A Fonte da Amizade dos Povos, em Moscou, reúne representações em ouro dos 16 povos que compuseram a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, ou simplesmente URSS (uma dessas repúblicas foi depois integrada à Rússia, a República da Karélia). A expressão corporal hospitaleira, amistosa e receptiva dos monumentos aos 16 povos soviéticos chama rapidamente a atenção de todos os que passam ao seu redor, é impossível permanecer indiferente a uma fonte tão bonita que jorra alegria durante o verão e emana um espírito amistoso e vivaz. Logo atrás das musas douradas, vemos trigo, centeio e... cannabis! Sim, isso mesmo, bem no meio da fonte.
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Logo ao centro, folhas de cannabis |
E se você acha que isso foi apenas um equívoco do artista, um erro muito infeliz, as coisas não param por aí. A URSS atribuía até mesmo medalhas a diretores de kol'hozes (fazendas coletivas) que produziam enormes quantidades de cannabis. O Estado Soviético chegava a delimitar metas para o incremento de sua produção. Crianças em idade escolar visitavam campos de cannabis com a professora, assim como os de trigo e girassol, o que está amplamente documentado por fontes soviéticas.
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Visita a um campo de "kanoplya" |
Sim, assim como o presidente americano George Washington, a União Soviética plantava cannabis, porém isso não é o que talvez você esteja pensando! Hoje, com a existência de grupos massivos "anti-tabu", "descolados", "prafrentex", pós-modernos e satanistas no Facebook, não é difícil imaginar uma postagem ao estilo "nos tempos de Stalin cultivava-se maconha, por isso não há nada de errado em puxar um baseado no corredor da faculdade e chamar de fascista um policial que por acaso tenta coibir o seu uso". Isso já acontece, por exemplo, com o homossexualismo, cartazes soviéticos com homens se beijando ou cenas de filme com mulheres se beijando são apresentados a jovens ingênuos como sendo "manifestações homossexuais", quando na realidade se tratava de um costume fraternal praticado inclusive entre pais e filhos. Os argumentos de tais seitas são mais que previstos: "a guerra às drogas foi criada pelo presidente Nixon para matar negros", "isso é um genocídio contra os negros, racismo", quase sempre argumentos emotivos embasados na realidade americana.
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Medalha pela produção de cannabis da região de Kursk, da Rússia soviética |
A URSS, assim como George Washington, fundador dos EUA, produzia a cannabis para fins agro-industriais, era usada especialmente na produção de cordas, tecido de lona, papel, cosméticos, etc. Os cientistas botânicos soviéticos criaram uma variante absolutamente sem quaisquer propriedades psicotrópicas, a ponto da cannabis poder ser manipulada até mesmo por uma criança. Ela um componente fundamental da agricultura soviética. A folha até ganhou espaço na arquitetura de muitos edifícios soviéticos. Sua produção era considerada tão importante quanto a de trigo e girassol (usada como alimento também, na Rússia). Aliás, seu cultivo vem desde a Idade Média. As meias do príncipe Alexander Nevsky, da República de Novgorod, eram produzidas com cannabis. A cannabis produzida, a propósito, não era a cannabis sativa, mas a cannabis indica, cujo teor de THC é muito baixo, ela é praticamente inútil para narcômanos, com as alterações dos botânicos soviéticos ela se tornou inofensiva. É importante lembrar que na URSS o consumo e a comercialização de narcóticos era crime nos códigos penais da maioria das repúblicas soviéticas. Havia também centros de tratamentos de narcômanos, eles exerceram um papel muito importante nos anos 20.
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Tecido de cannabis indica |
O declínio da cannabis se deu a medida que foram aperfeiçoadas as tecnologias químicas, seu declínio se deu especialmente com o desenvolvimento de novas agulhas e máquinas automática, dos tecidos sintéticos, assim, a cannabis já não era mais necessária, caindo no esquecimento. Nos anos 90 ela voltaria à tona novamente, já não mais como utilitário social, mas sim como um veneno que o Ocidente injetou na Rússia, nos anos 90, para destruir os jovens e impôr uma cultura artificial estranha às tradições dos povos soviéticos, era a cannabis sativa, uma droga que passou a envenenar a Rússia pelo sul e pelos portos de São Petersburgo, seus melhores propagandistas eram rappers cheios de tatuagem e a boca suja com palavrões, que até no modo de vestir, caminhar e falar imitam marginais do outro lado do Atlântico. Agora a palavra "kanoplya" passava a despertar reações completamente negativas por parte da população. Jovens "monitores" e ativistas sociais se juntavam para destruir suas plantações e mesmo atacar fisicamente aqueles que negociavam a erva, produto odioso da cultura consumista.
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Coluna de uma casa em Minsk, Belarus |
A ideia que parte dos jovens brasileiros apresenta, geralmente ligados a movimentos identidários, de ideologia de gênero ou de "libertação sexual", de que a "oposição à maconha é produto do conservadorismo americano", "das políticas de Reagan", é absolutamente fantasiosa e não corresponde aos fatos. É preciso denunciar qualquer tentativa de falsificação da história baseada em factóides ou imagens e fotos tiradas de contexto, seja por "memes" feitos com base em pôsteres soviéticos ou paródias de tais cartazes, como é preciso lembrar também que não só a União Soviética, como a especialmente a China e Cuba tiveram políticas antinarcóticos muito rigorosas.
DIGA NÃO ÀS DROGAS! AS DROGAS FINANCIAM O ANTICOMUNISMO!
СКАЖИ НЕТ НАРКОТИКАМ! НАРКОТИКИ ФИНАНСИРУЮТ O ANTICOMUNISMO!
СКАЖИ НЕТ НАРКОТИКАМ! НАРКОТИКИ ФИНАНСИРУЮТ O ANTICOMUNISMO!
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Livro infantil sobre a konoplya de 1926 |
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Pavilhão de geologia de uma universidade soviética nos anos 50 |
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"Aumente a produção de "konoplya", alcance altos indicadores do seu trabalho!" |
Fonte: Artigo "A maconha na União Soviética", por https://www.liveinternet.ru/community/a_propos/post287794601/
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