terça-feira, maio 31, 2011

MUNDO

Russos fazem página desmistificando mitos sobre o país e a Grande Guerra Patriótica
Por Cristiano Alves



Foi dito certa vez pelo filósofo alemão Karl Heinrich Marx que antes da invenção da imprensa acreditava-se que ela acabaria com todos os mitos medievais, porém criou-se muito mais mitos do que antes após a sua invenção. Com o surgimento do cinema e da internet, esses mitos e boatos ganharam uma dimensão ainda maior num sistema que vive do ódio, do racismo e da mentira, o capitalismo.

Tal qual como os negros na América foram e são ainda vítimas de ampla campanha difamatória, normalmente baseado em estudos superficiais, boatos, casuísmos... motivados pela sanha exploradora das elites nacionais, o mesmo ocorre com os russos na Rússia. Transmite-se às massas desde a simples boatos segundo a qual "na Rússia neva o ano inteiro e cada russo tem um urso polar de estimação do quintal", até boatos segundo os quais "a União Soviética só venceu a II Guerra Mundial por causa do inverno"(como se os russos, especialmente civis, não sofressem os efeitos do frio e da escassez de alimentos dele resultante), segundo os quais "o Exército Vermelho lutava mais por medo do NKVD do que por amor ao seu país e ao socialismo" ou ainda segundo os quais "os militares comunistas não passavam de estupradores". Todos estes não passam de mitos baseados em casos isolados que apelam para generalizações e em grande parte dos casos inclusive para a propaganda nazista, pois uma vez que foi a forma mais violenta de propaganda anticomunista, foi vista como útil pela burguesia e perpetrada por seus assalariados muito mal travestido de historiadores, num mundo onde é cada vez mais fácil falsificar a história com usando o poder da mídia e o Photoshop.

Um grupo de russos da Sociedade da Grande Vitória resolveu refutar vários pontos colocados em fóruns, livros e filmes(que moda os americanos têm de querer fazer filme sobre outros países, como se fossem grandes especialistas no assunto!) sobre o seu país. O sítio virtual "A Rússia em Guerra" (http://www.great-victory1945.ru) discorre rapidamente sobre a história da Rússia e enfatiza o seu papel na II Guerra Mundial, ilustrado com fotos reais e lindos desenhos artísticos sobre fatos da guerra, trazendo referências bibliográficas russas e ocidentais que corroboram os pontos de vista do autor. Dentre alguns mitos destruídos na página, alguns extremamente populares nos Estados Unidos, estão o mito de que "foi a participação americana que decidiu o fim da guerra", mito perpetrado especialmente por Holywood, inclusive apresentando os historiadores americanos como "narcisistas", conforme denunciou um historiador britânico. Um ponto interessante abordado no site é que um verdadeiro russo nunca usa o termo "esse país", mas sim o termo "nós"(my), cita o autor inclusive um episódio em que este teve aulas de história com um professor estrangeiro e este, ao perguntar aos alunos russos quem derrotara Napoleão, estes responderam "nós", ao fazer outras perguntas sobre invasores ou realizações da Rússia, estes respondiam "nós", o que surpreendeu o professor, que então dissera "mas não vocês um grupo de criancinhas"; ocorre que a mentalidade russa é diferente da tradicional mentalidade ocidental, o sentimento de povo, de país, é mais forte no povo russo, daí um russo verdadeiro nunca ou raramente usa o termo "esse país", mas "nós", e isso é facilmente verificável no cotidiano, em livros ou mesmo filmes, palavras como "nasha strana"(nosso país), "nasha rodina"(nossa pátria), "nashi lyudi"(nosso povo), são termos muito mais utilizados por um russo do que "a Rússia" ou "o povo russo", isso é ocorre desde um discurso de um aluno numa escola primária até a apresentação de um filme de grande bilheteria, por exemplo. Também é comum os russos falarem que "nossos avós lutaram", uma vez que praticamente o país inteiro combateu o fascismo, e não apenas alguns militares. Um outro ponto que distingue o povo russo de outros povos, ressaltado pelo autor, e talvez o principal no modelamento do caráter e espírito desse povo, outrora já ressaltado em documentários como "The battle of Russia", é que diferente da maioria dos outros povos, principalmente Brasil e Estados Unidos, na maior parte da história russa estão presentes as guerras contra invasores. A Rússia foi invadida desde o seu início por vikings noruegueses, mongóis, tártaros, suecos, alemães, poloneses, lituanos, turcos, cazares, franceses, tchecos, americanos, britânicos... praticamente toda a Europa já enviou tropas invasoras para a Rússia e a URSS, alguns desses países até mais de uma vez. Ante todos estes invasores a Rússia permaneceu de pé, mesmo com diferentes sistemas econômicos, embora o autor mencione como determinante o papel do sistema socialista soviético para a vitória na II Guerra e da liderança de Stalin, enfatizando também o papel da fé ortodoxa (o próprio site traz em várias oportunidades a cruz ortodoxa de 8 braços ao lado de símbolos comunistas e a fita de São George).

Militares comunistas atiram os estandartes militares alemães capturados em frente ao Mausoléu de Lenin, Kremlin, na Praça Vermelha, numa vitória de extrema importância para os povos e a classe trabalhadora mundial.
Embora os alemães tenham matado mais de 20 milhões de soviéticos no maior holocausto da história, estuprado mulheres, pilhado e aniquilado cidades inteiras, o site "Russia at War" não guarda ressentimentos pelos invasores, não demosntrando qualquer sinal de "germanofobia", inclusive apresentando a Alemanha como uma antiga nação de guerreiros, porém condenando o nazismo e sua postura imperialista. O sítio virtual satiriza em várias oportunidades a noção nazista de "super-homem ariano", mostrando como os bárbaros nazistas tratavam seus prisioneiros, enviando fotos de enforcamento e crueldade para seus entes queridos como mães ou namorada, ao passo que os russos faziam esforço para tratar bem os prisioneiros alemães, inclusive prestando atendimento médico e respeito para com o inimigo. A página traz muitas fotos fortes, com barbáridades dos nazistas contra populações civis inclusive, denunciando a idéia de que essa brutalidade era exclusiva da Waffen SS, sendo também perpetrada por tropas regulares alemãs.

Fotos como estas eram enviadas pelos nazistas às suas famílias como suvenir. Destaque para o sorriso dos oficiais e soldados numa cena de enforcamento. Hoje na Alemanha brutalidades como esta são indiretamente justificadas por jornais anti-soviéticos e pseudo-historiadores.

O sítio é um ótimo remédio contra os falatórios anti-soviéitcos e russófobos, abordando rapidamente a Guerra Fria e inclusive ridicularizando uma técnica extremamente ignóbil, reacionária, fascista que tinha por objetivo disseminar o terror psicológico dentre o público americano, o famoso "duck and cover", algo como "abaixe-se e tome cobertura", muito usado com crianças, uma técnica onde diante de uma simulação de um ataque nuclear soviético, muitas vezes não anunciada, todos tinham que abaixar-se e tomar algum tipo de cobertura, passando a impressão de que a URSS, que jamais utilizara armas nucleares contra outros povos, queria a todo custo destruir os EUA com uma guerra nuclear, incitando a paranóia e alimentando os cofres de charlatães burgueses que lucraram milhões com a construção de ridículos "abrigos nucleares domésticos". Um dos pontos negativos do site, entretanto, encontra-se em algumas posições levemente chovinistas, como uma passagem onde o autor menciona que "não havia ateus no front soviético". Algumas passagens que podem assustar o leitor, também, é o momento em que os autores proclamam "ser brancos e cristãos com orgulho", isso por que além da Rússia não ter colonizado outros continentes como os espanhóis na América, é na verdade uma reação a alguns mitos que apresentam o povo russo como um povo "mongolóide"(isto é, asiático), geralmente com o intuito de diminuir o seu papel e falsificar a sua identidade para a construção de um discurso racista e russófobo, uma vez que "seriam biologicamente estranhos ao continente europeu". "Russia at War" é um lugar na rede mundial onde se pode aprender e compreender um outro povo para construir um mundo melhor, com respeito mútuo.

quarta-feira, maio 11, 2011

CULTURA

A queda de Berlim, composição de Shostakovich
Por Cristiano Alves
Não há dúvidas de que o filme "Padenie Berlina", de Miheil Chiaurelli, foi um grande sucesso, sendo o primeiro filme artístico do cinema a retratar em cores a II Guerra Mundial. Diferente de filmes como "A lista de Schindler" ou "O resgato do soldado Ryan", ambos de Steven Spielberg, clássico ocidental, ou ainda de "A Fortaleza de Brest" ou "Vá e veja", clássicos bielorrussos sobre a guerra que mudou o mundo, que focam em combates específicos, o filme do georgiano Miheil Chiaurelli, além de destacar-se por seu pioneirismo, numa época em que os grandes filmes do cinema vnham da União Soviética, e não dos Estados Unidos, também destacou-se o filme por outro ponto forte: a música!

A queda de Berlim(Padenie Berlina) é obra do renomado compositor soviético Dmitri Shostakovich, autor de uma famosa composição sobre o cerco de Leningrado que fora usada no filme-documentário "The battle of Russia", do Ministério da Guerra dos Estados Unidos, e fora aproveitada pelo mesmo compositor para a opus 82, A queda de Berlim, trilha sonora do filme homônimo, onde o operário stahanovista1 Aleksiey Ivanov, Herói do Trabalho Socialista2, conhece a professora Natasha, vivendo um curto amor, até serem separados pela invasão alemã, que separou os dois, transformando um num militar do Exército Vermelho e a outra numa trabalhadora escrava dos alemães.

Num dos momentos do filme, o operário A. Ivanov lidera um grupo no assalto às alturas de Seelov, uma batalha feroz contra os alemães. No momento desta batalha, a música de Shostakovich expressa as dificuldades do Exército Soviético em derrotar um dos mais bem defendidos enclaves militares alemães, sempre sob o lema de não retroagir e avançar o máximo para chegar até Berlim.

Essa composição de Shostakovich, relacionada aos tempos áureos da chamada "Era Stalin", quando a União Soviética deixou de ser um mero país de camponeses para se tornar um país industrializado e potência econômica, social e militar, foi executada durante a comemoração dos 65 anos da Vitória em 2010 na República de Belarus, precisamente, nas ruínas da  da Fortaleza Heróica de Brest, transformada em grande monumento histórico da qual um soldado se levanta da terra pra resistir, mas não se entregar. A orquestra contou com a direção de Anton Lubchenko e a o solo da renomada pianista Regina Chernichko, laureada em vários eventos de música internacionais. Ela executa um dos momentos decisivos deste trecho da opus, em piano.



1- Stahanovista: nome de um ativista do stahanovismo, movimento sovético dos anos 30 que pregava a máxima eficiência no trabalho sob o espírito da emulação(competição) socialista. Esse movimento implicou num aumento da produção soviética em 41% no Primeiro Plano Quinquenal, durante o Segundo Plano Quinquenal, em 82%. Diferentemente dos países capitalistas, onde o operariado obtem lucros irrisórios ante sua produtividade, os operários soviéticos eram muito bem recompensados materialmente por suas façanhas heróicas e considerados heróis nacionais, além de desfrutarem de outros serviços sociais gratuitos e disponíveis à toda a população.
2- Herói do Trabalho Socialista: diferentemente dos países capitalistas, no socialismo um herói não é apenas um militar, mas também o operário que ajuda a construir a economia de seu país. Embora na URSS fosse possível encontrar monumentos aos líderes da Revolução de Outubro, o maior monumento era dedicado a um operário e uma camponesa.

sábado, maio 07, 2011

CULTURA

Avante no tempo
Por Cristiano Alves

Avante no tempo(Vremya vperyod) é uma composição de Georgiy Vassilyevitch Sviridov(1915-98), famoso compositor soviético, aluno de Shostakovich, vencedor de diversos prêmios e medalhas na URSS, dentre as quais o título e a medalha de Herói do Trabalho Socialista, 4 Ordens de Lenin, Prêmio Stalin, Prêmio Lenin, 2 Prêmios Estatais, além do prêmio de Artista Popular da URSS, Artista Popular da RSFSR e Cidadão Honorífico de Moscou.

Sviridov dedicou sua vida à criação da música socialista, para o proletariado soviético, música que o inspirou em suas lutas diárias no trabalho, na vida, na paz e na guerra. Ao lado das canções do grande compositor Pyotr Tchaykovsky, as composições de Sviridov não sempre tocadas no Dia da Vitória, 9 de maio, na Rússia(8 de maio no ocidente, em razão do fuso horário), especialmente durante o momento do salvo de fogos. Este grande compositor socialista deixou a todos uma preciosa jóia da música, a suite "Vremya vperyod", "Avante no tempo". Para os conhecedores da música clássica, Sviridov foi o último grande compositor, estando no mesmo panteão de nomes como Tchaykovsky, Prokofiev, Shostakovich, Mussorgsky e Rimsky-Korsakov.

terça-feira, maio 03, 2011

ATUALIDADES


A varsoviense
Por Cristiano Alves



A varsoviense é uma canção cujo texto foi escrito por Wacław Święcicki, preso por atividades socialistas na Polônia, então território do extinto Império Russo, por volta de 1879. Foi numa demonstração do Dia do Trabalhador, em 1º de maio de 1905, que a Varsoviense recebeu esse nome, tornando-se um hino de luta da classe operária mundial, sendo bastante popular de Vladivostok a Madri, onde recebeu uma versão em espanhol, que preservava apenas a melodia, sendo bastante tocada nos dias da República Espanhola, nos anos da Revolução nos anos 30.

Embora os poloneses tenham criado a famosa canção revolucionária, foram os soviéticos quem a popularizaram, dando-lhe uma versão instrumental que até hoje é a mais conhecida. Essa música ganhou ainda maior importância com a libertação da Polônia pelas tropas do Exército Vermelho, durante a II Guerra Mundial, o que recriou um Estado polonês, entidade suprimida pelos nazistas. Com o advento do 1º de maio, comemorado nesta semana, vale lembrar a famosa canção comunista:



A varsoviense
Tradução do russo para o português de Cristiano Alves

Furações inimigos voam sobre nossas cabeças
Forças das trevas nos oprimem

Na batalha para a qual somos destinados
Destinos desconhecidos nos esperam.

Mas levantaremos com orgulho e firmeza
A bandeira da luta dos trabalhadores
A bandeira da grande batalha dos povos
Por um mundo melhor e a sacra liberdade.

Refrão:
Para a luta sangrenta
Sagrada e justa
Marche, marche adiante
Povo trabalhador.
  
Trabalhadores hoje morrem de fome
Irmãos, deveremos silenciar?
Pode a visão da forca
Amedrontar os olhos dos nossos irmãos em armas?

Na grande batalha, não deixem morrer sem deixar rastros
Aqueles que lutam com honra por uma idéia
Seus nomes em nossas canções de batalha
Deverão se tornar sagrados para milhões de pessoas.

Refrão

Nós desprezamos a coroa de tiranos
Nós condenamos as correntes que martirizam o povo
O sangue do povo cobre os tronos
Com seu próprio sangue avermelharemos o inimigo!

Morte feroz a todos os inimigos!
A todos os parasitas da massa trabalhadora!
Vingança e morte aos tzares-plutocratas!
A hora solene da nossa vitória está próxima.

Refrão
 
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Варшавянка

Вихри враждебные веют над нами,
Темные силы нас злобно гнетут.
В бой роковой мы вступили с врагами,
Нас еще судьбы безвестные ждут.

Но мы подымем гордо и смело
Знамя борьбы за рабочее дело,
Знамя великой борьбы всех народов
За лучший мир, за святую свободу.

На бой кровавый,
святой и правый
Марш, марш вперед,
рабочий народ.

Мрёт в наши дни с голодухи рабочий,
Станем ли, братья, мы дольше молчать?
Наших сподвижников юные очи
Может ли вид эшафота пугать?

В битве великой не сгинут бесследно
Павшие с честью во имя идей.
Их имена с нашей песней победной
Станут священны мильонам людей.

На бой кровавый,
святой и правый
Марш, марш вперед,
рабочий народ.
 
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Original em polonês(polska)

Smialo podniesmy sztandar nasz w gore,
Choc burza wrogich zywiolow wyje,
Choc nas dzis gnebia sily ponure,
chociaz niepewne jutro niczyje.

O, bo to sztandar calej ludzkosci,
To haslo swiete, piesn zmartwychwstania,
To tryumf pracy, sprawiedliwosci,
To zorza wszystkich ludow zbratania!

ПРИПЕВ (x2):
Naprzod Warszawo!
na walke krwawa,
Swieta a prawa!
Marsz, marsz, Warszawo!

II.
Dzis, gdy roboczy lud ginie z glodu,
Zbrodnia w rozkoszy tonac jak w blocie,
I hanba temu, kto z nas za mlodu,
Leka sie stanac choc na szafocie!

O, nie bez sladu kazdy z tych skona,
Co zycie sprawie oddaja w darze,
Bo nasz zwycieski spiew ich imiona
Milionom ludzi ku czci przekaze!

III.
Hurra! Zerwijmy z carow korony,
Gdy ludy dotad chodza w cierniowej,
I w krwi zatopmy nadgnile trony,
Spurpurowiale we krwi ludowej!

Ha! Zemsta straszna dzisiejszym katom,
Co wysysaja zycie z milionow.
Ha! Zemsta carom i plutokratom,
A przyjdzie zniwo przyszlosci plonow!
 
 
 
INTERNET

Site reconta a história da Grande Guerra Patriótica
Por Vladimir Tavares

O sítio virtual Pobediteli.ru (pobeditel significa "vencedor", em russo) foi lançado para recontar a história da Grande Guerra Patriótica, a página mais densa da história da Segunda Guerra Mundial. Iniciativa cívica de Yekatyerina Solntseva, Yelyena Kolmanovskaya, Jan Chernyak e Jane Zavalashina, além de parcerias com diversas empresas, o site apresenta a Grande Guerra Patriótica numa sequência cronológica, em flash, onde o espectador fica sabendo dos principais fatos e tem acesso a vídeos, fotos, discursos históricos e relatos de veteranos que foram entrevistados pelos idealizadores do site.

O sítio pobeditel.ru é recomendado a todos aqueles que buscam informações sobre a Grande Guerra Patriótica e o seu significado, a todos os que defendem valores democráticos e libertários, num mundo onde o imperialismo tem ganho força cada vez mais. 

O sítio pode ser acessado no endereço "pobediteli.ru" ou "english.pobediteli.ru"para a versão em língua inglesa.


MUNDO

O mensalão da Casa Branca: Americanos receberam milhões para manter o embargo em Cuba
Pelo jornal "Estadão"

MADRI - Quase 400 legisladores e candidatos americanos receberam, desde 20040 cerca de US$ 11 milhões de "mecenas" partidários pela manutenção do embargo e qualquer medida restritiva contra Cuba, segundo aponta um informe da organização independente Public Campaign. De acordo com o jornal espanhol El País, entre os congressistas que receberam dinheiro está o ex-candidato à Presidência dos EUA John McCain. 

O grupo, que defende o financiamento público de campanhas, afirma que três congressistas republicanos da Flórida, profundos defensores de uma política mais dura contra o regime cubano, encabeçam a lista. A organização diz ainda que é significativo o número de doações para democratas, especialmente depois que o partido conquistou o controle das Câmaras, em 2006.

Entre os membros da bancada cubano-americana no Congresso, o deputado Lincoln Diaz-Balart, segundo a organização, recebeu US$ 366.964; seu irmão, Mario, US$ 364.176, e Ileana Ross-Lehtinen, US$ 240.050. O senador McCain teria recebido US$ 183.415. O senador democrata de origem cubana Bob Menendez ganhou US$ 165.800. Curiosamente, os maiores beneficiários da lista, exceto o senador independente Joseph Lieberman, são democratas, entre eles quatro representantes da Flórida.

Segundo o jornal, o comitê de ação política do grupo US-Cuba Democracy, fundado em 2003, é o canalizador do dinheiro repassado. Seu diretor, Mauricio Claver-Carone, defende o direito constitucional e democrático de apoiar legisladores com afinidades em comum, assim como fazem os sindicatos, a Câmara de Comércio e o Comitê de Assuntos Públicos EUA-Israel, por exemplo. O informe da Public Campaign mostra que ao menos 18 legisladores mudaram de opinião sobre Cuba após receber as doações. 

David Donnelly, diretor da Public Campaign, afirmou ao El País que o sistema de doações é uma "armadilha". "São boas pessoas presas em um sistema. Se os legisladores têm que dedicar muito tempo para arrecadar dinheiro (para campanha), não haverá remédio senão ouvir aqueles que fazem doações. Porém, a realidade é que parece existir uma clara diferença entre o que as pessoas querem e o que alguns políticos defendem no Congresso."

CHARGE DA SEMANA

O matador de Oba... ops, Osama!
Agradecimentos a Fábio Il-Sung