segunda-feira, maio 20, 2013
MUNDO: Europa oriental 15 anos depois e sua dura realidade
Introdução por Ortega
Seguem alguns dados sobre a barbárie social que se abateu sobre os países do Leste Europeu depois da queda do socialismo. É interessante como existem incautos ignorantes o suficiente para acreditar que a pobreza que existe naqueles países hoje "se deve ao socialismo", numa lógica falaciosa de post hoc ergo propter hoc. Com o capitalismo não veio somente o desmantelamento e privatização de grandes empresas aliada ao desaparecimento da segurança social, veio também o caos. Tráfico de pessoas, abuso de drogas, corrupção, criminalidade, assassinato, desemprego, impunidade, etc. Eu diria nessa linha que "diversos autores e fontes" reconhecem o bem estar social existente nesses países nos tempos do socialismo, porém seria ridículo já que não existe polêmica quanto a isso (como esses dados estão aí para mostrar). A nostalgia do socialismo tem suas origens. Me impressiona que alguns "libertários", especialmente os mais novos, acreditem que isso realmente foi um "avanço" e que o mercado é capaz de resolver todos os problemas sociais; a eles cabe a honestidade de reconhecer a barbárie que se instaurou nesses países e defender aquilo que acreditam, dizer que "esse é o preço da liberdade", ao invés de forjar quimeras para se opor. Gastam a saliva para falar da "impossibilidade do cálculo econômico", "eppur si muove" - o socialismo certamente funcionava e funcionava melhor que o regime econômico atual, implicava num avanço sem precedentes nas forças produtivas, avanço abortado pelo capitalismo. É claro que para os nossos "macroeconomistas" e demais "especialistas" a robustez de uma economia não se mede por suas forças produtivas e sim por uma "estabilidade" que nada mais é que a estabilidade do capital financeiro. É bom lembrar também dos "esquerdistas", especialmente os morenistas da LIT-PSTU que comemoram esse acontecimento da queda do socialismo sob o pretexto de "permitir a reorganização dos trabalhadores". "Reorganização" dos trabalhadores desempregados que foram demitidos por multinacionais ou tiveram suas empresas fechadas, dos esfomeados? Os trabalhadores que tiveram suas organizações atacadas e foram duramente reprimidos por Yeltsin (que chegou a bombardear o Parlamento) quando tentaram recuperar o que perderam? Os fatos gritam por si só, e fato é que a queda do socialismo significou um retrocesso nas forças produtivas desses países (que demonstrarei em tabelas numa outra postagem), anomia, fim da seguridade social e um grande golpe aos trabalhadores e de toda sociedade no que concerne sua situação material. Até hoje não houve recuperação, mesmo com o abrandamento de efeitos que foram extremos nos anos '90 e 15 anos depois se faziam sentir. Por fim, como disse, cada um trás os seus valores e julga isto como preferir: para os trotskistas da LIT é provável que o melhor seja assim mesmo.
Europa Oriental: 15 anos depois, a dura realidade
Por Marc Vandepitte
A instauração do capitalismo significou um retrocesso para todos os países da Europa Oriental, tanto no plano econômico quanto no social. Um relatório das Nações Unidas declara: "A mudança de uma economia planificada para uma economia de mercado foi acompanhada de grandes mudanças na divisão da riqueza nacional e no bem-estar social. As estatísticas mostram que são as mudanças mais rápidas jamais registradas. Isso é dramático e acarretou um custo humano elevado" (1).
Entre 1990 e 2002, o produto interno bruto (PIB, o conjunto de bens e serviços produzidos em um ano) por habitante dos países da Europa Oriental diminuiu em 10%, enquanto em países de nível comparável o aumento no mesmo período do PIB foi de 27% (2). Isso representa uma perda efetiva de quase 40%. Essa regressão vale para todos os países, salvo Polônia e Eslovênia.
Hoje, o PIB per capita dos antigos países comunistas da Europa Central e Oriental é 25% menor que o da América Latina (3). Para as repúblicas da ex-União Soviética a situação é mais dramática ainda. Nos anos 90 o PIB caiu em 33% (4). A Ucrânia teve, inclusive, uma diminuição de 48% (5) entre 1993 e 1996, e a Rússia teve de 47% (6).
As ações das empresas Estatais foram vendidas a preços ridiculamente baixos, uma grande parte do poderoso aparato econômico e industrial foi desmantelada. Em alguns anos, a grande potência industrial que era a Rússia se converteu em um país do Terceiro Mundo. O seu PIB (144 milhões de habitantes) é mais baixo que o dos Países Baixos (16 milhões de habitantes).
A União Soviética retrocedeu economicamente em uns 100 anos. No momento da revolução socialista, em 1917, o PIB per capita era de 10% em relação ao dos americanos. Em 1989, apesar do fato de a União Soviética ter deixado a Segunda Guerra esgotada e praticamente destruída, o PIB per capita alcançava 43% do índice dos americanos (7). Hoje, o PIB per capita russo é menor de 7% do índice dos cidadãos dos EUA.
A situação social
Cerca de 150 milhões de habitantes da ex-União Soviética (isto é, o número de habitantes de França, Reino Unido, Países Baixos e Escandinávia reunido) desapareceram dentro da pobreza nos princípios dos anos 90. Hoje vivem com menos de 4 dólares por dia (8). O número de pobres que vivem com menos de um dólar por dia se multiplicou por vinte. Na Bulgária, Romênia, Rússia, Cazaquistão, Quirguistão, Turcomenistão, Uzbequistão e Moldova o número de pobres atinge de 50% a 90% da população (9).
Segundo um estudo recente da Unicef, um em cada três crianças dos antigos países do Leste Europeu vive hoje na miséria (10). Um milhão e meio de crianças vivem em orfanatos. Na Rússia, o número de crianças abandonadas foi duplicado, apesar da forte diminuição da taxa de nascimentos. Em Bucareste, capital da Romênia, centenas de crianças vivem nas ruas e mais de 100 mil abandonadas. E no antigo Bloco Oriental mais de 100 mil delas foram empurradas para a prostituição.
Os cuidados médicos e sociais com as crianças foram quase inteiramente desmantelados. Para muitas mulheres, a mudança para o capitalismo foi também uma verdadeira catástrofe: "Um numero crescente de mulheres é vítima da violência. Muitas mulheres que procuraram desesperadamente por trabalho e por uma vida melhor foram empurradas para a prostituição, organizadas por máfias" (11). A cada ano, aproximadamente, meio milhão de mulheres da região é literalmente exportado para os países da Europa Ocidental (12).
Antes da passagem para o capitalismo, a região vivia um bem-estar social garantido. Um relatório das Nações Unidas descreve: "Antes dos anos 90, as condições sociais nos países da Europa Central e Oriental e nos países da CEI (13) eram notavelmente boas. Havia uma grande segurança social como base. O emprego era garantido por toda a vida. Da mesma forma, se a renda monetária era baixa, era estável e segura. Muitos bens de consumo e serviços básicos eram subsidiados e o abastecimento era regular. Havia alimentação suficiente, roupas e moradias. O acesso à educação e à saúde era gratuito. A aposentadoria estava assegurada e as pessoas podiam desfrutar de outras formas de proteção social" (14).
O relatório continua: "Hoje, uma educação satisfatória, uma vida sã e uma alimentação suficiente não estão asseguradas. A taxa de mortalidade aumenta, novas epidemias potencialmente destruidoras ameaçam e tornam a vida (e a sobrevivência) num crescente e alarmante perigo" (15).
Uma conseqüência: certos países dramaticamente perdem população. Na Ucrânia, a população diminuiu em 1,2 milhões de pessoas desde o ano de 1991. Na Rússia, entre 1992 e 1997, em 5,7 milhões, apesar da chegada de 3,7 milhões de imigrantes de países vizinhos. O que quer dizer que a cada dia que passa há menos 3,5 mil russos no país.
As Nações Unidas estimam que, se a atual tendência não se inverter a população dos antigos países do Leste Europeu terá diminuído 20% em 2050 em relação aos dias de hoje. De 307 milhões de pessoas, passarão para 250 milhões (16).
Que pensa o povo?
As pessoas oscilam entre a decepção, a resignação e a cólera. Alguns exemplos:
A Polônia foi a nação que se deu melhor com a transição. Neste país tão católico o comunismo jamais teve vida fácil. Entretanto, 44% dos poloneses de hoje julgam o período do Bloco Socialista como "positivo". Quarenta e quatro por cento dos poloneses estimam que o socialismo é uma boa doutrina, mas que foi "mal aplicada". Trinta e sete por cento fazem uma apreciação positiva do partido comunista, que esteve no poder de 1945 a 1989. Trinta e um por cento deles se dizem descontentes com o período findo com a queda do muro. Somente 41% acham que o capitalismo ainda é um sistema melhor (17).
Um pouco mais para o Oeste, no território da antiga Alemanha Democrática, 76% dos alemães consideram o socialismo "uma boa idéia, mas que foi mal aplicada" e só um em cada três deles está satisfeito com a forma como funciona a democracia (18).
De acordo com uma pesquisa feita em 1999, 64% dos romenos preferiam viver sob o comando do premiê Ceausescu (19).
Na Rússia, Lênin é ainda muito popular. Sessenta e sete por cento dos russos emitem opiniões positivas a seu respeito. Apenas 15% deles falam de Lênin utilizando termos negativos (20).
Há milhares de insatisfações e o potencial de revolução é grande. As feridas do passado estão ainda abertas e a confusão ideológica ainda é grande, mas não se afasta a idéia de que, em um futuro próximo, se regresse ao socialismo, mas desta vez, "bem aplicado".
Os males típicos do Terceiro Mundo
Desde a instauração do capitalismo, a Europa Oriental parece cada vez mais formada por países do Terceiro Mundo.
A décima parte dos habitantes dos antigos países do Bloco Socialista está desnutrida. Na Rússia, uma criança em cada sete sofre de desnutrição crônica.
Pela primeira vez em 50 anos, o analfabetismo reapareceu.
A tuberculose está novamente tão disseminada como no Terceiro Mundo.
O número de casos de sífilis na Rússia, em 1998, era quarenta vezes maior que o de 1990.
A esperança de vida dos russos de sexo masculino passou de 63,8 para 57,7 anos, entre 1992 e 1994. Na Ucrânia diminuiu de 65,7 para 62,3 anos.
Desde 1992, o número de alcoólatras duplicou na Rússia.
Para cada 100 casos de gravidez, há 60 abortos na Rússia. A conseqüência é brutal: 6 milhões de mulheres são estéreis.
O número de suicídios na Polônia aumentou em 25%. Em alguns países da ex-URSS dobrou.
O número de crimes, na Bulgária, é quatro vezes maior que em 1989. Na Hungria e na República Tcheca triplicou. Na Polônia, aumentou em 60% o número de assassinados. Noutros países, em até 250%.
As Nações Unidas estimam que o número de mortos nos antigos países socialistas, atribuídos às novas enfermidades (facilmente curáveis) e à violência (guerra) é de 2 milhões nos primeiros 5 anos da passagem para o capitalismo.
Notas
1. PNUD, Informe sobre a evolução da humanidade, 1999, pp. 39 e 79.
2. PNUD, Informe sobre a evolução da humanidade, 2004, p. 187.
3. Ibidem.
4. Comissão econômica das Nações Unidas para Europa, ver www.unece.org/stats/trends/ch5/5.2.xls.
5. Financial Times, 12 de outubro de 2004.
6. Le Monde Diplomatique, julho de 1998.
7. Harpal Brar, Imperialismo. Decadente, Parasita, Moribundo Capitalismo, Londres 1997, p. 210.
8. James Gustave Speth, The Plight of the Poor, Foreign Affairs, maio-junho 1999; PNUD, Informe sobre a evolução da humanidade, 1997, p. 35.
9. PNUD, Informe sobre a evolução da humanidade, 2000, p. 172; Unicef, Poverty, Children and Policy, Report n. 3, Nova Iorque, 1995; PNUD, Informe sobre a evolução da humanidade, 2004, pp. 150-151; Michael Chossudovsky, Global Poverty in the late 20th Century, p. 296.
10. Unicef, Eastern Europe & Central Asia: Millions of Children bypassed by Economic Progress, Moscou 2004.
11. PNUD, Informe sobre a evolução da humanidade para Europa central e oriental & a CEI, 1999, pp. 7-8.
12. PNUD, Informe sobre a evolução da humanidade, 1999, p. 89.
13. CEI, Confederação de Estados Independentes, uma organização desaparecida das antigas repúblicas soviéticas.
14. PNUD, Informe sobre a evolução da humanidade para a Europa Central e Oriental e a CEI, 1999, p. 2.
15. Ibidem, p. 10.
16. The New York Times, 4 de maio de 2000; Le Monde Diplomatique, março 1999; Le Monde Diplomatique, julho 1998.
17. Le Monde Diplomatique, janeiro de 2001; La Libre Belgique, 2 de agosto de 2002.
18. The Guardian, 9 setembro de 2004.
19. NRC Handelsblad, 14 de dezembro de 1999.
20. NRC Handelsblad, 18 de abril de 2001.
Marc Vandepitte* é escritor. Escreveu livros em holandês sobre Cuba, Iraque e a antiglobalização
domingo, maio 19, 2013
BRASIL: Boatos sobre o Bolsa Família levam milhares de pessoas à Caixa Econômica Federal
Por V. Tavares
No dia 19 de maio de 2013 milhares de famílias foram às agências da Caixa Econômica Federal movidas por boatos segundo o qual "seria hoje pago um valor extra" e "o programa Bolsa Família iria acabar". O boato não apenas levou milhares de pessoas às agências da Caixa, como também foi responsável por tumultos por parte de indivíduos que nada conseguiram sacar. O fenômeno foi verificado em Teresina e várias outras partes do Brasil.
Artifícios semelhantes foram usados no golpe de 1964, que derrubou o então presidente Jânio Quadros. A página do jornal G1 sobre o boato também foi estranhamente "hackeada", levando a um endereço estranho ao do site da Globo durante alguns instantes.
Confira mais em: http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2013/05/beneficiarios-do-bolsa-familia-fazem-fila-em-agencias-da-caixa-no-rio.html
BRASIL: Extrema-direita pode estar preparando um golpe de Estado no Brasil
Por Vladimir Tavares
Nos últimos dias a extrema-direita brasileira tem preparado uma série de manobras para preparar a população contra o governo do PT. Notícias sobre suposto "golpe comunistas", alarmadas por músicos decadentes como Lobão, tem sido espalhadas nas redes sociais e integrado a fantasia do onanismo ideológico de extrema-direita.
No dia 19 de maio, entretanto, um outro método foi além do Facebook, a divulgação de um boato segundo o qual "o governo federal irá extinguir o Bolsa Família", levando milhares de pessoas às agências da Caixa Econômica Federal, a fim de aumentar a insatisfação popular e reduzir a aprovação do governo atual por parte da população.
A manobra é uma espécie de "incêndio do Reichstag" à brasileira, organizada pela direita, por partidos como o PSDB, uma medida desesperada para recuperar seu prestígio político cada vez mais em queda.
quarta-feira, maio 08, 2013
9 DE MAIO: Como é retratada a história da Segunda Guerra Mundial nos EUA
É sabido que os americanos costumam reescrever a história conforme seus próprios interesses, da maneira que lhe pareça mais confortável, essa prática fica ainda mais evidente quando se trata da própria história da IIGM, onde mais de 27 milhões de soviéticos foram mortos pelas hordas fascistas, civis e militares, crianças, mulheres e homens, muitos deles aldeões indefesos incinerados vivos em igrejas em massacres como o de Hatin, em Belarus, ou mesmo heroicos combatentes como os da batalha de Stalingrado, a maior da história. Ocorre que, embora Stalingrado, Kursk ou Brest não fiquem em Nova Iorque, nos EUA existe a versão de que foi o país americano o grande "vencedor da guerra", o grande "libertador". Esse processo de falsificação e exclusão do papel soviético, facilmente refutável até mesmo por fontes americanas da época da guerra, é apresentado aqui pelo candidato de ciências tecnológicas armeno Tigran Halatyan, que hoje vive nos Estados Unidos.
Por Tigran Halatyan
Tradução de Cristiano Alves
Eu moro na América e quero compartilhar com você a forma como é apresentada a Segunda Guerra Mundial nos EUA. Primeiramente, o que me impressionou, é o fato de que a maioria dos americanos acreditam que eles foram o fator básico que decidiu a destruição da Alemanha fascista, e no tocante à União Soviética tem eles uma visão anuviada. Muitos até mesmo pensam que União Soviética lutou ao lado de Hitler...
Mas abandonemos pontos de vista e passemos aos fatos. Como falsificar a história sem recorrer a mentiras deslavadas? Basta contar uma parte da verdade, e assim teremos uma mentira sem máscara.
É assim que se escreve a história no Ocidente. Problemas ideológicos são resolvidos por meio de distorção e ocultação..
Tomemos o livro de história da 7ª série pelo qual estudou a minha filhinha, "Prentice Hall. History of Our World 2007"(Prentice Hall. História do nosso mundo, 2007). Na página 623 (seção 4, capítulo 21), a guerra que se passa em 1943-45 na Europa tem a ela apenas um parágrafo dedicado. Aqui ao todo:
"A vitória na Europa. Através das campanhas na África do Norte e na Itália, os Aliados abriram a frente ocidental contra os enfraquecidos alemães. Em 6 de junho de 1944, navios aliados com 156.000 soldados embarcados assaltaram a Normandia, na costa setentrional da França. Conhecido como Dia D, o assalto à Normandia iniciou a marcha dos aliados em direção ao leste. Em seis meses os exércitos aliados alcançaram a Alemanha. Após a última tentativa de atingir sucesso em dezembro de 1944, conhecida como "Batalha nas Ardenas", o Exército Alemão foi destruído. Os aliados alcançaram a vitória na Europa em 8 de maio de 1945.
E foi assim que acabou a guerra na Europa. É justo dizer que a Batalha de Moscou e de Stalingardo foi lembrada no capítulo acima. Mas como os americanos chegaram à Europa, os autores rapidamente esqueceram-se dos russos. Não há "ataques poderosos do Exército vermelho em 1944-1945, não há o assalto a Berlim. Há apenas alemães enfraquecidos, enfraquecidos pela aviação estratégica dos aliados!
Agora vejamos a biblioteca local. Na estante há muitos livros sobre a Segunda Guerra Mundial. Em suma falam sobre as batalhas com participação americana ou sobre o Holocausto. Muitos livros dedicam-se aos ataques japoneses em Pearl Harbor e ao Dia D. Para os que não sabem, a abertura da Segunda Frente em 6 de junho de 1944 se chama Dia D, termo militar para o dia do início da operação.
Isso, aliás, não é coincidência. Muito conveniente, em vez de falar sobre a segunda frente, os americanos preferem lembrar o "Dia D: o começo do fim para a Alemanha nazista" como a batalha mais importante da Segunda Guerra Mundial, em sua descrição. E ao começar a falar sobre a segunda frente, surge imediatamente a pergunta: onde foi a primeira frente e qual foi a frente mais importante? Portanto, a resposta mais curta e clara é "Dia D".
Mas de volta à biblioteca, eu noto em local visível três belas cópias do livro do historiador americano Stephen Ambrose, "A justa luta: Como foi vencida a Segunda Guerra Mundial"(Stephen E. Ambrose. The good fight. How World War II was won, 2001).
As notas sobre a obra são promissoras. Lá está escrito "Steven E. Ambrose, um dos melhores historiadores dos nossos tempos, escreveu a história da Segunda Guerra Mundial para os nossos jovens leitores". E aqui leio uma lista dos acontecimentos principais da guerra:
1939: 1º de Setembro. Alemanha invade a Polônia, iniciando a Segunda Guerra Mundial.
1940: 27 de setembro. Japão assinou o Pacto de Aço.
1941: 5 de novembro. O governo japonês toma a decisão secreta de ir à guerra com os Estados Unidos.
7 de Dezembro. Os japoneses fazem um ataque surpresa na base militar norte-americana em Pearl Harbor, no Havaí.
8 de dezembro. Estados Unidos declaram guerra ao Japão.
1942: 20 de janeiro. A Conferência de Wannsee.
18 de abril. Raide de Dulit no Japão.
4 de junho. A Batalha de Midway, os japoneses capturados nas ilhas de Attu e Kiska perto Alaska.
7 de agosto. Fuzileiros navais dos EUA invadem o Guadal Canal japonês.
8 de novembro. Operação Tocha, o desembarque aliado na África do Norte.
E assim por diante. Sobre a guerra da URSS contra o nazismo - praticamente nada se diz.
Isto é, respondendo à pergunta sobre como a Segunda Guerra Mundial foi vencida, por um "dos melhores historiadores do nosso tempo", tranquilamente e sem qualquer pitada de consciência é falado apenas sobre as batalhas e eventos envolvendo a participação dos americanos. E na América isso é adotado como norma. Visite um website popular de venda de livros. Lá há apenas comentários positivos sobre o autor(menos as opiniões verdadeiras dos leitores).
Steven Ambrose, um dos historiadores mais populares de livros escritos nos EUA, possui um livro com um parágrafo significante em "Os vencedores: Eisenhower e seus rapazes. Os homens da II Guerra Mundial"(The Victors: Eisenhower And His Boys The Men Of World War II). Na página 352 temos:
"Na primavera de 1945, em diferentes partes do mundo, apareceram destacamentos de dúzias de jovens, armados e uniformizados, que semearam o terror nos corações das pessoas. Fossem eles destacamentos do Exército Vermelho... ou do Exército Alemão... ou destacamentos do Exército Japonês... esses destacamentos recorriam a estupros, pogroms, saques, destruição maciça e matanças desmotivadas. Mas havia uma exceção, eram os destacamentos do Exército Americano, visão que despertava os maiores sorrisos, visíveis nos rostos das pessoas, que semeavam a alegria em seus corações..."
Se Ambrose não vê diferença entre o Exército Vermelho e os nazistas, fazer o quê? E como ficam seus amigos ingleses? Num ataque de narcisismo até esqueceram deles. E isso, repito, num dos principais historiadores americanos - seus livros são vendidos em toda parte. Mas será que não é possível encontrar na biblioteca livros dedicados à participação da União Soviética na guerra?
É possível. Temos um livro de 2004, de Margaret D. Goldstein: "Segunda Guerra Mundial na Europa" (Margaret J. Goldstein. World War II in Europe).
Lá, na página 17, há um mapa da Europa intitulado "Blitzkrieg de Hitler: 1939-1941". Só a União Soviética, por algum motivo, não está pintada. Olhei mais de perto e vi "União Soviética, aliada da Alemanha até junho de 1941". Isso de forma clara e sem pudor. Depois disso, não é surpreendente que sobre a contribuição da União Soviética não tenha sido tamanha. Mas, mesmo depois de junho de 1941, tivemos como aliados a Inglaterra e os EUA. Mas, na página 86 há uma lista de grandes batalhas.
As principais batalhas da Segunda Guerra Mundial na Europa:
A invasão alemã da Polônia - 1 de setembro de 1939
A invasão alemã da Noruega e da Dinamarca - 09 abril de 1940
A invasão alemã da Bélgica, Holanda e França - 10 de maio de 1940
A Batalha da Grã-Bretanha - De julho a outubro 1940
A invasão alemã da União Soviética - 22 de junho de 1941
A batalha de Kiev, Kursk, Leningrado, Moscou, Sevastopol e Stalingrado - junho de 1941 a junho 1944
Os japoneses bombardearam Pearl Harbor, Hawaii - 07 de dezembro de 1941
A Batalha de El Alamein - de outubro para novembro 1942
Invasão aliada da Argélia e Marrocos - 08 de novembro de 1942
Invasão aliada da Tunísia e Líbia - de fevereiro a maio 1943
A invasão aliada da Sicília - 10 de julho de 1943
A batalha de Monte Cassino, Itália - 4 de janeiro to 18 de maio, 1944
A invasão aliada da Anzio na Itália através de: - 22 de janeiro de 1944
Invasão aliada da França através da Normandia (Dia D) - 06 de junho de 1944
Invasão aliada do sul da França - agosto 1944
Isso mesmo, sem qualquer respeito, todas as mais importantes das nossas batalhas são reunidas numa simples linha. E as batalhas por Budapeste e Berlim, além de outras, sequer aparecem. Por isso que o americano médio não entende que 80% do exército alemão foi destruído na Frente Oriental. Ah, nós lembramos - "após a batalha nas Ardeñas o exército alemão foi esmagado". Nos dá a impressão, ainda, de que após a chegada dos americanos na Europa, apenas eles combateram os alemães.
Alguém pode alegar que eu escolhi especialmente os piores livros, e que, de súbito, há melhores. Há, nó é preciso buscar muito. É possível recolher migalhas da verdade, mas o filho de um americano não conseguiria fazê-lo. E eu citarei trechos de publicações mais populares. Por exemplo, o que pode ser mais popular do que a famosa série "Para leigos"(For Dummies), que é publicada em enormes tiragens para todo o mundo, inclusive na Rússia?
Vejamos um livro de Kate D. Dickson, "A Segunda Guerra Mundial para leigos"(Keith D. Dickson. World War II for Dummies). Na contra-capa do livro, que deve prender a atenção do leitor, temos: "Conheça a história de Hitler, Pearl Harbor, Dia D e Hiroshima". A frase é bastante notável e mostra a quê os americanos associam a guerra. Não surpreende, que entre vários eventos importantes não havia lugar para Moscou e Kursk. Mas é interessante o que está no capítulo 23, página 371 de "Os dez maiores líderes da Segunda Guerra Mundial".
O autor trata o assunto a sério: "Quando se trata de fazer tal lista, há que escolher aqueles que merecem atenção... Eu fiz uma lista com as principais qualidades de liderança de pessoal, domínio da técnica militar, capacidade de inspirar as pessoas na batalha, capacidade de usar a vontade individual em prol dos interesses nacionais. Para fugir de discussões maiores eu coloco a lista em ordem alfabética".
Como resultado, os dez primeiros foram:
1. Winston S. Churchill: A Grandeza Eterna (Inglaterra).
2. Dwight D. Eisenhower: Não se preocupe, alegre-se (EUA).
3. Douglas MacArthur: Malditos torpedos! (EUA).
4. George Marshall: A Verdadeira devoção (EUA).
5. Chester W. Nimitz: Senhor dos Mares (EUA).
6. George S. Patton: Guerreiro para qualquer época do ano (Estados Unidos).
7. Erwin Rommel: A raposa do deserto (Alemanha).
8. Franklin D. Roosevelt: Esquivador habilidoso (EUA).
9. Isoruko Yamamoto: Guerreiro Samurai (Japão).
10. Georgy Júkov: O líder das massas (URSS).
É compreensível o porquê desse livro, ao contrário da série For Dummies, este livro sobre a Segunda Guerra Mundial não seja traduzido em russo. Nós provavelmente tínhamos outra Segunda Guerra Mundial completamente diferente. Mas adivinhem quem disse o seguinte:
"A história não conhece maior exemplo de coragem do que o que foi mostrado pelo povo da Rússia Soviética". "Nós e os nossos aliados estão eternamente gratos e sempre em débito com o exército e o povo da União Soviética.". "A capacidade e o espírito de luta combativo dos soldados russos têm a admiração do Exército dos EUA". "A escala e a grandiosidade da contribuição russa pode ser considerada como o maior feito militar de toda a história".
Eu encontrei essas declarações no alto comando dos EUA no famoso filme-documentário americano "Por que lutamos: A batalha da Rússia", dirigido por Frank Kapra, produzido em 1943. A primeira citação pertence a Henri L. Simpson, Ministro da Guerra dos EUA; a segunda, a Frank Knox, Ministro da Marinha dos EUA; a terceira, ao Diretor do Estado-Maior George Marshal; a quarta, ao general Douglas McCarthur, comandante das forças americanas no Oceano Pacífico.
Assim, no distante ano de 1943, quando a União Soviética praticamente sozinha combateu a força da Alemanha nazista e salvou todo o mundo da ameaça parda, eles falavam de modo completamente diferente...
Extraído da revista Gorod 812: http://www.online812.ru/2012/05/23/010/
Traduzido por Cristiano Alves
MUNDO: Como se ensina sobre a Segunda Guerra Mundial nos EUA (RUS)
Как преподносят историю Второй Мировой войны в США
Всем известно, что американцы переписывают всю историю на свой лад, так как им удобно. История второй мировой войны не исключение, а яркое тому подтверждение. В доказательство хочу привести статью Тиграна Халатяна кандидат технических наук, который проживает на данный момент в США.
В своей статье он приводит конкретные примеры из американских учебников, где самым мерзким образом вклад Советского Союз в победе над фашистской Германии принижается и не учитывается. Зато Американский солдат показан во всей исторической красе.
Статья:
Я живу в Америке и хотел поделиться с вами, как освещается Вторая Мировая война в США. Первое, что меня поразило это то, что большинство американцев уверены, что именно они внесли основной вклад в разгром нацисткой Германии, а про вклад Советского Союза имеют весьма туманное представление. Многие даже думают, что Советский Союз воевал на стороне Гитлера...
Но перейдём от общих впечатлений к фактам. Как можно сфальсифицировать историю, не опускаясь до откровенного вранья? Просто рассказывая часть правды. И это будет ещё почище откровенной лжи.
Так и пишут историю на Западе. Идеологические задачи решаются путём искажений и замалчиваний.
Возьмём учебник мировой истории для 7-го класса по которому училась моя дочка. Prentice Hall. History of Our World 2007 (Прентис Хол. История Нашего Мира, 2007). На странице 623 (section 4, Chapter 21) ходу войны в 1943-45 г. в Европе, посвящен всего один параграф. Вот он полностью:
«Победа в Европе. Вслед за компаниями в Северной Африке и Италии, Союзники открыли западный фронт против ослабленных немцев. 6 июня 1944 корабли союзников с 156 000 солдат на борту высадились в Нормандии, северном побережье Франции. Известная как День Д, высадка в Нормандии была началом массированного похода союзников на восток. Через шесть месяцев союзные армии дошли до Германии. После последней попытки достичь успеха в декабре 1944, известной как Битва в Арденнах, немецкая армия была сокрушена. Союзники провозгласили победу в Европе 8 мая 1945 г.»
Вот так и закончилась война в Европе. Справедливости ради надо сказать, что Битва за Москву и Сталинградская битва в главе всё-таки были упомянуты. Но как пришли американцы в Европу, про русских авторы учебника сразу забыли. Нет мощнейших ударов Красной армии в 1944—1945 году, нет штурма Берлина. А есть ослабленные немцы, ослабленные налётами стратегической авиации союзников!
Теперь давайте заглянем в местную библиотеку. На полке достаточно много книг про Вторую Мировую войну. В основном они рассказывают о битвах с участием американцев или про Холокост. Много книг посвящённых атаке японцев на Пёрл Харбор (Pearl Harbor) и День Д (D-Day). Для тех, кто не знает: открытие Второго Фронта 6 июня 1944 г. в Америке давно называется «День Д», от военного термина означающего день начала операции.
Это, кстати, неслучайно. Очень удобно, вместо того, чтобы говорить о Втором Фронте, американцы предпочитают вспоминать «День Д: начало конца для Нацисткой Германии» (D-day: the beginning of the end for Nazi Germany), самой главной битвы Второй Мировой в их представлении. А заговоришь о Втором фронте, сразу возникают вопросы: а где же был Первый Фронт, и какой фронт был важнее? Поэтому коротко и ясно – «День Д».
Но вернёмся в библиотеку, на видном месте замечаю целых три копии красиво оформленной книги известного американского историка Стивена Амброза «Справедливая битва. Как была выиграна Вторая Мировая война», 2001 (Stephen E. Ambrose. The good fight. How World War II was won, 2001).
Аннотация на вкладыше многообещающая. Там говорится «Стивен И. Амброз, один из лучших историков нашего времени написал превосходную хронологию Второй Мировой войны для молодых читателей…» И тут же на развороте читаю список основных событий войны и цепенею.
1939
1 сентября. Германия вторгается в Польшу, Вторая Мировая Война начинается.
1940
27 сентября. Япония подписывает Стальной Пакт.
1941
5 ноября. Японское правительство принимает секретное решение начать войну с Соединёнными Штатами.
7 декабря. Японцы производят внезапную атаку на Американскую военную базу в Пёрл Харбор, Гавайи.
8 декабря. США объявляют войну Японии.
1942
20 января. Ванзейская конференция.
18 апреля. Рейд Дулита на Японию.
4 июня. Битва за Мидуэй, Японцы захватывают острова Атту и Киска возле Аляски.
7 августа. Морские пехотинцы США вторгаются на удерживаемый японцами Гуадаканал.
8 ноября. Операция Торч, высадка союзников в Северной Африке.
И так далее, и тому подобное. О борьбе СССР с нацизмом – практически ни слова.
То есть, отвечая на вопрос, как Вторая Мировая война была выиграна, «один из лучших историков нашего времени» преспокойно и без всякого зазрения совести рассказывает только о битвах и событиях с участием американцев. И в Америке воспринимают это как норму. Пойдите на популярный вебсайт по продаже книг. Там в основном очень позитивные отзывы читателей (кроме отзыва вашего покорного слуги).
Стивену Амброзу, одному из самых популярных историков пишущих книги в США, принадлежит и следующий «выдающийся» параграф из не менее «выдающейся» книги «Победители: Эйзенхауэр и его ребята – Мужчины Второй Мировой Войны» («The Victors: Eisenhower And His Boys The Men Of World War II»). На странице 352 читаем:
«Весной 1945 в разных концах мира появление отряда из дюжины молодых людей, вооружённых и в форме, вселяло ужас в сердца людей. Был ли это отряд Красной Армии… или немецкий отряд... или японский отряд... этот отряд означал изнасилования, погромы, грабёж, масштабные разрушения, бессмысленные убийства. Но было и исключение: отряд американцев, вид которого вызывал самые большие улыбки, которые возможно было бы увидеть на лицах людей и вселял радость в их сердца…»
Ну, не видит Амброз разницы между Красной Армией и нацистами, что поделать. А как же друзья англичане? В порыве самолюбования о них вообще забыли. И это, повторяю, один из ведущих американских историков – его книжки повсюду продаются. Но неужели в библиотеке нельзя найти книги, где освещён вклад Советского Союза в войне?
Можно. Вот книга 2004 года: Маргарет Д. Голштейн «Вторая Мировая война в Европе» (Margaret J. Goldstein. World War II inEurope)
Там на странице 17 напечатана карта Европы, озаглавленная «Блицкриг Гитлера 1939—1941». Только Советский Союз как-то не так там закрашен. Смотрю внимательнее и вижу: «Советский Союз (Союзник Германии до июня 1941)». Вот так вот чётко, без всяких оговорок. После этого не стоит удивляться, что про вклад Советского Союза не так много. Но хоть после июня 1941 мы, вроде как бы уже союзник Англии и США. А вот на странице 86 и список главных битв.
Главные битвы Второй Мировой Войны в Европе:
Немецкое вторжение в Польшу – 1 сентября 1939
Немецкое вторжение в Норвегию и Данию – 9 апреля 1940
Немецкое вторжение в Бельгию, Нидерланды и Францию – 10 мая 1940
Битва за Британию – С июля по октябрь 1940
Немецкое вторжение в Советский Союз – 22 июня 1941
Битвы за Киев, Курск, Ленинград, Москву, Севастополь и Сталинград – июнь 1941 по июнь 1944
Японцы бомбят Пёрл Харбор, Гавайи – 7 декабря 1941
Битва за Эль Аламейн – Октябрь по Ноябрь 1942
Вторжение союзников в Алжир и Морокко – 8 ноября 1942
Вторжение союзников в Тунис и Ливию – с февраля по май 1943
Вторжение союзников на Сицилию – 10 июля 1943
Битва за Монте Казино, Италия – 4 января по 18 мая 1944
Вторжение союзников в Италию через Анцио – 22 января 1944
Вторжение союзников во Францию через Нормандию (День Д) – 6 июня 1944
Вторжение союзников в южную Францию – август 1944
Арденская битва в Бельгии – декабрь 1944.
Вот так, без всякого уважения, самые главные наши битвы собраны в одну кучу. А битв за Будапешт и Берлин, да и многих других и нет вовсе. Поэтому простой американец никогда не догадается, что 80% немецкой армии было разбито на восточном фронте. Ах, мы же помним – «после битвы в Арденнах немецкая армия была сокрушена». Надо же произвести впечатление, что после того как американцы пришли в Европу, именно они в основном и воевали с немцами.
Кто-то может сказать, что я специально самые неправильные книжки выискиваю, а, мол, есть и получше. Есть, но их поискать ещё надо. Можно по крупицам правду собрать, только американский ребёнок вряд ли будет этим заниматься. А я ведь привожу выдержки из достаточно популярных изданий. Например, что может быть популярнее, чем знаменитая серия «Для Чайников» (For Dummies), которая во всём мире, и в том числе и в России, издаётся большими тиражами.
Что же, возьмём книгу Кейт Д. Диксон «Вторая Мировая война для Чайников»(Keith D. Dickson. World War II for Dummies). На обложке фраза-крючок, которая должна привлечь внимание читателя: «Узнай историю про Гитлера, Пёрл Харбор, День Д и Хиросиму». Фраза весьма примечательная – она чётко показывает, с чем у американцев ассоциируется война. Уже не удивляюсь, что среди десятков не таких уж и важных событий в Хронологии не нашлось места битвам за Москву и Курск. Но особый интерес вызывает глава 23, страница 371 «Десять крупных лидеров Второй Мировой войны».
Автор подходит к делу серьёзно: «Когда составляешь такой лист, всегда приходится исключить кого-то, кто заслуживает внимания... Я сделал свой выбор на основе качеств личного лидерства, владения военной наукой, способности вести за собой и вдохновлять людей в битве, применения личной воли к достижению национальных интересов. Чтобы избежать слишком больших споров я перечисляю имена в алфавитном порядке».
В результате в десятку вошли:
1. Уинстон С. Черчиль: Вечное Величие (Англия).
2. Дуайт Д. Эйзенхауэр: Не беспокойся, будь счастлив (США).
3. Дуглас Макартур. К чёрту торпеды! (США).
4. Джордж Маршал: Подлинная преданность (США).
5. Честер У. Нимиц: Господин морей (США).
6. Джордж С. Паттон: Воин для любого времени года (США).
7. Эрвин Роммель: Лис пустыни (Германия).
8. Франклин Д. Рузвельт: Ловкий хитрец (США).
9. Исоруко Ямамото: Воин Самурай (Япония).
10. Георгий Жуков: Лидер масс (СССР).
Понятно, почему в отличие от других книг серии «для чайников», эту книгу о Второй Мировой не стали переводить на русский язык. У нас, видимо, была совсем другая Вторая Мировая война. Но угадайте, кто произнёс следующее:
«История не знает большего примера храбрости чем тот, что был показан людьми Советской России... Мы и наши союзники бесконечно благодарны и навсегда обязаны армии и людям Советского Союза... Умение и агрессивный боевой дух русских солдат вызывают восхищение американской армии... Масштаб и грандиозность русского вклада можно считать величайшим военным достижением во всей истории…»
Я нашёл эти высказывания высших командных чинов США в известном американском документальном фильме «Почему мы сражаемся, Битва России», режиссёр Франк Капра, который был снят в 1943 году. Первая цитата принадлежит Генри Л. Симпсону, министру войны США; вторая – Франку Ноксу, министру флота США; третья – начальнику генерального штаба Джорджу Маршалу; четвёртая – генералу Дугласу Макартуру, командующему американскими силами на тихом океане.
Тогда, в далёком 1943 году, когда Советский Союз практически в одиночку сражался со всей мощью нацисткой Германии и спасал весь мир от коричневой чумы, они говорили совершенно по-другому...
BRASIL: Extrema-direita quer a morte de crianças e se opõe ao atendimento médico para famílias carentes
Por Cristiano Alves
Não é raro no Brasil encontrar pessoas carentes sem qualquer atendimento médico de qualidade, trabalhadores que não podem pagar por terríveis enfermidades perfeitamente tratáveis e curáveis em pleno século XXI, não raramente vindo a óbito por falta de atendimento médico adequado. Recentemente, o governo brasileiro anunciou a contratação de seis mil médicos cubanos, o que despertou a fúria da chamada "direita raivosa". Por quê?
A medicina cubana é considerada uma das melhores do mundo, o pequeno país socialista insular exporta médicos para mais de 70 países, estatísticas comprovam a eficiência destes profissionais, Cuba tem a menor taxa de mortalidade infantil de todas as Américas, mesmo com sua frágil economia debilitada por um embargo de mais de 40 anos, Cuba também tem a maior taxa de médicos por habitantes das Américas, lá é possível encontrar médicos em escolas, universidades, fábricas e outros estabelecimentos. O país envia médicos para países latinos e até mesmo formando gratuitamente médicos interessados em participar de programas gratuitos de assistência aos mais carentes. Milhares de afroamericanos estudam em Cuba, a fim de atender os mais de 40 milhões de negros nos Estados Unidos desprovidos de atendimento médico. Assim, por esses motivos, o país governado pelo Partido Comunista encontra-se em uma situação médica confortável que lhe possibilita "exportar médicos", além da mentalidade comunista de seus cidadãos onde o obreiro e o campesino vem em primeiro lugar. Deste modo, de que país poderia o Brasil "importar seis mil médicos"? Dos Estados Unidos, país que não tem médicos suficientes nem mesmo para sua própria população? País que gasta mais com a sua "guerra contra o terrorismo" do que em pesquisas de remédios(e sua socialização) para curar doenças que matam mais do que o "terrorismo"?
Há milhões de brasileiros sem atendimento médico adequado, mendigando ajuda médica, sem ter onde cair. Parte de nosso povo sofre de terríveis enfermidades cuja cura já está disponível no século XXI, mas carece de tratamento adequado, de remédios ou instalações hospitalares adequadas. Amontoam-se em frente a hospitais em gigantescas filas indianas, esperam atendimento em pé ou no chão em hospitais públicos, correndo o risco de contraírem outras enfermidades e muitas vezes deslocam-se de lugarejos no interior do país até a capital para conseguir atendimento médico. Além disso, a taxa de mortalidade infantil no Brasil é bem maior do que em Cuba, que segundo a UNICEF tem a menor taxa de crianças mortas até o primeiro de vida. Logo, há que questionar, por que tanta gente está se opondo a uma medida que poderá diminuir o número de crianças mortas e propiciar a muitos brasileiros atendimento médico adequado? Num país elitista como o Brasil não é difícil entender o porquê disso tudo. A burguesia brasileira prefere ver uma criança vir a óbito do que aceitar a ajuda de um país estrangeiro socialista, de médicos dispostos a ir trabalhar no interior do país! Essa posição, a propósito, é a de todas as burguesias nacionais. Nos anos 30, para citar um exemplo, a União Soviética, socialista, firmou um pacto de aliança com a Tchecoeslováquia e a França contra a Alemanha nazista. Quando alemães e ingleses assinaram um pacto que garantiu aos primeiros a Tchecoeslováquia a burguesia deste país preferiu trair os interesses nacionais a aceitar a ajuda soviética. No Brasil, seguindo seus companheiros de bolso tchecoeslovacos, a burguesia brasileira, com seus tentáculos na área médica, esbraveja contra a ajuda cubana e tenta por todos os modos impedir que mais de seis mil profissionais de saúde venham trabalhar no Brasil. Não é irônico que os mesmos que dizem "ser contra o abortamento por que é contra a vida" são os mesmos que dizem "não" aos médicos cubanos que poderão impedir a morte de milhares de crianças?
A direita raivosa apresenta-se a cada dia como uma classe antinacional e antissocial, e há quem pergunte ainda "o porquê da inexistência no Brasil de partido de direita". De fato, não há partidos de direita, mas, pior, há muitos partidos de extrema-direita, categoria que ainda sobrevive no cenário nacional graças à influência midiática de revistas reacionárias como a Veja ou do jornal O Globo. Essa situação cada vez mais distancia a elite brasileira das massas trabalhadoras, e isso, para essa elite, longe de ser um "problema", acaba sendo uma conquista para um segmento que tem "horror a pobre".
A direita raivosa apresenta-se a cada dia como uma classe antinacional e antissocial, e há quem pergunte ainda "o porquê da inexistência no Brasil de partido de direita". De fato, não há partidos de direita, mas, pior, há muitos partidos de extrema-direita, categoria que ainda sobrevive no cenário nacional graças à influência midiática de revistas reacionárias como a Veja ou do jornal O Globo. Essa situação cada vez mais distancia a elite brasileira das massas trabalhadoras, e isso, para essa elite, longe de ser um "problema", acaba sendo uma conquista para um segmento que tem "horror a pobre".
Fontes:
Estatísticas da UNICEF sobre Cuba: http://www.unicef.org/infobycountry/cuba_statistics.html
Matéria sobre a medicina cubana de jornal suíço: http://www.swissinfo.ch/eng/politics/Cuban_doctors_give_Swiss_a_lesson_in_true_grit.html?cid=33231628#element34210416
Matéria de jornal americano sobre a medicina cubana e americana: http://www.finalcall.com/artman/publish/article_1382.shtml
sexta-feira, abril 26, 2013
CANAL DA VITÓRIA: Ucranianos mostram sua lealdade ao comunismo e conclamam o povo a protestar contra o capitalismo no Dia do Trabalhador
O vídeo, feito em russo, foi legendado em português por Vladimir Tavares:
quinta-feira, abril 11, 2013
MUNDO: Festejando a destruição da vida de milhões de trabalhadores
Por Cristiano Alves
Esses dois agentes da burguesia internacional tiveram muitos motivos para sorrir, pois lograram em destruir a vida de milhões de trabalhadores, a ponto de um deles ter tido seu óbito comemorado em larga escala no Reino Unido. O outro ainda está vivo, mas vale lembrar uma citação sua dada em entrevista a jornais turcos em Ankara, publicada no jornal Dialog, da República Tcheca:
"Minha ambição era liquidar o comunismo, a ditadura sobre todo o povo. Minha esposa me apoiou e me incentivou nessa missão, ela que tinha essa opinião bem antes de mim. Eu sabia que eu poderia fazer isso apenas como funcionário dirigente. Nisso, minha esposa me incentivou a chegar ao posto máximo. Quando vim a entrar em contato com o Ocidente, minha mente ficou convencida disso para sempre. Eu decidi que eu deveria destruir por completo aparato do PCUS e da URSS. Igualmente, eu deveria fazê-lo em todos os outros países socialistas" GORBATCHOV, Mihail
quarta-feira, abril 10, 2013
MUNDO: Rokossovskiy ou Soljenitsyn, quem é a maior autoridade?
Tradução de Cristiano Alves (extraído de URSS durante Stalin: Apenas fatos. Grupo na rede social VK. Em http://vk.com/public47660412 )
O segundo foi culpado justamente, mas durante toda sua vida incomodou e traiu seu povo.
Um esteve o tempo todo no front, sendo ferido.
Um tornou-se Marechal da União Soviética e comandou a Parada da Vitória.
O segundo tornou-se prisioneiro de um campo de trabalho, jogando lama e mentiras contra primeiramente contra seus camaradas, e depois, durante toda a vida, contra seu país e seus líderes.
Um, quando Hruschov pediu-lhe que escrevesse algo negativo contra Stalin, rejeitou, alegando: "Nikita Sergeyevich, Stalin para mim é um santo".
O segundo nega NOSSA VITÓRIA: "A Inglaterra, França e EUA são as potências vencedoras da Segunda Guerra Mundial" (Discurso em Nova Iorque em 9 de junho de 1975. Soljenitsyn A. I. Discursos americanos - Paris: YMKA-PRESS, 1975. YMCA PRESS, pág. 27), e a serviço de seus heróis diz ao nosso povo "Esperem, monstros! Truman agirá contra vocês! Largará uma bomba atômica em suas cabeças!" (Arquipélago Gulag. Tomo 3, pág. 52.)
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Ambos foram reprimidos, ambos passaram pela cadeia e campos de trabalho.
Um foi reprimido injustamente, mas durante toda sua vida serviu ao seu povo e ao poder soviético.O segundo foi culpado justamente, mas durante toda sua vida incomodou e traiu seu povo.
Um esteve o tempo todo no front, sendo ferido.
O segundo fez tudo que pôde para fugir do front.
O segundo tornou-se prisioneiro de um campo de trabalho, jogando lama e mentiras contra primeiramente contra seus camaradas, e depois, durante toda a vida, contra seu país e seus líderes.
Um, quando Hruschov pediu-lhe que escrevesse algo negativo contra Stalin, rejeitou, alegando: "Nikita Sergeyevich, Stalin para mim é um santo".
O segundo nega NOSSA VITÓRIA: "A Inglaterra, França e EUA são as potências vencedoras da Segunda Guerra Mundial" (Discurso em Nova Iorque em 9 de junho de 1975. Soljenitsyn A. I. Discursos americanos - Paris: YMKA-PRESS, 1975. YMCA PRESS, pág. 27), e a serviço de seus heróis diz ao nosso povo "Esperem, monstros! Truman agirá contra vocês! Largará uma bomba atômica em suas cabeças!" (Arquipélago Gulag. Tomo 3, pág. 52.)
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Они оба были репрессированы, оба прошли через тюрьмы и лагеря.
Один был репрессирован безвинно, но всю жизнь служил своему народу и советской власти.
Второй был осужден за дело, но на всю жизнь затаил обиду и предал свой народ.
Один всё время на передовой, получает ранения.
Второй делает все возможное, чтобы сбежать с фронта.
Один стал маршалом Советского Союза и командовал парадом Победы.
Второй стал лагерным стукачем "Ветровым", оклеветал и облил грязью сначала своих товарищей, а потом и всю свою страну и ее вождя.
Один, когда Хрущев попросил его написать о Сталине что-нибудь да почерней отказал ему в этом, заявив: «Никита Сергеевич, товарищ Сталин для меня святой».
Второй отнимает НАШУ ПОБЕДУ: «Англия, Франция, США - державы победительницы во Второй мировой войне» (Речь в Нью-Йорке 9 июля 1975 г. \\ Солженицын А.И. Американские речи. - Париж:YMKA-PRESS, 1975.YMCA PRESS, с.27), и устами своих героев говорит нашему народу "Подождите,гады! Будет на вас Трумен! Бросит вам атомную бомбу на голову!" (Архипелаг Гулаг. т.3.с.52.)
MUNDO: Coreanos não permitirão que a história se repita
Por Cristiano Alves
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Norte-coreanos não cairão nas mãos de torturadores americanos |
O governo da República Democrática Popular da Coréia decidiu que seu país não fará parte dos milhões de indivíduos torturados e mortos pelos Estados Unidos da América. Este país, que sabia que o Iraque não possuía armas de destruição em massa, promoveu um banho de sangue no país dos babilônios sem qualquer motivo, alegando agir "contra o terrorismo internacional". Recentemente, após Seul e Washington ensaiarem uma invasão da Coréia do Norte com o emprego de bombardeiros invisíveis, o jovem comunista e presidente do país, Kim Jong Un, autorizou o disparo de foguetes nucleares contra os Estados Unidos. Com essa medida, Pyongyang evitou que ocorresse em seu país o que os EUA promoveram contra os defensores do Iraque.
MUNDO: Opressivo e cinzento? Não, crescer no comunismo foi a época mais feliz de minha vida
Jornalista húngara descreve a sua "vida sob o comunismo"
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A autora do artigo, Zsuzsanna Clark, como estudante de Ensino Primário na Hungria socialista |
Eles ficam sempre desapontados quando explico que a realidade era muito diferente, e a Hungria comunista, longe de ser o inferno na terra, era, na verdade, um ótimo local para viver. Os comunistas proporcionavam a todos com trabalho garantido, boa educação e atendimento médico gratuito.
Mas talvez o melhor de tudo fosse a sensação primordial da camaradagem, o espírito que falta em minha adotada Grã-Bretanha e, de igual forma, a cada vez que volto à Hungria atual.
Eu nasci em uma família de classe trabalhadora em Esztergom, uma cidade no norte da Hungria, em 1968. Minha mãe, Juliana, veio do este do país, a parte mais pobre. Nascida em 1939, teve uma infância dura. Deixou a escola aos 11 anos e foi diretamente trabalhar nos campos. Ela recorda ter tido que se levantar às 4 da manhã para caminhar cinco quilômetros e comprar um pão. De menina, ela tinha tanta fome que com frequência esperavam junto à galinha até que pusesse um ovo. Então abria-o e engoliam, crua, a gema e a clara.
Foi o descontentamento com aquelas condições dos primeiros anos do comunismo, que conduziu à revolta húngara de 1956.
Os distúrbios fizeram com que as lideranças comunistas compreendessem que só poderiam consolidar suas posições tornando as nossas vidas mais toleráveis. O estalinismo acabou e o 'comunismo goulash' -um tipo original de comunismo liberal- chegou.
Janos Kadar, o novo líder do país, transformou a Hungria na barraca mais feliz do Leste da Europa. Tínhamos provavelmente mais liberdades que em qualquer outro país comunista.
Uma das melhores coisas foi a maneira como as oportunidades de lazer e férias se abriram a todos. Antes da Segunda Guerra Mundial, as férias estavam reservadas para as classes altas e médias. Nos imediatos anos da pós-guerra também, a maioria dos húngaros estava trabalhando muito duro para reconstruir o país, as férias ficavam fora de questão.
Porém, nos anos sessenta, como em muitos outros aspectos da vida, as coisas mudaram para melhor. No final da década, quase todo mundo podia se dar ao luxo de viajar, graças à rede de subsídios a sindicatos, empresas e cooperativas de centros de férias.
Meus pais trabalhavam em Dorog, uma cidade próxima, por Hungaroton, uma companhia discográfica de propriedade estatal, de modo que ficamos no acampamento de férias da fábrica no lago Balaton, 'o mar húngaro'. O acampamento era similar à espécie de colônias de férias na moda na Grã-Bretanha da época, a única diferença era que os hóspedes tinham que fazer seu próprio entretenimento às noites. Nom havia campos de férias tipo Butlins Redcoats.
Algumas das minhas primeiras lembranças da vida no lar são os animais que meus pais mantinham no quintal. A cria de animais era algo que a maioria da gente fazia, bem como o cultivo de hortaliças. Fora de Budapeste e as grandes cidades, nós éramos uma nação de "Tom e Barbara Goods". (nota: referência à série da BBC dos anos 70 'The Good Life', protagonizada por uma família auto-suficiente)
Meus pais tinham por volta de 50 frangos, porcos, coelhos, patos, pombos e gansos. Mantivemos os animais não só para alimentar a nossa família, como também para vender a carne a nossos amigos. Utilizaram-se as penas de ganso para travesseiros e edredões.
O governo entendeu o valor da educação e da cultura. Antes da chegada do comunismo, as oportunidades para os filhos dos camponeses e da classe operária urbana, como eu, para ascender na escala educativa eram limitadas. Tudo isso mudou após a guerra.
O sistema educativo na Huntria era similar ao existente no Reino Unido na época. A Educação Secundária era dividida por níveis: Elementar, Secundário Especializado e Formação Profissional. As principais diferenças eram que estávamos no Ensino Básico até os 14 anos e nom até os 11.
Havia também ensino noturno, para crianças e para pessoas adultas. Os meus pais, que tinham abandonado a escola de novos, iam a aulas de Matemática, História e Literatura Húngara e Gramática.
Eu adorava os ir à escola e principalmente fazer parte dos Pioneiros - um movimento comum a todos os países comunistas.
Muitos em Ocidente achavam que era uma burda tentativa de doutrinar a juventude com a ideologia comunista, mas sendo pioneiros ensinaram-nos habilidades valiosas para a vida, tais como a cultura da amizade e a importância de trabalharmos para o benefício da comunidade. "Juntos um para o outro" era nosso lema, e assim foi como se nos encorajava a pensar.
Como pioneiro, se obtinha bons resultados em teus estudos, no trabalho comunal ou em competições escolarres, podia ser premiado com uma viagem a um acampamento de verão. Eu ia todos os anos, porque participava em quase todas as atividades da escola: competições, ginástica, atletismo, coro, fotografia, literatura e biblioteca.
Em nossa última noite no acampamento de Pioneiros, cantávamos canções ao redor da fogueira, como o Hino Pioneiro: 'Mint a mokus fenn a fan, az uttoro oly vidam' ("Somos tão felizes como um esquilo em uma árvore"), e outras canções tradicionais. Nossos sentimentos sempre foram misturados: tristeza ante a perspetiva de irmos embora, mas contentes ante a ideia de vermos nossas famílias.
Hoje em dia, inclusive os que não se consideram comunistas olham para atrás com saudade para seus dias de pioneiros.
As escolas húngaras não seguiam as chamadas ideias "progressistas" sobre a educação dominantes na altura em Ocidente. Os padrões acadêmicos eram extremamente altos e a disciplina era estrita.
Minha professora favorita ensinou-nos que sem o domínio da gramática húngara iriamos carecer de confiança para articular os nossos pensamentos e sentimentos. Só podíamos dar um erro se queríamos atingir a nota mais alta.
Diferentemente do Reino Unido, tínhamos exames orais em todas as matérias. Em Literatura, por exemplo, tínhamos que memorizar e recitar diferentes textos e depois a/o estudante teria que responder perguntas colocadas oralmente pola professora.
Sempre que tínhamos uma celebração nacional, eu era das que pediam para recitar um poema ou verso em frente de toda a escola. A Cultura era considerada extremamente importante pelo governo. Os comunistas não queriam restringir as coisas boas da vida para as classes altas e médias - o melhor da música, a literatura e a dança eram para o desfrute de todos.
Isto significava subsídios generosos para as instituições, incluindo orquestras, óperas, teatros e cinemas. Os preços dos ingressos eram subsidiados pelo Estado, daí que as visitas à ópera e ao teatro fossem acessíveis. Abriram-se "Casas da Cultura" em cada vila e cidade, também provinciais, para que a classe trabalhadora, como meus pais, pudessem ter fácil acesso às artes cênicas, bem como aos melhores intérpretes.
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Com 14 anos, a Zsuzsanna (à direita) com uma amiga ainda antes da volta da Hungria ao capitalismo. |
A programação na televisão húngara refletia a prioridade do regime para levar a cultura às massas, sem estupidização.
Quando eu era adolescente, a noite do sábado em prime time pelo geral significava ver uma aventura de Jules Verne, um recital de poesia, um espetáculo de variedades, uma obra de teatro ao vivo, ou um simples filme de Bud Spencer.
Grande parte da televisão húngara era feita com produção própria, mas alguns programas de qualidade eram importados, não unicamente do Bloco do Leste, mas também do Oeste.
Os húngaros de inícios dos anos 70 acompanharam as aventuras e tribulações de Soames Forsyte em The Forsyte Saga, tal como o público britânico tinha feito poucos anos antes. The Onedin Line foi uma outra das séries populares da BBC que eu desfrutei, assim como os documentários de David Attenborough.
No entanto, o governo estava atento ao perigo de nos tornarmos uma nação de televidentes imbecilizados.
Todas as segundas-feiras, tínhamos 'noite familiar'. Aí a televisão estatal ficava fora do ar e isso encorajava as famílias a fazerem outras coisas juntas. Também era chamada "noite dos planos familiares" e eu tenho certeza que um estudo do número de crianças concebidas durante as segundas-feiras familiares seria uma boa leitura.
Ainda que vivêssemos no 'comunismo goulash' e tivéssemos sempre comida suficiente para comer, não eramos bombardeados com publicidade de produtos que não precisávamos.
Durante a minha juventude, vesti roupas em segunda mão, como a maior parte das pessoas novas. A minha mochila escolar era da fábrica onde meus pais trabalhavam. Que diferença com a Hungria de hoje, onde as crianças são intimidadas, tal como no Reino Unido, por usarem uns ténis da "pior" marca.
Como a maioria da gente na era comunista, meu pai não tinha obsessão com o dinheiro. Como mecânico, ele cobrava às pessoas com justiça. Uma vez vi um carro avariado com o capô aberto - um espetáculo que sempre o fazia reagir. Pertencia a um turista da Alemanha Ocidental. Meu pai arranjou o carro, mas negou-se a cobrar-lhe, nem que fosse com uma garrafa de cerveja. Para ele era natural que a ninguém pudesse aceitar dinheiro por ajudar a alguém com problemas.
Quando o comunismo na Hungria terminou em 1989, não só fui surpreendida, também estava entristecida, tal como muitos outros. Sim, tinha gente se manifestando contra o governo, mas a maioria das pessoas comuns - eu e minha família incluída - não participou nos protestos.
Nossa voz - a voz daqueles cujas vidas foram melhoradas pelo comunismo - rara vez se escuta quando se trata de discussões sobre como era a vida por trás da Cortina de Ferro. Em troca, os relatos que se escutam no Occidente são quase sempre da perspetiva de emigrantes ricos ou dos dissidentes anticomunistas com um interesse pessoal.
O comunismo na Hungria teve seu lado negativo. Enquanto as viagens a outros países socialistas não tinham nenhuma restrição, viajar para o oeste era problemático e só era permitido a cada dois anos. Poucos húngaros (eu incluída) desfrutaram das aulas de russo obrigatórias.
Tinha restrições menores e desnecessários setores burocráticos, e a liberdade para criticar o governo estava limitada. No entanto, apesar disto, acho que, em seu conjunto, as caraterísticas positivas ultrapassam as negativas.
Vinte anos depois, a maior parte destes benefícios foram destruídos.
As pessoas já não têm estabilidade no emprego. A pobreza e a delinquência vão em aumento. Pessoas da classe trabalhadora já não podem se dar ao luxo de ir à ópera ou ao teatro. Tal como na Grã-Bretanha, a televisão atonta em um grau preocupante - ironicamente, nunca tivemos Big Brother durante o comunismo, mas hoje temos. E o mais triste de tudo, o espírito de camaradagem que uma vez se desfrutou quase desapareceu.
Nas últimas duas décadas é possível que tenhamos aumentado o número de shoppings, a "democracia" multipartidarista, os celulares e a internet. Mas perdemos muito mais.
Original em inglês no Dailymail.
Extraído de http://www.diariodaclasse.com.br/forum/topics/opressivo-e-cinzento-n-o-crescer-no-comunismo-foi-a-poca-mais
Hino ao comunismo
HISTÓRIA: Artigo da American History Review sobre o sistema penal soviético
Este artigo da American History Review é um banho de água fria na cabeça dos energúmenos que adoram papaguear o mito das "milhões de vítimas do comunismo", comprovando, com a participação de historiadores renomados e dados extraídos dos arquivos de Moscou, números que chegam a milhares, e não milhões, num país assolado pela guerra civil, pela espionagem e sabotagem internacional patrocinada pelos inimigos do socialismo e do povo soviético.
http://www.cercec.fr/materiaux/doc_membres/Gabor%20RITTERSPORN/Victims%20of%20the%20Gulag.pdf
http://www.cercec.fr/materiaux/doc_membres/Gabor%20RITTERSPORN/Victims%20of%20the%20Gulag.pdf
ENTREVISTA: Atriz russa explica como era a vida no país do socialismo
Yelyena Sopova, atriz russa do filme "Os penetras" surpreende a audiência brasileira ao contar , em português, como era a vida na ex-URSS, país intensamente caluniado e difamado no ocidente, em entrevista a um programa de rádio da Jovem Pan. Antes dela, o craque Petkovic refutara em rede nacional as colocações da socialight Anna Maria Braga, descrevendo um estilo de vida pacífico, emprego para todos e seguridade social.
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Yelena Sopova, em entrevista a um programa da Jovem Pan |
sexta-feira, janeiro 25, 2013
CANAL DA VITÓRIA: A questão tributária no Brasil em "A Voz do Comunismo".
Um levantamento realizado pelo Ipea que mostrou que os pobres pagam mais imposto sim do que os ricos no Brasil. Segundo este levantamento, os 10% mais ricos concentram 75% da riqueza do país.
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