BRASIL
Luta de Classes e Greves nas Forças de Segurança
Por Diego Grossi
Os comunistas devem apoiar a greve nas forças de segurança? Esse artigo do professor Diego Grossi responde a essa intrigante questão que envolve um movimento historicamente comprometido com a repressão aos movimentos sociais
Luís Carlos Prestes, o maior líder revolucionário brasileiro, veio das forças de segurança |
Pior do que errar é vacilar, não ter rumo, saber se apóia ou não... E aparentemente essa é a posição dos militantes da esquerda brasileira em geral diante das greves das polícias. Isso é péssimo, apesar de justificado.
É natural que haja uma desconfiança da população diante dessa situação, tendo em vista o histórico reacionário e golpista destes setores, que nos últimos anos, principalmente após a Ditadura Militar, tem servido aos interesses mais obscuros, sem o mínimo de resistência por parte dos próprios membros (como por exemplo, havia durante a primeira década do século XX), oriundos, na grande maioria das vezes, da classe trabalhadora. No entanto, a reação dos mesmos diante do atual sistema vigente demonstra uma elevação do nível de consciência de classe nesse setor que precisa ser trabalhado para que continue a progredir e que esses percebam que são apenas uma parte da classe trabalhadora, que como explorados possuem um inimigo em comum que é a burguesia e o sistema capitalista, que lhes colocam como cães-de-guarda dos interesses da elite, reprimindo seus irmãos proletários, morrendo no combate ao pequeno crime (fruto do próprio capitalismo), etc.
Essa nova etapa não se dará de forma mecânica, não será mera consequência da luta econômica, pois precisa da atuação consciente de um agente externo, só assim sairá da luta puramente econômica para a luta política. O problema central é que esse salto qualitativo pode se dar tanto para a esquerda (como na hipótese levantada no parágrafo anterior) quanto para a direita, desembocando em visões reacionárias e até mesmo golpistas (que é a tendência, dentro do atual quadro de crise do sistema capitalista). Isso dependerá justamente de qual bloco político terá mais condições de entrar em sintonia com o movimento.
É hora da esquerda radicalizar nas campanhas de solidariedade às greves e ao mesmo tempo reclamar outra postura dos policiais diante das lutas e da população em geral, exigindo atitudes mais respeitosas (fim dos famosos esculachos, dos abusos de poder nas favelas, etc.), cobrando a negação em reprimir futuros protestos do povo em geral (tendo como principal eixo a solidariedade mútua), etc. Obviamente, além da luta de idéias, é necessário aproveitar o momento para retomar a presença orgânica da esquerda dentro das forças de segurança (afinal temos experiência nesse tipo de atividade e podemos ser úteis através dos nossos veículos de imprensa, advogados, militantes, etc.) e voltar a se infiltrar novamente nos setores militares.
As principais figuras do movimento comunista brasileiro (cujo principal ícone é Luiz Carlos Prestes) vieram dos meios militares e já passou da hora de resgatarmos essa tradição.
Eis que diante de nossos olhos surge uma nova encruzilhada histórica que precisa ser respondida de imediato.
Referências:
- LENIN, V. I. Que Fazer?
- UNSCHLICHT, Iossif. O Trabalho Militar Revolucionário Entre as Forças Armadas da Burguesia. Disponível em: http://www.scientific-socialism.de/ArteUnschlicht3.htm
Um comentário:
Valeu, camarada.
É isso, muita gente tem perdido tempo discutindo o sexo dos anjos, defendendo se é ou não justa a greve e a forma pela qual se deu, quando na verdade o que importa pro movimento revolucionário é aproveitar o momento para crescer.
Saudações
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