AS ÚLTIMAS DO FINAL DE SEMANA
Desordem relacionada à violência no futebol russo transforma-se em manifestação neonazista
Por Cristiano Alves
Com fotos de: http://zyalt.livejournal.com/330396.html
Este dia de domingo ferveu em Moscou, embora o frio no país tenha se iniciado mais cedo do que o previsto. O fato é que intrigas a princípio relacionadas com gangues de torcedores de futebol acabaram rapidamente se convertendo em manifestação neonazista, gerando violência e tumulto.
Vândalos fazem saudação neonazista em manifestação em Moscou
Há algumas dezenas de anos atrás foi escrito um livro chamado "O arquipélago GULAG", livro este exaltado pela direita mundial como "a grande verdade sobre o comunismo comedor de criancinhas", escrito por um criminoso que logo no início do livro não esconde sua admiração pelos nazistas, manifestado em várias ocasiões sua simpatia ante o sofrimento "pobres vlassovistas1 e banderistas2", inclusive fazendo apologias, abertamente, de uma rebelião carcerária na Ásia Central organizada por nazistas. Hipocritamente, Alexander "So-lji-nytsin"3, a Radio Svoboda e a direita mundial apresentavam fascistas e criminosos comuns como "vítimas do comunismo", como "inocentes" e fazia tudo o possível para esconder seus crimes. Embora este papel pareça estranho, ante o fato de que Estados Unidos terem ludado contra a Alemanha nazista, é um fato que este país concedeu asilo a milhares de criminosos nazistas, empregou muitos, em detrimento do desemprego de milhões de americanos, e ainda financiou a Radio Svoboda, cujo diretor era o espião nazista Reinhard Gehler.
Indivíduo ataca miliciano do OMON, sofrendo imediata retaliação
Ocorre que com a contra-revolução de 1991, encabeçada por vândalos e fascistas, a Rússia retroagiu pelo menos 70 anos no tempo, transformando-se numa terra de magnatas, responsáveis pela expropriação da propriedade socialista, anteriormente pertencente aos trabalhadores e camponeses da Rússia, naquilo que o historiador Grover Furr descreveu como "o maior ato de expropriação da história da humanidade". Os acontecimentos de hoje em Moscou apenas dão uma mostra do retrocesso russo no tempo, depois de tanta desordem e guerra civil.
Cartaz solicita a matança de todos os caucasianos4, em razão da morte do torcedor russo, em briga de gangue
Há alguns dias atrás, a Rússia foi escolhida como a sede da Copa do Mundo de 2018, o que ligeiramente foi apontado por alguns como "um grande avanço" e certamente contabilizado pelo Kremlin como uma vitória política. Ocorre que, hoje, gangues neonazistas, disfarçadas de torcedores de futebol, provocaram ainda mais agitação e desordem na Rússia, em plena Praça Vermelha. É bem verdade que este tipo de atitude abominável é uma constante nos países capitalistas, entretanto costumam restringir aos estádios de futebol ou suas imediações, em alguns casos, estações de ônibus e de metrô onde encontram-se as ditas "torcidas organizadas", ao contrário do que houve hoje na Rússia, onde os vândalos encontraram-se em frente à sede do governo. Imagine o leitor um "quebra-quebra" entre polícia e hooligans5 em frente ao Palácio do Planalto, em frente à Casa Branca ou em frente ao Palácio de Buckingham.
Uma das reivindicações iniciais teria sido pedir justiça pelo assassinato de um torcedor russo que teria sido morto por gangues do Cáucaso, embora suspeitos já houvessem sido detidos. Ocorre que à manifestação juntaram-se grupos neonazistas, num evento que reuniu cerca 10 mil pessoas, segundo algumas fontes, até estes terem se agitado e gritado slogans neonazistas. Ainda, antes disso, ocorreram linchamentos racistas contra cidadãos oriundos do Cáucaso do Norte, provocando grande sensação de medo nesta comunidade. Fatos como este são uma repetição dos famosos "pogroms" que assolaram a Rússia em fins do século XIX e início do século XX, até cessarem com o estabelecimento do poder socialista no país, com a Revolução Russa de 1917, que condenou essas práticas, e a Constituição Soviética de 1936, a primeira da história da humanidade a criminalizar o racismo.
O culto da violência na Rússia tem sido intensificado desde a restauração capitalista no país. Segundo o livro "A CIA contra a URSS", de Nikolay Yakovlyev, Allan Dulles, ex-diretor da Agência Central de Inteligência6, elaborou uma série de diretrizes onde este reconhecia a impossibilidade de vencer a Rússia militarmente, surgerindo destruir todos os valores russos e minar sua confiança em seu governo através da promoção da pornografia, culto da violência e da promoção do ódio, no que ficou conhecido como "O plano de Dulles".
Até quando a Rússia continuará pagando por sua fraudulenta mudança de sistema? Quem ganha com um sistema que só trouxe liberdade para mafiosos, vândalos, neonazistas e inimigos do país de uma forma geral? Será que mais uma vez o Sr. Medvedev e seus comparsas também jogarão a culpa nas costas de Stalin? Até quando a sociedade russa irá tolerá a grande farsa chamada "democracia burguesa"? Quando este irá trocá-la pela "democracia socialista", rasgar a bandeira vlassovista e substituí-la pela bandeira vermelha da vitória?
Cidadão é linchado em desordem na capital russa
1- Vlassovistas é como são conhecidos os russos que, sob a liderança do desertor Andriey Vlassov, ex-general do Exército Vermelho, preferiu servir aos nazistas e assassinar o seu próprio povo, ao contrário do que fizeram a maioria dos russos, que estoicamente combateram o nazi-fascismo.
2- Banderistas é como são conhecidos os ucranianos que, sob a liderança de Stepan Bandera, conhecido nazista, optaram por trair seu próprio povo e país e juntar-se ao exército de Adolf Hitler, que era tido por estes como herói, constituindo inclusive um batalhão na Waffen SS, ao contrário do que fizeram os demais ucranianos, que resistiram aos nazistas inclusive através da guerra de guerrilhas.
3- Como é conhecido na Rússia o já falecido ex-presidiário Alexander Soljenítsyn, que era a favor da invasão hitlerisa ao seu próprio país e que nos anos 70, em entrevista à ABC News, defendia o colonialismo na África, que ceifou a vida de milhões de africanos e confinou outros milhares em campos de concentração, sob a alegação de que seriam uma "raça inferior". Reacionário incorrigível, recebeou o apelido de "Sol-lji-nytsin" na Rússia, sendo que a palavra "lji" significa "mentiras" em russo.
4- Caucasiano, na Rússia, refere-se aos imigrantes internos, que migraram do Cáucaso do Norte para grandes centros urbanos russos. São geralmente de etnias não-russas.
5- Hooligans: designação dada aos arruaceiros, vândalos e baderneiros, normalmente infiltrados em torcidas de futebol. A palavra é de origem irlandesa.
6- Agência Central de Inteligência: mais conhecida pela sua sigla, CIA, é uma agência americana versada em golpes de Estado, patrocínio de atividades ilícitas, contra-revoluções, tortura, violação dos Direitos Humanos, sabotagem e terrorismo contra países considerados inimigos e, não raro, mesmo contra aliados dos Estados Unidos.
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