Por Cristiano Alves
Olavinho trabalha em um restaurante, lá ele acredita piamente que um dia será igual a seu patrão, que é dono de uma rede de restaurantes no Brasil, apesar de que seu dinheiro quase todo vai embora pagando o aluguel e o transporte público. Ele tem apenas o segundo grau, já que depois de 5 vestibulares sempre se deu mal nas provas, que considera como "propaganda comunista". Um dia, após xingar alguns blogs comunistas com os piores palavrões possíveis, ele encontrou o seu mestre, que como ele não tem nível superior e nem um sistema de ideias próprio, mas resolveu chamá-lo de "professor", este, com uma mágica dos astros, conseguiu abrir-lhe os olhos para aquilo que sempre tornava Olavinho motivo de chacota em círculos com alguma intelectualidade: "o Brasil é comunista!"
Com sua mente moldada e os olhos agora abertos por seu novo mestre, Olavinho passou a enxergar aquilo que ninguém mais via. Ele saiu para a rua e percebeu que a "Avenida Presidente Kennedy" em realidade se chamava "Avenida Fidel Castro". Horrorizado, ele tentou refugiar-se em um Shopping Center, queria ele estar certo de que havia ainda algum resquício de capitalismo no Brasil. Entrando pela entrada dos fundos, que dava no cinema, ele pensou em relaxar e buscou filmes em cartaz. Ficou aliviado, ao ver que havia um filme sobre herói de gibis, ele usava um escudo com uma estrela branca no centro, o escudo era azul e vermelho, sua roupa seguia o mesmo esquema de cores, mas uma cor parecia diferente, a da pele do herói! Ele percebeu que o capitão era negão, e horrorizou-se ao ler o título do filme: Capitão Cuba(e não era Gooding Jr.)! Mas ele queria ter certeza de poder achar algo americano, da "nova pátria" de seu mestre, então ele viu outro filme onde o protagonista usava uma armadura metálica, vermelha e amarela, e o título anunciava "O homem de aço". Ao pegar um folhetim com a sinopse do filme, havia algo de errado, ele descrevia um herói "nascido na Geórgia"(e não era o estado americano), tinha bigodes pomposos, era operário e se tornou diretor de uma fábrica, mas em visita a soldados soviéticos no Afeganistão ele foi capturado e desenvolveu uma armadura que futuramente usou para combater mujaheedins e outros vilões, incluindo cientistas malucos americanos! Procurando por outros títulos, ele percebeu que o cinema estava cheio de filmes russos, cubanos, coreanos e chineses, e em nesses filmes o vilão era quase sempre um... americano!
Horrorizado, Olavinho foi a uma loja de informática. Já que o Brasil comunista tem um cinema cheio de títulos comunistas, russos, o video game poderia ser a salvação. Esperando encontrar jogos para atirar em coreanos ou soviéticos, ele ficou horrorizado com os títulos; "Soviet Call: Russian Revolution", "Soviet Call: Civil War", "Soviet Call: In Cuba against Americans", "Patriotic Front", para defender a URSS de uma invasão sul-coreana. O único jogo "não-comunista" que achou foi Civilization, mas logo descobriu se tratar de propaganda comunista, ao constatar que a população do país não decrescia na ordem de centenas de milhões e nem tinha governantes copiando sua republiqueta capitalista, indícios de que os States estão virando comunistas! Cansado de videogames de propaganda comunista, ele ligou o rádio. Hora tocava música cubana, hora era música soviética, tinha rádios de música brasileira, mas sempre... comunistas!
Cansado e perturbado, ele recorreu a internet! Foi procurar vídeos no Youtube que massageassem seu ego, mas reparou que os vídeos de maior visualização eram os do vlog "A voz do comunismo", o restante quase não tinha visualizações, por mais que alertassem sobre a "terrível realidade do Brasil comunista". Daí só faltou recorrer ao seu mestre, que agora de capuz e uniforme brancos e com uma bandeira americana na mão lhe dizia que dessa vez a mídia seria com máscara!
Quem acha que o Brasil capitalista é uma "república comunista" só pode ser louco e desonesto!
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