quinta-feira, abril 24, 2014

SOCIEDADE: Sobre Olavo de Carvalho e os "pobres de direita"

Por Augusto César Mazdaki



Muitas pessoas, em nosso meio, juntam-se à reação conservadora por nojo ao pós-modernismo e ao liberalismo que definem a "esquerda do bem", essa esquerda cor-de-rosa, que coloca pautas movimentistas de cunho liberal e individualista, tais como as Marchas da Maconha, Gay e das Vadias acima e à frente do contexto da luta de classes e que, além de tudo, monopoliza, junto à direita — esta, sim, variada, dinâmica e bem orientada no tocante aos seus objetivos de classe — a cena política no país.

A essa "esquerda-puteiro", de inspiração liberal, parisiense e sessenta-e-oitista corresponde — e é, por esta correspondente, derrotada facilmente, diga-se de passagem — uma direita aguerrida, combativa, violenta, obstinada e com vontade férrea — e, mais ainda, monolítica, ainda que os diversos setores pareçam divergir diametralmente em seu ethos e suas concepções da sociedade e visão de mundo.

Falta, sim, uma esquerda combativa. A essa esquerda parisiense, frouxa, bunda-mole e conciliadora — e não raramente antagônica em relação aos interesses dos próprios trabalhadores enquanto classe —, bem como às direitas liberal e conservadora, devemos contrapor uma esquerda "russa": igualmente aguerrida, combativa, violenta e obstinada e dotada de uma vontade férrea, igual ou superior àquela dos nossos antagonistas. Moradores de favelas que constroem barricadas e as incendeiam em vias públicas, professores que confrontam a polícia porca e reacionária e camponeses que se armam com espingardas de caça para enfrentar jagunços bem armados a soldo do latifúndio são exemplos da classe que pretendemos representar; suas ações e sua combatividade deve servir de guia moral para nós, ao passo que nós devemos educá-los politicamente para que esta combatividade seja canalizada corretamente em forma e conteúdo. O ethos do proletariado é o que deve servir de guia moral à esquerda. Não precisamos do liberalismo, da filantropia e do conciliacionismo da esquerda radical-chic cor-de-rosa.

Devemos ensinar o proletariado e, ao mesmo tempo, aprender dele.

E temos muito o que aprender.

Um comentário:

Renan disse...

Молодец!Какая же хорошая статья!Поздравляю тебя,товарищ!