Há muito tempo uma brasileira tornou-se internacionalmente conhecida, seu nome - Elisa Branco, e a lembrança de seu heroísmo não poderia passar em branco em pleno Dia Internacional da Mulher Operária.
Elisa Branco era uma operária paulista, costureira. Admiradora do revolucionário brasileiro Luís Carlos Prestes, ela filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro, onde viria a adquirir formação político-ideológica. Lá, ela integrou dois importantes movimentos, a Federação das Mulheres de São Paulo e o Movimento Brasileiro dos Partidários da Paz. Tornando-se secretária municipal do PCB em Barretos, interior de São Paulo, ela passou a ser vigiada e reprimida pela polícia secreta em 1945, o DOPS, órgão responsável pela tortura e morte de milhares de comunistas. Para se ter uma ideia do tipo de carrasco que integrava o DOPS é importante recordar o martírio do comunista alemão Arthur Ernst Ewert, que levado a uma das salas do DOPS teve um arame introduzido em sua uretra e aquecido por um maçarico, tortura tão intensa a ponto de destruir a sanidade do comunista germânico.
Como milhares de trabalhadores que são reprimidos por tentar unificar sua classe, em 1948 Elisa Branco foi reprimida, presa por tentar promover o I Congresso dos Trabalhadores Têxteis do Estado de São Paulo. Mas seria em 1950 que se daria o seu maior feito, Elisa Branco organizou um protesto contra o envio dos soldados das forças armadas brasileiras para a sanguinária Guerra da Coreia, conflito no qual os Estados Unidos, com o apoio da ONU, promoveram incontáveis massacres contra uma população que queria unificar o país sob uma só bandeira. O protesto da operária paulista foi um verdadeiro soco no estômago das autoridades quando esta levantou cartazes com dizeres "Os nossos filhos não irão para a Coreia", isso em pleno 7 de setembro, o que lhe valeu a condenação por um tribunal militar de 5 anos de reclusão no Presídio Tiradentes. Levada à prisão, não cessou a luta da comunista Elisa Branco, lá ela ensinou outras detentas a ler e escrever, além de ensinar-lhes corte e costura, bem como hábitos de higiene pessoal.
Quando estava na prisão, Elisa não foi esquecida, diversos foram os protestos em prol de sua libertação. E o nome da operária paulista ganhou apoio popular no Brasil, mas não apenas no Brasil. O nome de Elisa Branco ecoou por muito além dos oceanos, chegando aos ouvidos de diversos povos e países, especialmente daquele tido como o amigo e professor de todos os trabalhadores, tido naqueles tempos como o "grande campeão da paz", aclamado por intelectuais e operários do mundo inteiro, Iósif Vissaryonovich Djugashvilli, mais conhecido como Stalin.
Após vários protestos contra sua prisão, Elisa foi libertada e um novo julgamento foi efetivado, sendo a comunista e operária paulista absolvida. Libertada, ela recebeu um convite inesperado, Iósif Stalin queria vê-la na União Soviética. Levada ao país dos sovietes, Elisa Branco foi a primeira brasileira a ser laureada com o Prêmio Stalin da Paz, com esse prêmio, no mesmo ano, também seria laureado o escritor Jorge Amado. Elisa Branco ficou famosa na URSS, inclusive sendo citada em manuais de russo como o "Kratkiy Kurs Russkogo Yazyka", da professora Nina Potapova. Seu nome eternizou-se no ano 2000.
Prêmio Stalin da Paz, recebido por Elisa Branco. No verso está escrito "Pelo fortalecimento da paz entre os povos". O prêmio também foi ao longo do tempo atribuído a nomes como a ativista negra americana Angela Davis e outras personalidades.
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