quarta-feira, setembro 27, 2006

A marcha patriótica em 2006

Vídeo muito bem elaborado que compara o novo inimigo da humanidade ao de ontém, tendo como música de fundo a "Marcha patriótica", de Ernst Busch.

http://www.youtube.com/watch?v=TeUWf58vX4E

domingo, setembro 10, 2006

Os folclóricos candidatos do horário eleitoral

Com candidatos mais que folclóricos, não há dúvidas de que o horário, que deveria ser utilizado para debates construtivos, e não disputas píficas interburguesas, é o maior programa de humor da TV brasileira. Com afirmativas por vezes verdadeiras, candidatos brincam com os sentimentos de justiça do povo, ou no mínimo despontam num amadorismo incondizente com sua condição política. Seguem alguns exemplares, compilados pelo camarada Carlos Marques e Cristiano Alves.

Coronel Gondim - CE
"Vagabundage, vocês terão 24h pra deixar o território do Ceará"
http://www.youtube.com/watch?v=CfnejQqf3t8
http://www.youtube.com/watch?v=1bQrMHQ0JAI

Miguel Mossoró - RN
"Natal tá sem autoridade! Gringo que vié assediá nossas mulhé vem comigo pra mãozada"
http://www.youtube.com/watch?v=gsPx_q7OxbA

Lara - MT
"Lara, na luta contra os mala!"
http://www.youtube.com/watch?v=XA-seVYPFAA

Clodovil - DF
"Pisa no meu pé pra ver... É preciso acabar de uma vez com essa passividade"
http://www.youtube.com/watch?v=Igm3wgRsHcs

Levy Fidélix - SP (O homem do aerotrem. )
"Metrô é buraco de tatu"
http://www.youtube.com/watch?v=uTP__RFOUrs

Patrícia - SP
Sai Avanir, entra Patrícia(reparem na risada dela no final)
http://www.youtube.com/watch?v=q5A7eJPuNk0

Di Martino - RS
"Fale comigo pelo Orkut... Quero Deus, pátria e família!" (Resta dúvidas do fascismo do PRONA?)
http://www.youtube.com/watch?v=XCtBUbMUYrk

Super Moura - RN
"Rá! Rá! Vote em mim, meu povo!"
http://www.youtube.com/watch?v=wKc1ACVLWDQ
O anti-stalinismo é uma doença

Não há dúvidas de que o anti-stalinismo, uma das variações mais intensas do anticomunismo, é uma doença, uma espécie de paranóia, motivada por um medo de admitir uma idéia diferente da sua e que pode chocar pelos reais resultados. Cria-se um "demônio" para a partir daí justificarem-se preconceitos, ódio e mesmo construir ditaduras totalitárias anticomunistas, insituir a tortura, a opressão e a guerra, algo muito bem abordado pelo célebre intelectual americano Michael Parenti em sua famosa obra "A cruzada anticomunista".

Freud entendia a neurose como o resultado de um conflito entre o Ego e o Id, ou seja, entre aquilo que o indivíduo é (ou foi) de fato, com aquilo que ele desejaria prazerosamente ser (ou ter sido), ao passo que a psicose seria o desfecho análogo de um distúrbio entre o Ego e o Mundo.

Patch considera a psicose uma doença mental caracterizada pela distorção do senso de realidade, uma inadequação e falta de harmonia entre o pensamento e a afetividade.

A Psicose Delirante Crônica, que é sinônimo do atual Transtornos Delirante Persistente (CID.10), já foi chamada de Paranóia, muito apropriadamente. De acordo com Kraepelin, a Paranóia é uma entidade clínica caracterizada, essencialmente, pelo desenvolvimento insidioso de um sistema delirante duradouro e inabalável mas, apesar desses Delírios há uma curisosa manutenção da clareza e da ordem do pensamento, da vontade e da ação.

Ao contrário dos esquizofrênicos e doentes cerebrais, onde as idéias delirantes são um tanto desconexas, nesta Psicose Delirante Crônica as idéias se unem num determinado contexto lógico para formar um sistema delirante total, rigidamente estruturado e organizado.

A característica essencial desse Transtorno Delirante Persistente é a presença de um ou mais delírios não-bizarros que persistem por pelo menos 1 mês. Para o diagnóstico é muito importante que o delírio do Transtorno Delirante Persistente não seja bizarro nem seja desorganizado, ou seja, ele deve ter seu tema e script organizado e compreensível ao ouvinte, embora continue se tratando de uma falsa e absurda crença.

...Esses Delírios normalmente são interpretativos, egocêntricos, sistematizados e coerentes. Pode ser de prejuízo, de perseguição ou de grandeza, impregnado ou não de tonalidade erótica ou com idéias de invenção ou de reforma.

Um dos tipos de paranóia é o tipo persecutório, o tipo mais comum entre os paranóicos ou delirantes crônicos. O delírio costuma envolver a crença de estar sendo vítima de conspiração, traição, espionagem, perseguição, envenenamento ou intoxicação com drogas ou estar sendo alvo de comentários maliciosos.

De fato, no que se refere ao chamado "stalinismo", que é nada mais do que um apelido pejorativo do bolchevismo(marxismo-leninismo) que terminou sendo adotado em homenagem ao líder soviético, análogamente ao que aconteceu com o apelido pejorativo dos afro-descendentes(negro vem de "nekros", morto) que terminou virando um símbolo de resistência, os inimigos dos "malvados stalinistas" foram, são e serão incapazes de apresentar argumentos racionais, além de seus tradicionais clichês, contra um dos períodos de maior glória do socialismo científico e da história da União Soviética. Quando falta a razão, é mais fácil criar "monstros e demônios", como na Idade Média. Termina sendo mais fácil acreditar que seremos salvos pelos cruzados e os marines.

Cristiano Alves

Referências sobre a paranóia em http://virtualpsy.locaweb.com.br/index.php?art=173&sec=54
Olga – a força da liberdade

Olga Benário Prestes nasceu em 1908, em Munique, Alemanha. Em 1923, então com 15 anos, ingressa na juventude comunista e cinco anos depois, como tarefa do Partido Comunista da Alemanha, prepara uma espetacular operação militar para libertar o também comunista Otto Braun, então seu namorado, da prisão de Moabit. Após essa ação, Otto e Olga se refugiam na URSS, onde passariam alguns anos.

Nesse período, já conhecida pela sua façanha em Moabit, Olga se torna um grande quadro político-militar da Internacional Comunista. Com excelente formação intelec tual e técnica, ela se especializou em paraquedismo e pilotagem de aviões. Por essa destacada atuação, Olga recebeu, em 1934, a missão internacionalista de acompanhar, na condição de segurança pessoal, Luis Carlos Prestes ao Brasil, para que este liderasse a revolução de 1935. Adotam nomes e nacionalidades falsas, mas se apaixonam verdadeiramente como Antônio Vilar e Maria Bergner Vilar.

No Brasil, a Aliança Nacional Libertadora, reunindo os operários, camponeses e setores progressistas da sociedade, realizava grandes atividades de massas, ultimando preparativos para o momento da verdadeira libertação do país. Por ser uma organização legal, congregava muitas pessoas, entre elas intelectuais como Graciliano Ramos.

Foi posta na ilegalidade por Vargas, meses antes de novembro, porque temia o seu vertiginoso crescimento e seu caráter de frente revolucionária. Mas decidida, a ANL ultima os preparativos da revolução, apoiando-se em tropas que se levantariam nos quartéis do exército. Em 23 de novembro, soldados e sargentos do 21º Batalhão de Caçadores de Natal, Rio Grande do Norte, tomavam a guarnição militar e proclamavam o Governo Popular e Revolucionário. Ali, a revolução duraria 5 dias, mais que em Recife e mesmo no Rio de Janeiro, onde o levante é rapidamente sufocado.

Após a derrota da revolução no Brasil, Olga e Prestes tornam mais severa a sua clandestinidade, mas, denunciados, caem nas mãos dos fascistas no início de 1936, numa casa da Rua Honório, no subúrbio carioca de Caxambi. Até o último momento, Olga cumpriu a tarefa de proteger Prestes, se interpondo entre ele e os policiais no momento da prisão, quando os esbirros de Vargas tinham ordem para matá-lo. Presos, agarra-se ao marido, porque sabe que a separação significaria a sua morte.

A polícia política de Vargas colaborava com a Gestapo e com o governo nazista em geral, e a entrega de Olga aos alemães há muito era acalentada.

"...até o último instante não terão porque se envergonhar de mim".

Grande mobilização se fez entre os presos da Casa de Detenção do Rio de Janeiro para evitar que Olga fosse entregue ao regime nazista. Liderados pelos comunistas, os presos se rebelam, mas não conseguem evitar que Olga seja retirada da prisão.

Nem o fato de a grande revolucionária estar grávida impediu que a extraditassem, juntamente com Elise Ewert, também alemã, esposa de Arthur Ewert, que participaram como membros da Internacional do levante de 1935.

Por essa época haviam diversos casos de resgates de prisioneiros dos nazistas em navios que faziam escalas antes dos portos da Alemanha. Organizações revolucionárias, que proliferavam entre os operários dos portos realizavam ousadas operações, conseguindo libertar várias pessoas dos verdugos fascistas. Para Olga, no entanto, foi preparado o embarque em setembro de 1936, num navio que não fez escalas, atracando em Hamburgo, onde a esperava a polícia política.

Na Alemanha, Olga é encarcerada na prisão de mulheres de Barnimstrasse, onde dá a luz à filha, Anita Leocádia Prestes e a amamenta até que os nazistas lhe tomam a criança, entregando-a à avó, mãe de Prestes, e transferem Olga para o campo de concentração de Lichtenburg, em seguida para Ravensbrück. Em fevereiro de 1942, Olga é transferida para o campo de Bernburg, onde é assassinada na câmara de gás, tendo o mesmo fim de tantos comunistas que caíram nas mãos dos nazistas.

Um dia antes de morrer, Olga escreve sua última carta, revelando não se render à morte porque acreditava que a causa dos proletários prosseguia, e que as novas gerações viveriam em um mundo sem a exploração do homem pelo homem.

"Lutei pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo. Prometo-te agora, ao despedir-me, que até o último instante não terão porque se envergonhar de mim. Quero que me entendam bem: preparar-me para a morte não significa que me renda, mas sim saber fazer-lhe frente quando ela chegue. Mas, no entanto, podem ainda acontecer tantas coisas... Até o último momento manter-me-ei firme e com vontade de viver. Agora vou dormir para ser mais forte amanhã. Beijos, pela última vez."

Algum tempo depois, o glorioso Exército Vermelho rompe as linhas de defesa em Bernburg, liberta os sobreviventes e fuzila todos os carrascos do campo, inclusive a militar que acionou a câmara de gás assassinando Olga e demais prisioneiros.

Extraído do Jornal "A Nova Democracia"