terça-feira, fevereiro 25, 2014

UCRÂNIA: Crimeia torna-se de fato independente da Ucrânia


Por Cristiano Alves


Após uma série de protestos contra o chamado "bandero-fascismo", o governo popular das metrópoles do sudeste da Ucrânia, Sevastopol, Kerch e Simferopol, capital da Crimeia, anunciou que não reconhece o governo pró-OTAN que emergiu através de um putsch1 em Kiev. Manifestantes denunciaram o fascismo do Partido da Liberdade, que não apenas ostenta uma simbologia baseada nas divisões da SS, como também retratos de Stepan Bandera, líder do movimento colaboracionista pró-nazista da Ucrânia durante a Segunda Guerra, como de Roman Shuhyevich, comandante do Batalhão Rossygnol, da Waffen SS Galícia, que promoveu genocídio e limpeza étnica contra poloneses, tchecoeslovacos, bielorrussos, russos e ucranianos não-colaboracionistas. Shuhyevich e Bandera são os mais famosos "desestalinizadores" ucranianos.

Na cidade de Kerch, os apoiadores do regime golpista que depôs o ex-presidente Yanukovich, banderistas e anticomunistas, foram atacados publicamente. Apesar da polícia local ter tentado conter manifestantes exaltados, geralmente através do diálogo, esta não tomou medidas repressivas contra a população local.

Em outras metrópoles do país como Harkov e Odessa, que, junto com Kerch e Simferopol, ostenta o título de "Cidade-Herói"2 também não houve reconhecimento do novo governo após o golpe de Estado.

De acordo com testemunhos e cidadãos da cidade de Kiev, grande parte dos adeptos da "Maydan"(que em ucraniano significa "praça" e ficou associado ao movimento pró-OTAN/União Europeia) são pessoas de fora, uma espécie de "rolezão" promovido por pessoas do ocidente da Ucrânia, região marcada pela predominância de uma economia agrária, do catolicismo romano, além de influência polonesa, alemã e austríaca, conhecida pela sua colaboração com os nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.

Em várias cidades revelou-se, além do não reconhecimento do governo de Kiev, um desejo de aderir à Federação Russa, ao passo que outros manifestaram o desejo de criar um Estado em separado filorrusso. Em Sevastopol a tradicional bandeira ucraniana foi incinerada e as manifestações também foram marcadas por bandeiras comunistas, bielorrussas, e pela entonação da famosa canção antifascista "A guerra sagrada"(Svyaschennaya voyná). 

Em Simferopol, neste momento, segundo a agência de informação Lifenews, está em curso um referendo popular que decidirá o destino da Crimeia, região famosa por encontros históricos como a Conferência de Yalta e por suas portos e balneários paradisíacos.


1- Putsch: Golpe de estado
2- Cidade-herói: Título dado a 12 cidades da ex-União Soviética que demonstraram os maiores feitios de resistência ao nazismo. As Cidades-Herói são Minsk(Belarus), Odessa(Ucrânia), Kiev(Ucrânia), Sevastopol(Ucrânia), Kerch(Ucrânia), Smolensk(Rússia), Leningrado(Rússia, atual São Petersburgo), Novorrossisk(Rússia), Stalingrado(Rússia, atual Volgogrado), Moscou(Rússia), Tula(Rússia) e Murmansk(Rússia). Ao lado deste título está o de "Fortaleza-Heroi", atribuído exclusivamente à Fortaleza de Brest, em Belarus.


Confira os vídeos:

Em Sevastopol foi queimada a bandeira da Ucrânia:




Em Kerch os adeptos de Stepan Bandera e da "Maydan" são vaiados, xingados e atacados:




Centenas de milhares de odessitas saem às ruas e gritam "Rússia!", "O fascismo não passará" e "Odessa, Cidade-Herói!"

Um comentário:

Professor Eduardo Lima disse...

Veja meus dois vídeos sobre a Ucrânia:

Sobre o golpe na Ucrânia - Euromaidan
https://www.youtube.com/watch?v=k2gNcrucQFs&list=UUtFn3jO2qkdmhTt56ebNiYA&feature=c4-overview


Depois do golpe na Ucrânia, em Sevastopol ocorre democracia direta
https://www.youtube.com/watch?v=k8B7SZiMZxI&list=UUtFn3jO2qkdmhTt56ebNiYA&feature=c4-overview