segunda-feira, abril 17, 2017

A Página Vermelha reencena batalha da IIGM

Grandes civilizações por vezes desapareceram do nosso mundo. Em nome de "uma só grande Roma", às vezes potências são capazes de apagar por completo vidas e povos inteiros da face da Terra. Isso até agora é desconhecido para os russos, mas muito bem conhecido pelos ancestrais dos brasileiros e de outros povos do continente americano, o extermínio. A cidade de Mossoró, no Brasil, na qual viveu um dos reconstrutores do evento "Galhardia esquecida" é um lugar onde a tribo dos tapuias foi completamente destruída pelos portugueses. Para a destruição dos povos das Américas, inclusive do Brasil, vieram pelo mar navios com cruzes nas velas, não negras, como a dos fascistas, mas vermelhas, de Malta. Mas a cruz dos colonizadores portugueses, que saquearam o Brasil até o úlitmo diamante não tem nenhuma relação com o cristianismo, mas somente com uma ideologia de saque, que sempre foi parte da política dos estados europeus contra as suas colônias no ultramar. Mas um país, também vítima de inúmeras cruzadas e ataques, não conheceu este destino. Contra eles marchou uma cruz de ferro negra, a cruz suástica, esse país atacado, que resistiu, é mais conhecido por 4 letras: URSS. 

Novgorod é uma grande cidade sobre a qual é preciso sempre lembrar! Contra Novgorod marchou uma Cruzada no século XIII, de católicos fanáticos, mas com uma cruz negra da Ordem dos Cavaleiros Teutônicos. Contra esses cruzados lutou o príncipe cristão ortodoxo Aleksandr Nevsky, sua galhardia nos é lembrada pelo maior diretor de todos os tempos, Einsenstein, no filme "Aleksandr Nevsky", feito na era dourada da União Soviética, na época de Stalin. Esse filme foi profético, contando-nos sobre o que ocorreu na Rússia Novgorodense do século XIII, Einsenstein nos falou do que poderia acontecer na Rússia Soviética do século XX, a destruição e queima de cidades e vilas foi parte da vida de muitos em 1941-45. Mas o tempo passa e o sofrimento é esquecido, como o heroísmo daqueles que defenderam a Rússia até a última gota de sangue. Dizem que "tempos difíceis fazem homens fortes, e pacíficos homens fracos", verdade ou não, é um fato que muitos jovens se esquecem de quantas vítimas e sangue custa a sua paz, e o evento sobre a "Galhardia esquecida" lembra a todos o destino do 2º Exército de Choque, que lutou nos arredores da Grande Novgorod. Esquecer a própria história significa desaparecer enquanto povo. 

Desde a infância, em diferentes filmes americanos, mostraram-nos como o exército soviético, como o exército russo eram maus e desumanos. Todavia, quando ouvi pela primeira vez sobre o Coro do Exército Vermelho na televisão, foi curioso, um "exército que canta". Então, eu assisti pela primeira vez ao filme "A lista de Schindler", que representou o Exército Soviético como um exército libertador que libertou o campo de concentração de Auschwitz, na Alemanha. Eu entendi imediatamente que um exército que acaba com tal monstruosidade não pode ser mau. Como não respeitar um exército que libertou campos de concentração, a Polônia, Romênia, Tchecoeslováquia, Iugoslávia e a própria Alemanha?! Eu então passei a estudar o Exército Vermelho, e ainda aprendi russo pelo manual da Voenizdat, impresso em 1976. No manual eu não vi nenhuma ideologia agressiva, mas belos textos sobre a amizade dos povos, sobre universitários que cantavam canções nacionais, e  passei a escutar pela internet canções do exército soviético. Assim, 15 anos depois vim a São Petersburgo, onde conheci os reconstrutores do clube "Juventude Comunista" (Komsomol). Eram rapazes ímpares, que conheciam muito bem a história de seu país, de seu povo. 

A "Galhardia esquecida" foi a minha segunda reencenação, ainda no trem eu conheci os reencenadores, pessoas de diferentes idades e diferentes profissões. Uma delas, Anna, enfermeira, é a neta de uma enfermeira militar, que combateu na Grande Guerra Patriótica (como a IIGM é chamada na Rússia). Outra, Viktoriya, é a neta de um herói sobre o qual ela pouco sabia, mas soube dos detalhes com a ajuda de um reencenador. A família do reencenador Ivan vive em uma casa cuja família que lá vivia foi inteiramente destruída por um projétil de artilharia durante o Cerco de Leningrado. A história dessas pessoas impressiona, eles são gloriosos como os próprios acontecimentos e o país. Foi impressionante conhecer muitos uniformes e armas da Grande Guerra Patrióticas que eu até então só havia visto no cinema, como outros que eu sequer sabia que existiam, e é preciso lembrar sempre às novas gerações quem são os verdadeiros super-heróis, caso contrário esquecerão deles e adotarão pseudo-heróis Made in US. O que é reencenamento histórico? Um teatro? Um filme, talvez? Ela é que nós brasileiros podemos entender como um "futebol da história", um futebol no qual sabemos quem será o vencedor, ou seja, todos nós com o conhecimento e a lembrança da verdadeira história de um grande país!

- No trem


No trem os participantes pensavam e conversavam sobre o evento. Um dos participantes atuou no papel de um franquista espanhol e falou sobre a participação dos espanhóis ao lado dos alemães. Outros preparavam os seus uniformes. A RZD (obrigado a eles) nos levou gratuitamente até e de Novgorod. (Foto: Russificando)

- Cerimônia

Antes do início do evento houve uma cerimônia em honra aos heróis tombados da GGP. Tomaram parte dela um General do Exército Russo e um dos organizadores do evento, caracterizado como zampolit (o oficial político)!




- Preparação

Caminhava eu soldado,
Soa um som não plagiado,
Vi o sanfoneiro de repente,
Então vou dançar com a gente!
Conquanto nós jovens comunistas estávamos prontos, resolvemos observar a exposição na zona dos acontecimentos. Lá até achei tempo para dançar com as vovós do grupo Ivushki. Ouvi a sanfona e reagi de imediato!

Posto de bloqueio fascista (Foto: Valday)

A SS se prepara para a batalha. Foto: Yulia Vassilyeva
O Werhmacht se prepara para a batalha. Foto: S. Mikenin
Parece uma foto antiga, mas é uma reconstrução em 2017. Foto: Maks Makovetskiy
A Maxim está pronta? Foto: S. Mikenin
"Aqui começa o c* do mundo" A resistência ferrenha do 2º Exército de Choque foi um pesadelo para os alemães
Não se sabe quem pensou em minas terrestres perto do refeitório, talvez alguém queria guardar muita comida
- Ao combate!



Soldados marcham para a batalha em 2017. Foto: Maks Makov
Artilharia fascista abre fogo em 2017. Foto: Pavel Haritonov
A artilharia comunista responde






Fogo!
Perfurou!


...vivos e mortos





Quando nós chegamos!



- Refugiados




Um dos clubes que participa do evento faz o reencenamento dos refugiados de guerra

- Nossa vitória





Mãos pra cima! 

Gritei de imediato "Hande hoch!"
- Faces da reencenação

Foto: Yelyena Ignatyeva

Quando eu a vi, pensei de imediato que é preciso vesti-la como piloto algum dia, conquanto ela lembra tanto Lidya Litvyak, Herói da União Soviética, aviadora. Foto: Cristiano
Camarada oficial político: na TV russa ele convidou pessoalmente o presidente V. V. Putin para assistir ao evento



Efeitos especiais: Lenfilm

2 comentários:

JF disse...

Pegando no primeiro parágrafo do seu artigo, escreva quando tiver disponibilidade um outro artigo acerca da colonização do Brasil pela Inglaterra e os seus aliados após a sua independência em 1822, e que dura até aos dias de hoje.

Evellyn Castro disse...

Muito legal.