quarta-feira, novembro 18, 2015

CANAL DA VITÓRIA: Resposta a uma telespectadora


Publicamos na íntegra o comentário da telespectadora Magu Moura no vídeo "Russos falam quem foi Stalin", bem como a nossa resposta, deixando a critério do leitor tirar suas próprias conclusões:

Magu Moura30 de out de 2015


Responder

+Canal da Vitória Vocês falam de combate ao racismo mas Stalin foi o cara mais abusivo possivel, tanto que sua filha a após sua morte retirou seu sobrenome e foi para os Estados Unidos denunciar o soviéticos, idolatram um ditador que mata falando de paz, Stalin foi o ditador mais burro que a Russia já viu. Utilizou da teoria maquiavélica de que um líder deve liderar um povo utilizando o medo, só os russos sabem o quanto sofreram com o sistema soviético, prova disso foi a queda do muro de Berlim foi a uma comemoração imensa porque o povo soviético não aguentava mais a opressão, autoritarismo e burocracia que permanecia forte na Russia, sem dizer do governo corrupto que sempre foi e continuou sendo com o socialismo. O socialismo é a maior hipocrisia que o mundo já viu, líderes que lutam pela igualdade social, vendo o povo morando em casas mediocres, enquanto militares viviam em palácios.




Canal da Vitória13:12

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+Magu Moura Saudações, Magu. Obrigado por visitar o nosso canal, entretanto as as suas afirmações são absolutamente desconexas, dos pés à cabeça e iremos mostrar aqui erros crassos cometidos em seu discurso.

1- "tanto que sua filha a após sua morte retirou seu sobrenome"
Stalin não fazia questão de que seus filhos utilizassem seu sobrenome, pois só havia e sempre houve apenas um Stalin. Nem os netos de Stalin que o defendem hoje usam o sobrenome "Stalin". Svetlana casou-se mais de uma vez, portanto é normal que tenha perdido o sobrenome do pai.

2- "e foi para os Estados Unidos denunciar o soviéticos"
E voltou a Rússia, onde morou até o fim da URSS. Aliás, ela foi aos EUA por motivos passionais, escreveu um livro chamado "Vinte cartas a um amigo", onde ela descreve Stalin como um pai exemplar, mas vítima do Politburo. Ela descreve, por exemplo, uma cena onde seu pai queria cumprimentar vários operários numa estação ferroviária, mas teve que partir. Ela descreve o pai como um "prisioneiro do Kremlin", uma crítica que em nada difere da crítica a qualquer governante.

3- Você desconhece totalmente a teoria do filósofo italiano N. Maquiavel. Em nenhum momento ele diz isso, e você erra feio tentando discutir com quem lê Maquiavel desde os 14 anos de idade.
Maquiavel estuda a política como ela é, e não "como deveria ser". Em nenhum momento Maquiavel diz que "deve-se liderar o povo usando-se do medo", o que ele diz é que um governante deve ser amado e temido, mas se ele puder escolher apenas um, ele deve ser temido, pois costuma-se respeitar aquilo que se teme, o que é uma verdade indiscutível.
Pode-se dizer que Stalin foi amado e temido, e certamente mais amado que temido, basta ver o que dizem as pessoas que viveram em sua época, em sua maioria elas são favoráveis a Stalin, incluindo pessoas que foram reprimidas em seu período. Leia o que diz Alexander Zinoviev, que chegou a tramar o assassinato de Stalin, leia o que ele escreveu quando ele viu a URSS acabar.

4- "só os russos sabem o quanto sofreram com o sistema soviético, prova disso foi a queda do muro de Berlim foi a uma comemoração imensa porque o povo soviético não aguentava mais a opressão"

Prezada Magu Moura, Berlim fica na ALEMANHA, o povo soviético morava na URSS. Logo relacionar o povo soviético com a queda do muro de Berlim, além de ser um erro crasso, é no mínimo uma ledisse, é cômico! A única prova aqui é a de que você, infelizmente, não estudou geografia. 

Hoje a maioria dos russos afirma que preferia a vida na URSS, onde tinham trabalho garantido e a velhice não era sinônimo de "fim". Eles sabem que sob a URSS não havia guerras fratricidas. Duvida? Quem prova isso são pesquisas do Instituto Levada.

5- "O socialismo é a maior hipocrisia que o mundo já viu, líderes que lutam pela igualdade social, vendo o povo morando em casas mediocres, enquanto militares viviam em palácios."

Gostaria de saber que palácios eram esses, pois visitei residências onde moravam líderes do Partido, na Nova Arbat, em Moscou, eu vi os apartamentos dos líderes do Partidão. De fato estão bem situados, já que ficam no centro, mas não se diferem muito no aspecto estético e em seu interior com relação às "Hruschovki" da periferia, que também visitei. Eles são ligeiramente maiores, mas nada comparável aos apartamentos em arranha-céus de Nova Iorque dos CEOs das grandes companhias capitalistas.


Ninguém disse que socialismo é "todo mundo ganhar a mesma coisa", isso é um mito! No socialismo havia sim diferenças salariais que geralmente eram de 1:3, ou no máximo 1:10. Para efeitos de comparação, no capitalismo um CEO ou um grande capitalista pode ganhar mensalmente mais de 100 vezes o salário de um operário normal. Mais do que isso, o 1% dos mais ricos do mundo chegam a ganhar mais que 40% da população mundial e possuem uma renda superior à de vários países. Disso você não sabia, né?


*Acrescentamos aqui que a noção de que "Stalin era um ditador burro" é absolutamente descabida. Segundo os seus biógrafos, e isso é ressaltado por Arsen Martirossyan (200 mifov o Staline), Stalin em seu período estudantil teve notas acima de 4 na maioria das disciplinas (a maior nota no Império Russo era 5, atingida mais de uma vez por Soso). Ele falava, além do georgiano e do russo, também alemão (tendo inclusive morado em Viena sem intérprete), turco (morou na Turquia sem intérprete), latim e grego, aprendidos no seminário, entendia armênio e falava um pouco de inglês e de húngaro. Segundo alguns, era esperantista.
Stalin lançou os planos quinquenais, que transformaram a URSS numa potência industrial, escreveu livros sobre linguísitca, sobre economia (defendendo a redução da jornada de trabalho para 5 horas diárias), além de ter habilidades diplomáticas reconhecidas por grandes estadistas como Churchill, Roosevelt e mesmo Truman. Grandes estadistas como esses jamais negociariam com um idiota.
Conforme Martirossyan enfatiza, também era comum que engenheiros tirassem dúvidas com Stalin acerca de materiais como o aço industrial, cuja composição era bem conhecida pelo líder.

5 comentários:

Pedagogia do Futuro disse...

O grande problema é que há no youtube muitos fanáticos religiosos, e um deles é o padre Paulo Ricardo, que vive dizendo que a igreja no Brasil está dominada pelo PT, ele como Olavo de Carvalho acreditam que o PT, está implantando o marxismo cultural. Não sei de onde eles tiram isso. E tem um vídeo chamado A História Sangrenta do Comunismo, que afirma que Lenin e Stalin promoveram uma política que matou milhões de fome, para que o povo deixasse de crer em Deus, e este tagarela desse vídeo cita o Corão, para dizer que o comunismo é darwinista, e que por isso quer transformar todos em animais. Apesar dos erros que ocorreram na URSS, esses fanáticos são um verdadeiro absurdo, pois se assim o fosse, não haveria busto e nem camisetas de Stalin na Rússia.

Anônimo disse...

Oi, Cristiano. Comentaristas "que entendem tudo de qualquer coisa" são insuportáveis, e eu nem sei por que você ainda libera comentários... No meu caso, no "Pan-Eslavo", desativei de quase todos os vídeos! E olha que nunca tive por objetivo fazer polêmica política, hein?

Fora a celeuma tratada na postagem em si, durante a qual você conseguiu não descer do salto (vi também a continuação na página do próprio vídeo), me ative ao último parágrafo de acréscimos que você redigiu. Nenhum estudioso acadêmico deve negar: apesar da origem humilde, Stalin não era nenhum bruto ou iletrado. Claro que seu refinamento cultural não era o mesmo de Lenin ou Trotsky (mas podemos falar em outras formas de conhecimento, pois Stalin era muito mais próximo e entendia melhor a população comum), mas com certeza tinha muito mais curiosidade e muito mais sagacidade diplomática do que os cavalos Khrushchov (principalmente!) e Brezhnev (tinha preguiça de ler relatórios, e quando liam pra ele, dormia). Em muitas ocasiões você poderia ter usado este argumento: Stalin era poeta, e seus escritos se mantiveram! Mesmo no filme anticomunista de Ivan Passer esse talento é citado.

Fiquei mais grilado com seu suposto poliglotismo e sua residência em outros países. Posso procurar depois o livro citado, mas quais são as fontes que ele usa? Conheço menos sobre a vida estrangeira, mas muito li que ele foi um dos raros líderes bolcheviques que não residiu no estrangeiro antes de 1917 e pôde, assim, manter vivo o Partido na Rússia. É algo citado inclusive como uma vantagem, pois os líderes no estrangeiro, inclusive Lenin, teriam se distanciado da massa comum e desaprendido seus interesses, aí residindo o relativo sucesso de Stalin.

O poliglotismo. Do que tenho absoluta certeza é Stalin não ter sido esperantista. A única fonte direta que tenho à mão (a ser completada por outras) é o livro "O estalinismo: história do fenómeno estaliniano" de Jean Elleinstein, que diz textualmente: "Sabemos que tentou aprender o esperanto, mas sem sucesso, e que não aprendeu nenhuma língua a não ser o georgiano e o russo" (p. 39). É provável que Stalin tivesse conhecimento passivo das línguas que você citou, bem como de outras, mas vários outros biógrafos ratificam esse bilinguismo ativo (a partir de um momento, Stalin passou a escrever obras só em russo). Mas o fato é que Stalin, bem como Hitler e Mao Tsé-tung, não só não sabiam esperanto (uma qualidade, por sua vez, atribuída ao Marechal Tito e a Dom Pedro II), como também perseguiram esperantistas. Vários livros citam isso, mas podemos ficar apenas com "Babel & Antibabel", de Paulo Rónai (que cita outras obras, por sua vez): paradoxalmente, os esperantistas só conseguiram nova liberdade com o "degelo" nos países comunistas, principalmente na Polônia, onde fica hoje a cidade natal de Zamenhof e onde seu centenário foi comemorado em 1959 (p. 63).

Anônimo disse...



Voltando às línguas étnicas, não vejo motivo para os detratores de Stalin condenarem seu pouco conhecimento linguístico ativo (se essa limitação ao georgiano e ao russo está correta), pois o próprio russo é uma grande língua de cultura, em que muita coisa foi e é produzida (especialmente ciência), e é a língua de uma potência. Além disso, duvido que muitos presidentes do EUA e da França, por exemplo, tenham sido bons poliglotas (só consigo lembrar que Jimmy Carter falava espanhol). Mas alguns dados me chamam a atenção: como Stalin entendia armênio, que é uma língua bem distante geneticamente do georgiano, e não entendia nenhuma outra língua eslava, nem mesmo ucraniano e bielo-russo, irmãs do russo? Pode-se explicar o entendimento do armênio pelo fato de Geórgia e Armênia serem próximas, mas nada justifica que o autor do livro não tenha se incomodado sequer em listar algum idioma eslavo, quando eles são bem próximos entre si, quando o intercâmbio cultural entre a Rússia e outros países eslavos sempre foi grande (muitos próximos de Stalin eram ucranianos – Manuilski –, tchecos – Gottwald – ou búlgaros – Dimitrov) e quando o conhecimento de russo por si só é uma boa ponte pelo menos para alguma leitura do ucraniano e bielo-russo. Algumas coisas parecem não bater aí.

Fora isso, espero que continue firme no seu trabalho de popularização histórica e aprendizado de línguas. Abraços!

Unknown disse...

Essa pessoa é so mais uma iludida pela propaganda anti-comunista.

http://engenheiro.blogspot.com disse...

Caros amigos, chamo atenção de um detalhe que todos esquecem quando falam da derrubada do muro de Berlin.
Stalin em 1952 propôs a reunificação da Alemanha como se pode ver claramente descrito num artigo da DW http://www.dw.com/pt/1952-stalin-prop%C3%B5e-reunificar-alemanha/a-468876. Ele propunha uma Alemanha independente e sem acordos militares com a OTAN ou com a União Soviética. Como naquela época os meios de comunicação não tem a vascularidade dos dias atuais, rapidamente Konrad Adenauer, um títere do governo norte-americano assinou um acordo com a OTAN que inviabilizava a união da Alemanha.
Logo esta conversa toda do Muro de Berlin se tivessem aceitado a reunificação da Alemanha em 1952 nunca teria existido.