terça-feira, março 11, 2014

CRISE UCRANIANA: 11 fatos que você não sabia sobre a Crimeia

Por Cristiano Alves

Tem sido alardeado na mídia ocidental a ideia de que "a Rússia está invadindo a Crimeia", ou, pior do que isso, que "a Rússia está invadindo a Ucrânia". Conheça nesse texto a verdade e alguns fatos que você não sabia sobre a Crimeia.


Parada militar conjunta entre fuzileiros navais ucranianos(esquerda da foto) e russos, no dia Da Marinha.

Muito se fala, na mídia ocidental, em "invasão russa da Crimeia". A Ucrânia chegou a informar na ONU sobre o desembarque de 16 mil militares russos na Crimeia, o que ocasionou verdadeira histeria russófoba e não tardaram aparecer comentários pedindo "a OTAN contra a Rússia" e mesmo o uso de armas nucleares contra esse país. Esses comentários, entretanto, são recheados de ignorância. Talvez esses russófobos ficariam desencantados ao descobrir que essa "invasão russa" começou há 15 anos atrás!

Mas a verdade, os fatos e mesmo informes diplomáticos foram sumariamente ignorados pela mídia de massa ocidental, sua "imprensa de guerra". O ministro exterior Sergey Lavrov já informou que a Rússia age em conformidade com documentos legais que permitem sua presença na Crimeia.

1) A Rússia está na Crimeia desde 1783, quando a cidade portuária de Sevastopol foi fundada pelo príncipe Grigoriy Potemkin, nos tempos de Catarina II, tzarina russa.

2) A península da Crimeia fazia parte da Rússia até 1954, quando Nikita Khruschev resolveu entregá-la aos ucranianos. Aliás, durante a Era Soviética a "oprimida Ucrânia" aumentou seu território três vezes. A primeira, nos tempos de Lenin, quando em meio à Guerra Civil partes da Ucrânia antes pertencentes a poloneses, alemães e franceses foram reconquistadas. A insistência de Trotsky em desobedecer às ordens de Lenin, entretanto, fez com que a Ucrânia perdesse terras entre o humilhante acordo de Brest-Litovsk. A segunda vez se deu nos tempos de Stalin, quando o líder soviético recuperou da Polônia, cujo Estado deixara de existir, a Ucrânia e a Bielorrússia ocidentais. A terceira vez se deu quando N. Khruschov determinou que a Crimeia fizesse parte da Ucrânia. Um tanto vantajoso para um país "oprimido", não? Alguém consegue imaginar os EUA fazendo o México ou a Guatemala aumentar de tamanho?

3) Em 1997 foi assinado entre a Rússia e Ucrânia um tratado que repartia as bases militares e navios na Crimeia. Ele foi ratificado pelo parlamento ucraniano em 1999. Nele a Rússia recebeu 81.7 por cento dos navios da frota de navios após pagar ao governo ucraniano 526.5 milhões de dólares.

4) O acordo firmado entre os dois países havia permitido à Rússia manter a Frota do Mar Negro na Crimeia até 2017. Em 2010, entretanto, o acordo foi estendido, permitindo aos russos ficar na Crimeia até 2042.

5) A cada ano, a Rússia perdoa 97.75 milhões da dívida ucraniana para usar as águas e a radiofrequência ucraniana, bem como para compensar o impacto ambiental.

6) A Marinha Russa pode ter:
- 25 mil tropas
- 24 sistemas de artilharia com o calibre menor do que 100mm
- 132 veículos blindados
- 22 aeronaves militares em território da Crimeia

7) Cinco unidades militares navais estão estacionadas no Porto da Crimeia, conforme as regras estabelecidas pelo tratado.

8) A Rússia tem duas bases aéreas na Crimeia, Kacha e Gvardeyskiy. A última base abriga o bombardeiro Su-24, a primeira recebeu nos últimos dias o helicóptero de ataque Mi-24.

9) As forças costeiras da Rússia tem cerca de 2000 fuzileiros navais integrando as bases da Crimeia, além do 1096 Regimento de Mísseis Anti-Aéreo.

10) Às forças navais russas é permitido empregar medidas de segurança de acordo com os procedimentos das Forças Armadas russas. 

Autoridades da República Ucraniana Autônoma da Crimeia, legitimados por intermédio de métodos de democracia direta, requisitaram a presença militar russa contra o autoproclamado governo de Kiev, ilegítimo, introduziu uma lei abolindo todas as línguas não ucranianas em circunstâncias oficiais.

Assim, na Rússia, foi autorizado pelos parlamentares, inclusive os comunistas, que o emprego das forças militares russas "até a estabilização da região".

11) O presidente legitimamente eleito da Ucrânia solicitou o emprego das forças militares russas. Ele foi deposto através de um golpe palaciano, com métodos coercitivos e mesmo a utilização de snipers contratados pela oposição, um fato reconhecido até pela União Europeia e principalmente pelo mais russófobo Estado dessa união, a Estônia, com o intuito de desacreditar o presidente Yanukovich.

A carta de Yanukovich, de autenticidade incontestável, foi lida na ONU por diplomatas russos. Aqui você encontra a leitura do documento legendada em português.

Conclusão: Constitui uma mentira falar em "invasão russa da Crimeia" quando todos os fatos apontam para a permissividade das tropas russas na região, assim como um pedido de autoridades ucranianas para a intervenção dessas em seu território, não contra uma "revolução", pois não houve "mudança", mas sim contra os desmandos de neonazistas que subiram ao poder por meio de um golpe palaciano reconhecido como tal inclusive por setores da mídia como a BBC.

No Brasil, dado o seu alinhamento com a CNN e a mídia de massa pró-americana, russófoba e anticomunista, tem sido feito um esforço propagandístico para apresentar as medidas tomadas pela Rússia como "invasão" ou mesmo "imperialismo". Ela faz ressoar a ideia de que "a comunidade internacional desaprova as medidas", comunidade internacional essa curiosamente omissa ante o genocídio de 2 milhões de iraquianos pelos Estados Unidos e a aniquilação de pessoas e cidades da Líbia pela OTAN.

Não se pode comparar as ações da Rússia com as dos EUA no Iraque e Afeganistão, pois diferente desses países, não apenas há dispositivos legais que autorizam as ações da Rússia, como também um pedido formal de autoridades ucranianas contra uma tirania bandero-fascista pró-OTAN!


Fontes:

Russia’s 25,000-troop allowance & other facts you may not know about Crimea. Artigo do Russia Today. Disponível em: http://rt.com/news/russian-troops-crimea-ukraine-816/ Acesso em 11/03/2014 às 13:07


Matéria do canal Lifenews. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=KH_2OWsSOK8 Acesso em 11/03/2014

2 comentários:

Professor Eduardo Lima disse...

Nazistas no poder - Conheça o Setor Direita: grupo radical que tomou o poder na Ucrânia

http://www.youtube.com/watch?v=YiaBaZ2PtaU&list=UUtFn3jO2qkdmhTt56ebNiYA

Felipe disse...

Cristiano, eu posso estar enganado, mas você não está achando que a Rússia é o "lado bom" dessa história. Devemos lembrar que a Rússia não é mais a URSS dos tempos de Lenin e Stalin, mas sim um país capitalista imperialista emergente. Eu vejo essa questão na Ucrânia mais como uma conflito entre 2 oligarquias (a pró-UE e a pró-russa).