sexta-feira, outubro 28, 2011

HISTÓRIA

A União Soviética invadiu a Polônia junto com os nazistas em 1939?
Por Cristiano Alves

10 fatos que refutam a versão mais popular nos livros de história ocidentais

Mapa presente no site "Worldology", que reflete a versão mais divulgada acerca dos fatos da época

É comum encontrar em livros de história, tanto brasileiros quanto poloneses, a versão segundo a qual "nazistas e comunistas partilharam a Polônia" iniciando a II Guerra Mundial. O autor deste artigo, que estudou em escola brasileira e teve acesso acesso a livros de história poloneses resolveu investigar esta versão que faz parte do credo segundo o qual "comunismo e nazismo são gêmeos", versão essa que ignora vários fatos e tenta reescrever a história. Segue-se aqui uma lista com 10 fatos que refutam completamente este mito, embora apenas um deles já seja necessário para colocar abaixo todo um castelo de cartas de mentiras. Isso você não verá em nenhuma superprodução cinematográfica polaca:

1- A Alemanha invadiu a Polônia, após isso, o governo polonês entrou em colapso, deixando aquele Estado de existir formalmente, pelas regras de Direito Internacional, assim, a Polônia passava a ser um território contestado, isto é, uma “terra-de-ninguém”. Desconstituído o seu governo e cessando a existência deste Estado, o Exército Vermelho retomou áreas que lhe foram tomadas dos alemães durante a I Guerra Mundial e mais tarde incorporadas à Polônia, áreas que compreendem as regiões da Bielorrússia e Ucrânia ocidentais.

2- Quando a Alemanha nazista invadiu a Polônia em setembro, o governo polonês, até então existente, declarou guerra à Alemanha, não à União Soviética. A inexistência de uma declaração de guerra do governo da Polônia contra a URSS por si só já torna falsa a idéia de "invasão soviética".

3- O comandante supremo das forças polonesas, o Marechal da Polônia Rydz-Smigly, ordenou às tropas polonesas que não combatessem os soviéticos, que combatessem somente os alemães, devendo até mesmo entregar as suas armas aos soviéticos no leste do país. Embora algumas tropas polonesas tenham entrado em combate com tropas soviéticas, como durante a batalha pela retomada da Fortaleza de Brest, que desempenhou um papel fundamental na resistência anti-fascista, tratava-se de guarnições agindo isoladamente por conta própria, insubordinadas ao comando supremo polaco. Segue-se a declaração do marechal polonês proibindo o Exército Polonês de combater o Exército Soviético e recomendando a entrega das armas caso fosse exigido pelos comunistas:


4- O presidente Ignaz Mosciski, internado na Romênia, admitiu tacitamente que a Polônia não tinha mais um governo. Isso, aliás, era amplamente conhecido na época, sendo universalmente aceita a sua renúncia tácita. Aqui a prova com notícias de jornal da época:


5- O governo da Romênia, aliada da Polônia contra a URSS, não apenas admitiu que a Polônia não tinha mais um governo, como não declarou guerra contra a URSS quando esta recuperou seus antigos territórios. A posição deste país era completamente coerente com a sua neutralidade no conflito, pois se o governo romeno reconhecesse o governo internado da Polônia como um "governo no exílio", este país estaria rompendo a sua neutralidade no conflito, posicionando-se nitidamente a favor do lado polonês.

6- A França, que tinha um tratado de aliança militar com a Polônia contra a URSS, não declarou guerra a esta, embora tenha declarado guerra à Alemanha nazista. Esta guerra entre França e Alemanha era informalmente conhecida pelos soldados como "a guerra de brincadeira", pois praticamente não se viu um só combate entre forças francesas e inglesas contra os alemães durante mais de 8 meses. Partes da França foram conquistadas pelos alemães praticamente sem se disparar um só tiro.

7- Após o término da guerra, a Inglaterra jamais exigiu que a URSS retirasse suas tropas dos territórios antes pertencentes à Polônia, do contrário, ela estabeleceu que estes territórios jamais deveriam fazer parte do novo Estado polaco. O próprio Winston Churchill chegou a declarar em seus "Discursos secretos" que graças ao Exército Vermelho, o que se conhece hoje por "Polônia" não foi varrido da face da Terra.

8- A Liga das Nações jamais declarou a URSS como invasor de um Estado membro(a Polônia era membro da Liga). O artigo 16 de sua convenção incitava os países membros a declarar sanções econômicas contra Estados que recorressem à guerra para solução de seus conflitos. Nenhum Estado do mundo declarou qualquer sanção econômica à URSS, nenhum país rompeu relações diplomáticas com a URSS.

Todavia, quando a URSS atacou a Finlândia em 1939, a Liga votou para expulsar a União Soviética e vários países com ela romperam todas as relações diplomáticas.

Uma resposta bem diferente que nos revela como a Liga via o caso da Polônia anteriormente!

9- Todos os países aceitaram a declaração da URSS de neutralidade no conflito polaco-germânico.

10- Qualquer definição de “Estado” no direito internacional compreende a de uma “entidade política organizada”. A partir do momento em que o governo polonês cruzou a fronteira da Romênia, país neutro, com o animus de fugir para aquele país sem constituir um governo no exílio, deixou de existir o Estado Polonês, este seria mais tarde constituído no exílio, porém sem qualquer soberania sobre as terras polonesas, que só vieram a conhecer um governo nacional após a sua libertação pelas tropas do Exército Soviético.

A conclusão é que nenhuma evidência factual ou documental da suporte à idéia de "invasão da Polônia pela Alemanha e URSS", sendo esta uma criação recente, mitológica, que tem por objetivo a reescritura da história e a perseguição política e penal dos comunistas na Polônia e em outros países, assim como uma tentativa frustrada de igualar um ideal humanista, voltado para a libertação da classe operária mundial, com um ideal terrorista e reacionário quase riscou países e povos do mapa. Embora muito se fale sobre o Pacto Molotov-Ribbentrop, jamais se tratou de uma "Aliança militar", mas tão somente de um tratado de não-agressão que objetivava adiar a guerra e impedir que acontecesse o que aconteceu na Guerra Civil Russa, quando alemães e praticamente toda a Europa Ocidental invadiu a Rússia para conter a propagação do comunismo. Ao contrário do alegado, o texto original do Pacto Molotov-Ribbentrop não fala de "partilha da Polônia" como alegado por alguns autores. Livros de história que falam em "invasão da Polônia por Stalin" não passam de revisionistas desonestos que visam encobrir a própria participação de países capitalistas no fortalecimento do nazi-fascismo.


Fontes

FURR, Grover. Did the Soviet Union invade Poland in September 1939? . Artigo científico publicado na página do referido professor em http://chss.montclair.edu/english/furr/research/mlg09/did_ussr_invade_poland.html . Acesso em 20/10/2011

Pacto Molotov-Ribbentrop. Cópia do documento original, em http://www.lituanus.org/1989/89_1_03.htm Acesso em 20/10/2011
POLÍTICA


Carta ao PCdoB de Anita Prestes.
(Publicado originalmente por Blasco Miranda de Ourofino)


Ao Comitê Central do
Partido Comunista do Brasil
(PCdoB)

           

Dirijo-me à direção do PCdoB para externar minha estranheza e minha indignação com a utilização indébita da imagem dos meus pais, Luiz Carlos Prestes e Olga Benario Prestes, em Programa Eleitoral desse partido, transmitido pela TV na noite de ontem, dia 20 de outubro de 2011.
Não posso aceitar que se pretenda comprometer a trajetória revolucionária dos meus pais com a política atual do PCdoB, que, certamente, seria energicamente por eles repudiada. Cabe lembrar que, após a anistia de 1979 e o regresso de Luiz Carlos Prestes ao Brasil, durante os últimos dez anos de sua vida, ele denunciou repetidamente o oportunismo tanto do PCdoB quanto do PCB, caracterizando a política adotada por esses partidos como reformista e de traição da classe operária. Bastando consultar a imprensa dos anos 1980 para comprovar esta afirmação.
Por respeito à memória de Prestes e de Olga, o PCdoB deveria deixar de utilizar-se do inegável prestígio desses dois revolucionários comunistas junto a amplos setores do nosso povo, numa tentativa deplorável de impedir o desgaste, junto a opinião pública, de dirigentes desse partido acusados de possível envolvimento em atos de corrupção.

Atenciosamente,
  Anita Leocádia Prestes
POLÍTICA

A demissão de mais um ministro

Por Cristiano Alves

Recentemente, a revista Veja divulgou uma série de escândalos que derrubaram o ex-ministro do esporte Orlando Silva, do PCdoB, fatos que ainda não tiveram qualquer apuração por parte da justiça brasileira.

Segundo a lei maior brasileira, a Constituição da República Federativa do Brasil, todo cidadão é inocente até que o contrário seja provado. De certo, seria lamentável ver um ministro associado ao comunismo cair por um escândalo de corrupção, porém este pretende que as acusações contra ele são falsas. Caso fique provada a sua culpa, é importante que este ministro seja expurgado e denunciado como um oportunista e inimigo do povo.

Espera-se que os fatos venham a ser esclarecidos.
POESIA

MEUS SUPER HERÓIS

Por Eduardo Terra Coelho 

 

Meus super-heróis não são dos quadrinhos,
São de sangue, de pó e de lágrimas.
Choram, riem têm medo e erram também.
Não são eternos, têm seu tempo e lugar,
Mas superam qualquer herói de H.Q.,
Pois existem ou existiram algum dia.

Não são invencíveis, mas são humanos,
Não têm super poderes, mas coração.
Basta ter uma razão para lutar.
Meus super heróis não são dos quadrinhos
Já que existem ou existiram algum dia.

Não defendem objetos e lugares,
Mas defendem e emancipam pessoas.
Não agem sós, mas coletivamente.
Ensinam e aprendem a ser super heróis.
Basta ter uma razão para lutar,
E, se almejar, pode ser um deles.

Não são eternos, tampouco imbatíveis.
Duram o tempo de fazerem-se heróis,
Nos erros, acertos, medos e lágrimas.
E sendo humanos são imprevisíveis.
Nisto consiste sua eternidade,
Superior à dos heróis de H.Q.

Os heróis de H.Q. encerram-se em si,
Os meus ainda que mortos são atuais,
Pois defendem e emancipam pessoas,
E prosseguem pelos que os entenderam,
Pois não agem sós, mas no coletivo.

Meus super heróis não são dos quadrinhos,
Não têm super poderes, mas coração,
Não agem sós, mas coletivamente,
Pois sendo humanos são imprevisíveis,
Que ainda que mortos são sempre atuais.
Nisto consiste sua eternidade.

Meus super heróis não são de quadrinhos
Têm cores mais vivas que sangue e suor.
Se eu estou vivo a lutar, devo a eles.
São grãos que morrem para a vida brotar,
E nisto consiste sua eternidade.
São frutos da terra, não devaneios.

Meus super heróis não são de quadrinhos
E são tão reais quanto você ou eu.
Com eles nós sempre podemos contar.
Assim é com eles que esperam de nós,
Eles sobrevivem através de nós.
Nisto consiste sua eternidade.

segunda-feira, outubro 10, 2011

CHE, EL GRANDE HERMANO

Feito no dia 9 de outubro, este vídeo, com a canção da banda Elektronye Partizany, homenageia o grande revolucionário argentino, condecorado com a Ordem do Cruzeiro do Sul no Brasil, Ernesto "Che" Guevara:

sábado, outubro 08, 2011

CULTURA


A canção da liberdade (A felszabadulas dala)

Canção que descreve a libertação da Hungria pelas tropas do Exército Vermelho, durante os anos 40, cantada pelos pioneiros húngaros:



Vamos para o futuro, não olhe para traz
Seu passado é triste, sangrou por mil anos
Agora o irradiante dia chegou
Venha e cante alto esta canção alegremente

Refrão:
Vamos cantar sobre o 4 de abril
Deixe o povo libertado cantar,
Gritar o mais alto ao vento,
O nome dos nossos libertadores!

Os canhões moviam-se e o povo gritava
O mundo sangrava e o trovão anunciava.
O heróico exército dos soviéticos venceu
E limpou do mundo as lágrimas dos séculos


A Estátua da Libertação, erguida em 1947 em homenagem ao Exército Soviético, libertador da Hungria, ex-aliada de Hitler
DOCUMENTÁRIO


Fascismo ordinário (legendado em espanhol)

Documentário soviético que demonstra todo o processo de lavagem cerebral fascista e como o povo da Alemanha, país de Karl Marx e Friedrich Engels, foram enganados para servir a um falso salvador da pátria que nem mesmo era alemão, o tirano austríaco Adolf Hitler. O filme mostra desde o juramento feito ao führer até o processo de tomada pelo poder, repressão do seu próprio povo e de outros povos. Esse documentário também é um alerta àqueles que são surpreendidos e se deixam enganar por idéias ditas "conservadoras", em realidade um eufemismo para "fascistas", que defendem um modelo análogo ao fascismo, porém com uma suposta "liberdade de mercado", contraposta ao forte controle estatal defendido pelos fascistas clássicos. Também faz uma análise psicológica dos alemães e o que levou à aceitação das idéias de Hitler.

A autoria do documentário é de Mihail Romm, discípulo do renomado cineasta Sergei Einsenstein. Possui imagens fortes, como a cena em que o narrador, de forma satírica, tranquilamente descreve como os soldados alemães "trabalhavam", limpando seus armamentos, cortando madeira, assim como cabeças de soviéticos, ou ainda num trecho marcante em que demonstra como oficiais e soldados carregavam fotos de suas famílias, esposas, filhos... junto com fotos de cabeças decepadas ou civis enforcados.

PRIMEIRO EPISÓDIO

Parte 1/8


Parte 2/8
(Errata do tradutor em 3:50, "yefryeytor" é "cabo", e não sargento, graduação de Hitler)


Parte 3/8
(Em 5:30, o correto é 2 bilhões, de "dva millyarda", e não "milliona")


Parte 4/8


Parte 5/8


Parte 6/8


Parte 7/8


Parte 8/8


SEGUNDO EPISÓDIO

Parte 1/7


Parte 2/7


Parte 3/7
(Errata, o tradutor equivocou-se em 0:33, é 22 de junho de 1941, não 44)


Parte 4/7


Parte 5/7


Parte 6/7
(Errata, em 3:22 o correto é "sobrinha", e não "neta", isto é, plemyanitsa)


Parte 7/7

INTERNACIONAL 


Sérvios manifestam apoio a Muamar Kadaffi
Por Cristiano Alves

Em 1999 os sérvios conheceram uma terrível catástrofe em seu país que era desconhecida desde os tempos de seus avós no início dos anos 40. Se a Iugoslávia fora invadida por saqueadores da Europa Ocidental, em 1999, o país seria novamente invadido e ocupado por novos saqueadores da Europa Ocidental e dos Estados Unidos da América. 

Numa tentativa de abafar um escândalo sexual do ditador americano Bill Clinton, em razão de felação efetuada por sua secretária Monica Lewinsky, a Organização do Tratado do Atlântico Norte realizou um ataque surpresa à ex-Iugoslávia, destruindo aeroportos, ponte, prédios considerados patrimônios da humanidade, além do assassinato de mais de 10 mil pessoas, número superior às vítimas do 11 de setembro em Nova York. Ao contrário dos supostos terroristas árabes, esses pilotos europeus e americanos nunca foram classificados como terroristas. Sob o pretexto de "defender o povo de Kosovo", mísseis e bombas destruíram comboios de refugiados kosovares em mais de uma oportunidade. Doze anos depois, o regime imperialista de Obama, A. Merkel, N. Sarkozy e outros facínoras europeus, efetuaram um ataque contra a Líbia, país rico em recursos como gás natural, ouro e petróleo, que tinha o melhor IDH da África.

O povo sérvio sabe o que é ter a sua soberania violada e o que querem os chefões da NATO(1), eles conhecem na pele a dor provocada pelas suas armas e o rastro de destruição provocado pelo regime de Obama, Sarkozy, A. Merkel, Berlusconi e de outros saqueadores europeus. Eles sabem que só essa guerra poderá salvar o seu regime decadente da falência, é uma guerra em nome de seus mercados, do lucro de seus acionistas, uma besta que se contorce enquanto está moribunda, razão pela qual o povo da Sérvia resolveu manifestar o seu apoio ao povo da Líbia e sua resistência.

Jovens sérvias manifestam seu apoio à resistência liderada pelo coronel Muamar Kadaffi
Jovem sérvia defende a resistência do povo da Líbia
Sérvios defendem a causa anti-imperialista do líder líbio em Belgrado

 

Jovens sérvios e líbios contra a invasão do país africano





VÍDEO



1- NATO: Abreviação em inglês para "OTAN"(Organização do Tratado do Atlântico Norte), organização imperialista responsável por atos terroristas, saque e rapina de vários países.

Agradecimetntos ao blog "Un vallekano en Rumania", de onde foram retiradas as fotos:
http://imbratisare.blogspot.com/2011/09/protestas-en-belgrado-de-apoyo-al.html
LOJA


Leilão de distintivo da Guarda do Exército Soviético

Status atribuído às unidades que se destacavam em combate na luta anti-fascista, a "Guarda" era representada por um lindo distintivo usado sobre o uniforme comunista que pode ser seu, disponível agora no Mercado Livre. Dê o melhor lance e adicione essa linda peça histórica à sua coleção.


Para participar do leilão use o link:
http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-205184713-peca-de-uniforme-do-exercito-vermelho-sovietico-_JM

Bom lance!
CANAL DA VITÓRIA
O melhor vídeo sobre a URSS

Há 20 anos atrás, em 1991, dissolvia-se o primeiro Estado socialista da história, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas(URSS), entidade política multinacional formada por quinze repúblicas e mais de 100 diferentes nacionalidades.

Em memória de seu legado científico e social, assim como em memória de um de seus maiores feitos, senão o maior, isto é, ter livrado o mundo do nazi-fascismo, o Canal da Vitória (The Victory Channel) preparou um vídeo com o hino da URSS, misturando novas imagens de lugares do país, fotos de nacionalidades que compunham o país, além de pinturas, fotos antigas coloridas e fotos atuais de admiradores deste grande país.



Assim como a URSS, o socialismo científico, e só o socialismo poderá transformar o Brasil numa superpotência!
LIVROS

Auto-ajuda: uma farsa
Por Cristiano Alves

Livros que prometem soluções simples para problemas complexos omitem a realidade da vida e o desespero das massas sob o sistema capitalista, promovendo o individualismo e até machismo, auto-ajudando os bolsos de impostores

Promoção do machismo em livro de "auto-ajuda"

Eles são best-sellers, venderam "milhões em todo o mundo", são um "sucesso de vendas" e provavelmente já foram ou serão a leitura da sua colega de vôo ou mesmo de transporte rodoviário. O gênero "auto-ajuda" tem encontrado nas livrarias uma espantosa expansão e quase sempre estão nas vitrines e principais estantes das livrarias, trazendo surpreendentes fórmulas de "como ter sucesso", "como ser feliz no amor", "como tornar-se rico", "como ser o melhor na empresa", fórmulas aparentemente simples para problemas complexos. Mas o que de fato está por trás de todo esse marketing? Será que o leitor já parou para pensar a respeito desse tipo de "literatura"?

A Caixa de Pandora dos livros de auto-ajuda foi aberta com o lançamento do "best-seller" "Como fazer amigos e influenciar pessoas", de Dale Carnegie. Para entender o contexto dessa obra, é importante lembrar que nos anos 30, quando foi lançada, o capitalismo americano passava por um ótimo momento para um seleto grupo de pessoas, dentre os quais os charlatães. O médico John Breckley, por exemplo, movimentou a economia local e obteve enormes fortunas com o anúncio da "cura para a preguiça e a impotência" através de técnicas nada científicas como o "transplante de glândula de cabra". Fórmulas milagrosas eram anunciadas em todos os campos, fosse o da medicina ou da literatura, a busca pelo lucro levava a caminhos absurdos como a luta na lama e outros meios típicos do mundo capitalista. O livro de Dale Carnegie, considerado por muitos o primeiro manual de "regras para o sucessso" escrito no século XX é amontoado de regras para gerar pessoas mais corteses, porém com alguma coerência. Seus ensinamentos podem ser resumidos a "seja legal, cortez, e você fará muitos amigos e influenciará muitas pessoas", simples assim, demonstrando bem como a indústria da auto-ajuda vive de superficialidades e obviedades. Soma-se a essa superficialidade um caráter positivista, onde o desprezo pela ciência, pelo pensamento racional e pela religião são notáveis. O positivismo é um pensamento que consegue a incrível proeza de reunir conservadores católicos, marxistas(de todas as correntes) e liberais em seu combate. Quando se trata de livros de auto-ajuda, não é muito diferente, seus ensinamentos ignoram o método científico ao trazer vaga pesquisa, teorias nunca comprovadas e apelos a religiões ou filosofias asiáticas, ou até mesmo a distorção destas. Um exemplo disso é o livro "A cabala e a arte de ser feliz". Cabala, para quem não conhece, é um sistema judaico de magia e numerologia que traz um sistema matemático tão complexo que envolve até o estudo de línguas mortas, não se trata de um "sistema moral". Todo esse sistema hermético, entretanto, é transformado por um escritor brasileiro na "arte de ser feliz". Essa felicidade, assim como o "caminho do sucesso na carreira" pode ser alcançado, segundo a "literatura" de auto-ajuda através de ações como "repetir em frente ao espelho uma fraseologia positiva", "abraçar o seu colega de trabalho" ou "dizer ao patrão com um grande sorriso que gosta de seu trabalho", não importa se esse patrão não lhe paga o FGTS ou simplesmente se assina a sua carteira de trabalho, "voltar com um grande sorriso no rosto é a solução".

Como bem denunciado no jornal "A Nova Democracia"1, toda essa literatice teve início nos EUA, com apoio de enorme aparato publicitário na qual escritores de auto-ajuda ganharam programas de rádio, colunas em jornais, convites para cursos, palestras e treinamentos empresariais, nas neocolônias do Império, o impacto desta doutrinação foi ainda mais forte, dada a enorme publicidade, com vendas de "milhões de livros", ao passo que os melhores autores nacionais mal conseguiam recursos para vender 100 mil cópias. Nomes como o imortal da literatura Gabriel Garcia Marquez, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura ou mesmo o brasileiro Jorge Amado, vencedor do Prêmio Stalin da Paz e do Prêmio Latinidade em Paris, ambos autores de romances e crônicas que captam e reproduzem os sentimentos do povo em excelentes trabalhos de dramaturgia, com um estilo peculiar e uma reflexão filosófica a respeito são facilmente passados por nomes como Paulo Coelho que, segundo reportagem do Fantástico sobre sua viagem à Rússia, é o autor mais vendido daquele país, mais até mesmo que imortais como Dostoyevskiy, Turgenyev ou Tolstoy, todos eles donos de um estilo pecular, tendo o primeiro livros dotados de intensa profundidade filosófica e psicológica, verdadeiros diamantes da literatura. Isso, graças a um aparato publicitário interessado na divulgação de valores ora positivistas, ora promovendo o culto do indivualismo, para os quais os problemas da humanidade não estão em sistemas econômicos que promovem a competição desleal baseada no lucro incessante a qualquer custo, mas no "simples fato" do indivíduo "não ter um sorriso sempre para os seus colegas de trabalho para o carteiro". Uma das medidas práticas de auto-ajuda, falando em termos específicos, encontra-se no livro "O diário de um mago", de Paulo Coelho, onde este propõe um "exercício da crueldade" que consiste em cravar a unha do polegar na raiz da unha do dedo sempre que pensamentos negativos vierem à cabeça do "orientado", pois assim, "sentimentos negativos estariam refletidos no campo físico", e assim iriam embora. Simples não? Este autor, cujas obras são frequentemente referidas pelos críticos como superficiais e cheias de erros gramaticais de português, nisso incluso redundâncias, tem grande espaço nas organizações Globo e encontros entre empresários brasileiros, o que dá indícios de um vínculo com os exploradores do povo trabalhador.

Não são poucos os críticos do "auto-ajudismo", psicólogos apontam-no como uma das causas de redução de pacientes em escritórios de psicologia, segundo Francine Passeti2, psicóloga, há uma confusão constante entre "auto-ajuda" e "psicologia", levando determinadas livrarias a vender estes dois títulos na mesma seção. Para ela, ao passo que o primeiro aponta "fórmulas mágicas" para a felicidade, desprovidas de qualquer adaptação ou reflexão, para a psicologia não há "fórmulas mágicas e universais". O analista de comportamento, formado em psicologia, Alessandro Vieira dos Reis, satiriza e desmascara vários livros de psicologia em seu blog "Bestseller da Vez"3, porém muito mais do que apenas artigos ou blogs, Francisco Rudiger, professor da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, analisou a fundo o tema, tendo escrito em 1995 o livro "Literatura de auto-ajuda e individualismo". Nele, o professor alega que é auto-ajuda chamada de "literatura" apenas por se tratar de livros e poder ser, assim, lido, embora seja característico por não ter significado literário, texto pobre, prometer a "revelação de segredos" e ainda por cima ser escrito não por escritores, mas meros "gurus modernos", são livros que por um lado pregam a aceitação da ordem imperialista tal como ela é. Críticas a esse subgênero literário não são recentes e nem poucas, encontradas tanto em jornais como em filmes como "In and out", onde há uma sátira ao gênero na ena em que uma fita k7 ensina o protagonista sobre as "regras de como ser um verdadeiro macho", até mesmo em desenhos animados populares como "Tom & Jerry" e "Pica-Pau" há críticas diretas ou indiretas a este tipo de livro, onde o personagem segue meticulosamente um manual de "como fazer isso" e acaba se dando mal, então rasgando enfurecidamente o livro ou quebrando o radinho que dita seu comportamento.


Um aspecto perigoso da auto-ajuda é o seu estelionato intelectual, onde teorias científicas são corrompidas pelo autor, sendo apresentada em parte ou de forma superficial, como forma de legitimar a "veracidade de sua tese", mas levando a conclusões completamente diferentes, por vezes em meio a aforismas. Autores como Augusto Cury, que é pós-gradudo em psicologia psicologia social, alegam ter se inspirado em Freud, Piaget, Vygotsky, Paulo Freire, Wallon, Winnicot, dentre outros que tem pontos de vista completamente divergentes, fazendo uma salada que apenas traz indigestão. Este autor orgulha-se de sua teoria sobre a "inteligência multifocal" jamais ter sido aceita em qualquer universidade séria como tese de mestrado. Livros como esse, que são uma mera cópia mal feita de outro "autoajudólogo", Daniel Goldman, são "sucessos de venda" em livrarias, demonstrando bem o potencial empreendedor do autor na indústria autoajudóloga, tão valorizada pela economia de mercado, que segundo Leonardo Simmer, dono da editora Multifoco, as grandes editoras não publicam segundo o valor literário de uma obra ou estilo adotado, mas tão somente segundo critérios mercadológicos como "quem é o autor?", "qual o seu potencial de vendas?", "qual o potencial de venda do tema?". Um outro mago da empulhação é Roberto Shinyashiki, também psicólogo, pretenso especialista em "gente nos seus diversos papéis", sem qualquer certificado que ateste essa misteriosa especialidade na psicologia. Livros como "O sucesso é ser feliz", com fotos de pessoas se abraçando ou fórmulas mágicas como "coma um morango a cada dia", não contempladas por qualquer teoria científica ou mesmo experiência empírica, são sucessos de vendas onde o leitor gasta seu dinheiro com superficialidades(mais vale a pena olhar os álbuns dos seus amigos do Facebook, que sai de graça). Também não é raro encontrar livros sobre "Programação Neurolinguística" que distorce totalmente o sentido desta técnica, ou ainda livros que, embora não sejam de auto ajuda e tenham resultados concretos, são pervertidos em versões mercadológicas como o clássico chinês "A Arte da Guerra", de Sun Tzu, que já existe "para mulheres", "para empresários", "para executivos", "para concursos"(embora seu autor tenha excelentes livros com questões de concursos), "para o sucesso", etc, etc. Será que as editoras julgam o leitor completamente incapaz de ler o original e adotar os conselhos do sábio e militar chinês para a sua vida pessoal? Um processo similar acontece com outro livro oriental, só que da Índia, o Kama Sutra, que existe em versão para "gays e lésbicas", mesmo esse último sendo perfeitamente aplicável a casais tradicionais. Não surpreenderia encontrar algum dia o "Kama sutra para empresários: A arte de fuder com a concorrência".

O gênero auto-ajuda nada mais é do que o um dos tentáculos ideológicos de um sistema que promove uma ditadura do comportamento, uma doutrinação que esmaga a liberdade do indivíduo e torna pior a sua vida em sociedade, uma vez que contribui não para uma sociedade voltada para o pensamento científico, mas para idéias positivistas, metafísicas ou individualistas, para a aceitação da desordem auto-intitulada ordem estabelecida, assim como o emburrecimento da população e destruição de sua capacidade crítica. Não é raro encontrar neste universo revistas de promoção de comportamentos decadentes que "ensinam" até mesmo "como deve ser beijado o namorado" ou como "deitar-se com duas mulheres", bem como livros que promovem inclusive o machismo, como como "Meninas normais casam... Meninas iradas investem na relação", que traz na capa uma garota que tem um colar com um cifrão que conta o dinheiro na mão ao lado de um homem apaixonado e rico, com uma roupa elegante e um anel de brilhantes na mão, deixando clara a mensagem de que a mulher deve "tirar vantagens econômicas da relação", ou ainda livros como "O bom partido", livros que segundo A. V. dos Reis passam uma mensagem de que a mulher deve ser "esperta e se casar com homens ricos ou com certas aptidões, a fim de não ter problemas materiais".

A auto-ajuda é leitura desaconselhada, tanto por leigos, quanto pelo meio acadêmico, em razão de sua superficialidade que promete "fórmulas mágicas", simplismos que segundo o filósofo alemão Friedrich Engels4 são chamados "bestas e charlatões", servindo apenas para enriquecer o bolso dos capitalistas do mundo editorial, seu título, aliás, é uma incoerência, pois se o livro tem um autor, então é ajuda de terceiro, e não auto-ajuda, exceto, claro, para os bolsos dos impostores que lucram com base na ignorância das massas, assalariados que trabalham a serviço da classe dominante, materializando análise do sábio alemão Karl Marx, segundo o qual "as idéias predominantes de uma época são as idéias da classe dominante", defendida em O Manifesto Comunista. O melhor favor que o indivíduo pode fazer a si mesmo, assim como àqueles que o cercam é ler os clássicos, cobrar das editoras a valorização de escritores nacionais, e, sobretudo, a melhor ajuda que ele pode fazer para si mesmo e para os outros - lutar por uma sociedade humanitária e justa!



1- A farsa da auto-ajuda. Artigo do jornal A Nova Democracia. Em: http://www.anovademocracia.com.br/no-37/131-a-farsa-da-auto-ajuda

2- Sobre auto-ajuda e psicologia. Artigo de Francine Passeti em "Reflexões Terapêuticas". Em: http://www.franpassetti.com/2010/12/sobre-auto-ajuda-e-psicologia.html

3- Em: http://bestsellerdavez.blogspot.com/

4- Em: "O Anti-Dühring".