quarta-feira, novembro 21, 2012

SOCIEDADE: Politicamente incorreto sexista em publicidade e propaganda


Exaltada no mundo socialista e ridicularizada no mundo capitalista, a mulher foi durante muito tempo uma das grandes vítimas do capitalismo, seja no plano físico ou ideológico. Este artigo provoca indignação em qualquer pessoa honesta e progressista, ao passo que é um verdadeiro colírio, uma massagem no ego dos amantes do "politicamente incorreto" capitalista. Ela demonstra o perigo das nefastas ideias conservadoras e do "liberalismo econômico".

Por Cristiano Alves

No mundo capitalista predominam os mais nefastos valores, racismo, sexismo, exploração do homem pelo homem e desprezo por ideias de libertação social. Sendo este mesmo mundo moldado por marqueteiros e publicitários, que ditam à população o que esta deve consumir, existe uma tendência em provocar, através da publicidade, os instintos mais primitivos que há na alma humana, e, para tal, utiliza-se uma série de recursos que fortalecem a ideologia capitalista e empurra-o às massas goela abaixo. 



A primeira tentativa de se construir uma alternativa a isso se deu com a Revolução Bolchevique de 1917, que tentou criou uma nova sociedade, onde a mulher era retratada da seguinte maneira:

O que a Revolução de Outubro deu às obreiras e campesinas(Atrás, bibliotecas, teatros, creches...), onde a mulher aparece altiva, criadora, com um martelo de operária na mão
"Glória ao povo soviético construtor do comunismo" (Observe o papel de destaque na mulher, junto a seus camaradas de diversas nacionalidades)

Sestrá(Irmã), quadro de M. Samsonov


Vale lembrar que no cinema soviético, que antes dos anos 60 era mais famoso e influente que Holywood, ao contrário de filmes que expunham a mulher como burra, interesseira e preocupada apenas com a beleza, encontrando em nomes como Marylin Monroe a perfeita atriz para o papel, o cinema soviético encontrou na também loira Lyubov Orlova o modelo para a nova mulher soviética - inteligente, criadora e sempre motivada para construir uma nova sociedade. O que muitas mulheres daquele mundo não sabiam, e o que muitas não sabem, é que nem sempre na sociedade capitalista a mulher teve participação, tendo muitas avós e bisavós suas convivido com uma história nefasta de terror físico e psicológico, de violência, em tempos sombrios em que as trabalhadoras de todo o mundo, especialmente dos Estados Unidos, eram abertamente comparadas a objetos descartáveis, a escravas subservientes e submissas, que deveriam obedecer se possível de quatro à vontade de seus senhores e mestres masculinos sob os princípios "sacrossantos" da moral burguesa:


- "É bom ter uma garota pela casa" (Clique para ampliar)




Ao contrário do que possa parecer, essa não é uma propaganda de tapetes, mas sim de calças "Mr. Leggs". Aqui o herói dos conservadores, anarco-libertários e toda sorte de amantes do "politicamente incorreto", em realidades fascistas enrustidos, pisoteia a cabeça de uma garota, a fim de mostrar aos "super-machões" como eles poderão fazer o que bem quiserem com uma garota ao usar as calças Mr. Leggs.


- "Sopre na cara dela e ela te seguirá para qualquer lugar"




Como se o tabagismo já não fosse em si um ato sujo, anti-higiênico e prejudicial à saúde, a publicidade dos cigarros Tipalet ainda incitam o homem(que no cartaz lembra ligeiramente William Boner) a soprá-lo na cara da mulher. Nota-se uma relação de passividade da garota, numa clara mensagem de que a mulher deve seguir os homens que consumem tal marca de cigarro.

Esta publicidade é uma prova material daquilo alegado no documentário "Zeitgeist: Seguindo adiante", onde um dos professores entrevistados menciona a falta de ética predominante no capitalismo, onde o "mérito" do executivo de uma indústria perigosamente nociva como a do cigarro, por exemplo, está tão somente no lucro. Não importa se milhões de pessoas terão problemas de saúde, o que importa é maximizar os lucros, o que tornará este executivo alguém de alta respeitabilidade social.


- "O chefe faz tudo, mas esposas existem para cozinhar!"




Esse cartaz de publicidade britânica demonstra abertamente e sem máscara o sexismo do mundo capitalista, onde a mulher é mais uma vez demonstrada numa posição subserviente. As letras pequenas dizem "Estou dando a minha esposa um Kenwood Chef"(a batedeira da foto), não por que este "admira a esposa", por que é "a mãe de seus filhos", seu "primeiro amor" ou algo parecido, mas por que "esposas existem para cozinhar".


- "Mostre a ela que o mundo é dos homens"





As "Camisas Van Heusen", para quem memória curta, são responsáveis por um outro anúncio igualmente nefasto e hediondo, mas com uma mensagem racista, denunciados no artigo "Politicamente incorreto racista em publicidade e propaganda". Daí, há uma reflexão a fazer sobre o papel dessa empresa. Considerando que na Alemanha, a Facção do Exército Vermelho, grupo revolucionário liderado por Anders Baader, Guldrun e Ulrike Meinhoff, incendiaram uma loja da burguesia alemã ocidental nos anos 60 e mesmo colocaram uma bomba num jornal de extrema-direita que difamava as lutas de classes no terceiro mundo, será que seria "crime" repetir o mesmo numa loja responsável pela disseminação de uma ideologia misógina e terrorista?

Depois de anúncios como este, ainda há quem pergunte o porquê de "feministas serem mau-humoradas".


- "Mantenha-a no lugar onde ela pertence"



Embora a imagem dispense comentários, há que ressaltar o apelo à luxúria feito anúncio, numa tentativa de despertar no consumidor seus instintos mais primitivos.


- "Se seu marido descobrir que você não está provando o café mais fresco..."


Anúncio comercial repassa uma ideologia misógina e terrorista, vivenciado por milhões de mulheres no mundo inteiro na sociedade capitalista "branca, cristã e de bem". Esse é o exemplo do "homem de bem" WASP(isto é, branco, anglo-saxão e protestante), exaltado pelo Ku Klux Klan e pelos valores consumistas dos Estados Unidos da América.

Esse cartaz é um retrato do regresso que a sociedade enfrentaria caso predominasse na economia e na sociedade os valores conservadores, as ideias de "liberalismo econômico" e o Estado fosse diminuto. Esse cartaz explica muito bem por que o olaviado, Instituto von Mises, católicos fervorosos e protestantes fanáticos tanto detestam o atual modelo de Estado; esse cartaz é um colírio para seus olhos.


- "Não se preocupe querida, você não queimou a cerveja"


Mais um cartaz que reforça o estereótipo de que a mulher é uma idiota subserviente útil apenas ao trabalho doméstico, ao passo que o homem é retratado de forma positiva. Esse mesmo papel da mulher como mera "dona de casa" era reforçado ainda na TV, em seriados como "Bewitched"(em português, A Feiticeira), de grande sucesso, embora a personagem aparecesse positivamente.


- "É pelo corpo que se reconhece a verdadeira negra"


Esse anúncio gerou enorme polêmica na comunidade negra, especialmente por mencionar termos como "corpo" e "verdadeira negra". Embora anúncios de cerveja sejam tradicionalmente sexistas, este fez questão de destacar o aspecto racial. As negras, entretanto, não são as únicas a serem "coisificadas" em anúncios de cerveja, pois como se vê logo abaixo, o termo "Vira Diversão" refere-se claramente à mulher loira, que ao homem acompanhado de uma namorada lhe parece mais atrativa, repassando o estereótipo de "concubina" com os seus "dotes" avantajados, aqui representada por Ellen Roche:



- "É sempre ilegal matar uma mulher?"


Embora a resposta a essa pergunta seja afirmativa, do ponto de vista jurídico(em legítima defesa, por exemplo), o anúncio tem um teor claramente sexista e misógino, onde um chefe masculino menciona, na carta, o quão idiota e apedeuta é sua secretária ruiva, que "não tem aptidões técnicas para uma máquina de imprimir selos como se a máquina fosse um avião cargueiro". É necessário reparar na expressão de fúria de seu chefe, enquanto o rapazinho usa a máquina com a devida aptidão e se ri da "ruiva burra".


- "Por que a inocência é mais sexy do que você imagina"


É comum que pessoas de direita adorem, antes de proferir seu discurso de ódio, evocarem o funk, o forró comercial, o sexo descompromissado em público, para mostrar "como os comunistas, a Escola de Frankfurt, o Marxismo Cultural, o Marxismo-Leninismo, o Fabianismo, o Gramcianismo..." tornaram o mundo um lugar pior, apresentando-nos um discurso moralista, como se fossem "paladinos da moral e dos bons costumes". O certo é que, como esse anúncio de publicidade comprova, o uso de temas como pedofilia e apelas à sexualidade sempre foram uma constante no mundo capitalista. Foi exatamente esse apelo à sexualidade que fez com que em tempos de plena ditadura fascista militar fosse produzido um filme com cenas de pedofilia, "Amor estranho".


- Conclusão

A moral burguesa é uma farsa que esconde debaixo do tapete os mais torpes e nefastos valores da sociedade capitalista, valores esses que abrangem uma ideologia terrorista, racista, sexista e de exaltação da exploração do homem pelo homem em nome do "sacrossanto" direito de propriedade, sendo algo que precisa e deve ser destruído e substituído através da ação da classe operária em torno do Partido Comunista. Publicidade como esta mostrada neste artigo foi, durante séculos, o combustível para a construção de uma sociedade intolerante, repressora, preconceituosa e falsamente moralista. É a ideologia de um sistema reacionário e terrorista. Aqueles que defendem a sua ideologia nefasta ou simplesmente com ela simpatizam são cúmplices morais de todos os seus crimes!

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