segunda-feira, setembro 26, 2011

CULTURA

Cantemos a canção (coletânea)


"Cantemos a canção" é uma canção húngara que reúne trechos de várias canções revolucionárias de outros países e a canção de Florián Geyer, famoso cavaleiro alemão que liderou os camponeses numa revolta contra a nobreza. Os húngaros têm uma importante tradição musical herdada desde os tempos de Bhrams, destaca-se em suas canções o uso do violino e do violoncelo. Com o estabelecimento da República Popular, a Hungria promoveu a cultura, antes privilégio das elites, para as massas, trazendo ao povo trabalhador lindas canções sobre a sua luta, sobre a Revolução que tornou a Hungria uma República Soviética efêmera em 1919, sobre a sua libertação pelas tropas do Exército Vermelho e sobre o internacionalismo e o proletariado. A maestria utilizada na composição e execução dessas belas canções, a força e a graça de sua letras, admiradas até mesmo pelos anticomunistas, são uma prova material da superioridade da cultura socialista e do ideal comunista.

Acompanhe a canção, reproduzida no Canal da Vitória (The Victory Channel) organizada pelo maestro Pasti Miklós, presente no CD "Best of communism" e a sua letra traduzida do húngaro para o inglês por Kristoballit e do inglês para o português por Cristiano Alves:





1ª canção - Bunkócska* (versão húngara da canção soviética "Dubinushka") 

Nunca ouvi uma canção tão linda
como a que ouvi quando criança.
Ela atinge meu coração, esta bela e velha canção,
e minhas lágrimas vêm de imediato.

Minhas lágrimas vêm de imediato.

2ª canção: Bécsi munkásinduló (A marcha dos trabalhadores de Viena)

Passos dos exércitos de trabalhadores são ouvidos,
cantos rebeldes que alcançam os céus,
a luz da alvorada irradia o mundo,
mãos dadas e ombros lado a lado.

Voe, ardente bandeira flamejante,
lidere-nos na noite das noites,
lidere-nos na luta, na dificuldade,
você pinta o púrpura da alvorada.

Coral masculino:

Voe, ardente bandeira flamejante,
lidere-nos na noite das noites,
lidere-nos na luta, na dificuldade,
você pinta o púrpura da alvorada.

Coral feminino:

A nossa canção voa, alcança os céus,
atados estão os punhos dos trabalhadores,
as algemas quebram nas mãos daqueles que trazem a luz,
a chama queima, mas hoje não há quem a espalhe.

Seja você o que espalha a chama,
e derruba os muros, oh bravo!

Coral feminino:

Sejamos os verdadeiros soldados da nova ordem,
Então estaremos no topo, vitoriosos.

Seja você o que espalha a chama,
e derruba os muros, oh bravo!


Coral feminino:

Sejamos os verdadeiros soldados da nova ordem,
Então estaremos no topo, vitoriosos.


3ª canção: Zengjük a dalt (Cantemos a canção)

Cantemos a canção cheios de alegria,
a alvorada pinta o céu rubro como o sangue,
o coração da Terra bate, o povo se levanta,
seus pés sentem-se novos ao andar.


Coral masculino:

Venham em milhares, juntem-se ao exército,
suas espadas nunca se enferrujarão,
mas afaste as barreiras, abra um novo caminho
para varrer os opressores burgueses.



Coral feminino:



Esta grande ideologia está numa tempestade de perigos,
temos que protegê-la, salvá-la, bravamente,
com a arma nas mãos e a canção nos lábios,
o triunfo será nosso.

O triunfo será nosso.

4ª canção: Geyer Flórián dala (A canção de Florian Geyer)

No início da criação da mundo, ey-hay, ey-ho!
Não havia o pobre e nem o rico, ey-hay, ey-ho!
Nós os povos do mundo, ey-hay, ey-ho!
Não deixaremos mais você ser oprimido, ey-hay, ey-ho!

Coral: × 2

Venha, ataque com a lança e espada,
Lidere o ataque dos camponeses.

Ey, hay, ey-ho!

Nossa luta não carece de um bom líder, ey-hay, ey-ho!
Nos lidera Geyer Florian, ey-hay, ey-ho!

Coral × 2

Ey, hay, ey-ho!

5ª canção: Elől járunk a harcban (Somos a cabeça da linha)

Encabeçamos a linha de batalha,
E atacamos bravamente,
Somos a guarda jovem,
Sem piedade para ninguém.
Trabalhando o dia inteiro,
E quase morrendo de fome,
Mas as nossas mãos calejadas
Já estão segurando armas!
 
Mas as nossas mãos calejadas
Já estão segurando armas!

A guarda está pronta
Para a luta de glasses,
Dificuldades e morte,
Não nos faz recuar!
A nossa tortura acabou,
Não mais sustentaremos,
A príncipes e barões,
Lembre-se, proletários!
A príncipes e barões,
lembre-se, proletário!

6ª canção: A kovácsok (Os ferreiros - canção revolucionária russa)

Nós somos os ferreiros, a chave para o futuro
estivemos forjando há muito tempo,
Venha e torne-se nosso camarada,
nosso trabalho será necessário por muito tempo!

Nós produzimos o arco e quebramos a corrente,
uma peça a cada dia,
o povo ainda dorme, mas o acordaremos,
nós libertaremos todos os escravos!

Faíscas estão saindo, as rochas estão quebrando,
para aqueles que não se abateram,
nós não temos qualquer descanso ou atraso,
o mundo inteiro é a nossa oficina.

Então venham todos os ferreiros,
deixe o povo testemunhar o poder dos martelos,
Deixe o lindo futuro nascer
para todos os proletários!

7ª canção: Bunkócska (2ª parte)

Esta canção passou dos avós para os netos,
e seu legado também ficou para os netos.
Se você tem um grande problema, nunca se esqueça
de que existe a "bunkócska"1, milhares dela!

Ei, minha querida "bunkócska",
ei, ramo de uma árvore saudável,
ajude, querida!


1- "Bunkócska" é um tipo de cajado usado em longas viagens que tem um dos lados pesados e redondos, podendo ser usado como maça, arma medieval. No ocidente desenvolveram-se alguns estilos marciais baseados nesta arma, especialmente na Irlanda.

segunda-feira, setembro 05, 2011

MUNDO

A Líbia bombardeada, a libido e o vírus
Por Cristiano Alves

"A Líbia bombardeada, a libido e o vírus", assim iniciava-se uma famosa canção dos Engenheiros do Hawaii dos anos 80 e termina aquele país mais de 20 anos depois. Vinte anos é o tempo que a Líbia tem enfrentado os mais facínoras Estados do mundo atual, seja através de bombardeios, sanções econômicas, atos terroristas e novamente bombardeios.

A idéia das "bombas humanitárias" é o norte da política dos países membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte. Consiste num erro associar a idéia de "imperialismo" somente aos Estados Unidos, acreditar que o "imperialismo americano" é a raiz de todos os problemas do mundo, esquecendo-se do "imperialismo alemão", "imperialismo espanhol", "imperialismo francês", "imperialismo britânico", dentre outros países que, partindo da idéia racista de que este ou aquele povo é "inferior demais para cuidar de seu próprio destino", então deve-se efetuar uma invasão militar ou patrocinar para-militares para fazer todo o trabalho(ou ainda empregar os mercenários de companhias privadas de segurança, como os Blackwaters). Não importa o quão socialmente seja desenvolvido o país ou quão democrática tenha sido a sua revolução ou eleição, a União Européia e os seus capangas da OTAN sempre enxergam nesse ou naquele líder que não vive aos seus pés um "ditador sanguinário", visão essa que jamais atribuem a seus aliados que mantém o seu povo na miséria e na opressão fundamentalista, como a Arábia Saudita, onde há até decapitação por crime de... feitiçaria.

A Europa ocidental manteve sempre um modelo de enriquecimento baseado no empobrecimento alheio, não raramente buscando os mais humilhantes meios para isso, e o "Zoológico de seres humanos", no qual ficavam confinados presos congoleses na Bélgica, é uma prova disso. A destruição de civilizações como a dos maias, astecas, incas, o extermínio dos povos herero são uma prova de que não há limites para a ganância européia, onde a vida de qualquer "povo inferior" é como a de insetos desprezíveis que podem ser esmagados a qualquer custo para encher os bolsos dessa ou daquela companhia. O jogo é bem simples, primeiro destrói-se tudo para que depois companhias privadas façam o trabalho de reconstrução, com enormes lucros e posando de "bons humanistas". 

Os "bombardeios humanitários" são uma prova da preocupação da OTAN com a liberdade e a democracia, termo que para ela e seus simpatizantes liberais e sociais-democratas não passam de onanismo ideológico.
MUNDO

Полковника никто не пишет (RUS)
Кристиано Лима

"В большие города пустые поезда, в которых никогда ты раньше не бывал", так начиналась знаменитная песня группа БИ-2 от 90-x, и такими в конце концов становятся города во странах со многими нефта, которые не живут на коленях перёд тиранами нашего мира.

Эти тираны считают, что у них есть права "научить другие народы как они должны бы жить", во всех странах в которых лидеры не предают своего народа, в которых много нефти, золота, серебра и другие ресурсы, они найдут своего "кровового диктатора". Так было с народами майя, ацтеками, инками, великие цилизации были уничтожены ради испанских аристократов. Сегодня бомбардируется Ливия, но не только сегодня... В детстве была знаменитная песня "Энженейрос до Аваи"(бразильский БИ-2, то есть, другая группа которая появилась в 80-х под вдохновлённая группой "The Police"), уже сказала в песне "Аливио де имедиато": "бомбардируемая Ливия, либидо и вирус".

Если раньше в Ливии был Полковник и первый ИРЧП Африки, сейчас просто "пустые города, пустые поезда" ради США и Европейского Союза. Это всегда легко стать богатым за счёт уничтожение и воровства других народов, это был главный рецепт развития западной Европы, давно уже. Раньше они уничтожали всё, что могли, сегодня военные и наёмники всё взрывают, а строительные фирмы почти всего перестроят, не забудем, конечно, роль банков. Это урок свободы и демократии. 
MUNDO


A democracia chega na Líbia (vídeo)

Veja chegada triunfante da "democracia" na Líbia, sob auspícios da OTAN, no país que até antes da invasão mantinha os melhores índices de IDH na África:

sexta-feira, setembro 02, 2011

BRASIL

Manifestantes em Teresina conseguem derrubar medidas impopulares do prefeito da capital
Por Cristiano Alves

Contando com participantes de Teresina, Timon, Fortaleza e outras cidades, manifestações em Teresina conseguem revogar as medidas impopulares do prefeito da capital, obrigando-o a baixar o preço da passagem e revisar o valor da passagem municipal. As ações foram promovidas na rua e na internet, fechando cruzamentos importantes da capital piauiense e hackeando sites do SETUT, o Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Teresina, e do Diário Oficial do Piauí. As redes sociais Twitter, Facebook e Orkut foram usadas para convocar a manifestação.


Foto: Deco Lira

Após uma forte campanha que retratou os manifestantes como vândalos e arruaceiros, estes resolveram levar flores para as autoridades policiais, como fazem estes na foto, entregando uma rosa ao oficial da cavalaria da PM-PI e frustrando as tentativas das autoridades locais de conseguir uma justificativa para reprimir vilentamente o movimento na sexta-feira

PIAUÍ

E eles dizem que o protesto é violento...
Por Cristiano Alves

Protestos explodem pela capital teresinense e despertam a fúria da elite local. Jornais demonizam as manifestações da massa sofrida, imolada por um calor de mais de 40 graus, e agora chamam-nos de terroristas, mas será que as acusações de jornalistas desesperados fazem algum sentido?


Populares na escadaria da Prefeitura Municipal de Teresina
 
Ao longo da história, conforme demonstrado em várias obras a respeito, ficou constatado que o diálogo nunca resolveu nada, ao menos no que diz respeito a reivindicações de cunho social. Manifestações e revoltas ocorrem desde a antiguidade, especialmente na Roma antiga, onde a plebe miserável trabalhava incansavelmente para sustentar os privilégios de classe dos "patrícios", os únicos que tinham voz no senado. A tentativa pacífica dos tribunos Caio e Tibério Graco, representantes legítimos da plebe, de realizar uma reforma agrária que beneficiasse o proletariado romano, isto é, a classe daqueles que produziam, levou ao assassinato de Tibério e à decapitação dos partidários de Caio Graco, que foi perseguido até pedir que o matassem. A revolta de Spartacus contra as condições abusivas da plebe de Roma levou à crucificação deste e de quase todos os seus partidários na Via Ápia, principal avenida romana.

Florian Geyer, nobre e cavaleiro que liderou a revolta dos camponeses contra a própria nobreza na Alemanha, no século XVI

As classes dominantes não abrem mão de seus privilégios facilmente, a luta pelo direito sempre foi marcada por protestos e muito frequentemente pela luta física, revoltas na Roma antiga, no Império Bizantino podiam assumir diferentes proporções, mas sempre tendo um fundo social, como a revolta de Nika, que em muita coisa lembra as cenas que se vê em metrópoles como Fortaleza ou São Paulo, onde torcedores agitados, muitas vezes desempregados, vêem em brigas de torcida uma válvula de escape para uma situação de miséria. Isso não implica dizer que todos os torcedores daquele time são "vândalos". No Piauí, manifestantes são apresentados como vândalos em razão da ação da massa sofrida e ignorada, sem voz no poder, o mais pacífico dos manifestantes apresentado como um "baderneiro, arruaceiro, bandido" e agora até mesmo terrorista, segundo Pádua Araújo, mais um farsante que brinca com os sentimentos de justiça do povo ao meio-dia, vivendo às custas da ignorância alheia e atiçando nas massas ideologias de ódio, chegando ao extremo de clamar pelo "Estado de Sítio". Não sabe este ignóbil que a Constituição da República Federativa do Brasil tem regras específicas para a decretação do Estado de Sítio (1), e se este ao menos uma vez na vida se desse ao trabalho de ler a revista da Agência Brasileira de Inteligência(ABIN), saberia que há uma série de critérios para designar uma "organização terrorista". Uma de suas edições define, por exemplo, que existe uma diferença entre "movimento revolucionário ou social", "organização criminosa" e "organização terrorista", todas podem se usar de ações terroristas, o que não as caracteriza necessariamente como "organização terrorista". (2)

Pintura de uma cena não rara da Revolução Francesa, uma cabeça decapitada de um aristocrata é exibida em público. A Revolução Francesa garantiu os direitos em vigor na maioria dos países civilizados, tais como o de liberdade
Alguns reacionários de plantão da capital piauiense falam em "guerra civil promovida pelos estudantes". Desconhece-se o que esses indivíduos aprendiam em aulas de história, se é que as frequentavam(e talvez o fato de terem vivido uma ditadura fascista militar agrave o quadro), porém se estes tivessem ao menos estudado um pouco sobre a Revolução Francesa, a Revolução Russa e a vizinha Revolução Cubana jamais se atreveriam a proferir tamanho impropério pelas ruas. É esse mesmo universo de analfabetos políticos que vê no manifestante um "bandido", que acha(enfatize-se acha, e não "pensa") que é o "fim do mundo", ou melhor, o "fim do Piauí", pelo fato da população não estar mais de braços cruzados assistindo a tudo passivamente. Passou-se o tempo de assistir a tudo, passou-se o tempo dos "protestos pacíficos", que mesmo tendo sido promovidos em meses anteriores não surtiram efeito. Passou-se o tempo de acreditar no que dizem os jornais teresinenses como "O Dia", que trabalham dia e noite na demonização de um movimento de caráter social. Será que os infames donos desse jornal sabem que nos anos 60, na Alemanha, uma bomba foi colocada na sede do jornal Springer, um inútil jornal reacionário conhecido por demonizar os movimentos sociais e as lutas dos povos do terceiro-mundo? Toda ação corresponde a uma reação, ensinamento elementar que vem primeiramente não de aulas de história, geografia ou filosofia, mas de aulas de ciência, de química, física, ciências exatas. A Prefeitura Municipal de Teresina, teleguiada pelos empresários que financiaram os seus gestores, dentre os quais o prefeito Elmano Ferrer, promove medidas anti-populares que provocam as massas da capital, seja ela de estudantes, de trabalhadores, comerciantes, dentre outros. O estudante, diferente do trabalhador, goza da imunidade às perseguições dos patrões, estando estes últimos sempre prontos para demitir este ou aquele trabalhador por "promover arruaça", "por ser um agitador comunista". É triste o destino daquele que fica "queimado" no mercado de trabalho por participar de movimentos de reivindicação social, esta é a pior censura e o mais desavergonhado estupro aos princípios da Constituição da RFB, é a fogueira profana de uma nova inquisição secular e capitalista, reacionária e anti-popular, que identifica no manifestante uma persona non grata para o mercado de trabalho, que passa a representar para a sociedade teresinense o mesmo que um leproso na Idade Média. Afinal, quem contrataria um "vagabundo que participa de baderna e não quer trabalhar", o "baderneiro", o "demônio comunista" em uma loja, colégio ou fábrica? Isso explica por que os estudantes compõem o grosso da manifestação.

Cena da Revolução Russa, onde seus líderes instruem os operários, camponeses e soldados a derrubarem o poder do tzar, o antigo soberano da Rússia. A Revolução Russa originou muitos dos chamados "Direitos Constitucionais de 3ª geração", tendo também criado a primeira Constituição da história do homem a criminalizar a discriminação racial
Muitos espantam-se com o novo acordar das massas de Teresina, acham que "isso é uma maldição que só acontece no Brasil", esquecendo-se das lutas populares em Londres e em Santiago do Chile, nos dias atuais, esquecendo-se de lutas passadas na Alemanha Ocidental, nos anos 60, dirigidas pela carismática Fração do Exército Vermelho(RAF), que e acordo com estudos do Instituto Allensbacher contava com o apoio de 23% dos jovens alemães, isto é, mais de 7 milhões de pessoas. A ação destes jovens, que muitas vezes foram obrigados a recorrer à luta armada pelas autoridades alemãs, impediu que o país assistisse a uma ressurreição do nazismo naquele país. No Brasil, a luta pelos direitos sociais, contra a ditadura dos latifundiários e empresários(injustamente atribuída exclusivamente aos militares), levou à redemocratização do país, no curso dessa luta, nem sempre as ações foram pacíficas, afinal, uma luta por direitos sociais não é como ir a um coquetel ou participar de um jantar de gala. Mas comparada às bombas, extensivamente usadas na Europa do século XIX, à Revolução Francesa, que cortou a cabeça de reis e aristocratas para garantir direitos elementares dos quais desfrutamos hoje, a ação da população de Teresina limita-se a fechar cruzamentos, realizar passeatas e queimar sacos de lixo na avenida principal. Recentemente, dois ônibus foram queimados, uma vez que a população não mais os vê como um serviço de sua utilidade, antes os preços abusivos que vem a tornar o transporte coletivo municipal quase "de elite".

Revoluções vieram a moldar o mundo em que vivemos hoje, foi graças a essas ações, muitas vezes violentas, que hoje o cidadão não precisa deixar que sua esposa durma primeiro com o prefeito da cidade após o casamento, como acontecia na Idade Média com a humilhante lei da prima nocte, obrigação do servo para com o seu senhor feudal, revoluções e lutas duras, que em não raros momentos ceifaram milhões de vidas, cortaram cabeças, trouxeram até mesmo a guerra e a fome. E hoje alguns, tão bem manipulados e envenenados pelos setores elitistas da mídia, desprovidos de qualquer solidariedade para com o povo trabalhador e estudante, olham para os jovens manifestantes que fecham o trânsito e caminham pelas ruas em nome de uma causa justa, em prol da coletividade, e dizem que "o protesto é violento", que "a capital está entregue ao caos".



Exemplo de demonização de protesto em Londres na BBC News:



Fontes:

1- Segundo a Constituição da República Federativa do Brasil, em seu artigo 137, "O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, solicitar ao Congresso Nacional autorização para decretar o estado de sítio nos casos de:
I - comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa;
II - declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira."

2- REVISTA BRASILEIRA DE INTELIGÊNCIA. Brasília: Abin, v. 3, n. 4, set. 2007. Em: http://www.abin.gov.br/modules/mastop_publish/files/files_48581dbdd7d04.pdf
PIAUÍ

Clichê antiprotesto
Por Cristiano Alves

A seguinte pérola apareceu numa rede social, sendo o nome de sua autora mantido no anonimato:

"Se a pessoa não gosta do supermercado você deixa de comprar no supermercado. Se ele não está gostando do sistema de ônibus que ele procure outro meio de transporte e não ficar depredando o patrimônio."

Vejamos que outro meio de transporte poderia o obreiro, o campesino, o estudante teresinense poderia usar:

- Poderia usar o táxi, pra congestionar ainda mais o trânsito da capital, imagine você se encontrando num trânsito congestionado por táxis branquinhos, doeria até na vista e iria sair bem mais caro. Com os salários tão altos de Teresina, todos poderiam pagar um táxi todos os dias...

- Poderia usar o metrô(em realidade um trem que a prefeitura resolveu denominar metrô) de Teresina, que passa em pontos seletos e longíquos da cidade, depois tendo que andar a pé por quilômetros.

- Poderia usar cavalos, pois como se sabe, todo mundo tem um estábulo no seu quintal e em qualquer lugar se compra cavalos...

- Poderia usar os pés, daí imagina só o pessoal tez mais clara, tadinho das meninas, com 20 anos iriam parecer ter 60, e precisariam gastar bem mais com tratamento para câncer de pele, lembrando que, com o aumento das temperaturas do planeta, o câncer não faz discriminação pela cor da pele. Também teriam que gastar mais com calçados, que não durariam nem 1 ano com o sol intenso e o calor do asfalto.

- Poderia usar carro próprio, daí imagina todos os 700 mil teresinenses com um carro próprio, não só a cidade ficaria mais quente por causa da poluição como o trânsito ficaria bem mais congestionado.

- Poderia usar moto também, causando não só a mesma coisa que o quesito anterior, como também mais acidentes graves e até fatais! 

 Aqueles que em nada querem contribuir poderiam ter ao menos a sensatez de não atrapalhar. Os protestos na capital do Piauí contam com o apoio de diversos setores da sociedade.
FRASE DA SEMANA

"JN, você não me engana não, sabemos que o seu lugar é bajulando patrão!"
#aumentonãoTHE
BRASIL

O que é depender do transporte coletivo em Teresina para o trabalhador
Por Cristiano Alves

A Página Vermelha acompanhou de perto os protestos na capital piauiense, onde houve um aumento de mais de 10% sobre a passagem de ônibus. Acompanhe a reportagem e fique por dentro do que emissoras e outros jornais não mostram

O dia 1º de agosto foi marcado por mais um protesto na capital do estado do Piauí. Essa ação pode ser considerada inédita na capital em anos recentes, onde vários aumentos incidiram sobre a passagem, mas não sobre a qualidade do transporte público na capital. Mas fica a pergunta, isso tudo por causa de 10 centavos?

Para aqueles que não conhecem, a cidade de Teresina é conhecida por seus baixos índices de umidade do ar, isso sob um calor de mais de 30 graus durante praticamente todo o ano, pela manhã e especialmente durante a noite, estando a mais de 400 quilômetros do litoral, a cidade não tem brisas de vento nem mesmo no vigésimo andar dos mais altos prédios da cidade. Qualquer cidadão corre sério risco de futuro câncer de pele na capital piauiense, onde há altos índices de pessoas com problemas de pele, risco esse que aumenta ainda mais de acordo com a classe social do indivíduo. Se o filme-documentário "Zeitgeist: Moving foward" comprovara que quanto mais o invíduo ganha um centavo a menos no nosso sistema econômico, maior é a chance dele ter doenças, essa realidade é palpável em Teresina, especialmente no que diz respeito a problemas de pele e de visão.

O trabalhador teresinense, seja ele o obreiro, o campesino, assim como o estudante, é completamente ignorado pelas autoridades. Vivendo numa capital de mais de 700 mil pessoas, o seu direito à locomoção é mitigado por uma série de fatores, dentre a ausência de cobertura em grande parte das paradas de ônibus, isto é, em muitos pontos, a "parada" é apenas o local onde o transporte coletivo para, não havendo qualquer placa ou banco com cobertas, em poucas palavras, cada indivíduo precisa providenciar por conta própria seu guarda-sol(daí é comum ver indivíduos carregando guarda-chuvas em tempo aberto e ensolarado), ou ainda usar-se de outros artifícios tais como ficar embaixo de uma placa, atrás de alguém alto e, se for muito esperto, entra numa loja com arcondicionado e cronometra o exato tempo que o ônibus irá passar para sair na ocasião, o que é quase impossível, dada a falta de pontualidade do serviço de ônibus na capital piauiense. Embora o bom senso implique que para ser pontual é necessário jamais sair em cima da hora, em Teresina, capital de pequeno porte, é preciso se antecipar em pelo menos 1 hora para ser pontual, pois o transporte coletivo, como afirmado, não tem pontualidade.

A cidade de Teresina não dispõe de um serviço de integração, de um "terminal", isso quer dizer que quem mora em lugares mais afastados da cidade necessita pagar duas passagens para chegar num dado lugar, isso quer dizer que para quem vive de salário mínimo, ele gastará no mês cerca de 1/5 de seu salário para pagar despesas de transporte. Considerando que ele mora longe, esse gasto sobe para 2/5, que com sua despesa de alimentação e moradia, fechará os 3/5 restantes, levando este indivíduo a uma situação de sobrevivência, onde não poderá desfrutar de lazer nem de educação de qualidade, direitos constitucionalmente garantidos. É importante frisar que a capital piauiense é precária em termos de empregos, além da falta, a maioria das empresas contrata segundo o QI, isto é, "quem indica", o que inclui o grupo do maior plutocrata da cidade, também político, João Claudino. 

Além de todo gasto que o trabalhador ou o estudante tem com a passagem, foi enfatizada a qualidade precária, a falta de pontos de espera condizentes com as condições climáticas da região, a falta de pontualidade do serviço e mesmo a falta de ônibus em determinadas linhas. Em avenidas como a Kennedy é muito comum ver uma série de veículos passando com as luzes apagadas, indo para a garagem. Curiosamente, as linhas universitárias mais parecem uma lata de ração animal(como essas de cãezinhos de estimação), dado que estudantes comprimem-se o máximo que podem para ir assistir aula ou voltar para casa em plenas 10:00 ou 10:30 da noite. A cena é triste, e estar dentro de um desses coletivos é mais triste ainda. Qualquer homem casado ou comprometido precisa estar junto de sua parceira, pois ela será voluntariamente ou não seviciada pelos seus colegas universitários, não que os estudantes de Teresina sejam tarados, mas pelo simples fato de ser impossível que estes removam os seus órgãos sexuais. É praticamente impossível se mecher nos horários de pico, dada a escassez de transporte para determinadas linhas. Fora isso, no intuito de encher o transporte ao máximo, muitas linhas tem apenas uma fila de cadeiras, não permitindo que uma dupla, por exemplo, sente-se no mesmo banco. Fora isso há o despreparo dos profissionais, que frequentemente são mal-humorados, motoristas despreparados, que não raramente causam acidentes, e veículos com pouca ou nenhuma manutenção, sendo já conhecidos, só no ano de 2011, dois casos onde o ônibus "entrou" numa residência, próximo aos bairros "Morada do Sol" e "Buenos Aires".

Hoje a passagem foi aumentada de R$ 1,90 para R$ 2,10. Esse preço não implica nenhuma melhora nos serviços, uma vez que não é o primeiro aumento em Teresina. Propostas como um sistema de integração tem sido promessa vaga, melhorias nos pontos de espera tem sido praticamente nulos, exceto em locais onde há publicidade desta ou daquela empresa. Com todos estes fatos, pouco ou em ocasião nenhuma abordados pela imprensa local, que em grande parte serve a interesses privados, o Jornal Nacional, na sua edição de quinta-feira, cumpriu mais uma vez com a sua função anti-social da propriedade, divulgando notícias caluniosas e injuriosas a respeito de um movimento inédito na capital do Piauí. A todo momento preocuparam-se em mostrar que "os estudantes estavam brigando por apenas 10 centavos", o que é falso, sendo uma luta contra um aumento de mais de 10% e que reivindica melhores condições para o transporte público na capital, que, é um serviço de utilidade pública, e não um serviço de "táxi coletivo" onde o dono pode estabelecer o preço que bem entender. Isso, entretanto, a ninguém surpreende, vindo de um órgão de imprensa muito bem descrito no documentário britânico "Além do Cidadão Kane"(Beyond the citizen Kane).

Alguns empresários em Teresina não entendem que a propriedade deve ter a sua função social, constituindo uma verdadeira heresia contra o direito pátrio a alegação de que "seu objetivo é meramente o lucro", essa afronta por parte deste grupelho de plutocratas, intríssecamente vinculada ao grupo político do prefeito, tem sido a gasolina que é jogada a cada dia na chama do movimento estudantil, movimento esse inspirado por lutas do passado, por lutas contemporâneas que se desenrolam no Chile e no Reino Unido, e que tem se espalhado por várias capitais brasileiras. Em breve, a plutocracia teresinense irá entender que nada acontece por acaso, e que por mais que tentem através de seus órgãos de imprensa, os quais são "patrocinados" com os caros preços que pagam por sua publicidade, os protestos tem uma raiz, que nasceu de uma semente impopular que estes plantaram. E eles que tratem de providenciar uma solução, pois enquanto muitos são senhores sem energia e qualquer sensibilidade para com o seu próprio povo, para com o trabalhador ou o estudante, os manifestantes são jovens cheios de energia, dispostos a muita coisa para atingir os fins almejados pela sociedade.