O dia 31 de março poderia ter sido só mais um dia de aula na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, até que um professor começa a se vangloriar de falar inglês, francês, italiano e espanhol, mas com tanta literatura precisou ler uma tradução para o português. Nessa tradução, o professor, um anticomunista fervoroso, começa a manifestar um verdadeiro frenesi ao falar com todo desprezo e ódio pelo "comunismo esquerdista totalitário", a fim de iniciar uma verdadeira ode à tirania fascista implantada em 1964, até ter uma reação inesperada(veja o vídeo no final do artigo).
O docente, identificado como professor de direito administrativo Eduardo Lobo Botelho Gualazzi, distribuíra alguns dias antes folhetins elogiando o golpe de 64, que derrubou o presidente democraticamente eleito João Goulart(vice de Jânio Quadros). Segundo o seu próprio panfleto, o docente se define politicamente: "Durante minha infância/adolescência, consolidei em silêncio minha opção íntima pelo seguinte perfil de personalidade, em ordem alfabética: a) aristocratismo; b) burguesismo; c) capitalismo; d) direitismo; e) euro-brasilidade; f) família; g) individualismo; h) liberalismo; i) música erudita; j) panamericanismo; k) propriedade privada; l) tradição judaico-cristã. Nos tempos atuais, mantenho em meu íntimo, de modo pétreo, as doze opções da minha infância/adolescência"
Após iniciar seu discurso, repentinamente alunos simularam gritos de tortura e irromperam na sala de aula cantando "podem me bater, podem me prender, mas eu não mudo de opinião", fazendo com que o professor, desarmado e sem argumentos, apelasse para a baixaria, partindo para a agressão física contra os alunos, tentando arrancar seus capuzes e mesmo ameaçando um dos alunos, "quer apanhar!?", após um desses impedi-lo de retirar seu capuz, usado em sátira aos algozes e açougueiros da tirania fascista de direita que por muitos anos oprimiu os trabalhadores e lobotomizou o povo brasileiro, institucionalizou a corrupção, afundou a economia nacional, transformou em avental de açougueiro o uniforme militar do Exército Brasileiro, único exército latino-americano que combateu o fascismo alemão, e lobotomizou o povo brasileiro, destruindo sua produção artístico-cultural, reduzindo o cinema à "Pornochanchada", uma vez que a Embrafilmes pertencia ao Estado ditatorial, e rebaixando o Brasil à condição de "pátria do futebol e da bunda", incentivando, inclusive, o turismo sexual.
"É assim que os comunistas respeitam a opinião dos outros ? entrando à força e tocando o terror numa sala de aula ??? desrespeitando a autoridade do Professor ? E se fosse o inverso, se os de direita fizessem isso com os marxistas, hein ? seria tolerado da mesma forma ??? É claro que não, né ? comunistas são assim: um peso duas medidas..."
O que o usuário não sabe(ou finge que não), é que se fosse o inverso o ato não apenas seria tolerado, como rapidamente viraria celebridade nacional, como aconteceu em Santa Catarina com um professor que sequer era marxista, que após passar um trabalho sobre Marx, no curso de economia, foi hostilizado por um aluno que rapidamente ganhou odes na revista de extrema-direita Veja. O usuário não sabe(ou finge que não) que em Minas Gerais um curso sobre ideias marxistas-leninistas foi interditado judicialmente por ser considerado "doutrinação comunista". O Brasil tem muitos professores comunistas, mas nenhum deles é tão exaltado na mídia de massa quanto aqueles que chamam países de "insignificantes" e que espinafram movimentos sociais, ideias progressistas e se julgam no dever de promover com uma cruzada histérica contra um "comunismo malvado e assassino", tal como os malévolos do Ku Klux Klan!
O que qualquer apologista de tiranos direitóides não sabe(ou finge não saber) é que o Brasil é o único país latino-americano que não puniu torturadores, é que no Brasil temos grandes avenidas, escolas e estabelecimentos bancados com o dinheiro do contribuinte que ostentam nomes de tiranos, e que até mesmo foi erigido um mausoléu para o líder "revolucionário" de 64, o Marechal Castelo Branco, um mausoléu que a população repudia, não raro homenageando e dessacrando com pedras, ovos, cuspe e até dejetos de cachorros, enquanto o Mausoléu de Lenin recebe, mesmo sob o inverno congelante da Rússia, milhares de buquês de flores! Papaguear tiranias fascistas numa sala de aula no Brasil é como dizer numa sala de aula israelense que "os nazistas só queriam salvar a Alemanha do bolchevismo assassino", ou numa sala de aula russa que "a SS só queria livrar o país de Stalin e do bolchevismo".
A ação dos estudantes, antifascista e à favor da democracia, faz ecoar as ideias daquele que foi por muitos intelectuais de seu tempo tido como figura máxima da vitória sobre o fascismo e grande campeão da paz, Iósif Stalin. Este, discorrendo sobre o fascismo em entrevista ao escritor britânico H. G. Wells, autor de "A guerra dos mundos", disse:
"O fascismo é uma força reacionária que tenta preservar, por meio da violência, o velho mundo. Que farão os senhores com os fascistas? Discutirão com eles? Tratarão de convencê-los? Isso não teria, absolutamente, nenhum efeito. Os comunistas não idealizam, em absoluto, os métodos violentos, não querem, porém, ser apanhados de surpresa; [...] e, por isso, dizem à classe operária: Preparem-se para responder com violência à violência..."
Deste modo, a ação dos estudantes não pode ser jamais equiparada a uma "ação fascista", ou "desrespeitosa", uma vez que ela, absolutamente, não visa a preservação do velho mundo, mas à construção de um novo. Sua ação demonstra a atualidade e vitalidade da teoria revolucionária de Lenin e Stalin, e demonstra que qualquer manifestação de fascismo é impassível de debate, ela requer o combate e a denúncia!
Parabéns aos estudantes de direito da Faculdade de Direito do Largo São Francisco!
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