sábado, abril 01, 2017

Encontro com o escritor Nikolay Starikov e a sociedade petersburguense em livraria

Por Cristiano Alves

Encontrei-me recentemente com o escritor russo Nikolay Starikov na livraria Bukvoed de São Petersburgo. Starikov também é o líder do Partido da Grande Pátria (PVO). O encontro tratou de temas da história e da atualidade russa, incluindo escândalo envolvendo Dmitriy Medvedev. Starikov criticou os liberais russos, uma vez que estes mesmos são a razão pela qual Medvedev (acusado de um escândalo de corrupção) está no poder. Acredita-se que a Rússia perde o equivalente a um PIB por ano devido à corrupção. O encontro se deu dois dias antes dos grandes protestos na Rússia noticiados inclusive pela mídia ocidental.

Foi tratado também do tema Donbass e Nagorno-Karabah. Um jovem armênio perguntou por que a Rússia não ajuda a Armênia a recuperar dos azeris (turcos) a província em litígio. Starikov respondeu que é um erro achar que a Rússia não ajuda, em realidade existe ajuda russa, mas a Rússia não pode cometer o mesmo erro do início do século XX, quando em socorro à Sérvia entrou na IGM e assim acabou enquanto império. Há outros tipos de ajuda, segundo Starikov, e a diplomática é uma delas, sem a qual, por exemplo, as repúblicas populares de Donetsk e Lugansk não sobreviveriam. Starikov também criticou o mau uso da internet, mencionando por exemplo, que é possível encontrar ao seu respeito um retrato seu com um desenho de um kipar afirmando ser ele um "judeu maçônico" e noutra página um mesmo desenho afirmando ser ele um "antissemita fervoroso". Fica evidente a falta de coerência dos odiadores. 

Outra pergunta feita a Starikov, por um participante de aparentes inclinações liberais, seria se é justificável o derramamento de sangue em nome da construção de um experimento social, ele emenda a sua pergunta perguntando por que Starikov defende Stalin. Starikov respondeu que não, e Stalin foi responsável por parar com as repressões ao nomear Lavrentiy Beriya para a chefia do NKVD, que liberou 200 mil pessoas injustamente reprimidas por Yejov. A ideia de que Stalin era um maníaco obsessivo por repressões, sanguinário, é uma mentira, a principal dos liberais! Ele menciona que a maioria das repressões injustas se deram em 1938, diferente das de 1937 quando os condenados foram julgados. Starikov afirmou que as repressões de 1938 se deram em grande parte sem julgamento ou foram fabricações de NIkolay Yejov, que era homossexual e organizava orgias coletivas com membros do NKVD, evidentemente seus correligionários pederastas. Aqui, enfatizamos nós, está mais um motivo pelo qual nenhum movimento comunista, de esquerda ou progressista deve jamais permitir que homossexuais galguem posições no partido, pois homossexuais, sejam no Partido Comunista ou qualquer outra organização, foram um lobby, um "partido dentro do partido", assim como a maçonaria e outras organizações. Essa, a propósito, era a razão pela qual o Partido Comunista exigia de seus membros o ateísmo, para que não houvesse um lobby de uma religião específica, e também a razão pela qual o Estado soviético não bendizia a comunidade de roqueiros. A Rússia imperial, desde a Revolta dos Decembristas, no século XIX, promovida pela maçonaria, passou a ser extremamente vigilante com "sociedades secretas" e outros movimentos sociais, preocupação essa herdada pela Rússia soviética e pela Rússia capitalista.

É importante enfatizar que a despeito de seus problemas, a Rússia é um país onde vigora a liberdade de expressão, em verdade com limites, como em qualquer país capitalista, liberdade sem limites não é liberdade, mas arbitrariedade, já dizia o Barão de Montesquieu, todavia o discurso de Starikov demonstra que muito mais do que em qualquer outro país capitalista. Foi interessante o momento em que Starikov pediu para que se manifestasse alguém que acredita que os EUA promovem a democracia, mas ninguém se manifestou, o que Starikov elogiou.

O encontro encerrou com a distribuição de autógrafos, dele participaram pessoas de todas as idades, homens e mulheres.








Jovem russa segura um exemplar de "Stalin, napominaem vmeste" (Stalin, recordemos juntos, em trad. literal)
 
Cristiano Alves com Starikov e um exemplar de "Кризис: как это начинается?" (lit. Crise: como ela começa?)
Vídeo na íntegra (em russo):


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