segunda-feira, junho 30, 2014

ESPORTES: O exemplo vem da Rússia

Por Cristiano Alves



Mais uma vez os comunistas russos demonstram o porquê da bússola do comunismo apontar para o norte. Enquanto parte de uma certa esquerda brasileira adere a ideias comunistas não para defender o operário, o camponês, o proletário, mas sim para arranjar uma desculpa para consumir narcóticos e psicotrópicos com pequeno-burgueses moralmente degenerados, na Rússia os comunistas dão exemplos não apenas de intelectualidade e lealdade ao comunismo, como também de virtude moral.

Maryana Naúmova, de apenas 15 anos, foi considerada a garota mais forte do mundo, campeã de levantamento de peso(supino) e é membro do Komsomol, a juventude comunista da Federação Russa, e dedicada militante comunista.



Maryana Naúmova, ao centro, honrando a bandeira vermelha da URSS e do comunismo


O exemplo da jovem russa demonstra o porquê dos comunistas russos estarem mais avançados que os brasileiros, pois lá se tem comunistas reais, ao passo que no Brasil, em grande parte, o que há são apenas liberais pós-modernos com alguma frustração na vida que buscam uma justificativa para essas frustrações nas ideias comunistas, ideias essas que jamais se deram ao trabalho de estudar, mas que acham chic defender. Uma vez que esses mesmos indivíduos em nada contribuem para a sociedade, logo querem apenas destruir o que ela constrói, prédios públicos, bancos públicos(que facilitam ao camponês e ao operário a aquisição de casas para ele viver) e até sacos e contêineres de lixo. Uma vez que isso é imoral e antissocial, então eles usam o seu "comunismo" como uma desculpa, tal como um facínora que sabendo da imoralidade de seus atos busca uma justificativa para eles no cristianismo, o que assim garantiria aos seus atos a aceitação.

O exemplo de Maryana Naúmova deve servir de inspiração para os jovens e mesmo adultos que aspiram ser tornar comunistas, o exemplo do esporte e do trabalho! 


Maryana Naúmova com Genadiy Zyuganov, líder do Partido Comunista da Federação Russa

FILOSOFIA: Michel Foucault, o pedófilo que uma certa esquerda pretende canonizar

Por João José Horta Nobre
Publicado em História Maximus




Tenho assistido nos últimos tempos a um certo reavivar da filosofia de Michel Foucault (1926 - 1984) por parte de alguns académicos e bétinhos esquerdóides que não têm mais que fazer na vida a não ser divagar num permanente delírio sem fim à vista com o dinheiro dos contribuintes...

Mas enfim, adiante... Michel Foucault tem sido protegido pelos seus seguidores que sempre se têm preocupado em ocultar o "outro Foucault" que meio-mundo não conhece por motivos de ignorância e/ou distracção. Por exemplo, quantos dos fiéis seguidores de Foucault sabem que o mesmo apoiou em força a Revolução Islâmica do Irão em 1979?[1]

Não deixa de ser bastante paradoxal e no mínimo estúpido que Foucault, um homossexual assumido, tenha apoiado a Revolução Islâmica ultra-conservadora do Irão que é bem conhecida por enviar homossexuais para o cadafalso, entre outras práticas muito pouco ocidentais. Posteriormente, quando se apercebeu da dimensão do seu erro, Foucault justificou-se afirmando que se havia precipitado e que era demasiado cedo na altura para saber no que iria resultar a Revolução Islâmica. No entanto, a justificação de Foucault não é minimamente convincente, pois na altura todos os que acompanhavam o desenrolar dos acontecimentos no Irão sabiam que o Ayatollah Khomeini era um radical islâmico e que a Revolução Islâmica não passava de uma revolução ultra-conservadora que almejava criar um Estado teocrático. [2]

Segundo Janet Afary e Kevin B. Anderson descrevem em Foucault and The Iranian Revolution: Gender and The Seductions of Islamism, a revolução do Ayatollah Khomeini no Irão e o martírio e a irracionalidade associadas à mesma tiveram um efeito profundo sobre o "último Foucault"[3] que parece ter ficado seduzido pelo "Eros xiita" da mesma.

Mas a loucura do "guru" Foucault não se ficou por aqui. Bem pelo contrário, esta atingiu o zénite com a defesa do incesto, da pedofilia e do estupro.[4] Pois é, aqui é que a "porca torce o rabo"... Quando Foucault defendeu a legalização do incesto, da pedofilia e do estupro de homens, mulheres e crianças inocentes, este passou a linha vermelha que separa a Civilização da barbárie e desceu à condição de um reles canalha em delírio.

Alguns membros da seita "foucaultiana" poderão até argumentar que Foucault nunca violou ninguém, que nunca abusou de nenhuma criança, etc... Mas o facto é que incentivou, tentou legitimar e até tornar "chique" o comportamento pedófilo, o incesto e o estupro. Isto basta para que Foucault mereça condenação e perca toda a sua legitimidade em termos éticos e morais.

Foucault advogava que a descriminalização do incesto, da pedofilia e do estupro era necessária para "suprimir o peso da culpa até que chegasse o tempo em que o corpo e os seus prazeres tivessem sido reinventados."[5] Os alucinados da contra-cultura da época de Foucault rapidamente absorverem a sua filosofia, sem sequer conhecerem a essência da mesma e é assim que chegados aos dias de hoje temos académicos que promovem abertamente este lixo demente em universidades espalhadas um pouco por todo o Ocidente.

O actual culto em torno de Foucault promovido pelos intellectual freaks da esquerda caviar (e tanto que eu os "adoro"...) é de uma absoluta irresponsabilidade social. Pessoalmente acredito que cada um tem o direito a delirar como quiser e lhe apetecer desde que não faça mal ao seu próximo. A única coisa que se pede é que se abstenham de viver à custa dos contribuintes - com salários e bolsas de investigação bastante elevadas num país em que o salário mínimo é inferior a 500€ - enquanto levam a cabo este seu "processo de delírio colectivo".


Notas:
[1] - AFARY, Janet; ANDERSON, Kevin B., - Foucault and The Iranian Revolution: Gender and The Seductions of Islamism. The University of Chicago Press, 2005.
[2] - AFARY, Janet; ANDERSON, Kevin B., - Foucault and The Iranian Revolution: Gender and The Seductions of Islamism. The University of Chicago Press, 2005.
[3] - AFARY, Janet; ANDERSON, Kevin B., - Foucault and The Iranian Revolution: Gender and The Seductions of Islamism. The University of Chicago Press, 2005.
[4] - MILLER, James - The Passion of Michel Foucault. Anchor, 1994.
[5] - MILLER, James - The Passion of Michel Foucault. Anchor, 1994.

sábado, junho 21, 2014

COPA NO BRASIL: Rodrigo Constantino tinha razão, golpe comunista desde 1889!





COPA NO BRASIL: Os 10 maiores micos da Copa do Mundo do Brasil

Originalmente publicado na Revista Carta Maior


A Copa do Mundo do Brasil ainda não passou da primeira fase, mas já são fartas as gafes, foras e barrigadas do mundial, especialmente fora do campo. 

E, curiosamente, elas nada têm a ver com as previsões das “cartomantes do apocalipse” que alardeavam que o país não seria capaz de organizar o evento e receber bem os turistas estrangeiros. Muito pelo contrário. 

Os estádios ficaram prontos, os aeroportos estão funcionando, as manifestações perderam força, os gringos estão encantados com a receptividade brasileira e a imprensa estrangeira já fala em “Copa das Copas”. 

Confira, então, os principais micos do mundial... pelo menos até agora!

1 - O fracasso do #NãoVaiTerCopa

Mesmo com o apoio da direita conservadora, da esquerda radicalizada, da mídia monopolista e dos black blocs, o movimento #NãoVaiTerCopa se revelou uma grande falácia. As categorias de trabalhadores que aproveitam a visibilidade do evento para reivindicar suas pautas históricas de forma pacífica preferiram apostar na hashtag #NaCopaTemLuta, bem menos antipática e alarmista. E os que continuaram a torcer contra o evento e o país, por motivações eleitoreiras ou ideológicas, amargam o fracasso: políticos perdem credibilidade, veículos de imprensa, audiência e o empresariado, dinheiro!

2 – A vênus platinada ladeira abaixo 

Desde os protestos de junho de 2013, a TV Globo vem amargando uma rejeição crescente da população. E se apostava no #NãoVaiTerCopa para enfraquecer o governo, acabou foi vendo sua própria audiência desabar. Uma pesquisa publicada pela coluna Outro Canal, da Folha de S. Paulo, com base em dados do Ibope, mostra que no jogo de abertura da Copa de 2006, na Alemanha, a audiência da Globo foi de 65,7 pontos. No primeiro jogo da Copa de 2010, na África do Sul, caiu para 45,2 pontos. Já na estreia do Brasil na Copa, neste ano, despencou para 37,5 pontos.

3 – #CalaABocaGalvão

Principal ícone da TV Globo, o narrador esportivo Galvão Bueno é o homem mais bem pago da televisão brasileira, com salário mensal de R$ 5 milhões. Mas, tal como o veículo que paga seu salário, está com o prestígio cada vez mais baixo. Criticar suas narrações virou febre entre os fãs do bom futebol. E a própria seleção brasileira optou por assistir os jogos da copa pela concorrente, a TV Band. O movimento #CalaABocaGalvão ganhou ainda mais força! O #ForaGlobo também!

4 – A enquadrada na The Economist 

A revista britânica The Economista, que vem liderando o ranking da imprensa “gringa” que torce contra o sucesso do Brasil, acabou enquadrada por seus leitores. A reportagem "Traffic and tempers", publicada no último dia 10, exaltando os problemas de mobilidade de São Paulo às vésperas de receber o mundial, foi rechaçada por leitores dos EUA, Japão, Holanda, Inglaterra e Argentina, dentre vários outros. Em contraposição aos argumentos da revista, esses leitores relataram problemas muito semelhantes nos seus países e exaltaram as qualidades brasileiras, em especial a hospitalidade do povo. 

5 – O assassinato da semiótica

Guru da direita brasileira, o colunista da revista Veja, Rodrigo Constantino, provocou risos com o texto “O logo vermelho da Copa”, em que acusa o PT de usar a logomarca oficial do mundial da Fifa para fazer propaganda subliminar do comunismo. Virou chacota, claro. O correspondente do Los Angeles Times, Vincent Bevins, postou em seu Twitter: “Oh Deus. Colunista brasileiro defendendo que o vermelho 2014 na logo da Copa do Mundo é obviamente uma propaganda socialista”.  Seus leitores se divertiram usando a mesma lógica para apontar outros pretensos ícones comunistas, como a Coca-Cola (lol)!

6 – A entrevista com o “falso” Felipão

Ex-diretor da Veja e repórter experiente, Mário Sérgio Conti achou que tivesse tirado a sorte grande ao encontrar o técnico da seleção brasileira, Luiz Felipe Scolari, em um voo comercial, após o empate com o México. Escreveu uma matéria e a vendeu para os jornais Folha de S. Paulo e O Globo, que a publicaram com destaque. O entrevistado, porém, era o ator Wladimir Palomo, que interpreta Felipão no programa humorístico Zorra Total. No final da conversa, Palomo chegou a passar seu cartão à Conti, onde está escrito: “Wladimir Palomo - sósia de Felipão – eventos”. Mas, tão confiante que estava no seu “furo de reportagem”, o jornalista achou que era uma “brincadeirinha” do técnico... 

7 – A “morte do pai” do jogador marfinense

O jogador da costa do Marfim, Serey Die, caiu no choro quando o hino do seu país soou no estádio Mané Garrincha, em Brasília. Imediatamente, a imprensa do Brasil e do mundo passou a noticiar que o pai dele havia morrido poucas horas antes. A comoção vias redes sociais foi intensa. O jogador, porém, desmentiu a notícia assim que pode. Seu pai havia morrido, de fato. Mas há dez anos. As lágrimas se deveram a outros fatores. "Também pensei no meu pai, mas é por tudo que vivi e por ter conseguido chegar a uma copa do mundo”, explicou.

8 – “Vai pra casa, Renan!”

Cheio de boas intenções, o estudante Renan Baldi, 16 anos, escolheu uma forma bastante condenável de reivindicar mais saúde e educação para o país: cobriu o rosto e se juntou aos black block paulistas para depredar patrimônio público na estreia do mundial. Foi retirado do meio do protesto pelo pai, que encantou o país ao reafirmar seu amor pelo filho, mas condenar sua postura violenta e antidemocrática. A hashtag #VaiPraCasaRenan fez história nas redes sociais!

9 – O fiasco do “padrão Fifa”

Pelos menos 40 voluntários da Copa em Brasília passaram mal após consumir as refeições servidas pela Fifa, no sábado (14), um dia antes do estádio Mané Garrincha estrear no mundial com a partida entre Suíça e Equador. Depois disso, não apareceu mais nenhum manifestante desavisado para pedir saúde e educação “padrão Fifa” no país!

10 – Sou “coxinha” e passo recibo!

Enquanto o Brasil e o mundo criticavam a falta de educação da “elite branca” que xingou a presidenta Dilma no Itaquerão, a empresária Isabela Raposeiras decidiu protestar pela causa oposta: publicou no seu facebook um post contra o preconceito e à discriminação dirigidos ao que ela chamou de “minoria de brasileiros que descente da elite branco-europeia”. “Não sentirei vergonha pelas minhas conquistas, pelo meu status social, pela minha pele branca”, afirmou.  Virou, automaticamente, a musa da “elite coxinha”.

quinta-feira, junho 19, 2014

OPINIÃO: O ódio de extrema-esquerda

Por Angela Sztormowsky


Muito se diz que nada se parece mais com um extremista de direita do que um extremista de esquerda. O último, assim ,como o primeiro, não é guiado por um ideário político, mas sim pelo ódio cego e inconsequente, típico de pequeno-burguês ou lúmpem-proletário revoltado. Mas em que consiste esse ódio de extrema-esquerda?

O extremista de esquerda não pensa, só odeia, e eu já testemunhei isso tudo em grupos de discussão. Uma das minhas primeiras experiências foi na faculdade, quando alguns liberais procuravam dizer que toda a minha fundação moral estava errada, o que por alguns momentos me levou à dúvida e ao mesmo tempo ao desespero. Eu era tida como uma pessoa "esnobe e metida" por que recusava convites para rodinhas de cannabis dentro da própria faculdade. Também era chamada por trotskistas do PSTU de "patricinha reacionária", o motivo é que eu não me vestia com trapos e usava maquiagem, ainda que bastante discreta. É engraçado que até nomes como Lenin, Stalin, mesmo Trotsky, usavam maquiavem, já que eram estadistas, especialmente para fotos oficiais. O mesmo pode ser dito de comunistas feministas como Alexandra Kollontay, Rosa Luxemburgo, e só para colocar o dedo na ferida desses palhaços pós-modernos, até sua querida e pós-moderna Pagu carregava na maquiagem e no batom! Mas não, se uma mulher preza por algo natural a qualquer ser humano, que é a vaidade, então isso é "se submeter ao patriarcado", é ser "patricinha reacionária" e uma série de outras coisas mais! Em verdade, todos esses extremistas de esquerda, perfeitos imbecis, mais se parecem com sectários de alguma igreja neo-pentecostal!

Não sei de onde esses anencéfalos tiram suas concepções ideológicas, os seus "arjumentos" onde a posição político-ideológica de uma pessoa é definida por uma substância cosmética. Num grupo de Facebook chamado "Mulheres Meinhoff" há um verdadeiro festival pós-moderno, o que existe de pior da esquerda festiva! Me retirei do grupo após constatar que uma de suas participantes considerava a atividade das prostitutas tão digna quanto a de professoras, advogadas, operárias e camponesas, isso, claro, depois de respondê-las à devida altura. A verdade é que muitas dessas integrantes desses grupos e organizações que deles participam são prostitutas que se orgulham disso, que defendem o lobby cafetão e que acreditam que a coisa mais importante pela qual lutar em nossa sociedade é "contra o heteropatriarcado", ah, quase esqueci, muitas dessas "feministas" chegam ao extremo de condenar mulheres que mantém relacionamentos heterossexuais. Qualquer um que conheça de perto seus pontos de vista, que interage com o seu meio, sabe que muitas até se declaram "feministas lésbicas"(não falo de lésbicas feministas), cheias de discursos inflamados contra a heterossexualidade e heteronormatividade, como se elas próprias tivessem brotado de alguma planta. É curioso notar que nesses grupos elas hostilizam mulheres com cabelos longos, pois em sua visão elas são "submissas ao patriarcado". Há dois vídeos absolutamente repugnantes desses grupos que demonstram um pouco de sua subcultura na internet, um vídeo onde elas cantam uma canção com o poético nome de "Vou cortar sua pica", tal como fez uma médica criminosa contra um rapaz que desistiu do casamento(e acreditem, não faltaram "feministas" que defendessem a atitude da moça), e um outro vídeo, recorte de uma exibição em uma TV pública, onde cantam uma música chamada "Se o papa fosse mulher", onde exibem enormes florestas debaixo de seus braços. É normal que elas achem que são "mais revolucionárias" e "a verdadeira esquerda" repudiando qualquer sinal de vaidade, algo comum a qualquer espécie de animal.

Entrei no Vkontakte(VK), rede social russa, e lá tem gente comunista e normal ao mesmo tempo. Lá tem pai de família comunista, rockeiro comunista, gamer comunista, vó e vô comunista, ortodoxo comunista, filho comunista, jardineiro comunista, costureira comunista, etc. Lá se tem liberdade de ser normal e comunista ao mesmo tempo. No VK também há reacionários, e por sinal fascistas, até algum tempo havia tanta privacidade nas informações que mesmo a rede sendo russa, os militantes do Praviy Sektor, organização neofascista ucraniana, atuavam livremente. Mas é possível perceber um nível muito mais elevado e maduro nos debates. Um grupo chamado "My kommunisty", por exemplo, com mais de dois mil participantes, não apresenta uma só discussão defendendo o uso de drogas, seus participantes se parecem com pessoas normais, e nada de tópicos estilo "olha só a fulaninha, ela é uma patricinha reaça por que usa cabelo longo demais", ou coisas tipo "olha só o fulaninho, que reacionário fascista, ele está usando uma capa". É bem sabido que o camarada Cristiano, não apenas elegante nas ideias como também em sua aparência, ganhou uma verdadeira legião de odiadores(tanto na direita quanto na esquerda) por causa de uma foto sua de capa e por não usar apetrechos como camisas de banda de rock ou deixar a barba por fazer. O fato de ser heterossexual, gostar de fotografia e não se dobrar aos pós-modernos também desperta uma verdadeira onda de fúria entre extremistas.

Me cansa ser chamada de "burguesa" tanto por direitistas quanto por "esquerdistas", no sentido leninista dessa palavra, sendo que já morei em porão úmido em minha vida. Por certo para eles, fazer "revolussaum" e não ser burguês é sair por aí quebrando vidraças da Caixa Econômica e de bibliotecas públicas!

Enfim, o ódio de extrema esquerda é algo irracional, doentio, como diz o camarada Cristiano, leitor da obra de Dostoyevski, eles estão mais próximos dos personagens de "Os possessos", do que de Che Guevara ou Fidel Castro, como talvez se imaginem. Seu "esquerdismo" não diz respeito a uma preocupação altruísta, mas sim a uma fuga para as suas frustrações dentro de casa, que procuram externá-las através de uma pseudomilitância. Aliás, com sua preocupação extremada com a aparência alheia ou com a marca da roupa ou da maquiagem que alguém anda usando, esses extremistas estão mais próximos de Leão Lobo do que de Leão Trotsky!

Extremismo é doença, e doença tem cura, sua cura é o marxismo-leninismo!

Alexandra Kollontay, com um vestido e sobrancelhas feitas: o pesadelos das feministas extremistas
Comunista russo, militante da AVN, fundador de um numeroso grupo de esquerda no VK


EDITORIAL: Resposta a Lúcio Espírito Santo Júnior, da Cidade Sol

Por Cristiano Alves


O autor da Revista Cidade Sol recentemente iniciou texto difamatório onde me acusa de "trair o movimento". Primeiramente, há um sério equívoco em suas acusações, que "movimento" seria esse? O dos extremistas? Pois se acha que algum dia eu já fui extremista, está completamente enganado, sempre repudiei o extremismo de qualquer espécie! Se acha que eu já fui do movimento #naovaitercopa, eu já cheguei a discutir com os garotos desse movimento(sim, a maioria são garotos que cheiram a leite). Já fui crítico da Copa há uns 5 anos atrás, até perceber seus benefícios.

O autor prossegue:


Você está combatendo os movimentos que estão protestando contra os gastos da Copa, contra a corrupção, que estão sendo presos e enquadrados nas duras leis de um quase estado de exceção?


Quantos processos contra corruptos esses "combatentes anticorrupção" tem iniciado? Eu já vi combate à corrupção com a autonomia do Ministério Público, com as ações da Polícia Federal e várias outras nesse sentido. O que essas pessoas tem feito? Não me diga que eles estão combatendo a corrupção queimando sacos de lixo!

Segundo Lúcio:


Não russifique o contexto brasileiro! Estão apenas ocorrendo são protestos pacíficos contra os gastos na Copa, que sem dúvida drenaram recursos da saúde, segurança e educação


Não sei onde entra Rússia aí, mas os recursos da saúde, segurança e educação são todos repassados aos Estados, não é culpa da União se eles não são devidamente aplicados, nem é minha culpa se os manifestantes não são suficientemente inteligentes para entender como funciona um Estado federativo. Depois Lúcio prossegue:


O que ocorre é que, quando reprimidos violentamente pela polícia, esses protestos continuam sob a forma de ataque a símbolos do capitalismo: agências bancárias, relógios da Copa, etc.


Ele esqueceu de incluir aí que muitas dessas agências bancárias são da Caixa Econômica Federal(que empresta dinheiro quase sem juros aos camponeses e promove o programa Minha Casa, Minha Vida), ou do Banco do Brasil, também responsável por vários programas sociais. Nesses bancos o dinheiro que circula é o do povo brasileiro, pago através de impostos. Que tipo de idiota rasga seu próprio dinheiro?


Também esqueceu de incluir aí "símbolos do capitalismo" como bibliotecas municipais, escolas, camburões de lixo, sacos de lixo para manter as ruas limpas, placas de sinalização para facilitar a vida de motoristas e pedestres, semáforos, monumentos culturais como a estátua de Iracema, dentre outros. Afinal de contas uma índia da literatura é um "símbolo do capitalismo". Ótimo, muito boa a sua "análise materialista dialética", merece um Prêmio Lenin!


Depois ele demonstra seu desconhecimento do marxismo-leninismo:


Mas já se quebrava na Europa.


Sim, em manifestações neo-anarquistas! Isso aliás já foi condenado pela Internacional Comunista, os comunistas internacionais Bruno Frei, M. Sandros, K. Zarodov e Ib Nörlund, da União Soviética, Reino da Dinamarca e de Portugal, condenaram os métodos neo-anarquistas, apresentando-os como sujeitos a avaliação não ideológica, mas psiquiátrica! Leia Problemas ideológicos contemporâneos! Por que será que tanta gente resolve se dizer marxista sem ter lido qualquer coisa da literatura marxista? Modismo? É mais fácil assistir a um episódio de Naruto, colocar uma máscara negra e dizer que "virou revolucionário" e gritar que não vai ter copa, ou melhor #naovaitercopa. Ridículo!


O brado "não vai ter copa" nasceu das Jornadas de Junho e não da extrema-direita.


Errado, meu artigo é bem preciso ao demonstrar através do Youtube a direita já havia se mobilizado nesse sentido, a não ser que pra você agora "esquerda" seja nomes como Dâniel Fraga & Cia(ou CIA).

Para finalizar, eu moro vizinho ao Fifa Fanfest de Fortaleza, todos os dias falo com trabalhadores que nunca lucraram tanto vendendo para gente de todo o mundo, também converso com estrangeiros do Paquistão, Ucrânia, México, Uruguai, Finlândia, Holanda, EUA, Alemanha(até dei entrevista para um canal alemão), Rússia, Suécia, Noruega... todos estão adorando e levando a melhor imagem do Brasil, até estou pensando em fazer um documentário sobre isso para os imbecis que diziam que "a Copa envergonharia o Brasil"! O único incidente lamentável que vi foi um norueguês que caiu num buraco numa calçada, espetando-se em vigas de aço de uma tampa quebrada, uma cena muito feia, visto que jorrou sangue pela rua.

As pessoas normais estão trabalhando, lucrando, comemorando, pulando, passeando, torcendo... os imbecis estão nas ruas quebrando e gritando por uma causa estéril e derrotista, estão dando um tiro no próprio pé.

sexta-feira, junho 13, 2014

COPA NO BRASIL: A queda da extrema esquerda, o fim do movimento "Não vai ter copa"

Por Cristiano Alves

Vários pensadores já alertavam sobre um fato sério, o de que nada se parece tanto com a extrema-direita quanto a extrema-esquerda. A extrema-esquerda vira tanto à esquerda que acaba indo para a direita, ajudando-a direta ou indiretamente. 


O grande Lenin, filósofo russo, falou inúmeras vezes sobre a necessidade de se combater tanto o oportunismo de direita quanto o oportunismo de esquerda. E se alguém acha que tem imunidade ao julgamento dos povos trabalhadores e dos comunistas, esse é um ledo engano! A história mostra que a extrema-esquerda não apenas foi condenada pela direita, após ser traída por essa, como também pela esquerda! Os marinheiros revoltosos de Kronshtadt foram destruídos pelo ExércitoVermelho por querer "apressar demais a chegada ao comunismo" e se render ao anarquismo. A mahnovschina, isto é, o regime de Nestor Mahno instaurado na Ucrânia, que queria uma organização anarquista, que jamais poderia resistir por muito tempo às pressões dos interventores ocidentais e promoveu o antissemitismo, foi destruída pelas forças do Exército Vermelho. Isso tudo, a propósito, nos tempos de Lenin! 

Nos tempos de Stalin, outro representante da extrema-esquerda defendeu a expansão da revolução ao estilo de Napoleão, isto é, pelo aventureirismo militar, Trotsky! Sua metodologia equivocada aliada à sua arrogância e seu bonapartismo foram decisivos para que este fosse ostracizado no partido comunista e dele expulso. Após algum tempo ele se tornou um direitista incorrigível, escrevendo artigos anticomunistas para jornais de direita, elogiando os "nacionalistas" ucranianos, defendendo o assassinato de Stalin e se comprometendo a colaborar com o comitê anticomunista do senador Joseph McCarthy. Pela sua traição, pelo seu extremismo de esquerda ele foi levado à direita e rebaixado à condição de agente do imperialismo ao colaborar com a inteligência americana. Pelo seu crime ele foi morto por um agente do NKVD. Falando nesse órgão, criado com o intuito de ser "a espada da revolução", nem mesmo os seus agentes estiveram imunes ao julgamento comunista. Nikolay Yejov apresentava-se a todos como um bolchevique de aço, incorruptível. Seu zelo extremo, supostamente "em nome do comunismo", o levou a práticas anticomunistas.  Ele institucionalizou uma prática que os soviéticos se orgulhavam de tê-la abolido antes de sua chefia no NKVD, a tortura! Dizendo agir em nome da "revolução", ele perseguiu não apenas anticomunistas, como também o fez indiscriminadamente contra os próprios comunistas, incluindo amigos pessoais seus como o escritor Isaac Babel, que segundo alguns mantinha um romance com sua mulher(consensual, uma vez que Yejov era homossexual). O fato de Yejov ser de esquerda não o inocentou de seus crimes. Processado, julgado e condenado, dizem boatos que antes da execução da medida suprema de defesa social contra ele, isto é, o fuzilamento, ele foi despido e surrado intensamente, alegando ser "leal ao comunismo", até ser fuzilado com um tiro na nuca.

Como se pode perceber, o extremismo de esquerda jamais salvou ninguém, nem nos regimes de direita, onde esses extremistas são meros instrumentos a seu serviço, nem nos de esquerda, onde são percebidos como agentes do imperialismo, sejam eles pagos ou não.

De "Don't come to Brazil" a "#naovaitercopa"

O movimento #nãovaitercopa nasceu de uma iniciativa da direita, a princípio ele se chamava Don't come to Brazil during the world cup 2014(Não venham ao Brasil durante a Copa do Mundo 2014). O movimento, que não apenas é uma tolice xenófoba, basicamente consistia em ressaltar o que havia pior no Brasil e dizer que por isso não seria uma boa ideia vir ao país. É um vídeo bem produzido, com uma moça que se apresenta como Carla, com fisionomia parecida e as mesmas expressões faciais de outras moças que mais tarde protagonizariam vídeos antigovernamentais na Venezuela e na Ucrânia. Curiosamente, essa mesma moça veio ao Brasil assim que teve início os eventos da Copa. A metodologia por ela empregada, de acordo com alguns críticos, seria um indício de seu vínculo com o CANVAS(Centro de Ação e Estratégias Não Violentas Aplicadas), uma ONG comprovadamente financiada pela Agência Central de Inteligência(CIA) e responsável por golpes de Estado na ex-Iugoslávia(seus fundadores vieram da OTPOR), Ucrânia, Geórgia, Venezuela e vários outros países. Seus métodos, pode-se dizer, seriam uma "versão direitista", um espelho deformado do bolchevismo. Além do vídeo da moça, um vlogueiro com grande número de seguidores, Dâniel Fraga, obteve um grande número de visualizações em seus vídeos contra a Copa, todos voltados para o público estrangeiro.

Mas inglês é difícil demais para pessoas com pouca instrução, para muitas pessoas de esquerda um idioma que provoca aversão, pois em suas mentes estreitas e sectárias é percebida como "a língua do capitalismo", e um movimento cujo lema é Don't come to Brazil soava elitista e capitalista demais para a extrema-esquerda, logo eles resolveram mudar o seu lema para "Não vai ter copa", ou melhor, #naovaitercopa, para colocá-lo em evidência no Twitter, Facebook e também em protestos e pichações. Basicamente a extrema-esquerda adotava o mesmo discurso da direita golpista, só que agora com uma tintura vermelha, ou melhor, negra! Ele se limitava a ressaltar todos os males do Brasil e dizer que agora a culpa era "da Copa". O detalhe é que todo esse bafafá começou quando os estádios já estavam todos prontos! Assim, quer dizer, queriam que um dinheiro já gasto, fosse irregularmente ou não, voltasse para os cofres públicos e os estádios virassem elefantes brancos sem uma copa do mundo. Teve até saudosistas da ditadura fascista clamando que Figueredo era decente pois enquanto presidente disse que "não poderiam construir estádios com tantas favelas e com a seca no Nordeste". Curioso como sem a copa e sem os estádios, ele(e toda a geração de gorilas de farda) não resolveram nem o problema das favelas, nem o problema da seca!

O perfil da extrema-esquerda

Não é difícil perceber o perfil da extrema-esquerda. De fato, é um equívoco identificar em toda manifestação a extrema-esquerda em ação. Muitos manifestantes são moradores de zonas miseráveis que foram expulsos de suas caras para a construção de projetos e ampliação de aeroportos que não foram devidamente compensados por governos estaduais e municipais. Esses, por sua vez, eram usados como massa de manobra pela extrema-esquerda. Em muitos casos, também, eram protestos legítimos de trabalhadores aos quais a extrema-esquerda se unia.

O problema desses protestos, todavia, o seu maior erro, sempre foi o seu apartidarismo. Não se tratava de protestos com pautas como "Queremos uma escola em terreno X", "Queremos a desapropriação de prédio abandonado Y, para abrigar famílias carentes", "queremos luz elétrica em bairro Z", se tratava de protestos com pautas "genéricas", em grande parte era apenas um pretexto para se vestir de preto, brincar de ninja e queimar a bandeira nacional. 

Em sua esmagadora maioria, e isso há que ser dito, os jovens anticopa eram adolescentes sem nenhum método e cheios de testosterona! Se os bolcheviques encontraram a sua inspiração nas ideias de Marx, Engels, Lenin e Stalin, os Black Blocks e outros grupos a ele vinculados, encontravam sua inspiração em Naruto1! Eram grupos irrascíveis que longe de construir qualquer coisa ou apresentar qualquer pauta concreta, objetiva, saíam quebrando tudo que encontravam pela frente, sem poupar nem mesmo sacos de lixo! Seu método era semear o completo caos, espalhando o lixo em toda parte da rua, arrancando placas de sinalização(de grande utilidade para motoristas e principalmente pedestres) e quebrando prédios e outros bens públicos. Na incrível lógica do movimento #naovaitercopa era um absurdo gastar o dinheiro público na construção de estádios, mas era completamente louvável queimar o dinheiro público destruindo agências e terminais da Caixa Econômica, placas, semáforos, camburões de lixo, viaturas da polícia e de outras empresas públicas.

Os jovens movimentistas em sua grande parte não são operários, nem camponeses, nem mesmo são de esquerda, a maioria deles sequer leu qualquer autor de esquerda, como quase todos se definem são apartidários. O perfil do jovem de extrema-esquerda é geralmente o de um garoto(ou garota) sem nenhuma formação intelectual e moral, com problemas dentro de casa, que vê na extrema-esquerda uma forma de extraviar seus problemas, de fugir de casa. Médicos e psicólogos alertam, em manuais de criação de filhos como "A vida do bebê", que é comum que durante a adolescência, quando efervescem os hormônios, muitos jovens busquem ideias de esquerda. Alguns se modelam a essas ideias e se tornam comunistas, outros apenas modelam essas ideias conforme suas próprias frustrações, tornando-se neoanarquistas, trotskistas, niilistas ou outro tipo de extremistas.

Já em "Problemas ideológicos contemporâneos", os comunistas internacionais M. Sandros, K. Zarodov, Ib Norlund e Bruno Frei dispararam uma barragem de artilharia contra o extremismo. De acordo com eles, a filosofia de se promover a revolução "quebrando vidraças"(ou colocando bomba em banheiros, como já vi um extremista esquizofrênico se gabar de tê-lo feito, quando eu utilizava uniforme de oficial do Exército, talvez com o intuito de me provar), não deve ser objeto de estudo da teoria prática marxista-leninista, e sim de um psiquiatra!

Mas quem é o ativista do movimento "Não vai ter copa"? Em muitos casos ele estudou numa escolinha de teatro, milita em movimentos liberais pós-modernistas como a Marcha das Vadias, a Marcha da Maconha, fuma maconha e outras drogas mais pesadas em pleno campus acadêmico, adota visual hipster, é indisciplinadotem problemas familiares e é xenófobo2! Curiosamente, não se percebe(ou muito raramente) nesses movimentos os proselitistas do movimento gay(afinal, que homossexual seria contra algo que traz loiros altos e liberais para seu país?). Em alguns casos vem de partidos como o PSTU e de correntes do PSOL e mesmo PCB, ou ainda de grupelhos menores esquerdistas.

Um moribundo epiléptico

O movimento "Não vai ter copa" dá os seus últimos espasmos. Ele não tem mais força política e já perdeu sua cobertura midiática, ele foi traído pela direita anticopa, que reclama da copa até o momento em que sai o gol, tudo isso assistindo confortavelmente às partidas, em alguns casos esses direitistas e mesmo esquerdistas marcam protestos para a manhã, a fim de que não possam perder o jogo do Brasil pela tarde! Resta apenas a alguns sociopatas sair promovendo quebra-quebra nas ruas. Em alguns casos, como nas manifestações de São Paulo, comenta-se que enquanto no estádio jogava Brasil x Croácia, nas ruas esse "futebol" tinha mais equipes, Sindicato x PSTU x PCO x BB x PM. Um movimento que se resumiu a um completo fracasso!

O esquerdismo inconsequente deste movimento fora condenado pelo grande Lenin, retratado pela literatura russa de Dostoyevski, em seu romance "Os Possessos", um vilão moribundo e epiléptico que espuma o ódio. Mas compará-los com um personagem de Dostoyevski é ser gentil demasiadamente com personagens políticos tão bárbaros e insignificantes. Em realidade merecem ser satirizados através do humor. Longe de qualquer vilão dostoyevskiano, o militante anticopa mais parece com Ivo Holanda, humorista do popular Programa Silvio Santos, conhecido por ser "pago para apanhar", provocando a vítima da "pegadinha" até que este se irrite e nele bata, fazendo a plateia rir. O imbecil anticopa acha que está fazendo a "revolução" ou que vai "mudar o Brasil" indo às ruas para destruir caixas eletrônicos construídos com o dinheiro público ou chamar policiais de fascistas, provoca-os, depois reclama que "foi oprimido e agredido pela polícia".

O imbecil anticopa acha que está sendo "coerente" ao deixar de ver jogos para promover quebra-quebra, mas em realidade ele apenas está confirmando aquilo que todos já sabem sobre ele, isto é, que não passa de um sociopata. Ele pensa estar "defendendo as massas", massas essas que jamais entendeu. Mas apesar de sua doença, o povo brasileiro, que é honesto e trabalhador, foi capaz de provar que a hospitalidade, a amizade e a alegria são colossalmente maiores que a mentira e o ódio!



1- Anime(desenho) japonês sobre ninjas que cobrem o rosto de preto e fazem coisas incríveis.
2- Não é raro ver anticopas responsabilizando os "gringos" pela prostituição, problema que existe no Brasil com ou seu estrangeiros, seja em cidades litorâneas, seja em interiores sem turismo, onde essa prostituição tem como a clientela "coronéis" locais, fato satirizado nos romances de Jorge Amado.

quinta-feira, junho 12, 2014

BRASIL: A xenofobia do PSTU

Por Cristiano Alves



Ao avistar hoje de Fortaleza uma marcha com a participação do PSTU fiz o seguinte comentário, que até faz vergonha para quem tem um hóspede estrangeiro em casa:


"Militante do PSTU passa e diz "A Beira-Mar é nossa, não é dos gringo não". E eu gritei "OLHA A XENOFOBIA!!!". Ninguém disse que "a Beira Mar é dos gringos". Qualquer um pode ir à Beira Mar, lá não tem placa proibindo brasileiro e sempre deu mais brasileiro que estrangeiro, mas é ridícula essa xenofobia, ainda que disfarçada, que vemos em nosso país. 
E ainda tem quem pense que "não existe xenofobia no Brasil". Quer dizer, por que o cara é estrangeiro ou vem com a família ele não pode aproveitar uma praia?"

sábado, junho 07, 2014

CRISE UCRANIANA: Os crimes de Stepan Bandera, herói dos neonazistas ucranianos

Por Cristiano Alves

NOTA DE INTRODUÇÃO: O nome de Stepan Bandera tem ficado cada vez mais popular após os últimos acontecimentos no cenário mundial referentes à Ucrânia, onde tem lugar uma guerra civil pela independência de algumas partes do país e uma considerável ameaça de uma nova guerra mundial, dados os movimentos de tropas da Organização do Tratado do Atlântico Norte  e da Federação Russa em direção às fronteiras deste último. O fato também culminou na saída do G8.

Stepan Bandera é reverenciado pelos ativistas da Maydan, mesmo é defendido em alguns blogs lusófonos. Mas quem é esse homem cuja personalidade é cultuada em eventos na Ucrânia, que tem estátuas erguidas em seu nome e grandes retratos afixados em prédios públicos? Seu legado é positivo para a Ucrânia ou para o mundo?

Jornalista investigativo e tradutor, fluente em inglês e na língua russa, o autor desse artigo consultou arquivos ucranianos, russos e até poloneses que nos levam a surpreendentes descobertas sobre o nome de Stepan Bandera e de sua organização na Ucrânia e muito além dela.

Monumento a Stepan Bandera no oeste da Ucrânia

Com o desencadear dos últimos acontecimentos na Ucrânia, muitos devem ter ouvido falar ou visto por acaso referências a um certo Bandera. Não se trata de Moniz Bandeira ou Antônio Bandeiras, muito menos do herói literário Bender, mas sim do carrasco ucraniano Stepand Bandera, agente do Abwergroup, a inteligência nazista comandada pelo grande espião Reinhard Gehlen, agente da Alemanha Nazista e depois da CIA, responsável pela direção da Rádio Europa Livre(originalmente Radio Svoboda). A história de Stepan Bandera está repleta de sangue e ódio, responsável pela limpeza étnica de poloneses em Volhynia e de poloneses e ucranianos(seu próprio povo) na Galícia(Halychina) Oriental, sua organização criminalizada não apenas na URSS e na Rússia, como também na Polônia(rival político da Rússia), República Tcheca, Eslováquia e Belarus.

Stepan Bandera era filho de um padre greco-católico1 nascido em Uhryniv Stariy, na Galícia, quando esta região da Ucrânia atual fazia parte do Império Austro-Húngaro, depois fazendo parte da Polônia, da qual fazia parte a cidadania de Stepan Bandera. Bandera fundou a maior organização terrorista da Ucrânia, surgida de um racha de uma organização pré-existente, a Organização dos Ucranianos Nacionalistas(OUN). Ele teve contato com várias organizações nacionalistas ucranianas desde a infância, dentre as quais a Plast, organização de escoteiros de ucranianos fora da Ucrânia(na Ucrânia, soviética, a única organização desse tipo eram os Pioneiros), depois a Organização para a Libertação da Ucrânia, até ter contato com a Organização dos Ucranianos Nacionalistas, da qual foi um de seus primeiros membros na Ucrânia Ocidental. De todas as essas, a OUN era a mais ativa.

Ativista dedicado, Bandera cresceu rapidamente nas fileiras da OUN. Em 1932, ingressou em uma escola de inteligência na Alemanha, em Dantzig. A OUN, como todos os movimentos que defendiam o "nacionalismo ucraniano", já apresentava, nessa época já antes dos nazistas chegarem ao poder, uma forte inclinação pró-alemã que aumentaria exponencialmente com a chegada de Adolf Hitler. Mesmo ciente do envolvimento de Bandera com a inteligência alemã, a direção da OUN o apontou para funções ainda mais importantes. No período de 1930 a 1933, Stepan Bandera foi preso 5 vezes. Em 1930 foi preso com seu pai por "propaganda antipolonesa", no verão de 1931 por tentar cruzar ilegalmente a fronteira polaco-tchecoeslovaca, e em março de 1931 pelo assassinato de um comissário de polícia política polonês, sendo preso várias vezes por isso.

Em 1933, a OUN assassinou o agente secreto soviético A. P. Maylov, em operação coordenada por Bandera e executada por Nikolay Lemik, preso pela polícia polonesa e condenado à prisão perpétua. Outra ação conhecida dele foi a direção de um atentado à bomba contra a sede do jornal Pratsiya, executado por Ekaterina Zaritskaya. O crime mais famoso cometido a mando de Bandera foi o assassinato do Ministro dos Assuntos Internos Bronislav Peratskiy. O assassino, Grigoriy Matseyko, conseguiu fugir para o estrangeiro. Uma vez que Bandera e seu companheiro Bogdan Pidgayskiy foram flagrados tentando cruzar a fronteira com a Tchecoeslováquia, ambos foram presos pela polícia polonesa, julgados e condenados à morte. Uma vez que no mesmo dia do julgamento de Bandera um professor ucraniano foi assassinado pela mesma arma que assassinou o ministro polonês, foi marcado um novo julgamento que condenou Bandera à prisão perpétua por ter ordenado o assassinato do professor Ivan Babiy, considerado um informante da Polícia Polonesa. Por essas ações, a OUN passaria a ser considerada pelos poloneses como uma organização terrorista.

Preso de 1936 a 1939, Bandera foi transferido para várias prisões, a última delas a Fortaleza de Brest, cidade então controlada pela Polônia. Com a invasão alemã, as forças militares polonesas foram alertadas pelo Marechal Rydz-Smigly para que não combatessem os soviéticos, que após a colapso do Estado Polonês(seus líderes internaram-se na Romênia, Estado neutro), a Ucrânia e a Bielorrússia Ocidentais foram incorporadas à RSSB e à RSSU, ambos países integrantes da União Soviética. Segundo algumas versões, os agentes carcerários resolveram liberar os presos da Fortaleza de Brest ante o colapso do Estado Polonês devido à invasão alemã. Segundo outras, estes teriam sido libertados pelo Exército Vermelho, que utilizaria como guarnição de fronteira a Fortaleza de Brest, ponto mais ocidental da URSS.

Mas a OUN nada tinha de simpática aos comunistas soviéticos, a quem consideravam como o inimigo "judaico-moscovo-bolchevique". Bandera, libertado, retornaria à Ucrânia ocidental, onde a OUN passaria a atuar de forma clandestina sob o governo bolchevique. O NKVD, o Comissariado dos Assuntos Internos, da União Soviética, já conhecia as atividades terroristas da OUN e inclusive já a combatia ao redor do mundo. Em 1938, em Rotterdã, na Holanda, o agente soviético Pavel Sudoplatov logrou se infiltrar na OUN e matou o seu fundador, Evgen Konovalets, em um atentado à bomba, escondido numa caixa de chocolates, um suposto presente seu. De acordo com Sudoplatov, também responsável pela eliminação de Trotsky, segundo ele próprio, a ordem foi emitida a ele por Iossif Vissaryonovich Stalin: "Este não é apenas um ato de vingança, apesar de que Konovalets é um agente do fascismo alemão. Nosso objetivo é decapitar o movimento do fascismo ucraniano às vésperas da guerra e forçar esses gangsteres a aniquilar um ao outro em sua luta por poder"2. Com o poder soviético estabelecido na Galícia, o novo governo tratou de perseguir os membros da organização terrorista ucraniana, comprovadamente ligada aos alemães. Bandera, temendo ser pegue pelo NKVD fugiu de Lvov.
Charge russa ironiza os "Doces Sudoplatov", em razão da bomba criada pelo agente soviético

Em 1940, a OUN conheceria um racha que afetaria a organização. Stepan Bandera rompera com o líder Andriy Melnyk, considerado demasiado pró-alemão. Bandera, ao mesmo tempo defendeu uma aliança temporária com os nazistas para o controle da Ucrânia, proposição no mínimo ingênua com relação a Adolf Hitler, que declarara o desejo de transformar a Ucrânia numa lebesraum, isto é, o "espaço vital" dos alemães, e que, inspirado no programa de eliminação dos índios para embranquecer os Estados Unidos, planejava a eliminação dos eslavos para germanizar a Ucrânia e a Rússia. Quando o III Reich invadiu a União Soviética, a OUN de Bandera, mais que a de Melnyk, revelou-se colaboradora fervorosa dos nazistas.

De acordo com os apologistas de Stepan Bandera, muitos deles integrantes das diásporas ucranianas ocorridas entre a guerra civil russa e os anos 40, Bandera "apenas queria a independência da Ucrânia", mas por que eles acham que o III Reich, despois de incorporar à Alemanha vários Estados, incluindo a França, iria permitir aos ucranianos formar um Estado independente? Muitos também fazem uma analogia entre Bandera e Stalin, mesmo com Chamberlain e Daladier mencionando que naquelas alturas o nazismo não era considerado abominável como nos dias de hoje e "se era moral que Stalin, Daladier e Chamberlain pactuassem com Hitler, logo também o seria se Bandera fizesse o mesmo". Esse discurso é falacioso e peca pela omissão, omitindo que todos esses pactos tinham objetivos diferentes daquele proposto por Bandera. Chamberlain e Daladier pactuaram com Hitler para entregar ao seu controle zonas estranhas aos interesses de seus Estados, no caso a Tchecoeslováquia. Stalin pactuou com Hitler para ganhar tempo para preparar o Exército Vermelho para se proteger da invasão nazista e uma possível invasão da Inglaterra. Bandera pactuou com Hitler para garantir a estadia do III Reich em território ucraniano e para garantir que ucranianos lutassem ao lado de Hitler contra o seu próprio povo e contra o "judaico-moscovo-bolchevismo".

A organização de Stepan Bandera tinha muito em comum com a organização de Adolf Hitler. Este último clamava a "superioridade da raça germânica" e evocava seu suposto papel civilizatório da humanidade. O primeiro clamava a "superioridade da cultura ucraniana" e evocava o seu papel de "verdadeiros ucranianos". Os russos que conhecemos, segundo os "nacionalistas" ucranianos seriam uma suposta invenção tártaro-mongol diferentes da etnos ucraniana. Se o fascismo alemão tem como marcas de seu ódio o antissemitismo, o racismo antinegro, a eslavofobia e o anticomunismo, o fascismo ucraniano tem como marcas de seu ódio o antissemitismo, a russofobia e o anticomunismo(posteriormente elementos como o racismo antinegro passariam a integrar a ideologia fascista ucraniana). É importante frisar que essa teoria do "russo mongol", embora cultivada pelos nacionalistas ucranianos, é uma invenção eugenista alemã, surgida quando o Pangermanismo e o Pan-eslavismo rivalizavam entre si durante o século XIX. A Alemanha, com o intuito de justificar o seu controle sobre a Europa Oriental, procurou retratar os russos como "tártaro-mongóis" ávidos por barbarizar a Europa. Adolf Hitler e Stepan Bandera apenas desenterraram essas teses do Império Alemão para justificar seu ódio russofóbico.

Apesar de ser visto por alguns ucranianos como um "herói da independência", ele não passava de uma marionete dos alemães, "Stefan Popel", como era chamado no serviço secreto alemão. Bandera respondia diretamente ao famoso espião nazista Reinhard Gehlen, conhecido como "O lobo cinzento de Hitler", oficial do Abwehr e depois da CIA, americana. A Gehlen, além de Popel(Stepan Bandera) e a OUN(facção B), também respondiam a Ustasha croata, os Vanagis letões, a Guarda de Ferro romena e os vlassovistas russos. Gehlen também coordenou a inteligência da Alemanha Ocidental. Sua organização também forneceu armas, equipamentos e munições a uma organização soviética disfarçada de colaboradores bielorrussos, o SMYERSH(sigla para MORTE AOS ESPIÕES), coordenada pelo agente comunista Rudolf Abramovich Abel, o "espião de seis faces", mestre do disfarce.

Bandera colaborou ativamente com os nazistas quando de sua chegada na Ucrânia. Lugares históricos na Ucrânia chegaram a ser remodelados com a inscrição "Heil Hitler! Slava Hitlera! Slava Bandery"(Salve Hitler! Glória a Hitler! Glória a Bandera!). Sobre a invasão nazista, repudiada na República Socialista Soviética da Ucrânia, a OUN-B emitiu o seguinte comunicado:

1. Pela vontade do povo ucraniano, a Organização dos Ucranianos Nacionalistas sob a direção de Stepan BANDERA proclama a formação do Estado Ucraniano ao qual curvaram a cabeça gerações dos melhores filhos da Ucrânia.



(...)


2. Nas terras ocidentais da Ucrânia um Governo Ucraniano é formado, que está subordinado ao Governo Nacional Ucraniano que será formado na capital da Ucrânia - Kiev.



3. O novo Estado Ucraniano formado colaborará com a Grande Alemanha Nacional-Socialista, sob a liderança de seu líder Adolf HITLER que está formando uma nova ordem na Europa e no mundo e está ajudando o povo ucraniano a se libertar da ocupação Moscovita.



O Exército Revolucionário Nacional Ucraniano que foi formado em terras ucranianas, continuará a lutar com o ALIADO EXÉRCITO ALEMÃO contra a ocupação moscovita pela soberania de um Estado unificado e pela nova ordem no mundo inteiro.



Vida longa à Soberania da Ucrânia Unida! Vida longa à Organização dos Ucranianos Nacionalistas! Vida longa ao líder da Organização dos Ucranianos Nacionalistas e do povo ucraniano - STEPAN BANDERA! Glória à Ucrânia!



Como se pode perceber no comunicado banderista, o governo soviético é apenas descrito como "moscovita". Ele também deixa claro o intuito de "lutar com o aliado exército alemão... pela nova ordem no mundo inteiro", isto é, uma ordem imperialista, capitalista e abertamente racista. Esse "nacionalismo" em realidade sequer nasceu na Ucrânia, mas sim na Galícia, território por séculos ocupado por poloneses, austríacos e alemães. Segundo estudiosos, diferente do nacionalismo dos países ocidentais, que começou moderado, clamando a reunificação nacional e depois se tornou extremista, após a consolidação do Estado, exemplo notável na Itália e na Alemanha, na Galícia esse nacionalismo já surgiu extremado. É importante frisar que na Ucrânia, no século XIX, surgira um nacionalismo diferente daquele surgido na Galícia no século XX, ele possuía um caráter socialista ou liberal, reivindicando valores humanistas. Ele encontrava a sua expressão em nomes como o ex-servo Taras Shevchenko, exaltado na União Soviética como herói proletário, e mesmo no atamã cossaco Bohdan Hmelnytskiy, que combateu o invasor polonês. Talvez mesmo poderíamos falar do escritor ucraniano de origem cossaca Nikolay Gógol. O nacionalismo da Galícia, segundo a classificação do Carlton Hayes em The Historical Evolution of Modern Nationalism, esse seria um "Integral nacionalismo". Foi provavelmente o reconhecimento desse "nacionalismo socialista" ucraniano do século XIX que levou Lenin defender a independência da Ucrânia, fato consumado com o estabelecimento da República Socialista Soviética da Ucrânia.

"Minha pátria por 2 milhões de marcos"

De acordo com a Academia Nacional de Ciências da Ucrânia e outras fontes, o líder da OUN-B, Stepan Bandera, participou de vários encontros com os líderes da inteligência da Alemanha, referentes à formação dos Batalhões Rouxinol e Roland. Em 25 de fevereiro de 1941, o líder do Abwehr, Wilhelm Franz Canaris sancionou a criação da "Legião Ucraniana" sob o comando da OUN-B. A organização de Bandera esperava que a unidade se tornasse o núcleo do futuro Exército Ucraniano. Para isso, durante a primavera, a organização de Bandera recebeu 2.5 milhões de marcos para promover atividades subversivas e sabotagem contra a retaguarda do Exército Vermelho, facilitando o avanço das tropas alemãs em seu ataque à União Soviética.

Na Alemanha, em novembro de 1941, os seguidores de Bandera foram reorganizados no 201º Batalhão Schutzmannschaft. A eles foram dados contratos individuais e pagamento. Segundo o livro "História da União Soviética: Período socialista 1917-1957", escrito nos anos 50, o perfil dos colaboradores era geralmente o de ex-detentos e elementos vadios da sociedade.

Sob o comando de Roman Shuhyevich, braço direito de Bandera, o Batalhão, composto de 650 pessoas, participou de ações contra a Bielorrússia. Expirado o seu contrato de um ano, os mercenários ucranianos se recusaram a renovar o contrato, o que levou à sua prisão pela Gestapo. O seu comandante Roman Shuhyevich foi poupado.

Segundo o historiador judaico-polonês Frank Golczewski, especialista no Holocausto, as atividades do 201º Batalhão Schutzmannschaft na Bielorrússia consistia no combate aos partizany e no massacre de judeus. De acordo com os próprios registros da OUN e com o Instituto de História da Ucrânia da Academia de Ciências Ucraniana, de nítidas inclinações nacionalistas, conforme visível em sua página virtual, mais de 2000 guerrilheiros soviéticos foram mortos durante as ações do batalhão comandado por Roman Shuhyevich. O historiador Anders Rudling clama que o termo partizan era quase sempre um sinônimo para "judeus", fato que comprova que a ideologia "nacionalista" ucraniana, o banderismo, a mesma ideologia que vive a alardear o mundo sobre um suposto "genocídio ucraniano promovido por Stalin", foi ela própria uma justificativa para a participação de sua organização no Holocausto nazista.

O pogrom de Lvov

Se as primeiras ações dos bolcheviques visavam o pão, a paz e a terra, as primeiras ações dos banderistas, autoproclamados "revolucionários", começaram com os pogrons, a exaltação e do nazismo e o desejo de com ele colaborar. Os banderistas do recém formado Exército Insurrecional Ucraniano(UPA) uniram-se aos batalhões da SD e lograram massacrar a intelligentsia russa, judaica e comunista da cidade de Lvov(Lviv em ucraniano). Por toda parte cartazes banderistas alardeavam que "os judeus eram a vanguarda do imperialismo moscovita" ou que eram "a vanguarda do comunismo", assim, eles eram arrastados pelas ruas, mulheres eram humilhadas, tendo as suas roupas arrancadas, sendo apedrejadas por crianças e espancadas. Judeus passavam pela mesma humilhação, em alguns casos eram forçados a beijar monumentos a Lenin derrubados. Tudo isso era, a propósito, filmado e fotografado pelos soldados nazistas. Nesses pogrons as milícias ucranianas de Lvov não raramente demonstravam um grande estado de êxtase, comparável apenas ao demonstrado pelos americanos durante os linchamentos de negros nos Estados Unidos da América. Os judeus também eram forçados a andar de joelhos pelas ruas calçadas da cidade. O pogrom de Lvov foi um dos primeiros pogrons iniciados pelos nazistas em território soviético que integrariam o Holocausto Judeu, o seu primeiro na URSS se daria em outra república soviética que hoje é conhecida também pela sua russofobia e anticomunismo, a Letônia, após a entrada dos nazistas.


Judeu idoso é chutado por pogromista ucraniano

Aqui mais um colaborador ucraniano coordena atos de repressão

Prisioneiros judeus são obrigados a exumar cadáveres de criminosos ucranianos sem equipamento

Judeus são obrigados a andar de joelhos por Lvov, capital da colaboração ucraniana

Mulher é publicamente humilhada pelos "inocentes ucranianos"

Cidadão é obrigado a beijar um monumento derrubado de Lenin

Mais uma vítima dos fascistas ucranianos

Foto com um pogromista identificado, Mihaylo Pecharskiy, integrante da Milícia Ucraniana, criada pela OUN e reconhecida pelos nazistas.

Nessas duas fotos é identificado mais um seguidor de Stepan Bandera, Ivan Kovalishin, integrante da Milícia Ucraniana, formada pela OUN. Os pogroms de Lvov eram uma espécie de "carnaval" para os fascistas locais.

Mais uma mulher humilhada pelos nazistas ucranianos.

Grupo de cidadãos pacíficos executados pelos capangas de Stepan Bandera. Essa imagem é frequentemente descrita como "vítimas do terror do NKVD". Todavia, além deste executar em celas individuais, o NKVD removia utensílios como suspensórios e cintos, visíveis nessa foto. Estima-se que só nos primeiros dias da ocupação nazista, os fascistas ucranianos executaram pelo menos 4 mil judeus em Lviv só nos primeiros três dias. Ressalte-se que isso se deu apenas nos primeiros dias, sendo o número de suas vítimas muito superior. Nenhum governo da época, exceto o da Alemanha nazista, se igualava aos métodos empregados pelos nazistas ucranianos.
Aqui o responsável pelo pogrom de Lviv, carrasco de mais de 4 mil judeus, Yaroslavo Stetsko, entrega pão decorado com sal(costume da hospitalidade eslava) ao seu velho mestre nazista. Quando Stetsko e Bandera decidiram por uma Ucrânia mais autônoma em relação a Hitler, ambos foram presos, todavia, mesmo presos, os nazistas permitiram que Stetsko escrevesse sua autobiografia, nela se lê: “Moscou e os judeus são os maiores inimigos da Ucrânia. É por isso que eu enfatizo o apoio à ideia de eliminar os judeus, bem como a relevância dos métodos alemães de despovoamento de judeus para excluir a sua assimilação”.

Aqui o responsável pelo pogrom de judeus em Lviv, Yaroslav Stetsko, aperta a mão do seu novo mestre capitalista e anticomunista, George Bush, conhecido pelo seu envolvimento com o terrorista Osama Bin Laden e com o processo de entrada de criminosos de guerra nazistas nos Estados Unidos. Milhares de colaboradores de nazistas foram abrigados nos Estados Unidos em troca de sua colaboração na cruzada anticomunista. Eles eram as "testemunhas do terror stalinista".

É importante frisar que a posição antissemita dos neonazistas ucranianos foi relativizada nos dias atuais. Se os nazistas ontem promoviam o pogrom, hoje eles admitem até um presidente ilegítimo judeu, o "rei do chocolate" Petro Poroshenko. Mesmo na época de Bandera judeus foram permitidos em algumas posições de sua organização, mas isso não foi o suficiente para impedir os pogrons. Por mais bizarro que possa parecer, hoje a cidade de Lvov(Lviv) na Ucrânia tem ruas e até monumentos erguidos em homenagem aos criminosos da OUN(b) e ao próprio Stepan Bandera.

Apesar de ser um agente alemão, Bandera(ou Stefan Popel, seu codenome) nem sempre reinou sobre a Ucrânia durante a ocupação nazista. Após alguns meses de ocupação, ele e seu círculo mais próximo visou mais autonomia em relação a Hitler, o que levou à sua prisão e à de Yaroslav Stetsko e mesmo à prisão e fuzilamento de alguns membros da OUN-B. Segundo alguns autores, isso teria sido ensaiado por Bandera a fim de promover um expurgo na organização e minar a luta pelo poder. Bandera, junto a Stetsko, foi levado a um campo de concentração alemão para "prisioneiros VIP" como pilotos ingleses, por exemplo. Essa prisão é comumente alegada pelos apologistas do fascista ucraniano como suposta "prova de que ele só queria usar os nazistas", ignorando se tratar de um campo VIP e que ele próprio seria depois liberado pelos alemães.

Mesmo não tendo sido levado ao Tribunal de Nuremberg, Stepan Bandera foi descrito várias vezes como "agente do Abwehr" pelo coronel Stolze, do Abwehr II, em dezembro de 1945. De acordo com o seu testemunho, "Conduzindo as instruções de Keitel e Jodl mencionadas acima, eu contatei os nacionalistas ucranianos que estavam no Serviço de Inteligência Alemão e outros mebros de grupos nacionalistas fascistas, a quem eu recrutei para conduzir as tarefas definidas acima. Em particular, as instruções foram dadas a mim pessoalmente para os líderes dos ucranianos nacionalistas, os agentes alemães Myelnik(codenome Consul I) e Bandara para organizar, imediatamente após o ataque da Alemanha à União Soviética, e provocar demonstrações na Ucrânia para desintegrar a retaguarda dos exércitos soviéticos, e também para convencer a opinião pública internacional da alegada desintegração da retaguarda soviética."3 Isso ajuda a entender como "o povo ucraniano recebeu e saudou os invasores nazistas", fato esse verificado apenas nos territórios ocidentais do país como a Galícia, onde era ativa a atuação da OUN(B).

Hatyn, Bielorrússia: "nós não somos alemães"

O massacre de Hatyn, na Bielorrússia(atualmente o país se chama Belarus) foi um dos mais brutais crimes cometidos contra os povos eslavos durante a ocupação alemã da União Soviética. De tão profunda que é a cicatriz deixada pelo massacre na história da República de Belarus, ele foi dramatizado no filme "Idi i smotri"(Vá e veja). O filme, produzido pelo cineasta bielorrusso Elem Klimov, ele próprio um sobrevivente da guerra, é uma obra prima do cinema por captar todo o terror psicológico produzido pelo massacre de Hatyn. Nele um garoto perde toda a sua infância observando o seu povo ser exterminado, até que no final, após capturados pelos partizans, isto é, os guerrilheiros da resistência, um dos carrascos capturados grita histericamente my ne nemtsy, my ne nemtsy(nós não somos alemães, não somos alemães)! E de fato, os promotores deste massacre, que envolveu mais de 300 fuzilados e mais de 100 pessoas queimadas vivas no vilarejo bielorrusso, não eram alemães, mas sim ucranianos colaboracionistas, conforme confirmado por historiadores e investigadores históricos da República de Belarus, Federação Russa e da própria Ucrânia.

Em março de 1943 foram queimados vivos 152 habitantes da aldeia bielorrussa de Hatyn, dentre essas 75 crianças entre 7 semanas de vida e 15 anos. Eles foram trancados numa igreja da aldeia, sendo lá dentro trancados e queimados vivos. Alguns conseguiram escapar, mas foram alvejados por tiros de metralhadora. Dentre os vivos restaram apenas 4, um deles um ancião, Iosif Kaminsky. Procurando o cadáver de seu filho, ele o encontrou queimado e o ergueu em seus braços, cena que celebrizou um monumento hoje erguido em Belarus dentre as ruínas de Hatyn.

Memorial de Hatyn, na República de Belarus

Durante a Era Soviética evitou-se falar dos verdadeiros autores de Hatyn, a fim de não prejudicar a "amizade dos povos", princípio que norteia as ideias comunistas. Temia-se a criação de conflitos entre ucranianos e bielorrussos, por isso mesmo o filme feito sobre o massacre evitou falar diretamente sobre a autoria da monstruosidade, fato conhecido pelos sobreviventes de Hatyn e investigadores soviéticos. Com o fim da União Soviética e consequentemente da noção de "amizade dos povos"5, assim como o ressurgimento do fascismo na Ucrânia, investigadores históricos passaram a "dar nome aos bois".

Produzido em 2008, o documentário russo-bielorrusso Pozornaya tayna Hatyni(O segredo vergonhoso de Hatyn) nos dá provas da autoria do 118º Batalhão de Polícia do Exército Ucraniano sob o comando do major polonês Smowsky. Deste batalhão fazia parte um grande número de membros da OUN-UPA, um desses o primeiro-tenente ucraniano Grigoriy Vassyura. Cerca de duzendos deles eram "nacionalistas" da cidade de Tchernovtsy, oeste da Ucrânia, eles formavam a espinha dorsal deste batalhão. Em 22 de março de 1943, os partizany bielorrussos lograram destruir o automóvel e a vida do capitão fascista Hans Woellke a apenas 40Km de Minsk. Ele era campeão de arremesso de peso das Olimpíadas de 1936, o primeiro campeão alemão em atletismo leve, querido de Hitler. Assim, em represália os nazistas determinaram "ações punitivas" contra vilarejos bielorrussos. Uma vez que o major Smowsky encontrava-se doente, ele colocou o primeiro-tenente Vassyura, desertor do Exército Vermelho, no comando do destacamento do batalhão, sob ordens do major de polícia alemão Erich Kerner6. Um dos comandantes era outro ucraniano, Vassiliy Meleshko. Primeiro eles chacinaram 27 habitantes da vila de Kozyry, depois partiram para Hatyn. O próprio Vassyra, armado de pistola e submetralhadora, fuzilou vários pessoalmente. O batalhão punitivo executou ações de genocídio contra outros 12 vilarejos.

Com seus feitos inteiramente desconhecidos ao final da guerra, Vassyra foi preso e condenado a 25 anos em um campo de trabalho corretivo(unidade do GULAG) por colaboração com os alemães. Seu destino mudaria drasticamente com o advento da "desestalinização" promovido por Nikita Hruschov. Alegando ter sido condenado apenas por "ter sido feito prisioneiro", Vassyura foi anistiado e retornou à Ucrânia, passando de "inimigo do povo" para a condição de "vítima do stalinismo". Na Ucrânia soviética ele chegou a se tornar diretor de uma fazenda coletiva(kol'hoz). Pelo seu "exemplo", ele tornou-se "veterano de guerra e do trabalho", chegou a participar de vários encontros com crianças em escolas.

Durante o aniversário de 40 anos do final da guerra, por ter se apresentado como um "combatente do front", Vassyura foi ousado a ponto de reclamar para si uma das mais importantes ordens militares atribuídas aos veteranos da II Guerra na União Soviética, a Ordem da Guerra Patriótica. A princípio os órgãos legais interessaram-se pela história desse "herói de guerra" que constava como "desaparecido em combate". Uma ampla investigação levou a colegas de Vassyura, que por sua vez o denunciaram como "um dos cruéis comandantes do batalhão da morte". Na lista do ex-oficial do Exército Vermelho constavam 360 mulheres, idosos e crianças executados. Além de Hatyn, ele liderara expedições punitivas contra os vilarejos de Dalkovich e Ossov, onde fuziladas 78 pessoas, além de expedições contra Makove, Uborok e Kaminskaya Sloboda, onde exterminou pelo menos 50 judeus.

Processado, julgado e condenado por um Tribunal Militar na Bielorrússia, Grigoriy Vassyura foi fuzilado em 1986 por crimes de guerra. Seus cúmplices tiveram sentenças menores, no mínimo 8 anos de prisão. O depoimento de Grigoriy Vassyura feito em seu julgamento rendeu um livro em 14 tomos. Longe de inocentar seus homens, ele declarou em juízo: "peguem o comandante Meleshko, ele é um sádico que fede a sangue". Ele confessou ter matado não menos que 360 pessoas.

Grigoriy Vassyura, um dos comandantes do massacre de Hatyn. Sentenciado a 25 anos de prisão na época de Stalin, ele foi libertado durante a "desestalinização" e elevado à condição de "vítima do stalinismo". Chegou a dirigir um kol'hoz na URSS, participar de encontros com crianças em escolas e foi desmascarado ao tentar, ousadamente, solicitar uma Ordem da Guerra Patriótica, o que levou a uma investigação de seu passado e à descoberta de seus crimes em nome do "nacionalismo ucraniano" defendido por Stepan Bandera.

O caso Vassyura e suas confissões, como o fato de cidadãos de Tchernovstsy terem sido voluntários do 118º Batalhão de Polícia do Exército da Alemanha nazista constitui a prova inexorável da autoria dos banderistas no extermínio de cidadãos pacíficos da República Socialista Soviética da Bielorrússia, demonstrando que o seu ódio aos "moscovitas", poloneses, comunistas e judeus iam muito além. Esse fato destrói pedra sobre pedra o mito de que os "nacionalistas" ucranianos apenas lutavam contra o domínio de Moscou e de Varsóvia, tratando-se de genocidas e carrascos sem quaisquer escrúpulos.


Volhynya, o holocausto polonês


Em 1943, Stepan Bandera encontrava-se prisão de Sachsenhausen, no quartel de Zellenbau, para presos de alto perfil que colaboravam com os nazistas. Fora da Ucrânia ele ficava longe dos conflitos entre a OUN(b) e a facção de Andriy Melnyk, que em sua luta pelo poder eventualmente combatiam entre si. Isso também impedia que um agente nazista tão valioso fosse emboscado por partizany. O controle que a OUN-UPA(o Exército Insurrecional Ucraniano, organizado sob a tutela dos nazistas) exercia sobre o ocidente da Ucrânia era muito grande.

Enquanto a OUN de Melnyk admirava os aspectos do fascismo italiano, a OUN de Bandera admirava os aspectos do fascismo alemão. A ideologia de sua organização incluía a glorificação da violência, nacionalismo integral, totalitarismo, racismo russofóbico, antipolonês e em vários casos antissemita, e anticomunismo. O componente antipolonês da ideologia banderista seria expresso no massacre de Volynia. A limpeza étnica promovida nessa região estava em conformidade com as ideias de Bandera de criar um país sem minorias étnicas.

Com o crescente número de atividades guerrilheiras por parte dos poloneses e de prisioneiros de guerra do Exército Vermelho que escaparam dos nazistas, a região de Volynya passou a ser uma área de preocupação para o comando alemão, que buscou métodos de "pacificar" a região. Com a constituição do Exército Insurrecional Ucraniano(UPA), o comando foi atribuído ao braço direito de Stepan Bandera, Roman Shuhyevich, que visava aprender com os alemães os seus métodos de extermínio.

Os métodos de extermínio dos alemães consistiam em primeiramente planejar cuidadosamente a operação, estudar o local, efetuar promessas vãs para a população local antes de sua aniquilação, cerco repentino e matança em massa. O treinamento desses métodos em 1942, bem como no manuseio de armas alemãs, preparou os fascistas ucranianos para o extermínio dos poloneses.

Dentre 1942 e 1943, estima-se que os fascistas ucranianos, atuando como unidades de Polícia do Exército Alemão, exterminaram em Volhynia e na Galícia Oriental, pelo menos 100 mil poloneses! Os números variam de acordo com os historiadores, sendo as cifras mais altas dentre os historiadores poloneses. Segundo Czeslaw Partacz, dentre 134 mil e 200 mil poloneses foram exterminados em Volhynya e na Galícia. Lucyna Kulinska fala em 150 a 200 mil nos mesmos territórios. Um estudo conjunto feito por historiadores da Polônia e Ucrânia feito no ano 2000 aceitou o número de 50 a 60 mil só em Volhynya. Alexander Gogun, historiador russo participante da Conferência de Potsdam, dos Aliados, estimou que só em Volhynya mais de 25 mil foram mortos dentre 1943 e 1944. É um número muito elevado dado o curto período de tempo e métodos intencionais de extermínio através da brutalidade.

As atrocidades perpetradas pelos seguidores de Stepan Bandera contra a minoria polonesa não poupavam civis independente de idade ou sexo em nome de sua política racista de "despolonização". Segundo Norman Davies, em No Simple Victory:

Vilas eram queimadas. Padres católicos romanos eram esquartejados a golpes de machado ou crucificados. Igrejas eram queimadas com todos os seus clérigos. Fazendas isoladas eram atacadas por gangues carregando ciscadores e facas de cozinha. Gargantas eram cortadas. Mulheres grávidas eram mortas à baioneta. Crianças eram partidas ao meio. Homens eram emboscados no campo. Os perpetradores não poderiam determinar o futuro da província. Mas ao menos podiam determinar um futuro sem poloneses

Em Volhynya veio ficou registrado o ápice do terror banderista, era constante o uso de métodos de sadismo que nem mesmo os fascistas alemães usaram de forma tão explícita. Ações terroristas como o desmembramento de civis, decapitação e esquartejamento de homens em frente às suas famílias eram comuns. Mulheres eram estupradas e mutiladas pelas gangues de Stepan Bandera, por vezes em frente à sua família. A resistência a essas ações eram impossibilitadas devido à garantia de que "nada lhes seria feito" e de que a ocupação de tais vilas seria supostamente temporária. Além disso, todos os habitantes das vilas eram exterminados, quase nunca sobravam testemunhas. Crianças eram enforcadas e amarradas a árvores com arame farpado. Poloneses tinham objetos pontiagudos como pregos introduzidos em seus crânios, a fim de que morressem de forma lenta e dolorosa.

Abaixo algumas das atrocidades cometidas em nome de Stepan Bandera:


Massacre em vila polonesa. Aproximadamente 170 poloneses assassinados em uma noite.

Exumação de cadáveres na vila de Wola Ostrowiecka, revelando sinais de golpes de machado
Cadáveres de crianças polonesas mortas pelos fascistas ucranianos. À esquerda, Janusz Mekala, de 3 anos de idade, morto com as costelas quebradas. Ao centro Stasia Stefaniak, de 5 anos, morta com uma abertura na cavidade abdominal e costelas quebradas. À direita Marek Mekala, de 2 anos, morto com golpes de baioneta várias vezes.
Camponesa polonesa esquartejada pelos fascistas ucranianos em 1943. Esses atos eram comumente aplicados às mulheres, após estuprá-las.
Mulher polonesa com uma das mãos decepadas, aparentemente com o corpo partido ao meio.
Mais um registro do massacre promovido pelos anticomunistas ucranianos, defensores ardentes do capitalismo e de Adolf Hitler, seguidores de Stepan Bandera
Crianças amarradas a uma árvore com arame farpado pelos banderistas
Ex-presidente ucraniano Viktor Yuschenko cumprimenta um grupo neonazista da Ucrânia

Inúmeros são os relatos dos poucos sobreviventes do massacre sobre os crimes cometidos pelos gângsteres de Stepan Bandera, crimes esses cometidos não apenas contra poloneses, mas também contra tchecoeslovacos, minoria em Volhynya, e mesmo contra os próprios ucranianos que se recusavam a participar de suas raides assassinas contra camponeses pacíficos. Os ucranianos que se recusavam tinham seu sangue derramado e com ele mesmo era escrito na parede de suas casas "Sou um traidor da Ucrânia! Glória à Ucrânia! Glória aos Heróis!".

A Waffen SS Galizien

Com a mudança no curso da guerra a partir da vitória soviética na Batalha de Stalingrado, foi formada em abril 1943 a 14ª Divisão de Granadeiros da Waffen SS, mais conhecida como Waffen SS Galizien. A divisão era formada por católicos orientais e permitia capelães. Ela incluía os voluntários banderistas do ocidente da Ucrânia, da Galícia e da Volhynia, incluso os integrantes do Batalhão Volhynya, ou Unidade de Defesa Ucraniana, 31º Destacamento Punitivo da SD. Uma minoria de seus integrantes incluía alemães e holandeses. A unidade militar participou de ações de extermínio não apenas na Ucrânia, mas também de uma rebelião na Eslováquia e na Eslovênia, onde combateu uma guerrilha antinazista.

Em um discurso para os oficiais da Waffen SS Galizien disse o reichsführer Heinrich Himmler:


Sua terra natal tornou-se muito mais bonita desde que vocês perderam - sob nossa iniciativa, devo dizer - os residentes que frequentemente sujavam o bom nome da Galícia, nominalmente os judeus7


Até os dias atuais os apologistas de Stepan Bandera negam o seu colaboracionismo com os nazistas. Toda essa sofistaria não possui nenhum valor de veracidade diante dos fatos! Como bem coloca o historiador belga Ludo Martens, a colaboração de banderistas e nazistas era conhecida até mesmo do outro lado do oceano - o Exército Americano fez 11 álbuns que comprovam a colaboração bandero-hitlerista. As fotos abaixo comprovam o envolvimento dos fascistas da Ucrânia com os da Alemanha:

O Reichsfüffer SS Heinrich Himmler inspeciona a divisão da SS formadas por voluntários ucranianos. Coincidentemente ou não, o seu número é "14", que na simbologia nazista indica a saudação Sieg Heil
Alguns apologéticos da Waffen SS Galizien e de S. Bandera clamam que se tratou de mera "aliança de oportunidade", como a da URSS e da Alemanha nazista, todavia os militares comunistas jamais juraram lealdade a qualquer símbolo ou estandar nazista. Nessa foto os colaboradores ucranianos prestam um juramento aos nazistas. A bandeira nazista ucraniana carrega a mesma cor e o mesmo símbolo do Estado ucraniano moderno.
A confiança dos alemães era tanta nos "nacionalistas" ucranianos, que alguns militares aparecem aqui com a mais alta condecoração da Alemanha nazista, a Cruz de Ferro
Túnica da farda de oficial(aparentemente tenente-coronel) da Waffen SS Galizien. Em sua gola percebemos, além do posto, o leão que é o brasão de Lvov e símbolo da divisão da SS. Na manga esquerda está o brasão da Galícia, com o leão(Lviv/Lvov significa "leões" em ucraniano/russo)
"Junte-se às tropas da Divisão de Fuzileiros da Galícia da SS", cartaz de propaganda em ucraniano
"Eu sou voluntário", cartaz de propaganda dos banderistas, para recrutamento na SS Galícia
"Levante-se para lutar com o bolchevismo nas tropas da Divisão da Galícia". Cartaz anticomunista dos nazistas e dos "nacionalistas" ucranianos
"A SS da Galícia vai à batalha". Panfleto banderista exaltando o nome de Adolf Hitler em ucraniano
"Divisão Ucraniana Galícia. 1943. Eles defenderam a Ucrânia"
Veterano da SS Galizien marcha com jovens neonazistas e cartazes de apologia ao nazismo na Ucrânia antes da Maidan

Os neonazistas da Maydan não surgiram do dia para a noite. Desde a "independência" da Ucrânia, manifestações de apologia do nazismo e de divulgação do "Holodomor" são permitidas no país. Nessa marcha percebe-se um grande número de jovens, muitos de cara limpa, e bandeiras da Ucrânia e da OUN(b), rubro-negras, juntas, sem qualquer laivo de coação policial. Nos cartazes estão alguns personagens da Ucrânia, dentre os quais o criminoso nazista Roman Shuhyevich. O nazismo na Ucrânia, desde o fim do socialismo, não só é tolerado como é promovido pelas autoridades.
Cemitério erguido em homenagem ao racismo na Ucrânia capitalista

A ideia de que o o "nacionalismo ucraniano não tem qualquer associação com o nazismo", ou de que "se tratou de mera aliança de oportunidade" não condiz com os fatos e é inclusive refutada facilmente por um amplo acervo fotográfico.

Embora filmes ucranianos contemporâneos clamem que "os banderistas lutaram contra Stalin e contra Hitler", além dessa versão ser facilmente refutável pelo acervo citado, ela também é refutada pelos fatos e por um discurso do próprio Adolf Hitler. Em abril de 1941, a Divisão SS Galizien foi transferida para o agora formado Exército Nacional Ucraniano, força guerrilheira anticomunista e racista que visava atacar a retaguarda, especialmente os suprimentos do Exército Vermelho, de modo a retardar o avanço deste até Berlim(o que se concretizaria em maio). Esse exército seria comandado pelo ucraniano Pavlo Shandruk. Frequentemente seus comandantes e destacamentos seriam transportados de avião pelos alemães e lançados de paraquedas na Ucrânia, na retaguarda do Exército Vermelho com armamentos modernos que incluíam o fuzil automático Stg-44.

Cético quanto à capacidade dos ucranianos de impedir que o Exército Vermelho chegasse a Berlim, Hitler chegara a dizer que os fascistas ucranianos estavam sendo melhor armados do que os fascistas alemães:

"Seja essa unidade confiável ou não. No momento eu não posso sequer criar novas formações na Alemanha por que eu não tenho armamentos. Deste modo é idiotia dar armas à divisão ucraniana que não é completamente confiável. Eu preferiria tomar as armas deles e montar uma nova divisão alemã. Eu considero que ela está excelentemente ocupada, talvez muito melhor armada do que a maioria das divisões que estamos criando neste momento."8

De combatentes nazistas a "vítimas do comunismo"

Para o pós-modernismo, polpa ideológica da burguesia, conceitos como "bom" e "ruim", "moral" e "imoral" são apenas pontos de vista. Marx, em "O manifesto comunista", já dizia que a burguesia "submergiu nas águas glaciais do cálculo egoísta os frêmitos sagrados da piedade exaltada, do entusiasmo cavalheiresco"9. Em outras palavras, o doutor alemão demonstra que a burguesia abandonou completamente a noção de honra, sendo seguida, no campo ideológico, por pessoas frívolas, oportunistas, fracas!

Durante 4 anos o comunismo deixara de ser o grande "bicho-papão". Findada a guerra, ao mesmo tempo em que até desenhos da Disney abominavam o nome de Adolf Hitler, os nomes de Iósif Vissaryonovich Stalin e do povo soviético eram elevados às alturas! Grandes comandantes americanos declaravam publicamente sua admiração pelo "heroísmo do Exército Vermelho", almirantes, generais e ministros da guerra americanos falavam que "nós e os nossos aliados estão eternamente gratos e sempre em débito com o exército e o povo da União Soviética."10. No Rio de Janeiro, um grupo de alpinistas afixou no Corcovado uma faixa chamando Stalin de "o grande campeão da paz", em fins dos anos 40. Mas se o Exército Vermelho salvara o próprio povo e o de outros países da tirania e da selvageria fascista, ele também salvara, involuntariamente, os negócios de grandes capitalistas e as ações das bolsas de Londres e de Nova Iorque. E feito isso, ninguém mais precisava de Stalin e do Exército Vermelho. Para justificar suas ações militares pelo mundo também precisavam de um motivo, de um "novo Hitler", de um novo III Reich, e esses seriam Stalin e a União Soviética.

Durante a guerra, John Loftus era responsável, no Departamento de Justiça de Washington, pelo serviço de pesquisas especiais, encarregado de detectar os nazistas que procuravam infiltrar-se nos Estados Unidos. Em seu livro The Belarus Secret(O segredo bielorrusso), ele afirma que seu serviço se opunha à entrada no país de nazistas ucranianos. Mas Frank Wisner, que dirigia o Escritório de coodenação política, um serviço de informação, fazia sistematicamente entrar nos EUA antigos nazistas ucranianos, croatas, húngaros. Wisner, que teria mais tarde importante papel na CIA, declara9:

"A organização dos nacionalistas ucranianos e o exército dos resistentes que ela criou em 1942 (sic), o exército insurrecional ucraniano, lutaram asperamente tanto contra os alemães quanto contra os russos soviéticos"10. Deste modo, ficava claro que o serviço secreto americano havia adotado a versão da história dada pelos nazistas ucranianos com o propósito de entrar nos Estados Unidos. Loftus respondeu a Wisner:

"Isso é completamente falso. O Corpo de Contra-Inteligência dos Estados Unidos tinham um agente que havia fotografado 11 álbuns de fichas secretas internas da OUN, relativas a Bandera. Essas fichas mostram claramente que a maior parte de seus membros trabalhava para a Gestapo ou a SS como policiais, executores, caçadores de resistentes e funcionários municipais"12

Mas falecido o democrata antifascista Roosevelt e finda a guerra, os Estados Unidos não apenas recebiam nazistas como os financiavam através dos "Institutos de Pesquisa" fundados pelos banderistas da OUN-UPA, fossem da tendência Melnyk ou da tendência Bandera. Loftus declarou que "o financiamento desses "institutos de pesquisa", que não eram outra coisa senão grupos de cobertura para antigos oficiais de informação nazistas, veio do Comitê Americano para a Libertação do Bolchevismo"13.

Esses "institutos de pesquisa" deram uma valorosa contribuição ao anticomunismo nos Estados Unidos. Em 1985, nos anos de Ronald Reagan, o filme Harvest of Despair obteve a medalha de ouro no 28º Festiva Internacional do Cinema e de TV de Nova Iorque. Harvest of Despair(A colheita do desespero) era um filme feito para o grande público, Harvest of Sorrow(Colheita da tristeza), era um livro, feito para a intelectualidade. Ambos se tratavam de trabalhos com base em "vítimas do comunismo". Durante o filme, sobre o "genocídio" ucraniano, aparecem como testemunhos Stepan Skrypnik, que foi redator-chefe do jornal nazista Volin, vivia como refugiado na América. Outro testemunho é o alemão Hans Von Herwarth, que trabalhava na URSS recrutando russos para o exército colaboracionista do general Andriey Vlassov. Outro testemunho do filme é o seu compatriota Adolf Henke, diplomata nazista. Ilustram a "fome genocida contra os ucranianos" fragmentos dos filmes Le Tsar Famine(A fome do tzar), de 1922, Arsenal, de 1929, e depois sequências de Le Siége de Léningrad(O cerco de Leningrado), filmado nos anos da IIGM.

O filme foi atacado publicamente em 1986 por falsificações. Muitas dessas imagens são ainda veiculadas em documentários sobre o Holodomor e em exposições sobre o "Holocausto ucraniano", além de poderem ser facilmente achadas em blogs anticomunistas.

Os banderistas por muito tempo foram as fontes fascistas de Robert Conquest, que conforme revelado pelo jornal The Guardian em janeiro de 1978, era um agente do IRD britânico que depois ingressou na CIA americana e, apadrinhado por essa, tornou-se historiador de Harvard, sendo a fonte de consulta de muitos historiadores, tido por autoridade no assunto. Seu livro Harvest of Sorrow, publicado em 1986, é uma versão pseudo-acadêmica da história, tal como ela é contada pela extrema-direita da Ucrânia, pretendendo que lutaram "contra Hitler e contra Stalin".

Se um banderista conseguia até mesmo se esconder na própria União Soviética e até quase chegar a receber uma grande condecoração militar, como vimos aqui, que dirá de Estados anticomunistas? Mas não era apenas os Estados Unidos que abrigava os companheiros de Bandera. Além de países como o Brasil e outros, um banderista podiam entrar sem muitas dificuldades no Canadá, isto é, parte da Comunidade Britânica. Ele podia permanecer até mesmo na Alemanha Ocidental, destino do próprio Stepan Andriyovich Bandera! Se os banderistas trocaram o fuzil alemão pela caneta americana, Bandera o fez pela alemã, passando a viver com uma nova identidade desde que fora libertado em 1944 pelo regime nazista.

Esse privilégio de ingressar em países capitalistas, como vimos, não era um privilégio exclusivo de fascistas ucranianos, mas também de fascistas alemães. Além de Bandera e hordas de criminosos de guerra, a Alemanha Ocidental recebeu o chefe de Bandera, o "Lobo cinzento de Hitler", o General-Major Heinhard Gehlen. Lá ele viveu até o fim dos seus dias, escreveu um livro que chegou a ser publicado em português, "O serviço secreto". O espião nazista passou a atuar no serviço secreto alemão ocidental e depois na Agência Central de Inteligência(CIA), americana. Com o apoio dessa e recursos do Departamento de Estado dos Estados Unidos, o nazista tornou-se diretor da Rádio Europa Livre(Radio Svoboda), especializada em rádio-difusão anticomunista voltada para a Europa Oriental. Essa rádio existe até hoje e pode ser sintonizada em qualquer parte do mundo através de ondas curtas.

O jovem general-major Gehlen, agente do Abwehr e depois da CIA, foi o responsável por cooptar traidores soviéticos como Stepan Bandera e o colaboracionista russo Andriey Vlassov. Ele também dirigiu a Rádio Europa Livre, fundada com recursos do Departamento de Estado dos EUA


Os últimos dos moicanos

Como apresentado neste artigo, o próprio Hitler admitia que os fascistas ucranianos estavam melhores equipados do que muitas unidades alemãs. Muitos foram transportados da Alemanha até a Ucrânia soviética, que então já havia sido libertada pelo Exército Vermelho. Embora o combate do Exército Soviético e das forças americanas contra o Eixo tenham encerrado em 1945, durante mais alguns anos continuaria a atuar em território soviético a guerrilha nazista formada por remanescentes da OUN-UPA de Stepan Bandera, ela se denominava "Conselho Supremo de Libertação da Ucrânia".

O conselho decidiu que por razões de segurança Stepan Bandera não deveria retornar à Ucrânia, deste modo, lideraria a OUN(b) em território soviético o braço direito de Bandera, veterano do pogrom antissemita e anticomunista de Lvov, remanecente do núcleo original da organização, Roman Shuhyevich. Uma de suas atividades mais notáveis de Shuhyevich foi um boicote às eleições na República Socialista Soviética da Ucrânia em 1946. Nesse mesmo ano ele seria promovido a "General" do Exército Insurrecional Ucraniano.

Dado que se tratava de uma ameaça interna, o combate da guerrilha banderista coube ao NKVD, agora renomeado MVD, isto é, o Ministério dos Assuntos Internos. Ao órgão cabia a perseguição aos "últimos dos moicanos", responsáveis por atos diversionários contra o poder soviético, por aterrorizar vilas de camponeses e tramar a derrubada do Estado Soviético e a constituição de um regime nazista na Ucrânia.

Sob o comando de Roman Shuhyevich os banderistas viriam o seu fim enquanto organização guerrilheira anticomunista. A diretriz dada aos homens do MVD era para que capturassem, se possível, vivos, os integrantes da organização de Stepan Bandera, a fim de que usassem-nos como propaganda, mostrando a sua reintegração à sociedade soviética.

A organização de Bandera e de Shuhyevich lançou ataques guerrilheiros nas regiões de Ternopolskiy, conhecida pela sua minoria grega, Lvov e Ivano Frankvisk. Para agir livremente pelo território soviético, Shuhyevich usou disfarces, por exemplo, documentos com uma foto colada que o apresentavam como "Yaroslav Vassilyevich Polevskiy" ou como "Maksim Stepanovich Orlovich". Seu esconderijo era desconhecido pelos órgãos de segurança.

Em 1950, seria presa pelo MGB, órgão subordinado ao MVD, a mensageira pessoal de Roman Shuhyevich, Darya Gusyak, apelidada "Darka". Com a introdução de uma agente do MGB disfarçada em sua cela, "Roza", ela confessou a participação na organização de Shuhyevich e revelou o seu esconderijo, o que se confirmou verídico pela investigação dirigida pelo espião comunista ucraniano Pavel Sudoplatov, conforme suas Memórias.

Cercados pelas tropas especiais(Spetsnaz) do MVD, Shuhyevich foi rendido em seu esconderijo. Conforme as memórias de Sudoplatov, o General Drozdov, do MGB, exigiu que Shuhyevich baixasse as suas armas, garantindo que seria poupada a sua vida. Em resposta, ouviu-se uma rajada de fuzil, Shuhyevich, tentando abrir uma brecha no cerco, atirou duas granadas de mão. Um disparo durante o tiroteio acabou com a vida de Roman Shuhyevich, acabando assim com um dos principal líder nazista na Ucrânia, depois de Bandera, que encontrava-se na Alemanha. Durante o tiroteio morreu também o major ucraniano Revenko, do MGB. Para não dar grande repercussão ao caso, nenhum dos participantes da missão foi condecorado. Em vez disso recebeu os agradecimentos oficiais e um prêmio de 1000 rublos o sargento do MGB Polischuk, pela neutralização de Roman Shuhyevich. Seu corpo foi levado para reconhecimento pelo seu filho, uma mulher e um padre católico-grego. Seu corpo foi cremado e suas cinzas jogadas para fora da Ucrânia.

Os remanescentes ativos da OUN-UPA viriam o seu último combate nas montanhas dos Cárpatos, até serem presos ou mortos em combate contra as tropas do MVD. Eles não tinham mais para onde fugir, em 1950 a Tchecoeslováquia e todos os Estados em volta da Ucrânia soviética eram Estados de orientação marxista e fervorosamente antifascistas. Darka, mensageira de Shuhyevich, foi sentenciada a 25 anos de prisão, sendo solta nos anos 70 e vivendo hoje na Ucrânia com seus 90 anos de idade, destino esse que jamais seria conferido a um comunista nas mãos de banderistas.

Identidade falsa de Roman Shuhyevich sob o disfarce de "Yaroslav Polyoviy". O nazista chegou a utilizar como símbolo uma estrela com a foice e o martelo, símbolos do comunismo, que odiou até o fim de seus dias
A última foto de Roman Shuhyevich, precisamente, de seu cadáver
Retrato de Shuhyevich em uniforme nazista

O fim de Stepan Bandera

O líder do movimento nacionalista ucraniano mais extremista vivia refugiado em Munique, na Alemanha Ocidental, destino de muitos criminosos nazistas. Lá, com documentos falsos, ele se apresentava como "Shtefan Popel" e dirigia as atividades da OUN(b) a partir do exterior. A organização, após a destruição de sua guerrilha na União Soviética, agora participava de influentes círculos ao redor do mundo.

Em 1958, em Rotterdã, reuniu-se toda a direção da OUN para homenagear Yevheniy Konovalets, fundador da organização. Dentre os participantes do evento, encontrava-se um certo jovem, admirador seu, Hans Johann Budeit, em realidade, o agente do KGB Bohdan Stashinskiy, sua missão - gravar a fisionomia de Stepan Bandera. Um julgamento realizado à revelia, nos anos 50, condenou à morte o líder fascista ucraniano.

Nascido numa família de ucranianos "nacionalistas", Bohdan era membro da OUN e foi detido pela Milícia por ter furtado uma mala em 1950. Em 1951 foi recrutado pelo MGB. Uma de suas primeiras missões consistiu em um ato contra a própria irmã, noiva de um comandante de um destacamento armado de banderistas. Ele o conduziu até a floresta, entregando-o ao serviço secreto.

De 1952 a 1954, Bohdan Stashinskiy foi educado na língua alemã e polonesa em Kiev, depois disso sendo estabelecido na Alemanha Oriental, onde passaria a trabalhar, oficialmente, como tradutor.

Com a queda do agente Pavel Sudoplatov, após o fuzilamento de Lavrenti Beria, coube a Alexander Shelyepin, líder da juventude comunista e agente do KGB organizar a missão de eliminação de Stepan Bandera. Ele era conhecido pelo recrutamento de Zoya Kosmodemyanskaya9. Graças a ele o feito da partizanka tornara-se conhecido por todo o país. Shelyepin agora recrutara Stashinsky.

A primeira missão de Stashinsky paga por Shelyepin consistia na eliminação de Lev Rebet, um dos líderes da OUN. Atuando sob o disfarce de "Joseph Lehman", Stashinsky recebeu do KGB uma arma completamente diferente. Tratava-se de uma "pistola" que mais parecia uma caneta, para quem a via, todavia, ela não disparava projéteis, e sim um spray de cianeto. A inoculação do spray fazia a vítima morrer em instantes e o agente, para se proteger dos efeitos, tinha que ingerir imediatamente um comprimido que o protegia dos efeitos do spray de cianeto. Deste modo, acreditou-se inicialmente que Lev Rebet morreu de ataque cardíaco, isto é, de morte natural.

Semelhante ao caso Rebet, Bandera veio a ser executado com a mesma arma secreta de cianeto. Ele havia acado de chegar ao edifício onde estava seu apartamento e dispensou os seus guarda-costas. Ao chegar em frente ao seu apartamento, no 3º andar, ele viu o KGB Stashinsky lendo um jornal, ao que perguntou: "o que você faz aqui?". Stashinsky então baixou o seu jornal e puxou a manga da camisa, então disparou o jato de veneno bem na cara de Bandera, retirando-se em seguida e ingerindo o comprimido. Bandera caiu no chão ainda com vida, começando a sangrar. Os vizinhos, ouvindo o barulho, ligaram pedindo ajuda. Socorrido ainda com vida, ele morreu na maca, acabando com as intenções ocidentais de sublevação na Ucrânia. Pela sua missão, Bohdan Stashinsky foi condecorado com a Ordem da Bandeira Vermelha, por eliminar o Bandera rubro-negro.

Julgamento de Stepan Bandera na União Soviética, feito à revelia
Na foto, Stepan Bandera ao centro, o mais baixo de todos(tinha cerca de 1,50m, alguns admiradores de suas ideias falam em 1,58)

Retrato de Stepan Bandera e reconstituição de seu assassinato
Desenho da arma secreta usada no assassínio de Bandera

Reabilitando um genocida

Nos anos do Estado soviético o banderismo foi contido e combatido, mas não completamente destruído. Em realidade, ao contrário do que pregam muitos propagandistas do anticomunismo, na União Soviética alguém podia pensar de qualquer maneira, inclusive acreditar no nazi-fascismo, o que era proibido era a propaganda dessas ideias. Isso mudaria nos anos 80 com a glasnost.

Ao contrário do que alardeiam muitos autores ocidentais e os próprios ideólogos da perestroyka e da glasnost, esta última não era uma "transparência", mas sim um bombardeio ideológico, uma guerra de propaganda empreendida com o objetivo de conseguir aquilo que mais de 17 exércitos tentaram fazer nos anos da Guerra Civil Russa, que as hordas hitlerianas não conseguiram, destruir a União Soviética à partir de dentro. Numa entrevista a uma universidade na Turquia em meados do ano 2000, Gorbatchov declarou que seu objetivo era a aniquilação do Estado soviético, o que fizera com o apoio de sua mulher. Assim, durante a glasnost, criminosos de guerra, inimigos do povo, eram agora declarados "vítimas do stalinismo", tudo era válido em nome do "combate ao stalinismo", inclusive a reabilitação de colaboradores de nazistas. Alexander Soljenitsyn, que apresentou os detentos da OUN-UPA como "combatentes da liberdade", durante uma rebelião carcerária ocorrida no Cazaquistão, retornou à União Soviética. Grupos de oposição neofascistas tornaram-se fashion como o jeans e o McDonalds na União Soviética em fins dos anos 80 e começo da década de 90.

Com o fim da URSS e a declaração de independência das repúblicas soviéticas, nasceu a nova Ucrânia, que adotava como cores nacionais, simbologia e bandeira nacionais as mesmas adotadas pelos banderistas. Mas apenas isso não bastava, as novas gerações eram agora educadas nas escolas sobre a "luta pela independência da Ucrânia de Stepan Bandera", canais de TV, agora pertencente a mafiosos oligarcas, exibiam dia e noite sobre como o espião alemão "lutou pela Ucrânia livre". A OUN-UPA renascia enquanto organização, produzindo inclusive filmes e amostras. Emigrados ucranianos retornavam do exterior para agora dizer como os ucranianos deveriam pensar e agir.

Mas não era necessário apenas falar de um "herói", era necessário mostrar contra o quê lutou esse "herói", um mito fundacional que justificasse a existência da Ucrânia e não fazê-la parecer um "Estado artificial", daí a "fome genocida" passou a ser denominada "Holodomor", o "holocausto ucraniano", avatar do anticomunismo. Então assim definia-se a nova ideologia, "se os soviéticos eram ruins e assassinos, logo os banderistas seriam bons e justos". Stepan Mazepa, um cossaco que traiu o seu povo em nome do Império Sueco e do Império Turco, também era apresentado agora como herói, e Bohdan Hmelnitsky, que dirigira a luta contra os poloneses e defendera o tzar, era tido como um "herói que foi enganado".

Com a eclosão das "revoluções coloridas", no início da década de 2000, foram instalados governos pró-Washington em várias ex-repúblicas soviéticas, a primeira delas a Geórgia. Na Ucrânia não foi diferente, em 2004 eclodiu a Revolução Laranja, em realidade um movimento contra a posse de Viktor Yanukovich, eleito por maioria de votos, em favor de Viktor Yuschenko, que prometia a entrada do país na União Europeia e na OTAN, a exemplo do que se sucedera a países do antigo Pacto de Varsóvia. Colocado no, Yuschenko não hesitou em enviar tropas da Ucrânia para a Guerra do Iraque e do Afeganistão, para o lado das tropas americanas.

Uma das mais notáveis medidas do governo de Yuschenko, o que contou com a reprovação de aliados políticos seus inclusive, foi a reabilitação em caráter oficial de Stepan Bandera e Roman Shuhyevich. Agora eles eram não apenas fantasmas do passado, mas "Heróis da Ucrânia", o mais alto título dignatário conferido a colaboradores de nazistas e carrascos.

O título viria a ser cancelado durante o governo de Viktor Yanukovich.

Ucraniana carrega o retrato de Bandera adiante dos manifestantes da Maydan, nos protestos de 2014
Culto da personalidade de Bandera em prédio público na Ucrânia. Percebe-se uma pichação da runa Das Reich, considerada de suma importância pelos nazistas

O legado de Stepan Bandera

Quando se fala de um dado personagem histórico, há que se verificar o seu legado para o seu país e para a humanidade. Napoleão Bonaparte tinha ambições imperialistas, sonhava com seu projeto de senhoria do mundo, iniciou uma grande guerra, se tornando um vilão para muitos. Todavia o projeto napoleônico teve o seu lado positivo, não apenas ajudou a difundir as ideias iluministas da Revolução Francesa, como também uma avançada legislação trabalhista. Alguém pode vociferar histericamente contra o bolchevismo, mas há que reconhecer que ele criou um eficiente sistema educacional que em tempo recorde acabou com o analfabetismo, industrializou um país em tempo recorde, instituiu o sufrágio universal, onde todos votavam, fossem minorias nacionais ou mulheres, e criou uma avançadíssima legislação antirracista, além de diversos feitios científicos como o primeiro homem no espaço. O mesmo pode ser dito sobre Getúlio Vargas, no Brasil, que reprimiu os trabalhadores e permitiu as mais bárbaras torturas10, mas por outro lado contribuiu para a modernização e integração do Brasil, combateu o Eixo e criou uma importante legislação trabalhista. Mas e Stepan Bandera, ele deixou algum legado positivo?


Quando os bolcheviques chegaram ao poder, seus primeiros decretos foram sobre o pão, a paz e a terra. Quando os banderistas chegaram ao poder, seus primeiros decretos foram sobre o extermínio de judeus e de outras minorias nacionais, incluindo camponeses inocentes sem qualquer participação na luta revolucionário. Sua primeira declaração foi uma ode a Adolf Hitler, ao tirano austríaco que pintou com sangue, ossos e gás o retrato do III Reich.

O banderismo usou-se de métodos de sadismo desconhecido pela maioria dos exércitos e guerrilhas das nações civilizadas, métodos barbáricos comuns há centenas de anos. Não se trata de um ideal solidificado sobre bases humanistas, mas de uma vertente extremada do fascismo. O banderismo queimou cidadãos pacíficos vivos em Hatyn, fuzilou e queimou civis vivos num sindicato em Odessa, nos dias atuais. O banderismo, na Ucrânia e fora dela, influencia desde os liberais(incluindo algumas vertentes de movimentos feministas como o FEMEN e o pós-moderno LGBT) aos neonazistas sem máscaras, sendo praticamente um ponto comum à direita daquele país. Em nada fez a nação ucraniana avançar no plano social ou econômico. Agora, ele produz agitações na Ucrânia, extermina mulheres e crianças com foguetes disparados contra zonas civis na República da Novorrússia, ameaça um conflito com a Crimeia e, sem exageros, mesmo ameaça o surgimento de uma nova guerra mundial!

Bandera não era um líder do porte de Washington, Tiradentes ou Lenin que viveram dentre os seus povos e visavam mudar suas realidades, ele sequer vivera na Ucrânia que tanto dizia defender, sua vida era restrita à Galícia, um pequeno pedaço do oeste do país, mas queria ensinar a todos os ucranianos como deveriam viver e como pensar. O banderismo deixou algum legado positivo para a Ucrânia ou para o mundo? A resposta a essa pergunta é não! Ele não apenas reconduziu nazistas ao poder, como deixou uma mancha na história do povo que descende da "Rússia de Kiev", uma mancha pintada com as cores do racismo, do sadismo e do genocídio.


Militantes do FEMEN, organização pós-modernista que milita pela causa LGBT, segura uma bandeira da OUN-UPA, organização responsável pelo genocídio de camponeses poloneses e tchecos de Volhynia, colaboração com o nazismo e banditismo na antiga União Soviética. São visíveis também bandeiras do partido neonazista Svoboda.




Notas de rodapé:

1- A Igreja greco-católica ucraniana(por vezes chamada de católico-ortodoxa) é um cisma da Igreja ortodoxa ocorrido em virtude do controle das zonas ocidentais do país. Diferente das igrejas ortodoxas tradicionais, os greco-católicos adotam ritos similares aos dos ortodoxos, mas aceitam a supremacia do papa romano. Assim como na ortodoxia, os padres(presbíteros) podem se casar. São também chamados genericamente de "católicos orientais".
2- SUDOPLATOV, Pavel. Special Tasks: The Memoirs of an Unwanted Witness, a Soviet Spymaster, pages 23-24 . Acesso em 27/05/14 às 20:40.
3- The Nizkor Project. O julgamento dos maiores criminosos de guerra alemães. Depoimentos do Tribunal de Nurembergue. Disponível em: http://www.nizkor.org/hweb/imt/tgmwc/tgmwc-06/tgmwc-06-56-12.html . Acesso em 01/06/14 às 23:30.
4- Hatyn sozhgli boytsy UPA - ucheniki Stepana Bandery. Disponível em: http://versia.ru/articles/2014/mar/22/khatyn_stepan_bandera . Acesso em 02/06/14 às 15:30.
5- Durante a Era Soviética evitava-se qualquer conflito com os povos integrantes da federação. No filme sobre o mítico herói Ilya Muromets, por exemplo, que combateu os invasores tártaros de Kiev, fala-se nos fictícios invasores "tugares" asiáticos. Evitou-se também um filme sobre o personagem da literatura russa Taras Bulba, a fim de evitar confrontos políticos com os poloneses, que então sediavam o Pacto de Varsóvia.
6- Zverstvo v Hatyni. Chih ruk delo?(Selvageria em Hatyn. De que mãos é a autoria?) Matéria do jornal Komsomolskaya Pravda. Disponível em: http://www.kp.ru/daily/26203.4/3089116/ Acesso em 02/06/14 às 16:42.
7- "Pure Soldiers or Bloodthirsty Murderers?: The Ukrainian 14th Waffen-SS Galicia Division" por Sol Littman, página 78, nota de rodapé 38 e "Galicia Division: The Waffen-SS 14th Grenadier Division 1943 - 1945" por Michael O. Logusz, página 463, notas de rodapé 34.
8-  "The Waffen-SS: Hitler's Elite Guard at War 1939-1945" por George H. Stein, páginas 194-195.
9- Zoya Kosmodemyanskaya: Jovem comunista de apenas 19 anos que fugiu de casa secretamente para combater os alemães. Traída por um companheiro capturado, ela foi chicoteada, teve seu corpo queimado e foi levada nua à neve invernal, sem no entanto entregar os companheiros. Por isso foi enforcada e esquartejada pelos nazistas, o que lhe garantiu o título de Herói da União Soviética, post mortem.
10- É registrado que no Brasil que o alemão Arthur Ewert, comunista, teve um arame em brasa inserido na sua uretra. O grau de torturas sofrido o levou à loucura.


Fontes de consulta:


- United States Holocaust Memorial Museum. Disponível em: http://www.ushmm.org/
- IVISSIN(Instituto e Iniciativa de Investigação Política). The Bandera Militia and Lviv pogroms of 1941. Disponível em em: http://www.invissin.ru/topics/ukrain_en/the_bandera_militia_and_lviv_pogroms_of_1941/
- Jornal Versiya. Disponível em Versiya.ru . Acesso em 02/06/14 às 15:30
- Página do Instituto de História da Ucrânia da Academia de Ciências Ucranianas. Disponível em: http://www.history.org.ua/ . Acesso em 03/06/14 às 21:23.
- A fascist hero in democratic Kiev(Um herói fascista na Kiev democrática). Artigo de Timothy Snyder em The New York Review of Books. Disponível em: http://www.nybooks.com/blogs/nyrblog/2010/feb/24/a-fascist-hero-in-democratic-kiev/ Acesso em 03/06/14 às 21:30.
- MARTENS, Ludo. Stalin, um novo olhar. Tradução Pedro Castro e Pedro Castilho. Rio de Janeiro. Revan, 2003.
- URSS. Academia de Ciências da URSS. A história da URSS: Período socialista, 1917-1957. Tradução de João Alves dos Santos. Editora Grijalbo Ltda. São Paulo, 1960.
- The Global discussion. Disponível em: http://globaldiscussion.net/topic/5660-anonymous-operations-expose-ukrainian-bandera-nazis/ Acesso em 05/06/14 às 20:13.
- WENDEL, Marcus. Axis History. Site sobre a história do Eixo. Disponível em: http://www.axishistory.com/axis-nations/1295-14-waffen-grenadier-division-der-ss-ukrainische-nr-1 Acesso em 03/06/14 às 21:30.
- PODKOVA, Klim.Kak likvidirovali Banderu(Como liquidaram Bandera). Artigo sobre a morte de Stepan Bandera. Disponível em: http://topwar.ru/35140-kak-likvidirovali-banderu.html . Acesso em 07/06/14 às 19:30.
- SHAPOVAL, Iuri. Has the final mistery of the UPA been solved?(O mistério final do UPA foi resolvido?). Artigo sobre a morte de Roman Shuhyevich. Disponível em http://www.day.kiev.ua/en/article/history-and-i/has-final-mystery-upa-been-solved Acesso em 03/06/14 às 19:00.