segunda-feira, janeiro 20, 2014

TEORIA: A social-democracia e o nazismo

Por Ludo Martens
Extraído de http://www.hist-socialismo.com/docs/UmOutroOlharStaline.pdf

Fragmento da obra do historiador marxista-leninista belga, médico humanista e antirracista Ludo Martens demonstra como a social-democracia europeia não apenas saudou o führer nazista Adolf Hitler, em sua visão um promotor da "paz e da justiça social", como colaborou intensivamente com este. Texto conforme o antigo português luso.


Quando ouvimos os sociais-democratas, os democratas-cristãos, os liberais e outros burgueses falarem do "terror absurdo" de Stáline, gostaríamos de lhes perguntar onde estavam eles e os seus semelhantes em 1940, quando os nazis ocuparam a Bélgica e a França. A grande maioria daqueles que, no nosso País, denunciaram a depuração de Stáline, apoiou activa ou passivamente o regime nazi desde a sua instalação. Quando os nazis ocuparam a Bélgica, Henri de Man, o presidente do Partido Socialista Belga, fez uma declaração oficial para felicitar Hitler, anunciando que a chegada das tropas hitlerianas significava "a libertação da classe operária"! 

No seu Manifesto de Junho de 1940, Henri de Man, em nome do Partido Operário Belga [assim se chamou o PSB até 1945], escreveu: "A guerra conduziu à derrocada do regime parlamentar e da plutocracia capitalista nas pretensas democracias. Para as classes trabalhadoras e para o socialismo, este desmoronamento de um mundo decrépito, longe de ser um desastre, é uma libertação. A via está livre para as duas causas que resumem as aspirações do povo: a paz e a justiça social."* 

Nos cursos de história somos matraqueados com todo o tipo de ataques mentirosos contra Stáline, mas não nos dizem que o presidente do Partido Socialista Belga, grande crítico da depuração stalinista, aclamou os nazis em Bruxelas! É um facto estabelecido que não só Henri de Man, mas também Achille Van Acker, futuro primeiro-ministro da Bélgica "democrática", colaboraram com os nazis desde a sua chegada a Bruxelas. Deste modo, pode-se compreender que tal gente considerasse a depuração organizada por Stáline como "criminosa" e "absurda". Eles, que se dispuseram a colaborar com os nazis, eram da mesma família que a maior parte das "vítimas da depuração". Também na França, a grande maioria dos parlamentares socialistas votou os plenos poderes a Pétain e ajudou assim a instaurar o regime colaboracionista de Vichy. 

Além disso, quando os nazis ocuparam a Bélgica, a resistência foi quase inexistente. Nas primeiras semanas e nos primeiros meses não houve resistência assinalável. Quase em bloco, a burguesia belga colaborou. E as grandes massas suportaram e aceitaram passivamente a ocupação. O francês Henri Amouroux escreveu um livro intitulado Quarenta Milhões de Petanistas.

Façamos a comparação com a União Soviética. Desde que os nazis puseram os pés no território soviético, tiveram pela frente militares e civis decididos a lutar até à morte. A depuração foi acompanhada de uma campanha permanente de preparação política e ideológica dos trabalhadores para a guerra de resistência. A vigilância antinazi foi a base desta campanha. No seu livro sobre os Urais, o engenheiro americano Scott descreve como esta campanha política se desenvolveu nas fábricas de Magnitogorsk. Relata-nos como o Partido explicava a situação mundial aos operários, nos jornais, nas conferências, através de filmes e de peças de teatro. Fala-nos do impacto profundo que esta educação produziu nos operários. 

Foi graças, entre outras coisas, à campanha de depuração e à educação que a acompanhou que o povo soviético encontrou forças para resistir. Se não tivesse havido essa vontade feroz de se opor por todos os meios aos nazis, é evidente que os fascistas teriam tomado Leningrado, Moscovo e Stalingrado. Se a quinta coluna nazi tivesse sobrevivido, teria encontrado apoio entre os derrotistas e os capitulacionistas do Partido. 

Uma vez a direcção stalinista derrotada, a URSS teria capitulado, como o fez a França. Uma vitória dos nazis na União Soviética teria imediatamente criado condições para que a tendência pró-nazi no seio da burguesia inglesa, sempre muito poderosa, se impusesse ao grupo de Churchill após a saída de Chamberlain. Os nazis teriam provavelmente dominado o mundo. 

* Henri De Man, Après coup, Ed. De la Toison d’or, Bruxelles, 1941, p. 319

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