quinta-feira, novembro 24, 2011

ASSIM FUNCIONA O SOCIALISMO

Nota da edição
Por Cristiano Alves

A série "Assim funciona o socialismo" pretende trazer um retrato fiel do funcionamento de um país socialista, especialmente da primeira experiência operário-camponesa e socialista da história, a União Soviética.

Por se tratar de fonte publicada nos anos 60 foi mantida a grafia original da época, por isso sendo comum encontrar no texto "êste", "emprêsa", dentre outras palavras cuja grafia foi mudada. A pesquisa envolveu a consulta a uma obra de grande valor impossível de ser encontrada nas grandes livrarias e rara em sebos de livros.

As informações a seguir podem ser inclusive corroboradas por fontes de outros historiadores e testemunhos oculares que presenciaram o desenvolvimento do país e/ou viveram na época referida.



AS DIFICULDADES DA INDUSTRIALIZAÇÃO SOCIALISTA. ACERBAMENTO DA LUTA DE CLASSES DENTRO DO PAÍS

ACERBA-SE A SITUAÇÃO INTERNACIONAL

A União Soviética levava a cabo a sua política de industrialização em meio de tensa situação internacional. A estabilização do capitalismo tinha um caráter parcial e passageiro. Os países burgueses haviam conseguido superar a crise econômica do após-guerra, mas a crise geral do capitalismo, resultado da primeira guerra mundial e da Revolução Socialista de Outubro, aprofundava-se e agravava-se. O mundo capitalista via-se dividido por irredutíveis contradições que lhe minavam a estabilização.
O desenvolvimento dos países capitalistas realizava-se de modo desigual. Os Estados Unidos e, em parte, o Japão avançavam e se estavam adiantando aos países do velho capitalismo. A repartição das colônias e das esferas de influência, levada a cabo depois da primeira guerra mundial, não correspondia já à nova correlação de fôrças entre as potências imperialistas. Tudo conduzia à nova repartição do mundo por meio das armas.
Acerbou-se, também a situação interna nos países capitalistas. A burguesia havia rechaçado a determinação revolucionária da classe operária depois da primeira guerra mundial; mas já apontavam os sinais precursores de um novo aumento revolucionário: em 1927, estalaram as ações revolucionárias dos operários da Áustria; em agôsto do mesmo ano efetuaram-se na Europa e na América numerosas manifestações de protesto contra o assassínio dos operários Sacco e Vanzetti pelos imperialistas norte-americanos.
Enorme importância teve a revolução popular, antifeudal e anti-imperialista na China, que pôs o grande povo chinês em pé de luta ativa contra as sobrevivências feudais do país e o sistema burocrático-militar e desferia sérios golpes ao imperialismo mundial.
A União Soviética apoiou calorosamente a luta do povo chinês por sua libertação. O IV Congresso dos Sovietes da U.R.S.S. expressou a profunda simpatia e solidariedade do povo soviético para com os operários e camponeses revolucionários da China. O congresso aprovou plenamente a política do Govêrno com respeito à China, baseada no reconhecimento de sua total soberania, nos princípios de igualdade e de renúncia plena aos privilégios de que gozavam então os estrangeiros na China.
O movimento de libertação nacional estendeu-se a outros povos do Oriente. Os povos da Índia, Indonésia e outros países da Ásia se haviam lançado na luta contra o imperialismo. Também na Síria e no Marrocos os povos lutavam por sua independência. A retaguarda do imperialismo tornava-se cada vez mais instável. A estabilização do capitalismo engendrava nova crise revolucionária.
Os êxitos da edificação do socialismo na U.R.S.S. animavam os trabalhadores dos píses imperialistas na luta por sua libertação. Dezenas de delegações operárias do estrangeiro chegavam ao País dos Sovietes para conhecer a vida do estado socialista e seus membros regressavam a seus países como partidários fervorosos da U.R.S.S. Desmascarando as calúnias anti-soviéticas dos imperialistas, as delegações estrangeiras fortaleciam os laços de amizade com o povo soviético.
Mas os êxitos da União Soviética, ao mesmo tempo que enchiam de júbilo os tralhadores do Oriente e do Ocidente, atemorizavam a burguesia internacional; suas esperanças de que a U.R.S.S. Transformar-se-ia num apêndice agrário dos países capitalistas viam-se em terra, pois a União Soviética se desenvolvia pela senda da industrialização. Os imperialistas viam nisto uma ameaça para o sistema capitalista.
Os países imperialistas sonhavam em exterminar a União Soviética, apropriar-se do imenso mercado russo e, por êste meio, encontrar saída para suas crescentes dificuldades e para as agudas contradições existentes no mundo capitalista. Nos países imperialistas crescia cada vez mais a tendência para as venturas anti-soviéticas e para a organização de uma intervenção militar contra a U.R.S.S.
Marchava então, à testa da cruzada anti-soviética e das ações intervencionistas, a burguesia britânica, que era a que mais se via afetada pelo crescente aumento revolucionário na metrópole e nas colônias, mais que a de qualquer outro país capitalista, e a que sentia mais pânico pelo fortalecimento da U.R.S.S. O governo inglês optou pelo rompimento das relações com a União Soviética.
Estreitamente aliados com os imperialistas inglêses marchavam a burguesia francêsa e seus vassalos da Europa Oriental, em primeiro lugar a Rumânia dos boiardos e a Polônia burguesa-latifundiária. Os imperialistas tentavam criar uma praça de armas contra a U.R.S.S. no território das Repúblicas do Báltico. Os govêrnos burgueses dêstes países, seguindo o exemplo dos imperialistas ocidentais, seguiam uma política hostil para a União Soviética.
Os imperialistas perpetraram na China uma série de descarados atos anti-soviéticos. Por instruções suas a política de Chang Tso-Lin cometeu, em abril de 1927, um bandidesco assalto à representação diplomática da U.R.S.S. Assaltos iguais cometeram-se contra os consulados da U.R.S.S. em Shangai e Tientsin. Em fins de 1927 foram selvagemente assassinados, em Canton, os empregados da missão diplomática soviética. Perseguia-se, com isto, o objetivo de exasperar as relações entre a URSS e a China e de provocar uma guerra sino-soviética.
Realizaram-se, também, outros descarados atos anti-soviéticos na Inglaterra. Em 12 de maio de 1927 um destacamento da polícia inglêsa atacou a representação comercial da U.R.S.S. em Londres e a sociedade “Arkos”. Depois de publicar, devido a êste assalto, uns documentos falsos, o govêrno inglês rompeu as relações diplomáticas com o da União Soviética.
Pouco tempo depois, em junho de 1927, o ministro plenipotenciário da U.R.S.S. na Polônia, P. L. Voikov, foi bárbaramente assassinado. Êste assassinato, perpetrado por um guarda branco russo com a conivência direta do govêrno polonês, tinha por objetivo provocar um conflito bélico entre a União Soviética e a Polônia.
Todos êstes atos eram elos de uma só cadeia geral de ações anti-soviéticas dos imperialistas. Não foi uma coincidência casual, nem muito menos o fato de, por aquêles dias, em princípios de junho de 1927, os agentes de espionagem estrangeiros organizarem atos diversionistas e terroristas em várias cidades da U.R.S.S. O Govêrno soviético apelou à classe operária a defender as fábricas, as oficinas, os armazéns, as estações, etc., e ordenou a O.G.P.U. que tomasse medidas enérgicas contra os espiões estrangeiros, incendiários e assassinos.
A ruptura de relações diplomáticas entre a Inglaterra e a U.R.S.S serviu de sinal para que tôdas as fôrças anti-soviéticas se pusessem em marcha. Pioraram as relações entre a União Soviética e a França. Em março de 1927, firmava-se um convênio preliminar sôbre problemas financeiros, mas, ao se romperem as relações ango-soviéticas, a França suspendeu as conversações. A imprensa reacionária pedia ao govêrno francês que seguisse o exemplo da Inglaterra e rompesse as relações diplomáticas e comerciais com a U.R.S.S.
Depois da ruptura das relações anglo-soviéticas, fortaleceu-se numa série de países a tendência para o bloqueio econômico da União Soviética. Muitos barcos se negavam a financiar os convênios firmados pelos representantes soviéticos; anulou-se uma série de acôrdos sobre créditos e organizou-se uma grande campanha contra o monopólio do comércio exterior soviético. As ações anti-soviéticas dos imperialistas conduziram ao acerbamento das relações da U.R.S.S com os Estados burgueses. Não obstante, não conseguiram seu propósito de organizar uma frente única anti-soviética e desencadear a guerra contra a U.R.S.S. Elevara-se poderosa onda de protestos por parte das classes operárias e de outras camadas de trabalhadores dos países capitalistas contra a política anti-soviética dos imperialistas. As contradições existentes no próprio campo capitalista também estorvavam a organização da campanha anti-soviética. Mas o fator principal que vinha desbaratar os planos de organizar nova intervenção contra a União Soviética era a política externa da U.R.S.S. orientada para a manutenção e consolidação da paz.


ACADEMIA DE CIÊNCIAS DA U.R.S.S. Época do socialismo (1917-1957). Tradução de João Alves dos Santos. Pgs. 382-385 Editorial Grijalbo, LTDA. São Paulo - 1960

Um comentário:

Anônimo disse...

Depois da Revolução comunista na China houve uma melhora nas relações entre China e Russia?!

http://legio-victrix.blogspot.com/2011/11/russia-e-china-um-conflito-iminente.html