A Avenida Paulista hoje foi tomada. Tomada pela reação, ou ao menos a parte útil a ela, como os militantes do Coletivo puderam presenciar. Enquanto outros lugares da cidade como o Largo da Batata e Av. Morumbi em frente ao Palácio dos Bandeirantes eram tomados, na Paulista o que menos se ouvia eram as palavras de ordem do ato contra o aumento das passagens. O mesmo cenário dos protestos combativos das semanas anteriores não se repetia. Ao invés disto, toda a fauna esteve presente: desde os libertários, que acreditam que todos os problemas do mundo se ligam diretamente a uma ineficiência do Estado e falta de livre mercado segundo qualquer “economista” austríaco obscuro; dos jovens de classe média que se autoproclamam “apartidários” como se o próprio ato dessa confissão de fé não fosse reacionário e que estão contra a corrupção mas não contra o capitalismo já que não aprenderam a fazer essa elementar relação de efeito e causa; até mesmo um grupo de neonazistas, aquela degenerescência humana que insiste em se reproduzir. Todas essas figuras transformavam o ato contra o aumento da passagem em mera ocasião para desabafar as frustrações pessoais sobre um quadro político que pouco entendem mas que querem rejeitar.
Esse fenômeno visto nesta segunda-feira é fruto de uma nova tática da imprensa burguesa que, após ver sua primeira tentativa de demonizar o movimento com acusações de vandalismo que foi prontamente negada pelas informações que correram a internet, agora tenta abraçar a “causa”, cooptar o movimento que passa a ser caracterizado como algo que vai além dos R$ 0,20 e que os atos protestam contra tudo e todos da política (menos aqueles da eventual preferência dos veículos), além do que, também tentarão caracterizar o “bom manifestante” e o “mau manifestante”, o primeiro aquele que protesta pacificamente contra o monstro da corrupção e que vai mudar o País mas que não se rende a nenhum partido, e o segundo, justamente os que sempre estiveram presentes apoiando o movimento e agora são definidos por dogmáticos e violentos que tentam controlar tudo para atender seus interesses partidários e que por isso, qualquer manifestação desses devem ser rechaçadas pela massa.
O MPL e os partidos e movimentos de esquerda, que sempre estiveram presentes na discussão do transporte público da cidade e nas manifestações contra os aumentos das passagens, precisar agir rápido e dar uma resposta a esta tentativa da direita e da mídia burguesa de esvaziar os atos em meras confraternizações entre “indignados” que mal sabem explicar por que exatamente se indignaram. Deve-se buscar uma unidade de ação para o movimento, ainda que causem contradições inevitáveis. A estruturação horizontal e ausência de lideranças só funcionam em ensaios abstratos de casos poucos efetivos. Para dar respostas a situações concretas e urgentes, esse tipo de organização nunca pôde, não pode e nem poderá gerar resultados satisfatórios. Deve-se tomar a frente dos protestos; deixar claro a reivindicação da revogação do aumento da tarifa e denúncia do escandaloso monopólio dos transportes na cidade de São Paulo, que demanda milionários subsídios da Prefeitura mas que mantém ao mesmo tempo lucros não menos grandiosos e, desta forma, determinar o caráter anticapitalista do movimento. Ao assumir posição firme diante dos fatos o movimento dará um passo fundamental para sua consolidação, derrotará o oportunismo da direita e conquistará cada vez mais a massa de trabalhadores e trabalhadores para a sua causa.
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