segunda-feira, janeiro 03, 2011

MUNDO

O significado da vitória de Alexander Lukashenko na República de Belarus
Por Cristiano Alves

                                         
Presidente A. Lukashenko, em uniforme de Comandante das FFAA bielorrussas, no dia 9 de maio

O presidente Alexander Lukashenko, da República de Belarus, inaugurou seu novo mandato neste ano de 2011, após derrotar a oposição nas eleições com 79% dos votos. Sua vitória representou uma conquista para os trabalhadores daquele país, que não sofre os efeitos da economia capitalista adotada nos países da ex-URSS. Belarus não é um país socialista, porém preservou muitas características da URSS e mantém uma economia em crescimento, embora ainda muito dependente da vizinha Rússia.

                  
                                                                         "Por uma Belarus para o povo"

Conhecida por suas ruas limpas, Belarus adota o lema segundo o qual "limpo não é o lugar onde se limpa, mas aquele onde não se suja", é um país do tamanho do Estado do Ceará e sua população é um pouco maior do que a do Estado de Pernambuco, com aproximadamente 10 milhões de habitantes, seu crescimento demográfico é similar ao de muitos países desenvolvido da Europa ocidental, a taxa de vida das mulheres é uma das mais altas da Europa Oriental, o país exporta produtos industrializados para a CEI e a União Européia, estando leite e batatas dentre estes, além de TVs e principalmente tratores. No país funciona o planejamento econômico estatal, embora exista um mercado no país, assim como o controle de importantes recursos minerais pela iniciativa privada. Também há companhias multinacionais no país, embora em pequena quantidade. Mais da metade dos empreendimentos econômicos são estatais. A educação e a saúde no país são gratuitos para a maioria da população. As ruas, além de limpas, são seguras e em Belarus, diferente do resto da Europa, não existem organizações abertamente fascistas ou neonazistas, uma vez que são proibidas por lei e caçadas pelo KGB, que ainda existe no país. A discriminação por motivos de etnia praticamente inexiste no país, inclusive sendo proibida por lei, assim como o analfabetismo. Na Bielorrússia todos tem moradia, inexistindo crianças de rua ou mendigos no país, diferente das demais ex-repúblicas soviéticas.

                             
 "Em Belarus e em Gomyel não há organizações racistas. Eles esperam por você na Ucrânia e na Rússia"

A importância política de Belarus se dá no ponto em que o povo deste país conseguiu banir da política os elementos entreguistas, que planejavam fazer no país as mesmas refrmas liberais de Yeltsin na Rússia ou Kuchma na Ucrânia, o que resultou numa catástrofe econômica e enorme prejuízo para os povos destes países, exceto para um reduzido grupo de oligarcas e cleptocratas destes países. Com a eleição de Lukashenko, em 1995, houve um forte combate à corrupção, o que praticamente a varreu do país. A forte política de segurança interna protegeu Belarus do tráfico de drogas, que mostrou-se tão forte em outros países da ex-URSS. Belarus, durante o governo de Lukashenko, também restaurou a bandeira usada nos tempos soviéticos, através de referendo, embora sem a foice e o martelo, seus símbolos e uniformes, além da planificação econômica e do sistema de fazendas coletivas. Quando diversos países ocidentais patrocinaram, no início da primeira década de 2000, aquilo que se conhecia por "revoluções coloridas", em realidade golpes de Estado, tais como a "revolução laranja" na Ucrânia e a "revolução rósea", na Geórgia, Lukashenko anunciou de pronto que "em Belarus não haverá outra revolução laranja", renunciando a todas as ofertas de mordomias e aposentadorias propostas por países ocidentais.

                       
 Yulia Nesterenko, recordistas que foi sensação dos jogos olímpicos de 2004, quando após 20 anos foi a primeira mulher branca e não americana a vencer a prova da corrida de 100 metros, ultrapassando a atleta jamaicana

Sendo Lukashenko o único líder do Leste Europeu e da ex-URSS que mantém uma política voltada para a satisfação das necessidades de seu povo, o presidente bielorrusso tem sofrido várias campanhas contra seu governo e sua pessoa por parte de jornais e governos ocidentais, que visam a todo custo submeter a República de Belarus e dela extrair mão de obra barata, assim como a rota de gás que passa pelo país, da Rússia para a Europa Ocidental. Sua submissão, ainda, possibilitaria ao ocidente implantar mísseis no país e bases da NATO, que são de extrema importância para os bombardeiros invisíveis da Força Aérea Americana(USAF), uma vez que estes não podem ser carregados por porta-aviões. A postura política da República de Belarus nas relações internacionais faz do país um bastião contra o imperialismo. Quando o país aceitou de pronto a proposta de hospedar mísseis russos, em resposta às ameaças dos EUA de instalar mísseis na Polônia, Codoleeza Rice, porta-voz autorizada da ditadura americana, chamou o país de "fortaleza da tirania", expressão que cai como uma luva na Casa Branca, onde trabalham seus companheiros facínoras, responsáveis pela eliminação de milhões de pessoas só no Iraque. Uma das mais vis medidas da União Européia contra Belarus foi o boicote aos produtos bielorrussos e a suspensão de vistos para os integrantes da BRSM(União da Juventude Republicana Bielorrussa), assim como o estabelecimento de entraves para cidadãos bielorrusos que desejassem viajar para outros países.

                   
                                        Militantes da BRSM

O fato é que Belarus é hoje um país livre e independente, apesar dos esforços da Radio Svoboda em difamá-la. Uma vez que Belarus tem uma política fortemente repressora quanto aos narcóticos e o álcool, assim como sendo o país isento de paradas com tendências ocidentais escandalosas e de movimentos neofascistas, há um movimento quase inexpressivo, mas significante, de oposição. Estes costumam carregar bandeiras da União Européia, uma vez que defendem o papel cúmplice de Belarus nos genocídios promovidos pela OTAN, assim como a bandeira usada por Belarus durante a ocupação fascista, branca com uma listra vermelha. Estes promovem a desordem pelo país e incitam os jovens à violência e à desordem, conforme verificado no dia da apuração eleitoral.

                                                    
           Turistas em visita à Linha Stalin, em Belarus

Assim como jovens brasileiros usaram-se da internet para promover o ódio racista e a desordem, alguns jovens bielorrussos promoveram um circo, pensando ter o sacrossanto direito de promover atos de vandalismo contra o patrimônio público, o que foi prontamente rechaçado pelo povo de Belarus e contido pelo OMON bielorrusso. A reivindicação da oposição era basicamente a mesma de todas as oposições mundiais, a de que o país "não era uma democracia", uma vez que seu candidato não triunfou. A oposição bielorrussa sempre foi um inimigo perigoso da liberdade e da democracia, uma vez que evoca a memória de colaboradores do nazismo e propõe a revisão a história, relativizando os crimes do fascismo, o que explica o fetichismo que estes mantém pelos EUA e pelas políticas genocidas da Organização do Tratado do Atlântico Norte. São títeres da Radio Svoboda e sua vitória representaria um enorme retrocesso nos direitos sociais alcançados pelo povo da República de Belarus, que optou por Alexander Grigorievich como seu governante por mais alguns anos.

                 
                               Defensores do país, em uniformes idênticos aos usados na URSS

De fato, assim como os avós dos bielorrussos foram um enorme obstáculo no caminho dos invasores nazistas, confrontando o inimigo através de guerrilhas de partizans, assim como opondo tenaz resistência na fortaleza heróica de Brest, a Belarus atual representa um enorme entrave no caminho belicista dos mentecaptos do imperialismo, assim como também é um sério problema para os oligarcas russos, que desejam fazer do país uma espécie de neocolônia para suas fortes corporações. Deste modo, Belarus segue num caminho independente com Alexander Lukashenko, devendo este evitar criar serpentes em sua casa, uma vez que estas podem trazer problemas, e buscar um caminho para reconduzir Belarus ao caminho mais amplo para a liberdade e a democracia, outrora já alcançadas plenamente no país.



Comentário em vídeo de Cristiano Alves sobre a oposição bielorrussa e seu papel reacionário (em russo)

2 comentários:

Alexandre Rosendo disse...

Poderíamos dizer que o que se aplica em Belarus, na prática, é um projeto nacional-desenvolvimentista, como está sendo feito em países como Venezuela ou Bolívia?

A Página Vermelha disse...

Exatamente, só que ao contrário destes países, Belarus já era um país desenvolvido, quando era a RSS da Bieorrússia, só que, ao contrário dos demais países, onde os trabalhadores perderam seus direitos sociais, emprego e moradia, isso quase aconteceu em Belarus, até Lukashenko ser eleito em 1995 e tirar o país dessa crise, mantendo muitas uma agenda similar àquela dos tempos da URSS, mas com grandes concessões à economia de mercado, uma vez que o país não tem recursos suficientes para construir o "socialismo em um só país", inclusive pelo fato de que o país está entre dois gigantes capitalistas, a Rússia e a UE.
Se os cleptocratas russos não jogassem tão duro com a Bielorrússia na questão do gás, certamente a economia do país teria um crescimento maior.