História
Afinal, quantos milhões o "comunismo" matou?
Por Vladimir Tavares
Desde muito jovens muitos são aqueles que ouviram falar de "milhões de vítimas do comunismo". Traduzindo uma campanha terrorista muito bem orquestrada, livros, filmes, sites, documentários, matérias jornalísticas, revistas e outros meios de comunicação impõem à população o anticomunismo como ideologia dominante, um dogma de fé inquebrantável e inconteste, uma espécie de "verdade eterna e absoluta", algo que, segundo F. Engels, filósofo alemão existe apenas para "as bestas e os charlatões".
O mito dos "milhões de mortos do comunismo", entretanto, carecem de uma premissa básica da acusação, diccere et non probare est non diccere, isto é, dizer algo e não prová-lo, é como nem dizê-lo, e, assim, eles carecem de algo essencial: provas. Não fosse o absurdo dos números, nitidamente oriundos da "imprensa amarela"(para usar o termo original cunhado por seu pai, William Hearst), há ainda a famosa técnica de Goebbels, de repetir uma mentira até que ela se torne verdade. O grande problema dos anticomunistas, além do ridículo dos números, que refletem seus surtos psicóticos, é que eles mesmos se contradizem entre si.
Pesquisa de Marcelo Ricardo e Cristiano Alves comprovam o ridículo dos "milhões de mortos do comunismo", que, sob o crivo de "historiadores" que mais parecem ex-toreadores, ganharam alguma força nas academias, publicações enciclopédicas e na ideologia burguesa de uma forma geral.
- O "comunismo" matou entre 1 e 3 milhões
CONQUEST, Robert. The Harvest of Sorrow. Citado em http://www.battleswarmblog.com/?tag=robert-conquest
- O "comunismo" matou 20 milhões
MONTEFIORE, Simon Sebag. Stalin: The Court of the Red Tsar. pp. 649
- O comunismo matou 45 milhões
Por Frank Dikotter, citado em http://www.battleswarmblog.com/?tag=robert-conquest
- Esquerda matou 100 milhões
- Esquerda matou 110 milhões
- Esquerda matou 180 milhões
- Esquerda matou 200 milhões
- Esquerda matou 300 milhões
Além do blog do Noblat, site Terra, sites neonazistas, A Verdade Sufocada do coronel Ustra...
Como fica evidente, nem mesmos os anticomunistas entram em acordo entre si, além de não terem quaisquer dados estatísticos, contam corpos como quem conta nota de 3 reais. É possível dar alguma credibilidade aos autores que seguem esta linha historiográfica?
É um fato universalmente aceito que a Revolução Russa de 25 de outubro(7 de novembro) de 1917 produziu um número muito baixo de mortes, menos do que aquelas demonstradas no filme "Outubro", de Sergey Einsenshtein, muito menos mortes do que a Revolução Francesa, de 1789 ou a Revolução Americana de 1776. A guerra civil, entretanto, produziu um número de cerca de três milhões de mortos, uma vez que se tratou da intervenção de quatorze países imperialistas contra a Rússia bolchevista. Alegar que "o comunismo matou" pessoas que foram em realidade mortas pelos interventores, assim como a fome resultante dessa guerra, é uma alegação indigna de qualquer credibilidade.
Este é o funcionamento do "catecismo anticomunista", tão verdadeiro quanto notas de três reais. O curioso é que mesmo com o "fim do comunismo" não apregoado pela ideologia dos exploradores do povo, a cada ano aparecem novas "vítimas do comunismo", sempre na ordem de milhões, 5, 10, 20... Não é de se admirar se dentro de 10 ou 20 anos, quando o século XX já terá sido esquecido pelas novas gerações, encontrarmos livros falando em "500 milhões" ou "1 bilhão" de vítimas do comunismo. Há ainda casos clássicos como o da China, que é sempre "comunista", quando se trata de criticá-la, porém "capitalista" na hora de elogiá-la.
Assim é a desonestidade da propaganda anticomunista, absurda para qualquer pessoa racional, mentirosa, frente às estatísticas e impossível, frente à demografia populacional. Denunciar a farsa anticomunista, ideologia nefasta e terrorista, é uma tarefa importante para todos aqueles que defendem uma sociedade livre, democrática e racionalista, que condenam a ignorância e o medievalismo inquisitório de propagandistas.
12 comentários:
Muito bom cara! Continue a escrever, está nos meus favoritos!
Somam-se os mortos na Segunda Guerra Mundial aos "dos comunistas". Uma falta de respeito tremenda com os que lutaram pela liberdade.
Primeiro, não acho que as mortes devam ser atribuidas à um sistema de produção. Acho errado falar quanto o "comunismo" matou, mas sim, quanto os "comunistas" mataram.
O que falar sobre o "Khmer Vermelho"?
"há ainda a famosa técnica de Goebbels, de repetir uma mentira até que ela se torne verdade" Essa frase é de São Tomás de Aquino, da Igreja Católica. Goebbels a pegou para sim e a aperfeiçõou na prática.
Independente de regime, todos que no poder mataram, mataram seus opositores e chegaram a isto por objetivos de se manter no poder e em uma época que matar era prática em todos os regimes. Atualmente deve discutir o que cada regime tem de bom e aplicar na sociedade para melhora-la para nós mesmos. Vejo nas cooperativas um tipo de comunismo bem sucedido. E quem quiser ser dono de empresa que faça um bom trabalho e gere bastante e bons empregos, que é melhor que fazer a população depender de assistências sociais. Podemos no país democrático de direito fazer um equilíbrio entre comunismo e capitalismo, e fazer melhor para nós é para os outros, principalmente para as novas gerações.
Interessante, mas que prova você tem que não houveram mortes?
Prezado Villa do Mar, primeiro o ônus da prova cabe a quem acusa. Se alguém afirma algo absurdo, por exemplo, o comunismo matou 200 bilhões, cabe a essa pessoa provar o que afirma, sob pena de ser tido como mentiroso.
Eu participei do "Regimento Imortal" de 2016, marcha que envolve os familiares de milhões de soviéticos que combateram o fascismo. A coluna preenchia a Avenida Nevsky inteira (ela tem 6 faixas). Se o comunismo tivesse matado tanto na URSS, seria extremamente fácil achar um parente de "vítima do comunismo" em qualquer esquina, mas em quase 1 ano na Rússia até hoje só encontrei duas, uma neta de um avô reprimido pelo NKVD e outra filha de mãe alemã que colaborou com os fascistas.
A matemática derruba toda a mentira da extrema-direita.
Quando chegou ao poder, a primeira coisa que os bolcheviques fizeram foi exterminar a família real. No juízo final, será revelado o número real das vítimas do comunismo.
Recentemente um vídeo da fatos desconhecidos sugeriu que Stalin matou 250 milhões. Depois "corrigiu" dizendo que foram 60, no meu livro de história (livro trotskysta), diz que os mortos podem ir de 4 à 20 milhões. Eu só não sei como eles tem a coragem de afirmar que um único homem prendeu e matou tanta gente, e como você disse, sem provas ou dados estáticos confiáveis.
"A primeira coisa"? Então eles ficaram meses sem fazer nada? Os bolcheviques tomaram o poder em 1917, os romanov morreram em meio à Guerra Civil em 1918.
Temos que contar as mortes causadas pelo anticomunismo. Daí acredito que passa dos 100 milhões desde o século XIX. Comuna de Paris, 1848, Coreia Vietnã Indonésia Colombia Argentina Uruguai Chile Nazismo Fascismo Segunda Guerra, Guerra Civil Espanhola, Russa, vixe... é muita gente... isso só contando os ataques físicos diretos. Centenas (talvez milhares) de vilas e cidades inteiras destruídas, bombardeadas, incendiadas, chefes de estados destituidos, tambem assassinados, etc etc etc. Repito: isso só de repressão física direta a comunistas.
A lista é imensa...
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