sexta-feira, setembro 05, 2014

ELEIÇÕES: Dos males o menor!


Por Cristiano Alves


Qualquer um que já assistiu ao horário político eleitoral sabe que dentre os candidatos que estão aí não há um só que vise uma ruptura com o sistema. Alguns até falam nisso, todavia sem apresentar propostas de como fazer isso(nem a estrutura político-econômica do Brasil permitiria) e quando vão fazê-lo. 

Não adianta um carneirinho rugir como um leão, ele continuará sendo o mesmo carneirinho. Dentre os partidos que disputam a presidência, nenhum deles apresenta um programa revolucionário, ou sequer anunciam como irão "romper com os bancos" sem levar o país a uma grande crise econômica. Acreditar que sem um Partido Revolucionário teremos uma "revolução" ou uma ruptura com o sistema bancário é acreditar num conto de fadas, e comunistas e progressistas não lidam com "contos de fadas", mas sim com situações concretas e objetivas. E que situações concretas e objetivas se apresentam atualmente no cenário político brasileiro?

Diversos são os candidatos que aí estão, dentre os quais Aécio Neves, um político liberal, de agenda liberal e pró-americana, que representa o PSDB, em torno do qual se fecham os setores mais reacionários e atrasados do eleitorado brasileiro. Um dos financiadores de campanha de Aécio Neves é um patrocinador do golpe neonazista na Ucrânia, Armínio Fraga Neto, cujas ligações com George Soros, bilionário que assumidamente patrocinou o golpe na Ucrânia por meio de fundações e o movimento #Naovaitercopa no Brasil, são denunciadas desde os anos 90 pela Revista Istoé. Ele também foi um homem forte durante o governo do PSDB, de FHC, chegando à presidência do Banco Central. Ele é considerado um dos 60 homens mais poderosos do Brasil. Para Aécio Neves, durante o governo do PT o Brasil não fez acordos internacionais com nenhum "país relevante". Isso quer dizer que para Aécio, países como a Venezuela de Maduro, a Rússia, China, África do Sul e Índia, com quem o Brasil criou um poderoso bloco econômico contrário à Nova Ordem Mundial, o BRICS, não tem "nenhuma relevância". Ou seja, o que Aécio realmente visa é fazer do Brasil uma marionete dos Estados Unidos e perpetuar a força de seu imperialismo e de sua ordem mundial.

Outra candidata supostamente alternativa é Marina Silva, que troca de partido como quem troca de camisa, que fala numa "nova política econômica", mas que apresenta apenas as mesmas propostas do PSDB, de quem inclusive recebe abertamente o apoio. Marina é apoiada por nomes como Fernando Henrique e indiretamente mesmo é apoiada por nomes como Serra e Alckmin, pela chamada "direita raivosa" desiludida com a impopularidade e falta de carisma de Aécio. Ela também obtém daqueles que cultivam a mentalidade do "coitadismo". "Ah, o vice dela morreu, foi em época de eleição, deve ter sido a Dilma. Que pena que ele morreu, vou votar nele". Após a morte de Eduardo Campos apareceram eleitores deste de todas as partes. "Ah, Marina é pobre, é mulher, é negra, vamos votar nela que as coisas vão mudar", dizem alguns setores da esquerda que parecem ter esquecido do que aconteceu com Barack Obama, que se tornou tão branco quanto qualquer senhor de escravos americano. Marina representa, a propósito, os interesses dos pós-modernistas, com vagos discursos sobre a "criminalização da homofobia", um conceito obscuro que qualquer militante pós-moderno entende como "crítica do movimento LGBT". Para esse movimento, intolerante por sua natureza, o homossexualismo deve ser ensinado como algo louvável nas escolas, e sites que criticam esse movimento(como A Página Vermelha) poderiam assim ser denunciadas por "estimular o ódio contra os homossexuais", equiparado a sites racistas e passar a ser perseguidos judicialmente por uma justiça nas mãos de uma Gestapo colorida. Marina também é apontada por diversas fontes russas como seguidora da agenda de Washington. Conciliadora de posições pós-modernistas e fundamentalistas, Marina demonstra que bufões como Silas Malafaya, Marcos Feliciano e outros são contra o pós-modernismo apenas da boca para fora!

Luciana Genro é mais uma candidata que se apresenta. Suas intenções de voto sequer chegam até 1% isoladamente, mas esse não é seu principal defeito. Luciana Genro é uma militante de um partido pós-moderno, o PSOL, revisionista, e apologista de regimes neonazistas. O seu blog pessoal declarou apoio incondicional ao golpe neonazistas aplicado na Ucrânia, que visa incluir o país na Organização do Tratado do Atlântico Norte, uma organização imperialista. Ironicamente ela fala em "combater os bancos e o imperialismo", um mero teaser para rapazotes de universidades. Como bem colocado pelo jornalista Paulo Henrique Amorim, Luciana representa a "esquerda que a direita gosta", ela apoiou a derrubada do governo de Yanukovich e o regime do ditador ucraniano Petró Poroshenko, isso por que a extrema-esquerda brasileira sonha em derrubar o governo de Dilma Rousseff com coquetéis Molotov na mão, medida que apenas beneficiaria a direita, mais bem articulada e militarizada, que depois de alguns dias não tardaria em prender, torturar e matar todos os "esquerdistas verdadeiros" que os ajudaram a chegar no poder. Ela representa a esquerda inconsequente, extremista, os pós-modernos, a baderna! Num esforço de aparecer como "a verdadeira esquerda" ela propõe uma "auditoria da dívida", em verdade um calote da dívida, numa situação em que o país não dispõe de meios necessários para enfrentar outros Estados fortes, o que poderia ser feito através do BRICS talvez, mas como? Visto que para Luciana a Rússia é um "Estado opressor e stalinista" que oprime a "Ucrânia fascista e democrática" de tiranetes como Poroshenko? Como Luciana presente fortalecer seus laços com o BRICS? Ela não tem a mínima condição de liderar um país continental em política internacional.

Há outros candidatos menores como Mauro Iasi, o "tiozão de universidade" sem a menor responsabilidade ideológica, que apoia arruaceiros Black Blocks, que não tem compromisso com o BRICS nem Estado progressista algum, e que já se mostrou favorável ao trotskismo. Não se trata de um líder de pulso firme, apenas de um professor sem qualquer carisma que tenta dizer que "é de esquerda", de uma "esquerda" que tem como bússola não Marx e Engels, mas sim Michel Foucault. Também há aberrações como o Pastor Everaldo, que defende um sistema famigerado liberal clássico, que faliu em fins dos anos 20 e prejudicou a vida de milhões de trabalhadores, trazendo a fome nos Estados Unidos e mesmo levando diversos burgueses ao suicídio.

E existe, claro, a polêmica candidatura da ditadora Dilma Rousseff. Ditadora por que o regime de Dilma Rousseff e do PT oprimem milhões de trabalhadores no Brasil. Ela usou forças federais para garantir a privatização do patrimônio público brasileiro, apoiou tiranos locais Sérgio Cabral. Dilma Rousseff e o PT parecem ter sérios problemas cognitivos... Quando população foi às ruas do Rio protestar contra um político draconiano como Sérgio Cabral, o que ela fez logo após os eventos? Ela manifestou o apoio a Sérgio Cabral! O mesmo se deu no Ceará, onde Dilma sempre demonstrou o seu apoio a Cid Gomes, outro protótipo de ditador que enfrentou diversas classes de trabalhadores, que disse que "professores devem trabalhar por amor, e não por dinheiro", como se "amor" pagasse o aluguel da casa, uma viagem para se especializar ou livros e transporte. Esses aliados de Dilma Rousseff fazem sua propaganda negativa melhor do que qualquer bufão de direita! Dilma jamais chamou à mesa de negociação qualquer grupo prejudicado com as obras da Copa do Mundo, com índios removidos, com outros setores prejudicados, ao contrário do seu antecessor, Lula. Dilma e seu partido não conseguiram entender ainda que o povo não quer só "saber se milhões, bilhões ou trilhões" foram aplicados aqui ou ali, eles querem ver a sua qualidade de suas cidades, de sua segurança, de sua saúde e de sua educação melhorados. O PT foi incapaz de mudar a consciência política do povo brasileiro, como foi o governo do PSDB. Essa é apenas uma pequena lista de pecados do regime de Dilma Rousseff, pecados que poderão custar muito caro para a sua eleição. Há alguma qualidade no regime de Dilma Rousseff?

De modo algum acreditamos que Dilma representa "a melhor alternativa", mas "dos males o menor". Dilma Rousseff é a pior candidata à presidência, excluindo-se todas as demais! A longa lista de pecados de Dilma acompanha também uma lista com qualidades importantíssimas na gerência de um Estado como o brasileiro. Dilma foi, nos últimos 60 anos, a única presidente a confrontar o Estado de Israel, ainda que de forma sutil. Dilma também confrontou o regime de Obama, que espionou não apenas os seus inimigos, como também seus aliados e inclusive a vida pessoal de Dilma, o que a levou a pedir ajuda da Rússia no tocante à colaboração no campo da inteligência. Dilma fortaleceu as relações com os países bolivarianos, e apresenta um modelo funcional a esses países, como aliás fortaleceu também as relações com o presidente russo Vladimir Putin, responsável pela manutenção do Estado Social Socialista da Transnístria, pelo apoio à luta anti-imperialista do presidente Bashar Al-Assad, pelo perdão da dívida externa cubana e norte-coreana, pelo apoio à revolução popular socialista na Novorrússia e da luta antifascista na Crimeia, que voltou a fazer parte da Rússia. Dilma deu um importantíssimo passo na criação de uma nova ordem mundial contraposta a dos americanos com a reunião do BRICS em Fortaleza, que criou um banco alternativo ao FMI e tomou outras importantes decisões políticas que ajudam a enfraquecer o hediondo modelo imperialista sob os coturnos da OTAN e a cultura decadente e pós-moderna dos Estados Unidos. Pode-se também falar de algumas melhoras no plano interno como a elevação do IDH brasileiro, através do aumento dos recursos para diversos programas sociais. Dilma Rousseff também impediu um golpe de Estado fascista nos moldes de 64, ao impedir a tomada do Palácio da Alvorada com o uso de tropas de fuzileiros navais da Marinha do Brasil, em junho de 2013. Ela também trouxe médicos cubanos ao Brasil, ajudando assim a população carente a ilha de Cuba.

Por esses motivos, quando temos em jogo candidatos que são títeres perfeitos para o imperialismo, Dilma apresenta em sua política externa um modelo que, ainda que de forma tímida, confronta gigantes do imperialismo e contribuem para uma ordem baseada na contraposição das taras belicistas do imperialismo. Deve-se lembrar que todas as revoluções socialistas foram feitas em momentos em que o imperialismo encontrava-se dividido. Durante a I Guerra confrontavam-se o imperialismo francês, alemão, italiano, britânico, russo, turco e americano. Foi daí que nasceu a Revolução Russa. Durante a IIGM confrontavam-se o imperialismo alemão junto ao japonês e italiano e ao de outros países menores, contra o imperialismo americano e britânico; do lado desses últimos vinha em auxílio o socialismo soviético, força destruidora do fascismo, possibilitando o triunfo do socialismo em vários países como a Alemanha, Tchecoeslováquia, Albânia e outros.

Deste modo, qualquer medida que dê aos candidatos do bloco imperialista a mínima chance de vitória corresponde a um voto de teor direitista, ou no mínimo um voto movido por paixões sectárias, pelo dogmatismo. Votar em Dilma Rousseff é votar pelo fortalecimento de um bloco que divide e enfraquece o imperialismo, é votar pelo fortalecimento das relações com um país que enfrenta o imperialismo e apoia revoluções progressistas ao redor do mundo. Um voto consciente toma em consideração o nome de Dilma Rousseff, não como "a solução salvadora", como pensam alguns nefelibatas governistas, mas sim como "a pior opção, excluindo-se as demais".

9 comentários:

Anônimo disse...

Boa tarde Cristiano,

Em vídeo publicado você fez indicação de um história da urss.
Hoje, não consigo localizar este vídeo. Poderia postar o nome do livro por favor?


Eduardo

A Página Vermelha disse...

Tenho vários vídeos, meu caro. Mais de 50. Pra localizá-lo agora fica difícil, mas é pra essas coisas que existem o Google.

Revistacidadesol disse...

Cristiano: onde é que Mauro Iasi fez defesa dos "arruceiros" black blocks? Poste aqui para mim e prove!

Vc sabe que eles defenderam os professores do Rio de Janeiro quando estavam apanhando da PM? Sobre isso o seu revisionismo não dá uma palavra né?

Felipe disse...

Cristiano, o Brasil é bem grande (economicamente, territorialmente) pra acabar se der um calote no pagamento da dívida, que consome quase a metade do que o Governo Federal arrecada anualmente.

Antônio Gonçalves disse...

boa noite,
tentarei localizar.

obrigado.

A Página Vermelha disse...

@Revistacidadesol

http://mais.uol.com.br/view/1575mnadmj5c/iasi-black-blocs-devem-ser-valorizados-enquanto-autodefesa-04024C9A3760D8815326?types=V&

http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2014/06/06/pre-candidato-iasi-defende-fim-da-pm-e-acoes-de-black-blocs-em-protestos.htm

Revisionista é você que traiu o abandonou o movimento comunista para abraçar o falo ideológico do movimento gay! Você é uma vergonha, ainda mais usando o retrato de Stalin para defender a ideologia LGBT! Agradeça pelo Yakov Djugashvili não ter te processado ainda!

Você deveria trocar a imagem do Koba pela do Jean Wyllis.

A Página Vermelha disse...

Nem os gays que eu conheço defendem essas asneiras que você posta aqui. Outro dia, no meu What's app, um gay que participa de um grupo que participo, escrevia que "homoafetivo de c* é r*la, é viado mesmo". Ele é brasileiro mesmo.

Outro, ucraniano, dizia que mesmo sendo, era contra a propaganda pós-modernista.

A Página Vermelha disse...

Não sei se você anda namorando algum rapaz, mas conheço vários sujeitos não-tradicionais que apoiam a luta contra o pós-modernismo.

Mulher acho difícil você ter, pois uma mulher que se preze quer um homem, e não uma "amiguinha para combater a homofobia".

Eu queria ver você no meio de uma revolução, pra ver quantos minutos iria demorar essa sua modinha pró-LGBT.

Felipe disse...

Cristiano, leia o texto desse link:
http://cuestionatelotodo.blogspot.com.es/2014/09/los-peligrosos-cantos-de-sirena-de-la.html?m=1