domingo, agosto 19, 2012

MUNDO: Por que a mídia ocidental defende tanto o "Pussy Riot"?


Por Cristiano Alves

Nadyejda Tolokonnikova, integrante do grupo Pussy Riot(Rebelião das xanas) denuncia o seu "processo stalinista" e carrega uma camisa com os dizeres "No Pasarán", que ironicamente pertence à mais famosa "stalinista" espanhola.

Como reagiria um brasileiro num rito de candomblé se repentinamente seu local de culto fosse invadido por indivíduos desconhecidos que, alegando professar o candomblé, agisse de modo diverso dos fiéis daquela casa portando indumentárias distintas das pessoas do local? Algo parecido aconteceu na Rússia, quando uma banda autoproclamada "punk" adentrou o principal templo da religião ortodoxa, sendo após o incidente presas, julgadas e condenadas, o que despertou uma enorme atenção da mídia ocidental, que desde então em lhe conferido um colossal apoio talvez nunca antes visto por um opositor. Para entender o caso "Pussy Riot"(literalmente, "Revolta das xanas"), é preciso entender o quadro como um todo.

Desde os tempos de sua formação em Kiev, a Rússia(hoje com a sede em Moscou) tem atraído a atenção e o assédio de diversos poderes externos, o império dos cazares, dos mongóis, tártaros, da Ordem dos Cavaleiros Teutônicos, República das Duas Nações, do finado e sepultado Império Sueco, França napoleônica, Império Britânico, Alemanha nazista, Estados Unidos... enfim, uma lista completa demandaria um parágrafo inteiro. Todos esses poderes tem uma coisa em comum, que é sua expulsão do território russo, e isso é notável e registrado nos mais elementares livros de história russos até documentários norte-americanos como The battle of Russia. Nos dias atuais, o assédio contra o país russo não se dá por meios militares, uma vez que isso poderia levar à guerra nuclear, mas através do patrocínio de forças russófobas encontradas na própria Rússia, a mídia ocidental cria uma ilusão dicotômica, maniqueísta, onde Barack Obama, envolvido até o pescoço em sanguinárias guerras imperialistas aparece como o "príncipe do bem", um "promotor da paz", e ícones do pós-modernismo como Lady Gaga e Madonna aparecem como "arautos de uma nova arte que expressa como somos livres e modernos sob o capitalismo", tudo parte de uma ideologia cosmopolitista e globalista, onde deve-se abraçar os valores do "Império da democracia e da liberdade", sendo toda e qualquer manifestação tradicionalista ou nacional um sacrilégio que "deve desaparecer na tempestade mundial", tal é a mentalidade dessa imposição cosmopolitista, de um mundo formado por "bons" de um lado e "loucos e desvairados" de outro, tal como num desenho infantil.

Se a ideologia globalista apresenta ao mundo "quem são os bons caras", quem seriam os "caras maus"? Esses seriam justamente todos aqueles que não aceitam as imposições do Império hegemônico, naturalmente China e Rússia, dois países que em diversas oportunidades já se opuseram à sanha beligerante dos impérios americano e europeu, mas a China é muito rica, empresta dinheiro ao ocidente e em muitas oportunidades sustenta a sua economia capitalista, logo não é uma boa ideia incomodá-la, mas outro foi forte no passado e hoje encontra-se enfraquecido, mas não com os dois joelhos no chão ainda, a Rússia, e todos aqueles que não aceitam uma Rússia submissa, completamente de joelhos ante o mundo ocidental, que sabe que mais de 70% das forças fascistas foram derrotadas pelos soviéticos, e não pelos americanos, que entende que Stalingrado era uma cidade soviética, e não um bairro de Nova Iorque, torna-se um elemento perigoso, "reacionário e retrógrado", "autoritário antidemocrático", um "radical" que deveria estar num museu.

De fato a oposição russa tão retratada na mídia ocidental tem um formato heterogêneo, nela encontra-se aqueles que acreditam que o melhor caminho para a Rússia é ajoelhar-se ante o ocidente, os liberais, aqueles que acreditam que o caminho para a Rússia é "voltar ao futuro soviético"(e mesmo esses dividem-se entre os defensores da economia dos tempos de Stalin e do caminho chinês ou bielorrusso), há ainda os que acreditam que o caminho está na monarquia, e mesmo aqueles que acreditam que o caminho está na "expulsão dos negros e destruição dos judeus", estes últimos, por sua vez, são idiotas úteis ao governo para desmoralizar a oposição. De todos esses grupos, o que menos interessa ao ocidente são os comunistas, pois este não quer uma nova União Soviética e muito menos um Lukashenko russo cheio de mísseis nucleares e recursos naturais à sua disposição para competir a altura com companhias ocidentais. O que interessa ao ocidente é uma Rússia fraca, descentralizada, esfacelada, onde companhias ocidentais possam atuar sem óbices na exploração de seus recursos minerais e de seu povo. É por isso que todas as ações que enfraqueçam a Rússia são de pronto apresentadas positivamente na imprensa ocidental, seja o esfacelamento da União Soviética, a guerra da Chechênia, governantes russófobos eleitos na Ucrânia, manifestantes de top less anti-Rússia ou anti-Belarus, essa ou aquela crise no Cáucaso ou simplesmente uma banda punk que invade uma catedral para protestar contra o governo, ainda que o país tenha centenas de bandas e cantores de protesto.

A Igreja Ortodoxa do Patriarcado de Moscou é uma instituição muito antiga na Rússia, vinculada à formação da mentalidade de seu povo, que em diversas ocasiões o inspirou na luta contra os invasores do país. Mesmo durante os anos da Revolução Russa, foram cometidos erros severos contra a Igreja Ortodoxa, situação que ficou tão séria a ponto de um dos líderes do Partido Bolchevique e da Revolução de Outubro intervir no caso, I. V. Stalin, emitindo uma ordem para proibir as violações às casas de oração ou prisões por motivo de religião. Mais tarde, sob o governo desse revolucionário foi restaurado o Patriarcado de Moscou, que desde os tempos do tzar Pedro havia sido suspenso e convertido em Santo Sínodo, bem como preservadas várias igrejas antigas. A ação do Pussy Riot, entretanto, nada tem a ver com um "contexto revolucionário" ou "ataque a um símbolo", tem a ver somente com uma tentativa de marketing muito mal sucedida, uma vez que culminou na prisão das integrantes do grupo, mas por outro lado bem sucedida, já que conquistou a simpatia do mundo ocidental, não por causa de sua música, mas por que podem posar como "vítimas da falta de liberdade de expressão no país", tão grave como em outros países capitalistas ocidentais como os EUA, onde a atriz holywoodiana Daryl Hannah foi presa por liderar um protesto pacífico contra a construção de um oleoduto no país, que traria grandes impactos ambientais, comprovando a tese do "fascismo corporativo" naquele país.

O grupo Pussy Riot, a começar pelo seu nome, é só mais um símbolo da pobreza e decadência cultural da Rússia burguesa. Essas pseudofeministas, que envergonhariam Aleksandra Kollontay, revolucionária russa, expôs numa de suas entrevistas o seu grau de estupidez e falta de coerência, ao comentar o processo movido contra elas, motivado pelo seu "pornô-huliganismo". Em tal entrevista, a integrante Nadyejda denuncia o "processo stalinista", envergando uma camisa com a mensagem "No pasarán!", que ironicamente era o bordão de Dolores Ibarruri, la Pasionera, a mais famosa "stalinista" espanhola.



VEJA TAMBÉM:

http://apaginavermelha.blogspot.com.br/2011/08/mundo-atriz-de-holywood-e-presa-por.html

8 comentários:

Anônimo disse...

Essas meninas aí dessa banda de terceira só quiseram aparecer, não tem nada de político aí. Elas são fãs disso, essa garota mesmo que aparece com a camisa da La Pasionera tem um vídeo na internet fazendo orgia num museu(grávida de 9 meses), detalhe, tudo filmado e até e divulgado na internet. Também tem um vídeo se embriagando num vagão do metrô de Moscou. Por aí dá pra entender pq Madona fez questão de apoiá-la!

Anônimo disse...

Por V. Tavares

Após verificar a postagem do anônimo acima, andei pesquisando sobre os atos descritos e as informações fornecidas procedem. Seguem os links(não recomendado para menores de 18 anos):

http://www.liveleak.com/view?i=a4d_1204458756

http://www.youtube.com/watch?v=BstpfQuQzuw

http://img.beatles.ru/f/1786b/1786580.jpg

Anônimo disse...

Pelo o que eu entendi, parece que a orgia foi um protesto ou algo do tipo. O cara que aparece com ela é marido dela. Existe uma faixa com algo escrito em russo que deve ter algo relacionado com o ato.

http://www.snatchly.com/snatches/1021087/details

Outro fato curioso é que está sendo feito todo um merchandising em cima da camisa em busca de arrecadar dinheiro para o fundo de defesa da banda.

http://dangerousminds.net/comments/radical_chic_pussy_riot_tee_shirts_100_of_profits_go_to_their_legal_defense

http://www.cafepress.com/thevoiceproject

Anônimo disse...

Marido ou não, nada justifica esse tipo de baixaria em lugar público.

Lenin, Che Guevara ou M. L. King jamais precisaram desse tipo de baixaria para divulgar suas mensagens.

Anônimo disse...

That's really interesting. Thanks for posting all the great information! Had never thought of it all that way before.

Anônimo disse...

Fantastic post, I really look forward to updates from you.

Barmen disse...

Até parece que as coisas são simples assim. Todos sabem que o governo Putin reprime manifestações políticas e não é nada chegado a um diálogo.

Professor Eduardo Lima disse...

Concordo com você, em parte. Realmente a Mídia Ocidental faz uma campanha pesada contra Putin e não faz contra a China porque tem interesses econômicos com os chineses. No entanto, dois anos por invadir um templo seja ele qual for é uma pena muito forte. Elas não agrediram ninguém, nem quebraram nada.