domingo, outubro 13, 2013

EDITORIAL: Ladrão de motos baleado, aplaudir ou condenar?


Por Cristiano Alves




Foi postado hoje em sites de transmissão de vídeos uma filmagem que rapidamente se tornou viral, onde um trabalhador pilota alegremente sua moto, até ser parado por dois ladrões em um assalto a mão armada(roubo), em pleno movimento. O trabalhador, que a tudo filmava com a câmera de sua moto, passa então as chaves e um dos ladrões tenta levantar sua moto caída, até ser surpreendido por um policial que desce de seu carro pessoal e alveja o ladrão com dois tiros. O outro jovem foge na moto empregada no assalto. Surgiram vários comentários elogiando a ação, inclusive posições sectárias, alegando que seria o piloto da moto "um burguês por ter uma moto de 30 mil". Existe um abismo social tão grande no Brasil, que hoje até o fato do indivíduo usar um tênis de marca famosa faz com que alguns indivíduos moralmente degenerados ou sectários apontem o dono do bem como um "burguês". Como bem coloca a filósofa brasileira Marilena Chauí(O mito fundador do Brasil), não é um bem que caracteriza alguém com a condição de "capitalista" ou "explorador". E como se posicionam os reais comunistas sobre o ocorrido?

De fato, não há problema em atirar em um ladrão armado que planejava levar a moto de um trabalhador, que muitas vezes trabalha por meses para poder comprá-la para ir ao trabalho e outros locais de difícil acesso por causa do péssimo e caro transporte coletivo brasileiro, sendo então um ato de justiça e legalmente amparado como sendo a legitima defesa de outrem, dado o imediatismo da ação. 

O pior prejudicado com esse tipo de crime, é o proletário, é aquele que dá duro na vida para poder sobreviver, ganhe ele um salário ou dez. O burguês tem seguro, tem uma renda alta, tem uma série de recursos econômicos que lhe permite recuperar rapidamente suas perdas financeiras. O operário, o campesino, precisa trabalhar por meses para recuperar o valor de seu bem roubado, de modo que para ele o crime é bem mais impactante e danoso, deste modo é plenamente normal e aceitável que muitos comunistas aplaudam a ação do policial como um ato de justiça, entretanto estes não sustentam o mesmo discurso hipócrita de uma classe média manipulada e reacionária.

É curioso perceber como muitos aplaudem os tiros contra o bandido, dizem que "bandido bom é bandido morto", mas curiosamente esse discurso muda da água para o vinho, ou melhor, da água para o chorume, quando se trata da punição de crimes em países socialistas e de orientação marxista. Assim, para estes, é bom ter bandidos mortos no capitalismo, mas o bandido morto no socialismo se torna "vítima", ainda que se trate de um estuprador ou de um pedófilo, o que faz dos apologistas do regime capitalista, por extensão, defensores da pedofilia, do tráfico de drogas e do estupro! Na União Soviética não existia pedofilia, e os poucos que se atreviam a abusar de crianças eram gentilmente agraciados com um tiro na nuca, como ocorreu ao bandido conhecido por "Cidadão Tchikatilo", pedófilo e canibal. Claro que para um apologista do regime capitalista, isso é "um crime terrível", uma "pobre vítima do comunismo". Alguns podem argumentar dizendo que "no comunismo as pessoas são presas por pensarem"... Mesmo se isso fosse verdade, imaginemos que a Alemanha pré-hitleriana fosse socialista e tivesse prendido Hitler e seus comparsas por pensar, a Alemanha jamais teria conhecido o fascismo, assim não estaria sendo um ato de justiça "prender alguém por pensar"? Mas para não recorrermos ao argumento ad hitlerum, se a sociedade brasileira abomina o crime e as sociedades socialistas e de orientação marxista praticamente eliminaram a criminalidade, então não seria igualmente abominável alguém, num país socialista, defender o retorno de uma sociedade que cria um terreno fértil para a criminalidade? Não seria abominável e criminoso alguém defender uma sociedade onde o desemprego faz parte de seu mecanismo, que gera as condições para a ocorrência do crime contra o trabalhador? Não seria abominável alguém defender o caos e a desordem em vez de um sistema marcada pela verdadeira ordem e pela harmonia social?

É nessas horas que fica evidenciado que a capacidade de indignação da burguesia e de seus lacaios pequeno-burgueses é seletiva! Aplaudem o policial que atirou no bandido, mas apedrejam a mãe pobre que tenta fazer abortamento. Aplaudem o policial que baleou o criminoso, mas apedrejam o casal homossexual que não gera prole. O que é melhor? Ter como vizinho uma dupla de homossexuais ou um casal que põe dez filhos no mundo sem ter condições de alimentar pelo menos dois deles? Uma dupla não-tradicional ou um casal de católicos fervorosos e fascistas, que põem no mundo um outro fascista para espalhar o ódio e o racismo nas redes sociais? 

O garoto que assaltou o motoqueiro foi duas vezes criminoso, da primeira vez por ter cometido crime de roubo, parado pelo policial, e da segunda vez por apontar uma arma para roubar o próprio irmão. Entretanto, a fábrica das desigualdades sociais e das condições que incrementam a criminalidade no Brasil, é o seu modelo econômico, e justamente por isso não basta "matar um bandido" pois dez ou mais estarão nascendo para substituí-lo. O que é preciso é mudar o sistema e promover uma luta de classes acentuada contra aqueles que querem o velho Estado de classes, os anticomunistas, hipócritas e apologistas da criminalidade!

Um comentário:

Armando Vasconcelos disse...

Mais uma vez parabenizo a página vermelha! Belo texto que traz a realidade de como as coisas funcionam nesse sistema destrutivo. Tenham uma ótima semana!