Escândalo: mentiras do imperialismo são desmascaradas pelo Wikileaks
Por Cristiano Alves
Durante esta semana, no The New York Times, El País, Le Monde, The Guardian, BBC, RIA Novosti, só para citar os principais jornais do mundo, uma notícia teve lugar na primeira página, notícia essa que tem assustado muita gente muita ultimamente, que pode ser resumida em uma palavra: wikileaks.
Fundado por Julian Assange, o site, literalmente "wikivazamentos", se propunha a divulgar documentos classificados, secretos, sobre fatos que até então eram conhecidos apenas por movimentos progressistas, em prol da democracia social. Até a semana passada, alguém que acusasse os EUA de ser um Estado "imperialista", "intervencionista", que intervia nos assuntos internos de outros países, era tido como louco, como "conspiracionista", "anti-americano", "comunista" ou mesmo "terrorista". Com o surgimento do Wikileaks, veio a tona o que toda essa gente já sabia e vinha repetindo, isto é, que a maior ameaça à paz mundial são os Estados Unidos da América.
Com mais de centenas de milhares de documentos no site, o Wikileaks foi a principal fonte da qual beberam os principais jornais do mundo, notícias sobre tortura em Guantánamo, fuzilamentos em massa de civis no Iraque, espionagem contra outros países(inclusive o Brasil), coleta de dados(leia-se, espionagem) de presidenciáveis de outros países, inclusive de DNA, espionagem contra a Rússia, Brasil, Coréia do Sul, dentre vários outros países, além de atos de terrorismo. Este fato corresponde ao maior vazamento de arquivos secretos da história dos Estados Unidos. Segundo a versão oficial, os documentos teriam vazado com a ajuda do soldado Bradley Manning, de 22 anos, que teria descarregado vários documentos, contando com sua autorização para acesso ao sistema. Isso acabou levando à prisão do soldado, estando este atualmente em confinamento solitário, provavelmente vítima de tortura física e psicológica. Segundo o jornal The Washington Post, o soldado Manning teria sido chantageado, tendo lhe sido oferecido dinheiro para que se infiltrasse no Wikileaks, o que teria sido recusado. Se isto for verdade, este jovem soldado é sobretudo um soldado da verdade, contra a tirania e a opressão que os Estados Unidos impõe contra outros povos, tirania essa romantizada em filmes que apresentam o país dos gângsters e rapineiros como o "paladino da liberdade e da democracia".
Com o trabalho de Julian Assange, as sujeiras das operações americanas vieram à tona, já há até quem fale neste site como "divisor de águas na diplomacia americana", já que só nas duas últimas semanas chocou profundamente a forma como outros líderes e diplomatas olhavam para os EUA, inclusive merecendo reclamações enérgicas de Putin e Medvedev, da Rússia. Ainda um outro fato importante a respeito deste site, é que ele é um marco da história da internet, já que seu surgimento provocou forte impacto nas relações internacionais e serviu de "Meca cibernética" para a imprensa mundial, cada vez menos impressa e mais informatizada.
De fato, se há uma grande lição que o Wikileaks deixa, é que, para a frustração de todos os American lovers1 e idealistas do direito burguês, nos EUA existe censura. Não a censura como aquela feita pelos macacos de farda da América Latina, isto é, os ditadores que pretendendo agir "em nome da pátria" não passavam de fantoches de Washington formados pela vil Escola das Américas, mas sim uma censura cuidadosamente planejada e ativa que agora visa empreender a "busca e apreensão de Julian Assange". Num exemplo de como a Europa, continente antigo e cheio de cultura, é vassala de um país "borra-botas" com pouco mais dois séculos de existência, Julian Assange teve um pedido de asilo político negado na Suécia, país integrande da OTAN2 e, consequentemente, cúmplice das ações imperialistas dos EUA. Mesmo a legislação daquele país, generosa com denunciadores, falou mais alto que a lealdade da gerência nórdica ao imperialismo ianque, como bem colocado no jornal "A Nova Democracia"3.
Interessante lembrar que o país escandinavo chegou mesmo a emitir uma ordem de prisão contra Julian Assange, por suposto crime de "estupro", acusação essa que curiosamente só veio aparecer depois do escândalo revelado ao mundo pela Wikileaks. Nem mesmo os promotores suecos concordaram com essa acusação, havendo evidências de que na verdade este teria tido sexo, consensual, com duas mulheres, e a acusação ter surgido após uma saber da existência da outra. Enfim, as evidências levam a crer que há, na realidade, uma perseguição do governo sueco. Agora Julian, após repetidas ameaças contra sua vida, não dorme mais de 2 noites no mesmo local, paga suas despesas em dinheiro vivo, muda de aparência com frequência e planeja se refugiar na Suíça. O Equador, que havia oferecido incondicionalmente asilo político a Assange, retirou a oferta, possivelmente, por pressão de Washington.
Se Assange agora é caçado em todo o globo terrestre, quase sob o mesmo ímpeto da "caçada aos terroristas", os colaboradores da Wikileaks não estão em situação melhor, Jacob Applebaun, especialista em computação e voluntário do site, fora detido e interrogado em um aeroporto em Newark, no estado de Nova Jersey, nos EUA, tendo os documentos de seu laptop sido tomados e apagados por agentes secretos americanos, tudo isso durante três horas, medidas típicas da ditadura ianque.
Enfim, o que tudo isso revela, é que para os EUA, maior ditadura do continente americano, a liberdade de expressão é tolerável, desde que não fale mal do Império. O fato da Wikileaks ter sido apagada da rede mundial, num ato análogo ao da fogueira de livros na Alemanha nazista, é uma prova contundente disso. Agora os funcionários do imperialismo terão que trabalhar duro pensando em novas acusações contra Assange, pensando novos títulos de filmes que expõem um vilão devasso e simpatizante de terroristas, assim como oferecendo mais moedas aos seus marionetes e títeres de outras partes do mundo, para que estes irrelevem o conteúdo dos arquivos vazados do governo americano. Sendo um pouco mais fatalista, é de se esperar agora uma nova campanha militar contra um determinado país pequeno e fraco militarmente, por óbvio, para, com esta guerra, fazer os povos do mundo esquecer deste fiasco, preocupados com o novo "inimigo".
1- American lovers: Literalmente, "amantes de americanos". Indivíduos que ignoram os crimes do capitalismo cometidos pelos Estados Unidos, venerando o país e seus valores de forma incondicional. São comumente encontrados dentre as classes alta e média no Brasil, dentre professores universitários, profissionais liberais e jornalistas..
2- Organização do Tratado do Atlântico Norte: Aliança militar de cunho imperialista e terrorista. Mantém forças para-militares secretas criadas com o intuito de aterrorizar os povos de seus próprios países para culpar comunistas, forças essas formadas inclusive por nazistas veteranos, tendo sua existência sido revelada pelo parlamento da Itália nos anos 90, onde recebia o codinome de "Operação Gládio", e no livro "NATO's secret armies".
3- Imperialismo quer abater o Wikileaks. Artigo publicado em: http://www.anovademocracia.com.br/no-72/3183-imperialismo-quer-abater-o-wikileaks
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