terça-feira, outubro 01, 2013

DEBATE: Resposta a um artigo de Rodrigo Constantino


Por Cristiano Alves


O blog de Rodrigo Constantino na Veja publicou um artigo injurioso, onde este basicamente clama que "todo socialista é uma espécie de parasita social". Em respeito pelos operários, camponeses, professores, policiais e até juízes que frequentam este sítio virtual e defendem as ideias comunistas, muitas vezes em frentes de luta classistas, decidi publicar a seguinte resposta:

"O símbolo da foice e o martelo não traduz mais o comunismo da era digital. Quando que um desses jovens pegou em uma enxada ou uma foice pela última vez?" (Rodrigo Constantino)

Desde os 13 anos de idade sei o que é enxada, que usava para limpar terrenos inteiros, incluindo o quintal de casa, uma vez que morava nos arredores da cidade de Mossoró-RN. Não só em enxada, como também arado e facão, uma vez que fui voluntário numa fazenda em Serra do Mel, onde atuei como tradutor de russo voluntário. Também fiz isso nas Forças Armadas. Aliás, a última vez que peguei numa foice foi semana passada, para retirar o mato de frente de casa mesmo. 

Mas bem mais do que eu, poderia citar por exemplo o Sindicato dos Petroleiros do RN, onde muitos comunistas não pegam só em enxada, mas trabalham com sondas, que são bem mais pesadas do que enxadas, e é fácil reconhecer alguém que trabalha com sondas, inclusive pelos vários problemas de saúde adquiridos que muitas vezes não são cobertos pelos seus planos miseráveis pagos por companhias privadas. Muitas vezes problemas adquiridos na velhice, sob condições paupérrimas por que o patrão que se dizia "amigo" do trabalhador não depositava seus valores previdenciários.

Rodrigo Constantino demonstra sua ignorância para o marxismo, quando diz que "os neomarxistas adoram odiar o capitalismo". Em nenhum trecho da obra de Marx, que ao contrário do autor desse artigo paupérrimo, eu li, está escrito que "comunismo é ódio ao capitalismo", ou que "o comunismo é a negação do capitalismo", do contrário, ele é a "negação da negação"(ver Manuscritos econômico filosóficos), em nenhum momento Marx fala em "destruir o capitalismo", mas sim em "superar o capitalismo" através da superação de seus mecanismos, em nenhum momento o marxismo é "antitecnologia", o que ele defende é que a tecnologia esteja ao alcance de todos, logo, por esse raciocínio, não há nada mais marxista do que um comunista ter iPhone, não há nada mais marxista do que um obreiro ou campesino possuir um, desde que não virem reféns de empresas que fornecem péssimo serviço de telefonia. iPhone não é invenção capitalista, mas invenção do homem sob o capitalismo. Se fôssemos abandonar todo tipo de invento por que ele surgiu sob determinado sistema, baseando-se em diferenças ideológicas, esse texto nem deveria existir, pois a escrita é uma invenção do homem sob o escravismo. Aliás, nesse aspecto até mesmo outro blogueiro de direita, Reinaldo Azeved, foi mais honesto, quando disse ser a internet uma "conquista da humanidade", e não "conquista do capitalismo". Também é deveras curioso como todo "espanca-vermelhos" fica irritado quando seu salário não entra no dia, trabalha 8 horas por dia, e não 14 horas, como ocorria na época em que a luta dos comunistas não tinha muita força. Goza de conquistas dos socialistas e comunistas e fala mal deles.

Agora resta saber de que frente de luta faz parte Rodrigo Constantino. Será que este indivíduo tão preocupado em policiar o que fulano ou cicrano usa para fazer ligações chegou a pegar em alguma enxada? Será que R. Constantino fez parte de algum órgão de luta coletiva? Ou será que sempre fez parte do time dos patrões, a quem demonstra sua subserviência incondicional na Revista inVeja?

4 comentários:

sei lá disse...

Sucinto mas direto no ponto camarada Cristiano.

É provável, já que não o conhecemos (e pelo que vemos, não perdemos muito)que ele não sabe o que é uma enxada, ou um martelo, talvez nem mesmo saiba manusear uma vassoura. Provável também não saber o que é ser um operário (como fui por 6 anos).

Ou seja, ele, como muitos apedeutas capitalistas, falam do que não sabem (e sabem o que não falam). Isso porque, respondem pelo capital, como vozes da pseudo ciência, travestindo o capitalismo de tal forma para confundir o grande público. Confundir a aparência com a essência das coisas, sobretudo do capitalismo.

R.C. segue os caminhos, malogrados, de liberais que se autodeclararam "destruidores das teorias marxistas". Desde Bhöm-Bawerk e sua confusão com as linhas de "O Capital", até Von Mises, Hayek e Friedman.

O liberalismo segue em sua cruzada contra o que acreditam morto, mas que, a cada nova linha liberal dizendo o contrário, só provam o que não querem provar. Que o comunismo veio para ficar!

Parabéns, mais uma vez, por um texto oportuno, camarada Cristiano Alves.

Samir Faraj.

Leonardo disse...

Quanto à destruição do capitalismo, que Cristiano aLves chama eufemisticamente se "superação", é só ler o Manifesto Comunista:

"O proletariado utilizará sua supremacia política para arrancar pouco a pouco todo capital à burguesia,
para centralizar todos os instrumentos de produção nas mãos do Estado, isto é, do proletariado
organizado em classe dominante, e para aumentar, o mais rapidamente possível, o total das forças
produtivas.
Isto naturalmente só poderá realizar-se, a principio, por uma violação despótica do direito de propriedade
e das relações de produção burguesas, isto é, pela aplicação de medidas que, do ponto de vista
econômico, parecerão insuficientes e insustentáveis, mas que no desenrolar do movimento ultrapassarão
a si mesmas e serão indispensáveis para transformar radicalmente todo o modo de produção".

A "superação", por assim dizer, é a destruição do sistema capitalista.



A Página Vermelha disse...

"A "superação", por assim dizer, é a destruição do sistema capitalista."

Sob esse ponto de vista sim, entretanto a destruição de que falo é a destruição de estruturas criadas sob o capitalismo, tal como a indústria, a tecnologia de ponta. Isso o socialismo não se propõe a destruir, ou melhor, a "abandonar", o que ele propõe é sua coletivização.

Aliás, sua postagem é autoexplicativa. Quando Marx fala em superar o capitalismo(ou destruí-lo, se preferir) ele está falando em democratizar os seus meios de produção(e não a propriedade pessoal de cada um).

Nesse sentido Lenin, grande professor e marxista, acertava ao dizer que "o comunismo será a eletrificação de todo o país mais o poder dos sovietes"(se vivesse hoje falaria, em vez de eletrificação, talvez em tecnologia de ponta, ou inclusão digital), Che Guevara, outro marxista, dizia que "o comunismo é a tecnologia ao alcance de todos". Esse é um dos objetivos perseguidos pelas ideias comunistas.

E propriedade pessoal é diferente de propriedade privada.

Felipe disse...

É brincadeira, hein? Esses caras, tipo esse Rodrigo Constantino, devem ler esses autores tipo Marcuse (que mistura as ideias de Marx com as de filósofos idealistas como Freud e Heidegger para dizer que a evolução tecnológica é um fator que contribui para a alienação humana)achando que estão lendo o próprio Marx. Depois vem falar essa tolice, de que comunistas não merecem utilizar equipamentos frutos da evolução da tecnologia, como smartphones.