS é talvez o país que mais fez filmes sobre a segunda guerra, porém será que alguém aqui é capaz de citar ao menos um sem usar o Google?
As pessoas deveriam parar um pouco mais de pensar tanto em Katyn, e pensar em Khatyn(grafado também Hatyn), a aldeia bielorrussa cujos cidadãos, civis, foram completamente eliminados, sendo queimados vivos, um acontecimento bárbaro e trágico retratado em filmes como Idi i smotri, que não tem sequer 1/3 da publicação de filmes como "Katyn".
A propósito, quem disse que a Polônia não estava em guerra com a URSS. A Polônia havia já antes de Katyn inclusive dado ensejo para uma invasão militar ao invadiro aliado da URSS, a Tchecoslováquia, no território conhecido por "Zaolzie". Todo mundo fala da "partilha da Polônia", embora o país já não tivesse mais sequer um governo constituído, porém ninguém fala da Partilha da Tchecoeslováquia, consentida por Chamberlain e Daladier e feita entre nazistas e fascistas poloneses.
Já abordei anteriormente a linha de pensamento desses oficiais poloneses, muitos carregando nas mãos os sangue de milhares de insurgentes poloneses e revolucionários russos, caso estes fossem simplesmente liberados, seriam pelo menos 15 mil invasores a mais da URSS, já que provavelmente iriam se insurgir. A prova deste meu raciocínio é a Organização dos Nacionalistas Ucranianos, que eram em realidade nazistas, muitos de seus líderes foram presos na Ucrânia polonesa, porém, ironicamente, libertados na Ucrânia Soviética, pelo não reconhecimento das leis polonesas, o resultado também já foi mencionado aqui.
A Polônia, enquanto Estado Nacional, deve à URSS sua existência enquanto país, do contrário teria sido banida da face da Terra, palavras do próprio W. Churchill em seus "Discursos secretos".
Ainda sobre Katyn
É um absurdo que pessoas venham a ser fuziladas sem amplas chances de defesa num processo judicial e muita gente provavelmente concorda com esse raciocínio, assim como o defende de forma intransigente sob os parâmetros do Estado Democrático de Direito. Só que aqui a situação e o contexto são absolutamente diferentes.
A maioria das pessoas adota neste tipo de julgamento a premissa de que seus Estados são estados ditos "Democráticos de Direito" e tem plenas condições de assim ser, visto que não há nenhuma ameaça de invasão militar iminente em países como Brasil ou EUA, que já não são invadidos militarmente a cerca de 200 anos. É completamente diferente de um contexto como o da URSS, onde uma de suas repúblicas, a Rússia, tem em sua história mais de 700 anos de guerra. Será que alguém no hemisfério ocidental, fora os africanos, tem alguma capacidade de imaginar o que é viver num país com mais de 700 anos de conflitos militares? Exceto com respeitadíssimas e raras exceções, a resposta essa pergunta é negativa.
A URSS naquele momento histórico, isto é, na iminência de uma invasão militar de enormes proporções, ante um país cujo líder destacava como prioridade a eliminação racista de seu povo, e, saída há pouco tempo de uma guerra civil onde interviram 17 países estrangeiros tinha por mister a adoção de um Estado de Exceção e a tomada de decisões rápidas, muitas vezes tomadas quase que exclusivamente por seu Comissariado Popular dos Assuntos Internos. Isso a maioria das pessoas não leva em consideração, por que, intencionalmente ou não formam pontos de vistas absolutamente etnocentristas, a partir de sua realidade sem levar em conta certas condições históricas concretas.
Ademais, já discorri aqui quem eram esses oficiais e a natureza das relações russo-polonesas, já presentes na história desde os tempos do imortal N. Gógol, retratadas em sua obra "Taras Bulba".
A maioria das pessoas adota neste tipo de julgamento a premissa de que seus Estados são estados ditos "Democráticos de Direito" e tem plenas condições de assim ser, visto que não há nenhuma ameaça de invasão militar iminente em países como Brasil ou EUA, que já não são invadidos militarmente a cerca de 200 anos. É completamente diferente de um contexto como o da URSS, onde uma de suas repúblicas, a Rússia, tem em sua história mais de 700 anos de guerra. Será que alguém no hemisfério ocidental, fora os africanos, tem alguma capacidade de imaginar o que é viver num país com mais de 700 anos de conflitos militares? Exceto com respeitadíssimas e raras exceções, a resposta essa pergunta é negativa.
A URSS naquele momento histórico, isto é, na iminência de uma invasão militar de enormes proporções, ante um país cujo líder destacava como prioridade a eliminação racista de seu povo, e, saída há pouco tempo de uma guerra civil onde interviram 17 países estrangeiros tinha por mister a adoção de um Estado de Exceção e a tomada de decisões rápidas, muitas vezes tomadas quase que exclusivamente por seu Comissariado Popular dos Assuntos Internos. Isso a maioria das pessoas não leva em consideração, por que, intencionalmente ou não formam pontos de vistas absolutamente etnocentristas, a partir de sua realidade sem levar em conta certas condições históricas concretas.
Ademais, já discorri aqui quem eram esses oficiais e a natureza das relações russo-polonesas, já presentes na história desde os tempos do imortal N. Gógol, retratadas em sua obra "Taras Bulba".