segunda-feira, novembro 19, 2012

MUNDO: Um filho da Geórgia


Como o antigo jovem idealista de um pequeno país montanhoso do Cáucaso mudou o mundo e é lembrado até hoje pelos seus conterrâneos

Por Vladimir Tavares



"Eu sei que após a minha morte jogarão muito lixo sobre o meu túmulo, porém os ventos da história o removerão", dizia Iósif Vissarionovitch Stalin em 1943. Nascido numa pequena cidade da Geórgia, então uma mera província do Império Russo, Iósif Djugashvili logrou em arquitetar a construção do primeiro Estado de direito socialista da história da humanidade. Revolucionário caucasiano, Stalin foi em sua infância sapateiro, em sua juventude foi seminarista, poeta e empregado de um observatório, tornando-se aluno de Lenin e um dos líderes da Revolução Bolchevique de 1917. 

Busto de Stalin em Bedford, no D-Day Memorial, Estados Unidos. Dor de cabeça para os anticomunistas
Não há dúvidas de que Stalin é uma figura polêmica em todo o mundo, sendo visto positivamente na Rússia atual, tendo tido enorme respeito do povo armeno, especialmente aqueles espalhados ao redor do mundo após a diáspora que se seguiu ao Genocídio Armeno, na Turquia, Stalin tem grande respeito de populares georgianos, que o veem como um conterrâneo que elevou o nome do pequeno país e produziu transformações no mundo inteiro. Respeitado mundialmente pelo seu papel de líder da vitória antifascista, existindo bustos em sua homenagem até mesmo nos Estados Unidos da América, Stalin foi um símbolo para a luta internacional dos trabalhadores contra o sistema capitalista, um líder que colocou em prática as ideias de Lenin e aperfeiçoou o entendimento marxista acerca da questão nacional, de enorme contribuição para a luta contra o racismo. A opinião do povo georgiano acerca do revolucionário do Cáucaso é importante na compreensão de seu papel histórico.
I. V. Djugashvili(Stalin), então "Koba"
“Os estrangeiros sempre me perguntam: por que vocês não falam sobre o gulag? simplesmente respondo que não falamos sobre contos de fadas sobre Stalin.” Diz Olga Topchishvili, guia do museu de Stalin, ela insiste que “dizem que entre 15 e 40 milhões de pessoas foram mortas pelo regime de Stalin. Como eles podem perder 25 milhões de pessoas? Eu sou uma historiadora e quero fatos, não esses... contos de fadas.” Segundo Tatia Kopadze, estudante de 17 anos, “Stalin era cem vezes melhor do que o nosso atual presidente”, referindo-se a Mihail Saakashvili, herói da "Revolução Rósea" de 2003, pró-ocidente. Tamanho é o ocidentalismo de Saakashvili, que seu governo fez da Geórgia o único lugar do planeta onde há ruas com o nome de I. V. Stalin e George W. Bush, estas últimas enfrentando protestos de populares em 2005 em razão da mudança de seu batismo em homenagem ao déspota americano.

Compatriotas do líder soviético prestam-lhe homenagem
A história de Stalin foi recentemente contada em 2006 por uma novela em 40 episódios no formato "live", que mistura elementos fictícios com reais, similar a um documentário, que se passa a partir das recordações de Stalin sobre o seu passado, desde a infância até os seus últimos dias de vida. A novela, escrita por seu conterrâneo Nicka Kvizhinadze,  enfureceu periódicos anticomunistas ocidentais como o "Los Angeles Times" e impressionou ao público russo, admirado por tal conteúdo ter ido ao ar na TV. Uma das maiores contribuições do primeiro-ministro soviético, além da liderança na destruição do fascismo alemão, foi a criação da primeira constituição a criminalizar o racismo, em 1936, em tempos em que o capitalismo promovia a ideologia nefasta da eugenia e da inferioridade racial dos negros e outros povos.



A partir de 1:55, o então jovem seminarista Djugashvili, vivido pelo ator Levan Dzhibgashvili, georgiano, apresenta aos seus colegas as ideias de Jesus como revolucionárias, até a chegada do inspetor do seminário

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